O Profeta Jonas passou mesmo 3 dias no ventre de uma baleia?

– “Como interpretar o fato de Jonas ter passado três dias no ventre da baleia e ser devolvido com vida?”

A história narrada pelo livro de Jonas pode ser interpretada como fato genuíno. Neste caso, admitir-se-á que Deus tenha produzido milagrosamente os fenômenos aí descritos. Nenhum deles é absurdo em si mesmo; por conseguinte, a Infinita Potência Divina pode muito bem ter derrogado as leis da natureza a fim de os suscitar.

Pergunta-se, porém, se há ligação entre tantos e tão retumbantes milagres e a finalidade a ser por eles atingida, ou seja, a conversão de Nínive.

Considerando que “pouco digna de Deus” seria tal “ostentação” de poder, bons exegetas modernos julgam que a história de Jonas é uma parábola, ou seja, narrativa fictícia imaginada a fim de incutir uma lição religiosa ou moral; apenas se poderia afirmar que Jonas existiu, foi personagem real. O autor do livro teria concebido tal enredo para censurar de maneira viva o particularismo ou nacionalismo religioso de grupos judaicos posteriores ao exílio (séc. VI a.C.), representados por Jonas e sua mentalidade, e recomendar uma concepção larga, universalista, do Reino de Deus: Javé quer não somente a salvação de Israel, mas também a de Nínive e a de todos os povos.

Ulteriores observações encontram-se no livro de D. Estêvão Bettencourt, “Ciência e Fé na História dos Primórdios”, 3ª ed., pp.257-266.

  • Fonte: Revista Pergunte e Responderemos nº 1:1957 – mar-abr/1957.

 

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