Autora: Yasmín Oré
Fonte: Site “Católico, defiende tu Fe” (https://www.catolicodefiendetufe.org)
Tradução: Apostolado Veritatis Splendor

Segundo os mórmons, o Livro de Mórmon é outro testamento semelhante à Bíblia. Nele, você encontra passagens idênticas ou literalmente copiadas de textos bíblicos. No entanto, a história principal que nos é apresentada foca na vida de antigos nativos americanos, os quais também – segundo eles – receberam o Evangelho de Jesus.

O relato que dá início ao Livro se situa no começo do reinado de Sedequias (600 a.C.), onde Deus, através de um sonho, manda um antigo profeta chamado Lehi deixar Jerusalém antes desta vir a ser destruída. Assim, ele embarca, junto com sua família, para uma longa viagem rumo a uma terra prometida.

Esta terra prometida – ainda segundo eles – seria a antiga América, onde se formaram duas grandes civilizações devidas a outros profetas que chegaram ali muitos séculos antes, durante o episódio bíblico da torre de Babel. Também é narrada a visita ou aparição de Jesus Cristo a estas antigas civilizações, durante os 40 dias em que Ele esteve na terra após sua ressurreição, antes de ascender ao Céu.

A CIÊNCIA DEMONSTRA SUA FALSIDADE

Ainda que atualmente eles desconheçam com exatidão o lugar onde se deram os acontecimentos relatados pelo livro, alguns arqueólogos mórmons os apontam na Mesoamérica, que abrange o território do México e alguns países da América Central. Para tanto, se baseiam também em certos mitos ou lendas de nativos americanos, como o chamado “Deus Branco” ou Quetzalcoatl.

Contudo, outros arqueólogos não-mórmons, como o dr. Raymond T. Matheny, descrevem o Livro de Mórmno como cheio de anacronismo, coisas que estão fora do lugar histórica e culturalmente. Além disso, não foi encontrada nenhuma evidência no Novo Mundo para a existência de uma indústria ferro-metalúrgica na época pré-colombiana. E isto é um problema de proporções gigantescas para a denominada “arqueologia do Livro de Mórmon”, já que a evidência encontra-se ausente.

Isto em comparação com a Bíblia que, como católicos, sabemos haver muitos vestígios históricos e arqueológicos encontrados. (…)

É VERDADE QUE A BÍBLIA FALA DO LIVRO DE MÓRMON?

Segundo os mórmons, há Escrituras bíblicas que apóiam a existência do Livro de Mórmon, as quais empregam, como ponto introdutório, em suas primeiras conversas para converter um cristão para a sua denominação. Vejamos algumas delas e examinemos os seus argumentos à luz da Teologia Católica:

1) Argumento Mórmon: a Bíblia nos diz que Deus mandou escrever dois (papiros antigos): um deles é a Bíblia; o outro, o Livro de Mórmon. Ambos testemunham Jesus Cristo e, por isso, devem ser ensinados em conjunto:

  • Ezequiel 37,15-17: “E outra vez veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: ‘Tu, pois, ó filho do homem, toma um pedaço de pau, e escreve nele: ‘Por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros’. E toma outro pedaço de pau, e escreve nele: ‘Por José, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros’. E ajunta um ao outro, para que se unam, e se tornem uma só vara na tua mão'”.

Resposta Católica: leiamos primeiramente os versículos seguintes, que dão continuidade a esses:

  • Ezequiel 37,18-28: “E quando te falarem os filhos do teu povo, dizendo: ‘Porventura não nos declararás o que significam estas coisas?’, tu lhes dirás: ‘Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei a vara de José que esteve na mão de Efraim, e a das tribos de Israel, suas companheiras, e as ajuntarei à vara de Judá, e farei delas uma só vara, e elas se farão uma só na minha mão’. E as varas, sobre que houveres escrito, estarão na tua mão, perante os olhos deles. Dize-lhes pois: ‘Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel dentre os gentios, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra. E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles, e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos. E nunca mais se contaminarão com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com as suas transgressões, e os livrarei de todas as suas habitações, em que pecaram, e os purificarei. Assim eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor; e andarão nos meus juízos e guardarão os meus estatutos, e os observarão. E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, em que habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente. E farei com eles uma aliança de paz; e será uma aliança perpétua. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre. E o meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E os gentios saberão que eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre'”.

Como se percebe, Ezequiel nos fala de maneira simbólica; não está se referindo a dois Evangelhos, mas de dois reinos que no início estavam divididos e, depois, serão reunidos sob um único Rei. Por ordem divina, o profeta toma dois paus: em um, deve escrever: “Por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros”; e no outro, “Por José, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros”. O primeiro pau, portanto, simboliza o Reino do Sul e, o segundo, o Reino do Norte, da qual saiu a tribo de Efraim, filho de José. Com efeito, por sua belicosidade e os muitos guerreiros que deus, Efraim se constituiu na cabeça moral das tribos cismáticas do norte após a morte de Salomão. No futuro, as doze tribos tornarão a se reunir sob um só rei, ou seja, Davi. O profeta, para poder demonstrar isso, junta um pau ao outro.

2) Argumento Mórmon: após fazerem esta citação do Antigo Testamento, recorrerão para o Novo Testamento, para continuar afirmando que a Bíblia menciona o Livro de Mórmon ou o seu conteúdo. Para tanto, afirmam que Cristo verdadeiramente visitou as Américas, já que Ele mesmo o diz quando faz uma uma alegoria sobre o pastor e as suas ovelhas:

  • João 10,16: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas; e elas ouvirão a minha voz e haverá um rebanho e um Pastor”.

Essas “outras ovelhas” são os povos da América, a quem se deve pregar e converter. Jesus fazia menção a esta futura visita.

Resposta Católica: quando Jesus fala das ovelhas que não são “deste aprisco”, está se referindo aos gentios, já que inicialmente Cristo havia ordenado pregar somente aos judeus, conforme afirma Mateus 10,5:

  • Mateus 10,5-6: “Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: ‘Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos. Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel'”.

Como bem sabemos, os judeus tinham o coração bem duro. Então, após a morte de Jesus, os Apóstolos, fiéis a este ensinamento, focavam apenas nos judeus e não queriam pregar nem batizar os romanos ou outras pessoas que não fossem descendentes da casa de Israel. Contudo, Cristo sabia que isto mudaria com o passar do tempo e já o adiantava com esta alegoria das “outras ovelhas”. E isto realmente se cumpre, porque posteriormente Pedro e os demais Apóstolos, através de visões de Nosso Senhor, percebem que precisavam mudar sua forma de pensar, e pregar e batizar também os gentios, sendo que os primeiros gentios convertidos foram Cornélio e seus servos (cf. Atos 10,1-48).

Como podemos ver, a Bíblia também contradiz a existência desse Livro [de Mórmon], visto que as Escrituras empregadas [pelos mórmons] foram deturpadas e retiradas do seu contexto.

Para encerrar, deixo um argumento lógico que pode ser usado com qualquer mórmon que deseje convencer você de que o Livro de Mórmon é verdadeiro: se sabemos que Cristo, nesses 40 dias entre sua ressurreição e ascensão ao Céu, apareceu aos seus Apóstolos, que duvidavam da sua ressurreição, entre outras coisas mais, seria possível acreditar que Cristo, em um mês ou menos, teria estabelecido a sua Igreja em um outro continente? Seria discriminatório ou por qual outra razão [o povo americano] lhe ocuparia menos do tempo, sendo que em Jerusalém demorou vários anos para Se dar a conhecer, pregar e ensinar?

 

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