“Ora, Samuel tinha morrido e todo Israel o tinha pranteado. Então os filisteus se reuniram e avançaram. Mas quando Saul avistou os filisteus, foi tomado de medo e seu coração tremeu.
Saul consultou ao Senhor, mas ele não lhe deu resposta nem por sonhos nem pela sorte e tampouco através dos profetas. Então Saul ordenou aos seus servos: Procurai-me uma mulher entendida em evocar os mortos, pois quero ir a ela e consultá-la.
Saul se pôs a caminho com dois homens. Chegaram à casa da mulher de noite. Então ele disse: Por favor, adivinha para mim por meio da necromancia e evoca-me aquele que eu te disser!
Então a mulher perguntou: A quem devo evocar? E ele respondeu: Evoca-me a Samuel. Vamos, o que estás vendo? A mulher respondeu a Saul: Estou vendo um deus subindo das profundezas da terra. Ele lhe disse: Qual é a sua aparência? Ela respondeu: É um homem velho que está subindo, envolto num manto. Então Saul reconheceu que era realmente Samuel e caiu com o rosto por terra, prostrando-se para ele.
Samuel, porém, disse a Saul: Por que perturbas o meu repouso, evocando-me? Saul respondeu: Vejo-me numa situação desesperada: é que os filisteus me fazem guerra e Deus se retirou de mim, não me tendo respondido nem por boca dos profetas nem por sonhos. Por isso te chamei, para me indicares o que devo fazer.
Samuel replicou: Por que ainda me consultas, quando o Senhor se retirou de ti, tornando-se teu adversário? O Senhor cumpriu o que tinha falado por meu intermédio. O Senhor arrancou da tua mão a realeza e a deu ao teu companheiro Davi. Já que não obedeceste ao Senhor e não levaste a cabo a sua cólera ardente contra Amalec, por isso o Senhor hoje te fez isto. O Senhor entregará contigo também a Israel nas mãos dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo. O Senhor entregará nas mãos dos filisteus também o exército de Israel.
Ao ouvir isto, Saul caiu como fulminado, estatelando-se no chão. É que estava profundamente apavorado com as palavras de Samuel.” (Trechos de 1Sm 28)
Vemos o Rei Saul inquieto e em grande temor diante do exército dos filisteus, que marchava contra Israel. Ele busca orientação de Deus quanto a estratégia de guerra a usar, mas o Senhor nada responde.
Saul, desesperado, busca então uma médium em Endor, para saber o que fazer. A Bíblia narra que Saul pediu para a mulher evocar Samuel, que já havia morrido.
Aparecendo, poderia ter-se a falsa impressão que foi Samuel quem se comunicou com Saul. Porém, observe alguns detalhes nesta passagem:
Saul não viu nada. A necromante primeiro “viu” um “deus” e depois “viu” um ancião. E Saul deduziu, concluiu, teve uma interpretação subjetiva de que era Samuel.
O “espírito” que simulou ser o espírito de Samuel cometeu uma série de erros em suas previsões:
Disse que no dia seguinte Saul estaria morto. Saul não morreu no dia seguinte à consulta da necromante, mas vários dias depois (só nas passagens de 1Sm 30,13.17 e 31,1-6, temos 5 dias);
Disse que Saul seria entregue nas mãos dos filisteus. Só que Saul se suicidou e foi cremado pelo seu povo. Os filisteus não prenderam, amarraram, mataram, nem enterraram Saul;
Disse também que os filhos de Saul seriam mortos e também aí mentiu. Em 2Sm 2,10 vemos o seu filho Isbosete vivo. Em 2Sm 21,8 vemos mais dois de seus filhos vivos: Armoni e Mifiboset.
Será que este “espírito de Samuel” mentia? Teria o profeta se pervertido após a morte?
A Bíblia diz, em 1Cr 10,13-14, que Saul morreu “porque consultara uma necromante e não o Senhor”. Ora, se Deus permitisse que Samuel se comunicasse com Saul, por que teria ele feito isso com Saul? Ou Deus foi incoerente ou quem se comunicou com Saul não foi Samuel e sim um espírito maligno. Este texto é claro em colocar a situação de escolha: ou você consulta a necromante ou consulta o Senhor.
“Não vos dirijais aos espíritas nem aos adivinhos: não os consulteis, para que não sejais contaminados por eles” (Lv 19,31).
O contato com os espíritos malignos pode gerar sérios problemas físicos e espirituais: resistência às coisas de Deus; incredulidade; pensamentos, sonhos e desejos de morte, dificuldade de crescimento; doenças sem explicações médicas; desequilíbrios emocionais e psíquicos; perturbações mentais e nervosas; resistência e aversão à fé cristã e às coisas sagradas; morte física, espiritual e eterna.
Fonte: Revista Jesus Vive e é o Senhor – JAN/94.