É sabido que os cismáticos nutrem uma tenra aversão ao catolicismo romano, provavelmente porque reconhecem por dentro que a Igreja encabeçada por Roma tem aquilo que eles nunca terão; a integralidade da fé cristã. Com isso, muitos bizantinos ressentidos se lançam numa cruzada, por mais latina e católica que ela seja, em combate a pureza da Esposa de Cristo.
Aqui mesmo eu publiquei uma tradução livre que fiz de ditos de Santos e Patriarcas Orientais que endossam o papado e sua supremacia, soando bem diferente da primazia de honra que os cismáticos tanto defendem. Será que algum bizantino teria a coragem de lançar anátemas a São Máximo o Confessor, um dos Padres mais exaltados pelos orientais, por ter dito que sem medo, mas com toda a confiança sagrada e conveniente, aqueles ministros (os Papas) são da rocha realmente firme e imóvel, que é da Igreja mais grandiosa e Apostólica de Roma.” (Santo. Maximus, em JB Mansi editor Amplissima Collectio Conciliorum, volume 10), ou então a São Teodoro Estudita, chefe do mais importante Mosteiro de Constantinopla, que escrevendo a São Leão Magno disse; oh mais divina Cabeça das Cabeças, o Chefe Pastor da Igreja do Céu.” (Santo. Theodore, Reserve I, Epístola 23). O que não faltam são citações que confirmam a universalidade e supremacia de Roma, mas que combatidas de maneira mesquinha por ardilosos religiosos orientais, fomentou o cisma. Fócio, que é santo lá por aquelas bandas, e um dos grandes responsáveis pela queda dos bizantinos, escreveu ao Papa; Se mandares venerar o meu nome numa só igreja de Roma, eu me comprometo a mandar venerar o teu em todo o universo, provavelmente não sabia que essa sua presunção nada cristã o daria a santidade e a alcunha de o Grande. Realmente, só se for padroeiro da picaretagem.
Os cismáticos deformam a promessa de Cristo feita a São Pedro. Eles a interpretam dizendo que a Pedra não era Pedro, mas sim sua fé. Um grande erro, Pedro é a Pedra, só que esta procede de Cristo. Pedro não é pedra por si só, mas em função de Cristo e de sua fé ortodoxa, a qual sempre está no Príncipe dos Apóstolos, a fim de que confirme seus irmãos.
Falar que Cristo é Rocha, que Pedro é feito pedra em função da fé em Cristo não tira em nada o entendimento que Pedro é a pedra sobre a qual é edificada a Igreja, em função de Cristo e não de si mesmo. Alguns chegam ao extremo, utilizando teses protestantes para afirmar que o termo usado por Nosso Senhor para designar Simão não era o mesmo que Ele utilizou para chamar a Pedra.
São João Crisóstomo, considerado pelos cismáticos o maior Padre da Igreja, ajuda a colocar um ponto final nessa questão. Ele diz:
Jesus disse [a Pedro] Alimenta minhas ovelhas. “Por que Jesus não leva em conta os demais Apóstolos e fala do rebanho somente a Pedro? “Porque ele foi escolhido entre os Apóstolos, ele foi a boca de seus discípulos, o líder do coro. Foi por essa razão que Paulo foi procurar a Pedro antes que os demais. E também o Senhor fez isso para demonstrar que ele devia ter confiança uma vez que a negação de Pedro havia sido perdoada. Jesus lhe confia o governo sobre seus irmãos… Se alguém perguntar “Por que então foi Santiago quem recebeu a Sé de Jerusalém?”, eu lhe responderia que Pedro foi constituído mestre não de uma Sé, mas do mundo todo (Homilia 88 (87) in Joannem, I. Cf. Orígenes, In epis. Ad Rom., 5, 10; Efrém da Síria Humn. In B. Petr., en Bibl.Orient. Assema.)
Eles poderiam rebater citando por exemplo São Cipriano de Cartago, que disse; Este Trono de Pedro é mantido por todo episcopado, de modo que cada bispo é sucessor de Pedro (mesmo santo que escreveu; “A cátedra de Roma é a cátedra de Pedro, a Igreja principal, de onde se origina a unidade sacerdotal” (Cipriano, +258, Epístola 55,14), o que confirma o fato de que é a interpretação obtusa dos cismáticos que deforma o conteúdo patrístico), ora, aí eles entram num erro de interpretação. São João Crisóstomo é claro, ele se refere especificamente a Pedro e a promessa feita por Cristo, frisando a relevância do Príncipe dos Apóstolos perante os outros irmãos. Tão ilustre Padre grego ainda salienta a supremacia de Pedro e a universalidade de seu primado, que mesmo não se localizando em Jerusalém, Sé Apostólica chamada de “Mãe de todas as Igrejas”, tem sua maestria fincada em todo o mundo.
Foi a falta de humildade de certos religiosos orientais que deu início ao cisma do oriente, e hoje, o mesmo déficit persiste em estender suas influências nas mentes cismáticas.