O Purgatório

Por Alessandro Lima

As almas daqueles fiéis que morrem na graça mas ainda possuidoras de manchas de pecado venial a purgar, purificam-se, pagando as suas respectivas penas no purgatório, antes de serem submetidas ao Juízo particular.

Não estão mortos espiritualmente, não estão em pecado mortal, porque possuem a chamada reta intenção de salvarem-se, não duvidam da salvação – permanecem no amor de Deus – e – conseqüentemente – a essas almas, é propiciada – pela graça redentora do Cristo – a oportunidade de cumprirem suas penas temporais, mesmo já tendo morrido.

O purgatório não é um estado definitivo, pois desaparecerá até o dia do Juízo-final , ao contrário do inferno e do céu que são eternos.

Não não há prazo de tempo para o processo de expiação das culpas se realizar.

Porém, o cumprimento de uma pena temporal no purgatório não pode ser comparada ao padecimento eterno daqueles que se encontram no inferno.

Diz o catecismo da Igreja :”A Igreja chama de purgatório a essa purificação final dos eleitos que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé referente ao Purgatório sobretudo nos Concílios de Florença (cf. DS 1304) e de Trento (cf. DS 1820: 1580). A tradição da Igreja, faz referência a certos textos da Sagrada Escritura (por exemplo 1 Co 3, 15; 1P 1,7) onde se fala de um fogo purificador: Com respeito a certas faltas ligeiras é necessário crer que, antes do Juízo, existe um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, ao dizer que se alguém pronunciou uma blasfêmia contra o Espírito Santo, este não será perdoado nem neste século, nem no futuro (Mt 12, 31). Nesta frase podemos entender que algumas faltas podem ser perdoadas neste século, mas outras no século futuro (San Gregorio Magno, dial. 4, 39) ” (1031)

Nossas orações assim como a oração da Igreja celeste têm por objetivo aumentar a graça comum, graça partilhada também por aqueles que se purificam no purgatório, e desse modo, facilitar-lhes a penitência que cumprem. Enchendo suas almas de amor e misericórdia.

Devemos orar em sufrágio das almas do Purgatório e celebrar missas em intenção dos mortos, como também cumprimos penitência sacramental das nossas culpas, orando pelos mortos na forma da satisfação vicária. Os mortos que se encontram no Purgatório também podem orar por nós.

No Purgatório não há aquisição de méritos. Nossos méritos adquirem-se em vida.

Diz o Catecismo da Igreja sobre a comunhão dos bens espirituais e sobre o purgatório:

Os três estados da Igreja

“Até que o Senhor venha em seu esplendor com todos os seus anjos, destruída a morte, e tenha submetido tudo, seus discípulos, uns peregrinam na terra; outros, já defuntos, se purificam; enquanto outros estão glorificados, contemplando claramente a Deus – uno e trino – tal qual é'” (LG 49) (954)

‘Todos não obstante ainda que em grau e modos diversos, participamos no mesmo amor a Deus e ao próximo e cantamos o mesmo hino e louvor ao nosso Deus. Com efeito, todos os que são do Cristo, que têm seu Espírito, formam uma mesma Igreja e estão unidos entre si Nele (LG 49)”

“A união dos membros da Igreja peregrina com os irmãos que dormiram na paz de Cristo de nenhuma maneira se interrompe.(…)

— Segundo a constante fé da Igreja católica, se reforça com a comunicação dos bens espirituais” (LG 49). (955)”

A comunhão com os mortos

“A Igreja peregrina perfeitamente consciente da união de todo o Corpo místico de Jesus Cristo, desde os primeiros tempos do cristianismo honrou com grande piedade a recordação dos mortos e também ofereceu a eles orações ‘porque é uma idéia santa e proveitosa orar pelos defunto para que se vejam livres de seus pecados’ (2 M 12, 45)” (LG 50)” (958)

Nossa oração por eles, pode não somente os ajudar, mas também, torna eficaz sua intercessão em nosso favor.

“Cada homem, depois de morrer, recebe em sua alma imortal a retribuição eterna no Juízo particular que refere a sua vida em Cristo, como através de uma purificação (cf. Cc de Lyon: DS 857-858; Cc de Florença: DS 1304-1306; Cc de Trento: DS 1820), bem pode entrar imediatamente na bem-aventurança do céu (cf. Benedicto XII: DS 1000-1001; JoãoXXII: DS 990), bem para condenar-se imediatamente para sempre (cf. Benedito XII: DS 1002) “(1022)

Os protestantes negam – terminantemente – o conceito católico de purgatório, alegando falta de fundamentação bíblica.

No caso dos exemplos do Antigo Testamento, os protestantes afirmam que os católicos adotaram os deuterocanônicos que seriam textos apócrifos.

Podemos e devemos orar e celebrar missas para facilitar-lhes a purgação final.

As almas do purgatório podem orar por toda a Igreja – peregrina, padecente e triunfante.

O Concilio de Trento reafirmou tanto a doutrina do purgatório quanto os textos deuterocanônicos.

Diz o Concilio de Trento sobre o purgatório:

840. Cân. 30. Se alguém disser que a todo pecador penitente, que recebeu a graça da justificação, é de tal modo perdoada a ofensa e desfeita e abolida a obrigação à pena eterna, que não lhe fica obrigação alguma de pena temporal a pagar, seja neste mundo ou no outro, no purgatório, antes que lhe possam ser abertas as portas para o reino dos céus — seja excomungado [cfr. n° 807]

Sessão XXV (3 e 4-12-1563)

Decreto sobre o Purgatório

983. Já que a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo, apoiada nas Sagradas Letras e na antiga Tradição dos  Padres, ensinou nos sagrados Concílios e recentemente também neste Concílio Ecumênico, que existe purgatório [cfr. n° 840], e que as almas que nele estão detidas são aliviadas pelos sufrágios dos fiéis, principalmente pelo sacrifício do altar [cfr. n° 940, 950], prescreve o santo Concílio aos bispos que façam com que os fiéis mantenham e creiam a sã doutrina sobre o purgatório, aliás transmitida pelos santos Padres e pelos Sagrados Concílios, e que a mesma doutrina seja pregada com diligência por toda parte. Sejam, outrossim, excluídas das pregações populares à gente simples as questões difíceis e sutis e as que não edificam (cfr. l. Tim l, 4) nem aumentam a piedade. Igualmente não seja permitido divulgar ou discorrer sobre assuntos duvidosos ou que trazem a aparência do falso. Sejam ainda proibidas como escandalosas e prejudiciais aos fiéis aquelas coisas que têm em vista provocar a curiosidade ou que recendem a superstição ou a um torpe lucro…

O Novo Testamento e o Purgatório

Mateus 5-25,26 : “Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que te entregue ao juiz e este à guarda e mandem para a prisão.Em verdade te digo, não sairás de lá até que pagues o último centavo.”

1Cor.3-13 a 15 :” ….a obra de cada um ficará patente, pois o dia do Senhor a fará conhecer.Pelo fogo será revelada e o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a obra construída subsistir, o construtos receberá a paga. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá a perda. Ele porém será salvo, como que através do fogo.”

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