O que dizer da autoridade da Igreja?

Meu irmão, que a paz de Jesus e Maria esteja convosco e sua familia.
Um Pastor protestante (J.L.) me mandou [algumas] considerações sobre a [autoridade da] Igreja Católica. […] Gostaria que você, meu irmão, dentro das suas possibilidades de tempo, me desse uma ajuda… Por gentileza, quando tiver condições, me ajude mandando as respostas…
Um abração, fique com Deus Nosso Pai. (Joaquim)

Agradeço por sua visita ao site do Agnus Dei e fico muito feliz em poder colaborar com algo. De tempos em tempos, recebo um ou outro “tratado” protestante, quase sempre “malhando” a Igreja Católica e dificilmente trazendo bases sólidas para seus argumentos. O mesmo se pode dizer desse “tratado” que você gentilmente me encaminha e que lhe foi enviado por um pastor tão desinformado quanto o autor do referido “tratado”. Na verdade, acho que o autor desse “tratado” deveria vendê-lo para os estúdios cinematográficos de Hollywood, uma vez que eles gostam muito dessas ficções anticatólicas (tome-se como exemplo as últimas “grandes” produções: O Padre, Stigmata e Dogma…).

Ainda recentemente, recebi um outro “tratado”, chamado “15 Razões Porque Deixei de ser Católico” (aliás, o autor dessa outra “obra” demonstra tamanho desconhecimento do Catolicismo que certamente jamais foi católico, não tendo portanto como ter “deixado de ser” católico…) e que estou refutando razão por razão (desde quando a irracionalidade pode ser chamada de razão??). Como esse outro “tratado” se assemelha um pouco com este que você me enviou, abordarei apenas os pontos que considero de maior relevância e digno de algum destaque…

1. O autor – aliás, como qualquer outro protestante – sempre vai querer justificar seu ponto de vista (ou melhor, sua interpretação particular) baseado no que “está escrito na Bíblia”. Na verdade, ao listar os “anos de decisões” da Igreja Católica o autor – além de demonstrar grande desconhecimento da História da Igreja, uma vez que boa parte das datas são anacrônicas – está querendo sugerir implicitamente que a Igreja não possui autoridade alguma. Para ele, a autoridade sobre o cristão vem da Bíblia… O que está na Bíblia vale, o que não está, não vale… É o que chamamos tecnicamente de “doutrina da Sola Scriptura”; “somente a Bíblia” possui autoridade para o cristão. Ora, se apenas a Bíblia pode ter autoridade sobre o cristão e se só o que está escrito nela tem validade, então depreende-se que ela mesma precisa necessariamente afirmar isso em algum lugar! Mas onde ela diz isso? Leia a sua Bíblia completamente, do Gênesis ao Apocalipse e você notará que ela jamais fala isso… Muito pelo contrário, tal como Maria aponta para Jesus nas bodas de Caná, afirmando “Fazei tudo o que Ele vos disser”, a própria Bíblia aponta para a Igreja, afirmando categoricamente: “A Igreja é a coluna e o fundamento da Verdade” (cf. 1Tim 3,15), o que, parafraseando Maria, significa: “Observai tudo aquilo que a Igreja vos ensinar”.

É bom que analisemos bem a expressão: “A Igreja é a coluna e o fundamento da Verdade”. A coluna serve para apoiar algo com firmeza, mas, para isso é necessário que ela esteja firmada em terreno sólido, ou seja, bem fundamentada, caso contrário o que deve ser sustentado virá a baixo. Observe, então, a construção da frase usada por São Paulo: Verdade -> Fundamento -> Coluna -> Verdade, isto é, estando a Igreja edificada sobre a Verdade então ela não tem como ensinar a mentira; em termos lógicos: caminhos verdadeiros conduzem à Verdade; caminhos falsos conduzem ao Erro.

2. Mas, diante do pluralismo religioso que observamos no mundo moderno, qual delas seria a verdadeira Igreja de Cristo? Certamente alguma que proviesse da época apostólica. Calvino não foi apóstolo direto de Cristo, nem Zwínglio, nem qualquer outro reformador do séc. XVI e muito menos os do presente século, como o sr. Edir Macedo e companhia limitada. Por que não? Porque a Bíblia deixa bem claro que Cristo fundou uma Igreja; vemos isso em Mateus 16 e nos Atos dos Apóstolos. À essa Igreja Cristo transmitiu sua autoridade: “É-me dado *TODO O PODER* no céu e na terra. Portanto, *IDE* e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, *ENSINANDO-OS* a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. E *CERTAMENTE* estou convosco *TODOS OS DIAS*, até a *CONSUMAÇÃO DOS SÉCULOS*” (Mt 28,18-20).

Observe-se que é graças a essa transmissão de poder de Jesus para os Apóstolos (em especial a Pedro, que detém a *chave do Reino* – cf. Mt 16,19) que Paulo, devidamente inspirado pelo Espírito Santo, pôde escrever com segurança 1Tim 3,15, visto acima.

Pois bem, se fosse lícito fundar igrejas por aí (como, aliás, diga-se de passagem, fez o prezado autor desse “tratado” que agora comento) teríamos que dizer que a Igreja original fundada por Jesus, em algum momento de sua História, deixou de ter a assistência do próprio Cristo, o que soaria como anti-bíblico, tendo em vista a passagem transcrita acima (Mt 28,18-20), pois Ele deu a certeza de que estaria *sempre* com a sua Igreja até o fim dos tempos. Acrescente-se a isso o que lemos em Mt 16,18b: “E as portas do Inferno não prevalecerão contra ela [a Igreja]”. Estas palavras são de suma importância! Cristo está declarando que o Maligno tentará, mas não conseguirá submeter a sua Igreja (a propósito, é interessante ler a parábola do joio que cresce no meio do trigo e que só será arrancado e queimado no fim dos tempos [Mt 13,24-30]: é a figura da Igreja – os pecadores estão junto com os santos; só no final o Senhor separará os cabritos das ovelhas [Mt 25,31-46]). Cristo desejou e orou pela unidade da sua Igreja (Jo 17,21) e afirmou que um Reino ou casa não pode sobreviver dividido (Mt 12,25), o que, certamente, poderia emglobar a Igreja se esta aceitasse a divisão como algo “normal” (como afirmam, infelizmente, alguns [falsos] pastores).

Portanto, todo aquele que favorece a divisão e dispersa as ovelhas que foram confiadas de modo geral a Pedro (Jo 21,15-17) – em outras palavras, fica fundando igrejocas por aí – não conhece o Senhor. Jesus os compara a ladrões e assaltantes (Jo 10,1) e adverte que suas ovelhas devem fugir destes (Jo 10,5).

Olhando com atenção essas passagens bíblicas, percebemos que a verdadeira Igreja de Jesus possui 4 marcas que a distinguem das seitas fundadas pelos falsos pastores que introduzem “heresias destruidoras” (cf. 2Ped 2,1): una, santa, católica (universal) e apostólica. Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, mantém sua unidade através de um sólido conjunto de doutrinas e organização eclesiástica? Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, foi fundada pelo próprio Senhor Jesus Cristo, tendo Dele recebido sua autoridade, podendo ser chamada de “coluna e fundamento da Verdade”? Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, se espalha sobre todo o orbe terrestre conhecido, sendo de cunho realmente universal? Qual outra Igreja, além da Igreja Católica, existe desde a era apostólica, tendo sucessores legitimamente ordenados conforme a orientação apostólica??

Ora, se algum dia a Igreja Católica, de fato, tivesse apostasiado da fé ou pregado heresias – como gosta de afirmar o autor do já citado “tratado” – nesse dia (que, felizmente, nunca houve) Cristo teria quebrado sua promessa e hoje não teríamos segurança alguma. Bem dizia Santo Agostinho (que era muito estimado por Lutero e Calvino): “Devemos seguir a religião cristã, na comunhão daquela Igreja que é católica. E ela é chamada de católica não apenas por seus fiéis mas também pelos seus inimigos” (A Verdadeira Religião 7,12).

3. Ressalte-se que todos as antigas profissões de fé afirmam de algum modo: “Creio na Igreja…”; nenhuma diz “Creio na Bíblia…”. E por que não o fazem? Simplesmente porque o cânon da Bíblia, como o temos hoje, somente foi definido pela Igreja Católica no século IV. Até então, cada comunidade tinha seu próprio cânon; algumas aceitavam livros a mais, outras a menos… Foi a autoridade da Igreja que acabou com a confusão por mais de 1000 anos.

Infelizmente, porém, a confusão voltou a reinar no séc. XVI… Como alguns livros do Antigo Testamento contradiziam várias doutrinas da Reforma, os protestantes resolveram riscá-los de suas Bíblias. Fizeram isso seguindo a “autoridade” dos judeus da Palestina. Tentaram fazer o mesmo com certos livros do Novo Testamento, como a Epístola de Tiago, que Lutero chamava “carinhosamente” de “Carta de Palha”, porque contradizia frontalmente a sua doutrina de justificação unicamente pela fé. Como suscitou muita discórdia, voltaram atrás e mantiveram o cânon do NT igual ao da Igreja Católica. Caíram, assim, em gigantesca contradição: para o AT, aceitaram a “autoridade” dos judeus (quem lhes conferiu tal autoridade, já que só definiram o seu cânon dezenas de anos após a morte de Jesus?); para o NT, aceitaram a autoridade da Igreja Cristã (católica).

O triste de tudo isto é ver os protestantes afirmarem que foi o Concílio de Trento que incluiu mais livros no AT. Se isso fosse verdade, porque então a Bíblia de Guttemberg, impressa um século antes da Reforma Protestante, já trazia esses livros? E porque todos os padres da Igreja Primitiva os citavam em seus escritos??

4. Tudo o que está na Bíblia é verdade, mas nem toda a verdade está na Bíblia. A própria Sagrada Escritura afirma que não abriga toda a verdade: Jo 20,30; 21,25. Portanto, é uma falácia – que visa introduzir o erro – perguntar: “onde a Bíblia diz tal coisa”? O fato da Bíblia não empregar certa palavra não significa, de maneira alguma, que determinada realidade inexista. Um bom exemplo seria a própria Santíssima Trindade, uma crença comum entre todos os cristãos (católicos, ortodoxos, protestantes tradicionais, pentecostais e neopentecostais): onde a Bíblia usa a expressão “Santíssima Trindade” ou a simples palavra “Trindade”? Em ponto algum; porém tal realidade é reconhecida por todos. O mesmo se poderia dizer de outras realidades, tal como o Purgatório: o fato da palavra não existir na Bíblia, não significa que tal realidade não exista concretamente (muito pelo contrário: v. 1Cor 3,15). Idem para a Transubstanciação.

Sabemos que a Palavra de Deus é verdade. A Bíblia é *parte* da Palavra de Deus. A Igreja, como já vimos, é a coluna e o fundamento da Verdade. Desde o princípio, a Igreja afirma que a Palavra de Deus é formada, além da Bíblia evidentemente, também pela Sagrada Tradição e pelo Magistério da Igreja. E não podia ser para menos: as Escrituras se encerram com o último escrito de origem apostólica: o Apocalipse de São João. A Palavra de Deus, contudo, não pode nem está limitada a esse período de tempo

5. Cristo garantiu que ficaria com sua Igreja até o fim dos tempos. Entretanto, não revelou – mesmo quando questionado pelos Apóstolos – quando se daria este fim (cf. Mt 24,3). O tempo é dinâmico: está sempre a correr (parece que o autor do “tratado” se esquece deste “pequeno” detalhe, como muitos outros protestantes). Um a um, os discípulos foram morrendo. Estaria “orfã” a Igreja a partir de então? Escreve São Paulo ao seu discípulo Timóteo: “E o que de mim, através de muitas testemunhas ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tim 2,2). Trata-se da Tradição Apostólica.

Ainda antes de morrer, Jesus disse a seus Apóstolos: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier o Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade. Não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir” (Jo 16,12-13). E o Espírito Santo desceu sobre a Igreja no dia de Pentecostes (v. At 2), cumprindo a promessa de Cristo. E permanecerá com ela até o fim, quando Cristo há de vir.

Assim, torna-se perfeitamente claro que a Igreja de Cristo (leia-se “Igreja Católica”, pois é a única que existe desde aqueles tempos) jamais poderia se desviar da Verdade, uma vez que a promessa de Cristo e a assistência do Espírito Santo não se restringiria apenas até a morte do último Apóstolo (a saber, São João). Muito pelo contrário, a Igreja Católica sempre contou e sempre contará com a assistência do Divino Espírito Santo e, tendo Cristo prometido estar com ela até o fim, será ela “a coluna e o fundamento da Verdade” (1Tim 3,15) até a consumação dos séculos.

6. Escreve o autor do “tratado” referente ao ano de 1563: “A Tradição é igual à própria Palavra de Deus: definição tomada no Concílio de Trento que a tradição é tão valiosa como a própria Palavra de Deus”. Existe uma verdade e uma mentira nesta afirmação: sim, a Sagrada Tradição faz parte da Palavra de Deus, mas não a partir do Concílio de Trento. A Bíblia, tal como a temos hoje, devemos à Sagrada Tradição da Igreja Católica; ela não existia até o final do séc. IV dC. A Sagrada Tradição sempre foi respeitada pela Igreja e sempre foi tida como Palavra de Deus. O Concílio de Trento somente colocou um ponto final sobre o assunto por causa da heresia protestante que – rompendo com o verdadeiro Cristianismo – afirmava justamente o contrário.

Prova: as Igrejas Ortodoxas, oriundas do Cisma de 1054 e que até hoje ainda não se encontram em comunhão plena com a Igreja de Roma também ensinam que a Palavra de Deus é formada pela Bíblia, Sagrada Tradição e Magistério. Logo, tal conceito não se trata de inovação do Concílio de Trento que só se iniciou em 1542 (quase 500 anos depois do Cisma do Oriente).

7. O autor do “tratado” – embora seja sexagenário – parece que ainda não sabe a diferença que existe entre “doutrina” e “disciplina”. Se soubesse diferenciar estes dois conceitos, provavelmente não escreveria tanta coisa descabida.

A doutrina carrega consigo o caráter de imutabilidade. É uma verdade da fé revelada pelo Senhor à sua Igreja e, como tal, não pode a Igreja, por si só, introduzir qualquer alteração. É o caso da Santíssima Trindade, da presença real de Cristo na Eucaristia… O tempo passa, mas a doutrina permanece a mesma.

A disciplina, por sua vez, pode ser alterada. Não é uma verdade de fé, mas é parte integrante do múnus de ensinar da Igreja, visando o bem dos fiéis e de sua fé, sempre sensível ao contexto e ao tempo. É o caso do celibato, da liturgia da Missa, das velas… O tempo passa e a disciplina pode ser alterada, adaptando-se ao momento presente da Igreja. Sobre assuntos disciplinares a Igreja goza de especial autoridade para manter, revogar ou alterar certa prática.

8. O pluralismo religioso que vivemos hoje – que costumo a chamar de “babel cristã” – é devido à doutrina da “Sola Scriptura” assumida por todos os protestantes. Tal doutrina, associada com a da livre interpretação bíblica (também condenada pela Bíblia – cf. 2Ped 1,20), tira a autoridade da Igreja e a transfere ilegitimamente para a própria Bíblia (em outras palavras: passa uma borracha sobre a palavra “Igreja” existente em 1Tim 3,15 e passa falsamente a declarar: “A *Bíblia* é a coluna e o fundamento da Verdade”).

Consequência prática: existem hoje mais de 30.000 denominações que se dizem cristãs, cada qual seguindo uma doutrina diferente. Veja-se o [mau] exemplo do autor do “tratado”: fundou uma igreja e agora está (até quando??) numa igreja presbiterana que diz ser “renovada” (o que vem a ser esta expressão “renovada” ligada à igreja presbiteriana? Certamente deve professar algo que nem Calvino, nem John Knox – fundadores do presbiterianismo – ousaram professar).

Tirando a autoridade da Igreja, a Sola Scriptura abriu caminho para o subjetivismo e o liberalismo religioso. Basta um “pastor” discordar de certa doutrina da sua igreja ou receber uma “luz especial” do Espírito Santo(?) e pronto: lá está ele fundando a sua própria igreja. A descrença existente no mundo contemporâneo – pode ter certeza disso – e o descrédito no Cristianismo são devidos em grande parte à legitimação da divisão trazida pelo protestantismo e sua idéia da Sola Scriptura. Porém sabemos muito bem que todo aquele que causa divisão na Esposa do Senhor (=a Igreja) não herdará o Reino de Deus (Gál 5,19-21). Tal conduta é chamada – com razão – de obra da carne por São Paulo. E o que esperar da carne senão a própria corrupção? (cf Rm 8,5-8; 1Cor 15,50; Gál 6,8; etc.).

9. O comentário “Quem é a ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) e quais são os seus interesses” é digna de grandes lamentos… Cito apenas alguns:

a) O autor reconhece que a ICAR é a Igreja cristã mais antiga. É evidente! Trata-se da mesma Igreja para quem São Paulo escreveu: “Primeiramente dou graças ao meu Deus, por meio de Jesus Cristo, no tocante a todos vós, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé” (Rom 1,8). Foi lá que São Pedro estabeleceu sua sé episcopal, como provam a Bíblia (1Ped 5,13 – onde “Babilônia” é codinome para Roma imperial, na época ainda dominada pelo Paganismo perseguidor), a História e a Arqueologia.

b) Dizer que a Igreja Católica é indigna de ser chamada de “cristã” é – como já vimos – grande contradição bíblica, uma vez que Jesus prometeu estar até o fim com a Sua Igreja e mandou o Espírito da Verdade para guiá-la nas questões de fé.

c) Besteira maior é dizer que o papa pede perdão pelos erros da Igreja. A Igreja, como instituição, jamais errou doutrinariamente porque, se errasse, não estaria assistida pelo Espírito Santo, como vimos no item (b) acima, o que seria anti-bíblico. Quem erra são os filhos da Igreja e por motivos vários: política, avareza, inveja etc. Porém, isto não macula jamais a Igreja de Cristo. O próprio Senhor afirmou: “Deixai crescer ambos [o joio e o trigo] até a época da ceifa” (Mt 13,30). A Igreja é santa porque foi fundada por Cristo e goza da assistência do Espírito Santo nos assuntos de fé, mas é também pecadora porque seus membros são humanos e, portanto, imperfeitos. “Se dissermos que não possuímos pecado somos mentirosos e a Palavra de Deus não estará conosco” (1Jo 1,10). Cristo estará conosco “até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).

d) “A ICAR é uma organização religiosa assassina”: existem vários deslizes nesta afirmação… Primeiro, a Inquisição não é doutrina da Igreja, mas foi disciplina adotada em determinado período da História que deve ser analisada segundo a visão e os conhecimentos da época. Segundo: se é verdade que a Inquisição mandou muitas pessoas para a fogueira, verdade é – a História o registra – que os Protestantes também fizeram uso dela para mandar hereges para a fogueira: Miguel Servet foi queimado vivo por ordem de Calvino (fundador do Presbiterianismo). Terceiro: vários “católicos” também foram queimados pela Inquisição acusados de heresia: as maiores baixas se deram entre os franciscanos (e, mesmo assim, até hoje continuam unidos à Igreja de Roma – não se deixaram levar pelo vento da divisão que reina entre os Protestantes…). Quarto: as perseguições religiosas ocorridas em certos países no fundo era de iniciativa e interesse de seus monarcas. Católicos perseguiram protestantes?? E o inverso não ocorreu em países como a Inglaterra e a Irlanda?? Muitíssimos católicos foram cruelmente assassinados na Inglaterra quando da reforma anglicana (reforma esta introduzida porque o papa da época não aceitou anular o casamento legítimo do monarca Henrique VIII, verdadeiro “rabo de saia”).

10. Poderia ficar aqui, refutando parágrafo por parágrado desse “tratado”, mas seria uma tarefa tediosa uma vez que muitas das coisas de que trata já se encontram disponíveis no site do Agnus Dei. Uma ajuda, por outro lado, seria o artigo “Será mesmo cristão o catolicismo romano?”, de autoria de d. Estevão Bettencourt. Seria melhor que o autor do referido “tratado” ao invés de escrever inverdades doutrinárias e históricas sobre a Igreja Católica, baseadas na falsa doutrina da “Sola Scriptura” e da anti-bíblica interpretação particular, de fato se arrependesse e voltasse ao seio da Verdadeira e Única Igreja do Senhor. Aliás, é bom que se diga: essa “preocupação” do autor, que diz “amar” os católicos, é pura “balela” porque, se de fato amasse alguém, no mínimo se esforçaria em ser imparcial, apresentado seus argumentos de acordo com a Bíblia e com a História (ele promete que vai fazer isso quando se apresenta (seção “O comentarista”), mas parece que se esquece dessa promessa e se rende à paixão de suas convicções pré-concebidas). Infelizmente, falta-lhe o apego à verdade…

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