Os pecados mortais esquecidos são perdoados?

Queridos Irmãos, a Paz do Senhor.

Se ao nos confessar, esquecer-mos de dizer um pecado grave que ao fazer o exame de consciência percebemos tê-lo cometido, ficamos excluídos da Comunhão Eucarística até a próxima confissão?


Caríssimo sr. Odair,

“Aquele que quiser obter a reconciliação com Deus e com a Igreja deve confessar ao sacerdote todos os pecados graves que ainda não confessou e de que se lembra depois de examinar cuidadosamente sua consciência.” (Cat., 1493)

Deixar, conscientemente, de acusar um pecado mortal ainda não confessado torna a confissão inválida. Além disso, tal conduta é um novo pecado, de sacrilégio.

Já os pecados não confessados por esquecimento – após exame de consciência com diligência normal, não sendo obrigatória uma atenção superior à média, “aquela que um homem prudente costuma empregar em assunto grave” (DEL GRECO, Pe. Teodoro da Torre, OFMCap. Teologia Moral, São Paulo: Paulinas, 1959, p. 574) – ou por ignorância não invalidam a confissão, restando implicitamente perdoados. Devem, contudo, ser acusados na confissão seguinte, caso o penitente venha a estar consciente deles.

Se o esquecimento for culpável por negligência ou imprudência (falta de diligência no exame de consciência), a confissão é inválida: toda ela! Não chega a ser sacrílega, dado que não houve dolo, intenção, mas a culpa a invalida.

O caso que o senhor apresenta é mais complexo. Em um primeiro momento, o penitente se recorda do pecado mortal no seu exame de consciência, mas, na hora de acusá-lo ao confessor, o esquece. Nesse sentido, é preciso questionar se houve alguma culpa na hora da confissão (por exemplo, se o penitente fez uma confissão rápida, quis “se livrar logo” do ato, e, na pressa, propiciou condições para o esquecimento). Caso o esquecimento seja por negligência ou imprudência, evidentemente há alguma culpa e, nesse caso, a confissão é inválida. Não havendo culpa, aplica-se a regra do esquecimento não-culposo.

“Quando os cristãos se esforçam para confessar todos os pecados que lhes vêm à memória, não se pode duvidar que tenham o intuito de apresentá-los todos ao perdão da misericórdia divina. Os que agem de outra forma, tentando ocultar conscientemente alguns pecados, não colocam diante da bondade divina nada que ela possa perdoar por intermédio do sacerdote.” (Cat., 1456)

Em Cristo,

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