O que são “revelação pública” e “revelação particular”?

Bom dia! Estava lendo o artigo Terceiro Segredo de Fatima. Vocês poderiam me explicar o significado do termo Revelação? Por que termina com a morte do apóstolo João? (Alexandre)

“Revelação”, no sentido religioso, é o ato de receber uma mensagem divina, sobrenaturalmente comunicada por Deus ou seu Filho Jesus, ou mediante mensageiros especiais e autorizados como os anjos e santos.

Ao lermos a Bíblia, verificamos que ela apresenta inúmeras passagens em que personagens bíblicos recebem revelações, tanto no Antigo (ex.: Moisés no monte Sinai, profetas em geral) como no Novo Testamento (Ex.: Virgem Maria na Anunciação do Anjo, São Paulo no caminho de Damasco, São João na ilha de Patmos).

No entanto, classificamos as revelações em dois tipos:

– Públicas: as que tem origem exclusivamente bíblica, recebidas por personagens bíblicos. São de fé universal, que todos os cristãos devem crer inquestionavelmente, tornando-se artigo de fé obrigatório.

– Particulares: as que não têm origem na Bíblia, recebidas por personagens não-bíblicos (ex.: Lourdes, Fátima…). Não são de fé universal, de modo que cada um está livre para acreditar (ou não) na mensagem revelada e segui-la (ou não).

A Igreja Católica é muito prudente e cautelosa antes de se pronunciar acerca de uma revelação particular. E mesmo quando a “aprova”, não significa que ela esteja obrigando o católico a aderir a tal revelação; simplesmente quer dizer que, ao estudar o fenômeno, não encontrou nada que desabonasse a “mensagem revelada particularmente”, de maneira que o católico pode seguir devotamente as “recomendações reveladas” sem pôr em risco a sua fé.

Para se pronunciar a esse respeito, a Igreja, Mãe e Mestra, estuda quatro aspectos do fenômeno:

1. Aspecto de Fé – O conteúdo da mensagem é condizente com as verdades da fé (isto é: concordam com o que nos ensina a Bíblia, a Tradição e o Magistério eclesiástico)?

2. Aspecto de Sanidade – O vidente (=aquele que recebe a mensagem) goza de boa saúde mental?

3. Aspecto Moral – Há honestidade, humildade e amor no vidente e naqueles que propagam a mensagem?

4. Aspecto da “Boa Árvore” – Estão ocorrendo benefícios em razão da mensagem (conversão, aumento de fé, curas etc.)?

Assim, quando você lê que a “Revelação termina com a morte do apóstolo João”, isto quer dizer que a Revelação Pública – que deve ser aceita e seguida firmemente por todos, sem exceção – foi concluída *definitivamente* quando o apóstolo e evangelista João escreveu o seu Apocalipse na ilha de Patmos, vez que este foi o último apóstolo a falecer, bem como seu livro do Apocalipse foi o último livro bíblico a ser escrito (cronologicamente falando). Se ao invés do Apocalipse de João o último livro escrito fosse os Atos dos Apóstolos, de S. Lucas, e este falecido após S. João, então a Revelação Pública teria se encerrado com a morte de S. Lucas, já que seria, nesta hipótese, o último “autor inspirado”, entendeu? 😉

Em suma: toda revelação particular não deve contrariar ou desviar-se da revelação pública, caso contrário será *certamente* uma falsa revelação. Na verdade, notamos que a revelação particular costuma a chamar a atenção do fiel para algum aspecto da fé revelada (ex.: conversão, penitência) então esquecido pela sociedade.

Se todo mundo cresse e praticasse o que recebeu por revelação pública, a revelação particular seria completamente desnecessária. É o que bem nos ensina o Concílio Vaticano II: “A dispensação cristã da graça, como aliança nova e definitiva, jamais passará, e já não há que se esperar alguma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Dei Verbum nº 4).

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