O verdadeiro Alberto Rivera

Dave Armstrong põe a descoberto a falsidade sobre a vida e conversão de “Alberto Rivera”, um dos mitos criados e referenciados por muitos evangélicos em todo o continente.

“[Alberto Rivera] é o homem mais santo que jamais conheci” (Jack T. Chick).

* * *

Alberto Rivera, o suposto sacerdote católico, bispo e herói anticatólico da revista cômica de Jack Chick foi apresentado como “uma completa fraude” por um não-católico (protestante evangélico), Gary Metz, em dois artigos publicados em revistas evangélicas:

  1. “A História de Alberto” na revista Piedra  Angular, vol. 9, nº 53, 1981, págs. 29-31.
  2. Cristandad Hoy, de 13 de março de 1981.

O Instituto Cristão de Investigação (CRI), fundado pelo falecido dr. Walter Martín, amplamente famoso como evangelista mas especialmente reconhecido como especialista em seitas, também preparou uma exposição sobre Rivera. Abaixo, alguns extratos do primeiro artigo mencionado acima. Não se pode esquecer que tudo o que é mencionado aqui é fruto de uma investigação efetuada e publicada por protestantes, que descobriram a falsidade do testemunho de Alberto Rivera:

“1. A Igreja Cristã Reformada, as Publicações Zondervan e a Mesa Diretora da Escola Dominical da Igreja Batista do Sul proibiram a venda das revistas “Alberto” em suas livrarias por considerá-las falsas.

2. Jack Chick comentou que as livrarias cristãs estavam sofrendo infiltrações de equipes secretas de propaganda católica que pressionavam os seus donos até “se comprometerem com Roma e retirarem Alberto de circulação”.

3. Seria “Alberto” uma história verídica? Não! Não é. As investigações intensivas manifestaram seu limite investigativo, suas fraudes de inversão, seus estelionatos, seu testemunho contraditório, seus títulos de escolaridade inventados e seu registro de abuso familiar… Alberto Rivera, também conhecido como Alberto Romero, tinha um histórico de problemas legais. Está envolvido em uma ação de fraude movida na corte do sul da Califórnia.

4. Em 1965, foi emitida uma ordem de arresto em Hoboken, Nova Jersei, por assinar cheques sem fundos. Também deixou dívidas em aberto acima de US$ 3.000,00 (três mil dólares).

5. Em 1969 foram geradas duas ordens de arresto contra ele em DeLand e Ormon Beach, na Flórida. A primeira ordem de arresto se deu em razão do roubo de um cartão de crédito do Banco AmeriCard. A divisão de investigação criminal do Banco da América relatou que foram gastos mais de US$ 2.000,00 (dois mil dólares) pelo referido cartão. A segunda ordem de arresto foi em razão do “uso sem autorização de um automóvel”. Alberto abandonou o veículo em Seattle, Washington. Daí se mudou para o sul da Califórnia.

6. A forma como Alberto narra a sua conversão é contraditória. Em 1964, ao trabalhar para a Igreja Cristã Reformada, ele disse que se converteu do Catolicismo em julho de 1962. Depois sustentou que foi em 1967… às 3:00 horas da manhã de 20 de março de 1967.

7. Ele disse que abandonou imediatamente a Igreja Católica. No entanto, cinco meses depois, em agosto de 1967, promovia o Catolicismo e o movimento ecumênico em uma entrevista ao jornal de seu povoado de origem, em Las Palmas, nas Ilhas Canárias.

8. Alberto incute um grande respeito em muitas pessoas, fazendo-lhes crer que possui numerosos títulos de escolaridade, que incluem: doutorado em Filosofia, doutorado em Sociologia, doutorado em Bíblia, doutorado em Teologia, doutorado em História e mestrado em Psicologia. No entanto, ele se mostra ambíguo quando é questiondo onde recebeu tais títulos. Alberto freqüentou um seminário na Costa Rica (o Seminário Bíblico Latino-Americano) com um amigo de Las Palmas, porém não colou grau. Esse amigo, o reverendo Plutarco Bonilla, um respeitado líder cristão da América Central, afirmou que Alberto nunca terminou o [curso] preparatório em Las Palmas e que ele estava no seminário [inscrito] no programa para os não-graduados. A escola menciona em uma carta, que se viu forçada a expulsar Alberto por seu [comportamento] constante: ‘mentir e desafiar a autoridade do seminário’. A cronologia conhecida de sua vida não lhe proporciona tempo suficiente para conquistar a posição acadêmica que afirma possuir.

9. Quando o reverendo Wishart – companheiro anterior de Alberto e antigo pastor da Igreja Batista de São Fernando – pressionou Alberto em relação aos seus títulos de escolaridade, Alberto admitiu tê-los recebido de uma tipografia do Colorado. Isto encerrou a amizade entre ambos. O pastor Rasmussen, da Igreja Batista da Fé de Canoga Park, na Califórnia, também desafiou Alberto a se submeter a uma prova no detector de mentiras para autenticar algumas de suas afirmações. Alberto respondeu que aceitava; três vezes foi chamado para isto e nas três ocasiões não apareceu.

10. Ele conheceu a sua primeira “esposa” na Costa Rica, ao trabalhar junto à Igreja Metodista. O rev. Bonilla diz que Alberto vivia aí com uma mulher, no final da década de 1950, porém eles não eram casados legalmente: Alberto disse que Deus havia validado o seu matrimônio. Alberto posteriormente mencionou em uma ficha de pedido de emprego que ele e Carmen Lydia Torres se casaram em 25 de novembro de 1963. Seu filho João nasceu em Hoboken, Nova Jersei, em setembro de 1964… Um supervisor naquele tempo, o rev. Edson Lewis, disse que Alberto abusava fisicamente de Carmen Lydia e João. Menos de um ano depois de seu nascimento, em julho de 1965, João morreu em El Paso, no Texas, para onde seus pais fugiram após terem emitido cheques sem fundos em Nova Jersei. [Um novo filho, Alberto, nasceu em 1967 ou 1968] mas é difícil de se determinar o paradeiro do menino Alberto hoje; porém, o rev. Abrego, sócio e companheiro do quarto vizinho ao de Alberto, declarou que ele foi deixado em um abrigo assistencial do Tenessee… Alberto e Carmen Lydya tiveram, todavia, outro filho, Luis Marx, no início de 1969. Enquanto eles ainda viviam na Flórida, seus anfitriões declararam que Luis Marx sofria de maus tratos. Não se sabe o que aconteceu depois com Luis Marx, porém, quando Alberto viajou da Flórida para Seattle com o carro e o cartão de crédito [referidos acima], já não tinha o menino com eles. O que ocorreu com Carmen Lydia depois de ir para Seattle também é desconhecido, mas Alberto voltou a se casar em 1977 com Nury Frias, uma mulher da República Dominicana. Ainda não se sabe se ele se casou legalmente e/ou se divorciou da mulher anterior. Seja como for, a credibilidade de Rivera é extremamente prejudicada quando se descobre que ele teve dois filhos (João e Alberto) na América durante o tempo em que ele próprio afirma ter praticado o sacerdócio célibe na Europa! O que pensa Jack Chick a respeito disso? Quando este foi finalmente localizado por telefone em sua residência, disse que nunca tinha conhecido um homem mais santo que Alberto e que ele sabe que a história de Alberto é verdadeira porque ele “orou por Alberto”. Jack diz esperar que sua própria vida seja tirada por assassinos jesuítas (ainda está vivo passados 17 anos!).

11. Quando Alberto foi localizado por telefone, ele se recusou também a conceder entrevistas… Ele afirmou que qualquer maldade que cometeu antes da sua conversão em 1967 foi feita sob as ordens da Igreja Católica e qualquer maldade cometida após a sua conversão são invenções de seus conspiradores.”

Como se vê, a história de Alberto é uma fraude, como a história de John Todd, outro protegido de Jack Chick, que disse que os bruxos estão conquistando o mundo (ver nº 48 da revista Piedra Angular). Alberto criou astutamente um muro, um sistema paranóico de defesa que torna difícil abordá-lo em assuntos específicos. Ele sempre pode desejar ser acusado para apontar um complô jesuíta contra ele.

As afirmações fraudulentas de Alberto Rivera apresentam um fato triste: muitos protestantes têm uma visão distorcida dos católicos assim como os brancos tinham dos negros no início do século XX. O negro chegou a ser caracterizado como “muito ritmo e pouco cérebro” enquanto que o católico é representado como um robô escravo que jamais questiona as autoridades da sua Igreja.

Numa publicação posterior da revista Piedra Angular (vol. 10, nº 54), um artigo responde a Chick:

“Jack T. Chick publicou uma contestação de três páginas contra a denúncia de Gary Metz sobre Alberto Rivera… Em sua carta de 25 de março de 1981, assinada também por Rivera, Chick declara que ‘a destruição sistemática do ministério de John Todd é repetida pelo Vaticano para destruir agora a Alberto’ (Todd declarava ter sido um dos líderes de uma conspiração internacional de bruxos para estabelecer Jimmy Carter como o anticristo; Chick promoveu a estória de Todd há algum tempo em sua revista cômica). Chick acusa as revistas [protestantes] ‘Cristandad Hoy’ e ‘Piedra Angular’, que desmascararam a John Todd, de promover a causa do ‘anticristo no Vaticano’. Algumas amostras típicas da defesa de Chick sobre Alberto: os títulos de escolaridade de Alberto desapareceram porque o Vaticano ‘excluiu o nome do dr. Rivera de todos os arquivos acadêmicos, nos seminários e colégios’; os sócios e conhecidos anteriores de Rivera contradizem o seu testemunho porque eles são espiões do Vaticano; as mulheres com quem se envolveu eram ‘da Legião de Maria ou da Juventude Católica’. Assim, com a varinha mágica da conspiração do Vaticano, Rivera se exonera de qualquer evidência que possa ser aduzida contra ele. Sem dúvida nenhuma, só se pode justificar uma fantasia com outra fantasia. Este é Alberto”.

Cremos que se Jack Chick tem alguma coisa para imputar contra os católicos, deverá primeiro deixar de lado as invenções e encontrar uma fonte de informação mais segura.

A terceira revista de Chick sobre Rivera, “Os Padrinhos”, contém as seguintes falsas declarações apontadas como verdade solene:

– O Vaticano planeja exterminar os judeus e preparar o trono papal no templo de Jerusalém, onde o papa reinará como Deus, literalmente cumprindo as profecias sobre o “homem ímpio” (2Tes. 2,3-4).

– O Vaticano financiou a guerra muçulmana-israelita no século X.

– Abraham Lincoln foi assassinado por jesuítas.

– Os fundadores do comunismo, Karl Mark e Frederic Engels, foram instruídos e dirigidos por agentes jesuítas.

– Os jesuítas também efetuaram o treinamento de León Trotsky, Lênin e Joseph Stálin.

– Adolf Hitler chegou ao poder graças aos católicos e seu livro “Mein Kampf” foi realmente escrito por um sacerdote jesuíta.

– O Vaticano esteve por trás da Primeira e Segunda Guerras Mundiais e da Revolução Russa de 1917.

– A Ku Klux Klan, os nazistas e os maçons são secretamente dirigidos por agentes jesuítas.

– Todas as demais autodenominadas conspirações internacionais (os Illuminati, os comunistas, os Bilderbergers, a comissão trilateral, o cônsul de relações forâneas, o Clube de Roma etc.) foram, de fato, criadas pela Igreja Católica como uma cortina de fumaça para desviar a atenção do Vaticano.

Sobre todas estas fantasias e novelas, a revista Piedra Angular, editada por protestantes, esclarece:

“A declaração de Rivera dando conta de que foi sacerdote, bispo e agente da inteligência para a hierarquia católico-romana já foi discutida em revistas anteriores… Constatamos que esse testemunho é uma completa mentira… Estou assombrado de como Jack Chick pode ter uma visão tão paranóica da História; a palavra ‘catolicofobia’ surge imediatamente em minha mente. Foi em razão de tal propaganda que duas revistas anteriores de Chick foram proibidas pelo governo canadense em outubro passado e classificadas como ‘literatura obscena’.

Na verdade, se fosse crível a existência de uma conspiração secreta por parte dos jesuítas, eu diria que Alberto Rivera faz parte dela. Suas ridículas acusações têm prejudicado a causa legítima das relações entre protestantes e católicos”.

A pessoa que promoveu a investigação era um evangélico protestante chamado Gary Metz. O artigo foi publicado na revista “Cristandad Hoy” (fundada por Billy Graham, não sendo portanto uma revista católica, mas protestante) em 13 de março de 1981.

Com efeito, este “Alberto” e suas revistas são uma verdadeira fraude, enganando até mesmo os evangélicos.

Por fim, sugerimos aos irmãos protestantes e evangélicos verificarem previamente os testemunhos [que recebem] para que não enganem os católicos ingênuos e também não enganem os seus próprios irmãos evangélicos que, em seu ódio contra a Igreja de Cristo (a Católica!), acabam por acreditar em tudo [por mais absurdo que seja].

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