O Juízo Investigativo: Doutrina Cristã ou Heresia Adventista?

[Cristo] sem levar consigo o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue, entrou de uma vez por todas no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna” (Hb 9,12).

Introdução

Ensina a Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) que no dia 22 de Outubro de 1844, Nosso Senhor Jesus Cristo entrou no Santuário Celeste para terminar Seu trabalho de Salvação por todos os homens que fossem dignos de tal benesse. Esta doutrina é chamada de Juízo Investigativo. A IASD também ensina que toda sua doutrina se baseia única e exclusivamente na Sagrada Escritura. Mas será que encontramos o Juízo Investigativo na Escritura? Será que a Escritura corrobora com esta doutrina adventista?

A Origem do Juízo Investigativo

Depois que os anúncios “proféticos” do precursor do Adventismo, o Sr. Guilherme Miller, foram frustrados, pois Nosso Senhor não voltou na data marcada (22 de Outubro de 1844), grande mal estar foi gerado entre os adventistas (até então não eram conhecidos como adventistas do sétimo dia).

Muitos deles fizeram como seu precursor, retornaram às suas seitas de origem. Porém, outros se negavam a reconhecer o evidente fracasso. Estas pessoas ficaram sob a liderança da jovem Ellen Harmon, que depois de casada viria ficar conhecida como Ellen White.

Bem, que Jesus não tinha voltado na data marcada pelo Sr. Guilherme Miller, todo mundo viu, porém resolveram criar uma emenda pior que o soneto para justificar este fracasso. Concluíram que a data estava correta, porém o fato é que estava equivocado: Jesus não deveria retornar á terra, mas entrar no Santuário Celeste e terminar a Sua obra de redenção. E isto é confirmado pela própria fundadora do Adventismo do Sétimo Dia:

[…] Em 1844 Cristo entrou no mais santo lugar do santuário celestial, para terminar o trabalho de expiação, preparatório de Sua Vinda” (The Great Controversy, p. 481).

“Para fazer expiação por todos aqueles que se mostrassem aptos para receber os beneficios da mesma”. (Ibid., p. 456)

“[…] em 1844. Assistido por anjos celestiais, nosso grande Sumo Sacerdote entra no lugar santíssimo, e ali comparece à presença de Deus a fim de Se entregar aos últimos atos de Seu ministério em prol do homem, a saber: realizar a obra do juízo de investigação e fazer expiação por todos os que se verificarem com direito aos benefícios da mesma” (Ibid, p. 480) (grifos nossos).

Claramente se vê que segundo os adventistas, Nosso Senhor não terminou a Sua obra de redenção com o Sacrifício do Calvário. Para eles, a morte e ressurreição do Senhor não inauguraram um novo tempo, o tempo de amizade entre Deus e os homens; pois segundo crêem, Jesus deveria ainda terminar o que começou com o “juízo de investigação”.

Ora, tudo isto é heresia e das “brabas” mesmo!

O que diz a Sagrada Escritura?

1. O tempo em que Jesus expia os pecados dos homens

[…] [Cristo] Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus” (Hb 1,3) (grifos meus). Ora, o autor sagrado está dizendo que Cristo realizou a expiação dos pecados logo após Sua morte e ressurreição , pois em Mc 16,1-19 mostra que Jesus “foi levado ao céu e está sentado à direita de Deus” após ter aparecido ressurreto aos apóstolos. Logo não foi em 1844 que Nosso Senhor realizou “a purificação dos pecados”.

2. O tempo em que Jesus entrou no Santuário Celeste

Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos bens vindouros. […] sem levar consigo o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue, entrou de uma vez por todas no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna” (Hb 9,11-12) (grifos meus).

Esta passagem é suficiente para mostrar que o ensino adventista do Juízo Investigativo é uma heresia. O autor sagrado quando escreve a epístola aos hebreus, diz que Jesus JÁ “entrou de uma vez por todas no santuário adquirindo-nos uma redenção eterna” e NÃO QUE ENTRARÁ EM 1844.

3. A eficácia do Sacrifício de Cristo para a nossa salvação

Em seguida, [Cristo] ajuntou: Eis que venho para fazer a tua vontade. Assim, aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia. Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo” (Hb 10,9-10) (grifos meus). O autor sagrado declara que o sacrifício de Cristo nos santificou de “uma vez para sempre”. Ele não diz que ainda dependeremos de um Juízo Investigativo para que Jesus fará no Santuário Celeste em 1844 para sermos santificados. Ver ainda Hb 10,12-14.

A Contradição da Sra. Ellen White

Como já era de se esperar, toda falsa doutrina além de contrariar a Verdade, contraria a si mesma. A mesma Sra. Ellen White que ensinou que “Em 1844 Cristo entrou no mais santo lugar do santuário celestial, para terminar o trabalho de expiação, preparatório de Sua Vinda“, também ensinou:

“Ele [Cristo] plantou a cruz entre Céu e terra, e quando o Pai viu o sacrifício do Seu filho,  Ele se curvou em reconhecimento de sua perfeição.  “É o suficiente“, Ele disse. “A espiação  está completa” (The Review and Herald, Sept. 24, 1901) (grifos meus).

“O Tipo conheceu antittipo na morte de Cristo, o Cordeiro morto para os pecados do mundo. Nosso grande Pai  fez o único sacrifício que é de qualquer valor em nossa salvação.  Quando Ele se ofereceu na cruz, uma expiação perfeita foi feita pelos pecados das pessoas. Nós estamos  agora em pé no tribunal exterior, aguardando, a benção esperada,  o  aparecimento glorioso de nosso Senhor  e Salvador Jesus Cristo”. (The Signs of the Times, June 28, 1899) (grifos meus).

Como pode o Sacrifício de Jesus ser perfeito, suficiente e completo e ao mesmo tempo Jesus necessitar de fazer o Juízo Investigativo para terminar sua obra de redenção?

Conclusão

O ensino do Juízo Investigativo nada mais foi que uma desculpa que os adventistas encontraram para o fracasso profético do Sr. Guilherme Miller. Estavam errados e ao invés de se desviarem do erro, criaram um outro muito pior, que contraria fortemente a Sagrada Escritura.

Tenho um amigo adventista, muito querido, no entanto pouco sincero, pois “O homem sincero anuncia a justiça; a testemunha falsa profere mentira” (Pr 12,17) e ele se nega a enxergar o Sol ao meio-dia, insiste em seguir os erros ensinados por Ellen White. É boa pessoa, porém Jesus não disse que os bons que serão chamados bem-aventurados, mas aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põe em prática (cf. Lc 11,28).

Leitura Complementar

LIMA, Alessandro. Apostolado Veritatis Splendor: O Problema do dia 22 de Outubro de 1844 para os Adventistas. Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/4018. Desde 23/10/2006.

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