Os “irmãos” de Jesus

Maria é aquela que foi escolhida por Deus para ser a Mãe de Jesus, portanto, Mãe de Deus.

“Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco.” (Isaías 7,14).

Em Lucas 1,28, Maria é saudada: “Ave cheia de graça, o Senhor é contigo”. O termo grego é “KECHARITOMÉNE”, que significa: “tu que foste e permaneces repleta do favor ou da benevolência divina”.

1º Questão: “Primogênito”.

Em Lucas 2,7 lemos: “Maria deu a luz seu primogênito”.

Em hebraico, para primogênito temos o termo BEKOR, que significa também, “bem amado”, podendo ser sinônimo de “unigênito”.

Em grego, para primogênito temos o termo PROTÓTOKON, também equivale a unigênito e bem amado, conforme o linguajar semita e bíblico.

Como podemos comprovar em Zacarias 12,10: “Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de boa vontade e de prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que traspassaram, como se fosse um filho unigênito; chorá-lo-ão amargamente como se chora um primogênito!”

É observável também, que fora da terra de Israel, poderia se chamar PRIMOGÊNITO a um filho que não tivesse nem irmã nem irmão mais jovem (filho único). Como exemplo disso tenha-se em conta a descoberta de uma inscrição sepulcral do ano 5 a.C. encontrada na cidade de Tell el-Jedouhieh (Egito) no ano de 1922, onde se lê que uma jovem mulher chamada Arsinoé morreu “nas dores do parto do seu filho primogênito”

Dessa forma, fica evidente que PRIMOGÊNTO no linguajar bíblico e semita geralmente significa o filho ANTES DO QUAL NÃO HOUVE OUTRO (ÚNICO OU UNIGÊNITO), e não necessariamente o filho após o qual houve outros, como comumente na língua portuguesa, é denotado pela palavra “primogênito”.

2º Questão: A maternidade virginal de Maria.

Maria é “sempre virgem”, como define o termo grego AEIPARTHÉNOS (“sempre virgem”). É dogma de fé, atestado pela Sagrada Tradição Apostólica, como declarou o Papa Paulo V em 07 de agosto de 1555:

“A bem-aventurada Virgem Maria foi verdadeira Mãe de Deus, e guardou sempre íntegra a virgindade, antes do parto, no parto e constantemente depois do parto” (DS nº 1880 [993]).

Nos ensina o Catecismo:

“O aprofundamento de sua fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem”. Com efeito, o nascimento de Cristo “não lhe diminuiu, mas sagrou a integridade virginal” de sua mãe. A Liturgia da Igreja celebra Maria como a “Aeiparthenos” (pronuncie “áeiparthénos”), “sempre virgem”. (Catecismo da Igreja Católica § 499).

2.1) Maria é virgem antes do parto.

Nos ensina o Catecismo:

“Desde as primeiras formulações da fé, a Igreja confessou que Jesus foi concebido exclusivamente pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, afirmando também o aspecto corporal deste evento: Jesus foi concebido “do Espírito Santo, sem sêmen”. Os Padres vêem na conceição virginal o sinal de que foi verdadeiramente o Filho de Deus que veio numa humanidade como a nossa:

Assim, Santo Inácio de Antioquia (início do século II): “Estais firmemente convencidos acerca de Nosso Senhor, que é verdadeiramente da raça de Davi segundo a carne, Filho de Deus segundo a vontade e o poder de Deus, verdadeiramente nascido de uma virgem… ele foi verdadeiramente pregado, na sua carne, à cruz por nossa salvação sob Pôncio Pilatos… ele sofreu verdadeiramente, como também ressuscitou verdadeiramente”.(Catecismo da Igreja Católica § 496)

Vemos também claramente em Mateus 1,18 e Lucas 1,26-35 que Maria gerou Jesus por obra do Espírito Santo, antes de coabitar com José:

“Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo” (Mt 1,18)

“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem? Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.”  (Lucas 1,26-35)

[OBS: Isto não quer dizer que depois de Jesus ter nascido José e Maria tenham coabitado, ou seja vivido maritalmente, como querem os protestantes.]

São Tomás de Aquino, enumera pontos “segundo razões de conveniência” (1) para a virgindade antes do parto:

1. Convém-se que o Filho natural de Deus não tenha pai na terra, que tenha um único pai no céu para que a dignidade de Deus não se comunique a outro.

2. O Verbo, que foi concebido eternamente na mais alta pureza espiritual, foi também concebido virginalmente quando se fez carne.

3. Para que a natureza humana do Salvador estivesse extinta do pecado original, converia que não fosse concebido por via seminal, mas por concepção virginal. Do contrário seria um absurdo, isto é, que Cristo tivesse necessidade de ser redimido. Se fez igual em tudo a nós, menos no pecado (cf. Hb 4,15).

4. Ao nascer segundo a carne de uma virgem, Cristo nos indicava que os membros de seu Corpo Místico deveriam nascer, segundo o espírito, da Igreja Virginal (cf. Jn 1,13; S. Th. I II, q.28, a. 1).

2.2) Maria é virgem no parto.

Ora, em qualquer tipo de parto, seja ele natural ou não, a parturiente fica um pouco debilitada logo após o trabalho de parto, porém no caso de Maria, vemos em Lucas 2,7 a insinuação da ausência de dores e prostração que normalmente ocorre após um parto:

“E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria”. (Lucas 2,7).

A virgindade de Maria no parto, é atestada principalmente por documentos da Sagrada Tradição Apostólica, como podemos observar:

“O corpo do Senhor, após a ressurreição, entrou onde se achavam os discípulos, passando por portas fechadas, esse mesmo corpo que, ao nascer, saiu do seio fechado, manifestando-se aos olhos dos homens. Não é para admirar que o Senhor, ressuscitado para viver eternamente, tenha atravessado portas fechadas, visto que, para morrer, Ele veio a nós através do seio fechado da Virgem” (S. Gregório Magno [540-604] In: Sobre os Evangelhos, hom.26,1)

“Virgem que gerou a Luz, sem ficar com nenhum sinal, como a sarça que ardia ao fogo sem se consumir” (S. Efrém [306-373])

“Virgem que permaneceu virgem, sendo verdadeiramente mãe”. (S. João Crisóstomo [349-407])

 “Virgem que deu à luz e, enquanto dava à luz, duplicava a virgindade” (S. Gregório Magno [540-604])

São Tomás de Aquino, enumera pontos “segundo razões de conveniência” (2) para a virgindade no do parto:

1. O Verbo, que foi certamente concebido e que procede do Pai sem nenhuma corrupção, devia, ao fazer-se carne de uma Mãe virgem, conservando sua virgindade.

2. O que veio para evitar toda corrupção, ao nascer, não deveria destruir a virgindade daquela que lhe deu a vida. 

3. O que nos ordena a honrar pai e mãe obrigava-se a si mesmo não diminuir, ao nascer, a honra de sua Santa Mãe. (cf. S. Th. III, q. 28, a. 2).

2.3) Maria é virgem após o parto.

É neste ponto que aparece a controvérsia dos “irmãos de Jesus”

Conforme Marcos 6,3 e Mateus 13,55-56, os “irmãos de Jesus” seriam Tiago, José, Judas e Simão, além de “irmãs” anônimas. Vejamos:

“Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito.” (Marcos 6,3)

Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso? (Mateus 13,55-56)

a) Como se explica isso:

Ora, a Sagrada Escritura nos dá claros indícios de os supostos “irmãos de Jesus”, não eram filhos da mãe de Jesus (Maria), mas, parentes em sentido amplo.

A palavra grega ADELPHOI, que nos Evangelhos é traduzida por “irmãos”, é equivalente ao vocábulo bíblico e semita “AH” que significa “parentesco em geral”,tanto em aramaico como em hebraico o termo “AH” não designa somente os filhos dos mesmos genitores, mas também os primos ou parentes mais distantes, devido a pobreza vocabular dessas línguas, como pode ser observado em Gênesis 13,8-14; 29,12.15; 31,23; I Crônicas 23,21-23; II Crônicas 36,10; II Reis 36,10; I Samuel 20,29; Juizes 9,23. Para não me alongar apresento abaixo apenas um texto, os outros podem ser lidos na Bíblia.

“Abrão disse a Lot: “Rogo-te que não haja discórdia entre mim e ti, nem entre nossos pastores, pois somos irmãos. Eis aí toda a terra diante de ti; separemo-nos. Se fores para a esquerda, eu irei para a direita; se fores para a direita, eu irei para esquerda.” Lot, levantando os olhos, viu que a toda a planície de Jordão era regada de água (o Senhor não tinha ainda destruído Sodoma e Gomorra) como o jardim do Senhor, como a terra do Egito ao lado de Tsoar Lot escolheu toda a planície do Jordão e foi para o oriente. Foi assim que se separam um do outro. Abrão fixou-se na terra de Canaã, e Lot nas cidades da planície, onde levantou suas tendas até Sodoma. Ora, os habitantes de Sodoma eram perversos, e grandes pecadores diante do Senhor.” (Gênesis 13,8-14)

OBS: Abraão era tio e não irmão de Lot. Sobre essa questão diz Santo Agostinho:

“Quando vocês ouvirem falar dos “irmãos do Senhor”, pensem logo que se trata de algum parentesco que os une a Maria, sem imaginar ter ela tido outros filhos.”(Comentário do Evangelho de João XXVIII,3). “O hábito de nossa Escritura santa, com efeito, é de não restringir esse nome de “irmãos” unicamente aos filhos nascidos do mesmo homem e da mesma mulher… É preciso penetrar o sentido das expressões empregadas pela Sagrada Escritura. Ela tem sua maneira de dizer. Possui sua linguagem própria. Quem ignora essa linguagem pode ficar perturbado e perguntar-se:  Então, o Senhor tem irmãos? Será que Maria teve ainda outros filhos? Não! De modo algum! … Qual é, pois, a razão de ser da expressão “irmãos do Senhor”? Irmãos do Senhor eram os parentes de Maria… Como se demonstra isso? Pela própria Escritura, que chama, por  exemplo, Lot de irmão de Abraão (Gen 13,8 e 14,14). E ele era tio de Lot, e, todavia, chamam-se ambos de irmãos, unicamente por serem parentes. Também Labão era tio de Jacó,  por ser irmão de Rebeca, esposa de Isaac. Lede a Escritura e vereis que tio e sobrinho tratavam-se de irmãos.” (Comentário do Evangelho de João X,2)

b) Quem era os pais desse supostos “irmãos de Jesus”? Que grau de parentesco havia entre Maria e eles?

“Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso?” (Mateus 13,55-56).

Ora, Tiago Maior (mais velho) é filho de Zebedeu e Salomé, e Irmão de São João Evangelista, portanto impossível ser filho de Maria e José: “Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu consertando as redes.” (Mateus 4,21)

São Tiago Menor (mais moço), é filho de Alfeu [em aramaico] ou Cléofas [em grego] e Maria:

 “Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu(…)” (Mateus 10,3)[ver também Marcos 3,18; Lucas 6,15 e Atos 1,3]; “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe [MARIA], a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas [ou Alfeu em aramaico] , e Maria Madalena” (João 19,25)

Ora, Maria, mulher de Cléofas ou Alfeu, e tia de Jesus [“a irmã de sua mãe, Maria mulher de Cléofas”] é a mão de Tiago Menor, portanto este [Tiago Menor] também é impossível de ser filho de José e Maria. Judas era também irmão de Tiago Menor : “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago(…)” (Judas 1,1).

Visto que Mateus 27,56 fala de “Maria, mãe de Tiago e José”. Marcos 15,40 fala de “Maria mãe de Tiago menor e de José”, e por fim, S. João 19,25 fala de “a irmã de sua mãe, Maria mulher de Cléofas” todos estes relatos referentes às mulheres presentes à crucificação de Cristo, demonstram que:

“Por aí se vê que a mesma Maria que é apresentada por São João como tia de Jesus (Irmã de sua mãe) é apresentada por São Mateus e S. Marcos como mãe de TIAGO MENOR e de JOSÉ. E é claro que não se trata de Maria Salomé, que é a mãe dos filhos de Zebedeu e, portanto, é mãe de Tiago Maior.

Tiago Menor e José são, portanto, PRIMOS de Jesus e são os primeiros que encabeçam aquela lista: TIAGO, JOSÉ, JUDAS E SIMÃO e de fato o Apóstolo S. Judas Tadeu era irmão de S. Tiago Menor, pois ele diz no começo de sua Epístola: “Judas, servo de Jesus Cristo e IRMÃO de Tiago (v1). Tanto o Evangelho de S. Lucas (6,16) como os Atos dos Apóstolos (1,13) para diferenciarem Judas Tadeu de Judas Iscariotes, chamam a Judas Tadeu: Judas, irmão de Tiago.

E assim cai por terra fragorosamente a alegação dos protestantes de que Maria teve outros filhos além do Divino Salvador, alegação baseada em que o Evangelho fala em irmãos de Jesus.

Não só provamos que entre os hebreus se chamavam IRMÃOS os parentes próximos, mas também mostramos que a lista dos nomes apresentados como sendo destes IRMÃOS é logo encabeçada pôr dois PRIMOS, filhos da irmã da mãe de Jesus. Logo, não tem nenhum valor a alegação.

A única dificuldade, esta agora já sem importância, que pode fazer o protestante é que Tiago Menor é filho de ALFEU, e sua mãe é apresentada COMO MULHER DE CLEOFAS. Sem precisar recorrer a nenhum argumento de tradição (porque talvez os protestantes não gostem disto) temos que observar o seguinte:

l. — o texto original não diz MULHER DE CLEOFAS, mas diz simplesmente: a irmã de sua mãe, Miaria, a do Cléofas (texto grego de João 19,25); podia chamar-se Maria, a do Cléofas, pôr causa do pai ou pôr outro qualquer motivo;

2 — não repugna que a mesma Maria se tenha casado com Alfeu e dele tenha tido S. Tiago Menor, e depois se tenha casado com Cléofas e tido outros filhos ou mesmo deixado de ter. Tiago é o único que é apontado nos Evangelhos como filho deste Alfeu, pois o Alfeu, pai de S. Mateus (Marcos 11-14) já deve ser outro;

3 — não repugna que o próprio Alfeu seja o mesmo Cléofas. É muito comum nas Escrituras uma pessoa ser conhecida pôr 2 nomes diversos: O sogro de Moisés é chamado Raguel (Êxodo 11-18 a 21) e logo depois é chamado Jetro (Êxodo, III – l). Gedeão, depois de ter derribado o altar de Baal é chamado também Jerobaal (Juizes 6,32). Osias, rei de Judá, é chamado também Azarias (4 Reis, XV-32; I Paralipômenos, III-12). E no Novo Testamento o mesmo Mateus é chamado Levi: “Viu um homem, que estava assentado no telônio, chamado Mateus (Mateus 9,9) . “Viu a Levi, filho de Alfeu, assentado no telônio (Marcos, 11-14). O mesmo que é chamado José é chamado Barsabas (Atos, I, 23). Ainda hoje mesmo, entre nós, nas nossas localidades do interior principalmente, é multo comum esta duplicidade de nomes. Seja Alfeu o mesmo Cléofas ou não seja. Isto pouco importa. o que é fato é que Maria de Cléofas é Irmã de Maria, mãe.de Jesus e é ao mesmo tempo mãe de Tiago e de José, que são chamados IRMÃOS do Senhor” (cf. NAVARRO, Lúcio. Legítima Interpretação da Bíblia, Campanha de Instrução religiosa, Brasil – Portugal, Recife, 1958 nº. 400, pp.590-592 apud  MENESES, Sérgio – “A virgindade de Maria e os irmãos de Jesus” , acesso em 18/07/2006.[com adaptações]).

c) Além das evidências bíblicas acima explanadas, apresento outras duas evidências que atestam que Maria não teve outros filhos.

1ª –  Ao morrer, Jesus confia sua mãe a João, filho de Zebedeu e Salomé, se Maria tivesse outros filhos estes teriam a obrigação de estar ao seu lado a amparando.

2ª –  Na viagem para Jerusalém a fim de celebrar a páscoa, quando Jesus tinha 12 anos de idade, só ele estava com Maria e José, caso Jesus tivesse outros “irmãos” estes seriam 12 anos mais jovens, contradizendo o papel desempenhado pelos “irmãos” de Jesus nos Evangelhos, papel de irmão mais velho. (cf. João 7,3 e Lucas 2,41-49).

São Tomás de Aquino enumera pontos, “segundo razões de conveniência” (3) para a virgindade após parto:

1. O que desde toda eternidade é Filho único do Pai, convém que seja no tempo o filho único de Maria.

2. Seria uma ofensa ao Espírito Santo, o qual santificou para sempre o seio virginal de Maria.

3. Se a dignidade de ser Mãe de Deus supôs a virgindade antes e no parto, essa mesma dignidade segue existindo depois do parto (cf. S. Th. III, q. 28, a.3)

Maria Santíssima é a pureza personificada, o ideal vivente da virgindade. Por ela, escreve São Cura D’Ars: “Devemos professar uma fervente devoção à Santíssima Virgem, se quisermos conservar essa virtude; da qual não nos deve caber dúvida alguma, se considerarmos que Ela é a Rainha, o modelo de Patrona das Virgens…” (Sermão sobre a pureza in http://www.virgemperegrina.com.br/formacao/mariologia/virgindade.asp )

Enfim, Dom Estevão Bettencourt, OSB define o significado da virgindade de Maria nos seguintes termos:

“A virgindade de Maria não implica o menosprezo do matrimônio, mas tem o seguinte significado positivo: O Filho de Maria Virgem é verdadeiro homem, mas é também verdadeiro Deus e, como tal, assinalado pelo seu modo de nascer. A natividade de Jesus é sinal ou símbolo de que: 1) a salvação do gênero humano é algo totalmente gratuito; ela se deve a soberana iniciativa de Deus (cf. Jô 1,13)

2) Com Jesus começa algo novo na história do mundo, e dos homens. Entrando no curso dos tempos, Deus recriou o homem. Essa novidade é expressa pelo modo inédito como Jesus nasceu.

3) Mais: na virgindade de Maria torna-se claro o fato de que Deus pode assumir totalmente alguém para o seu serviço, pedindo-lhe renuncia a bens lícitos, sem, por isso, tirar fecundidade a esta criatura, mas ao contrário, dando-lhe mais rica fecundidade. A virgindade física de Maria é o sinal da sua total entrega de espírito a Deus. Sem essa entrega interior, a virgindade biológica não teria sentido para Maria.” (BETTENCOURT ,Estevão. Curso de Iniciação Teológica, Rio de Janeiro: Escola Mater Ecclesiae, Módulo 26, p.104).

“Compreende-se por que Maria não teve outros filhos além de Jesus: foi chamada a ser o tabernáculo da Divindade, no qual o Grande Rei devia tomar assento. Toda a tradição cristã lhe reconheceu esta prerrogativa, designando-a como a “sempre virgem” (aeiparthenos)” (BETTENCOURT,Estevão. Pergunte & Responderemos nº 257, maio/2006, p.196.)

Sempre Virgem Maria Rogai por nós que recorremos a vós! 


Notas

(1) http://www.virgemperegrina.com.br/formacao/mariologia/virgindade.asp

(2) Link citado.

(3)Link citado.

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