Pode um católico exercer a maçonaria?

Um leitor nos pede informações acerca da possibilidade de um católico exercer a Maçonaria. Os questionamentos do leitor estão em azul; nossas respostas seguem em preto.

Caríssimo J.,

Paz de Cristo para todos vocês!

Pax Christi!

Um amigo (João) me disse ter feito uma consulta a respeito de maçons a esse site e não houve resposta.

Pelo contrário, J.! Este site já publicou diversos artigos tratando sobre a Maçonaria, direta e indiretamente também. Eis apenas alguns, bem diretos (inclusive alguns documentos OFICIAIS da Igreja, que não foram revogados, conservando toda a sua força):

– A MAÇONARIA – https://www.veritatis.com.br/article/591

– DALL’ALTO DELL’APOSTOLICO SEGGIO – https://www.veritatis.com.br/article/1238

– DECLARAÇÃO SOBRE A MAÇONARIA – https://www.veritatis.com.br/article/1777

– DOM EUGENIO FALA SOBRE A MAÇONARIA – https://www.veritatis.com.br/article/793

– DOM VITAL MARIA GONÇALVES E A MAÇONARIA – https://www.veritatis.com.br/article/1762

– EXORTAE IN ISTA – https://www.veritatis.com.br/article/4497

– HUMANUM GENUS – https://www.veritatis.com.br/article/1239

– MAÇONARIA , SEUS CONCEITOS E CRENÇAS – https://www.veritatis.com.br/article/1501

– MAÇONARIA E IGREJA CATÓLICA – https://www.veritatis.com.br/article/2510

A pergunta básica é a seguinte: Pode um católico exercer a maçonaria?

Pela simples leitura dos artigos acima é fácil de concluir: NÃO É POSSÍVEL SER CATÓLICO E SER MAÇON AO MESMO TEMPO. Vale aqui as palavras do Senhor: “Ninguém pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou se devotará a um e desprezará o outro” (Mateus 6,24).

Ademais, a “Declaração sobre a Maçonaria”, de 26.11.1983 – aprovada e mandada publicar pelo papa João Paulo II – é categórica quanto à situação dos católicos que se afiliam à Maçonaria: estão em PECADO GRAVE e NÃO PODEM se aproximar da Sagrada Comunhão!

Referido estado é tão grave que torna possível até mesmo ao cônjuge do “católico-maçon” pleitear perante a Igreja a separação com permanência do vínculo matrimonial (isto é, sem a possibilidade, porém, do divórcio), para a proteção da fé do cônjuge e dos eventuais filhos, como podemos ler abaixo:

“Trata dessa separação com permanência do vínculo o Código de 1983, mas enumerando as causas de modo muito mais genérico em relação ao diploma de 1917. Uma das causas que autorizam essa separação imperfeita é o ‘adultério verdadeiro, formal, certo, não consentido, nem perdoado, nem compensado pelo cônjuge inocente.'[20] Outras causas: grave perigo para a alma do cônjuge ou dos filhos (educá-los de forma acatólica, dar o nome a uma seita acatólica, à maçonaria ou ao partido comunista, levar vida devassa ou criminosa), grave perigo para o corpo do cônjuge ou dos filhos (ameaças sérias, surras), dispensa da Santa Sé para ingresso em instituto de vida consagrada (religioso ou secular) ou para recebimento da Ordem no grau de presbítero, no rito latino[21] (quando não houver também dispensa do celibato[22])”. (cf. HIPÓTESES DE NULIDADE E DE DISSOLUÇÃO DO VÍNCULO MATRIMONIAL – https://www.veritatis.com.br/article/3188).

Não há dúvida, portanto, que existe TOTAL INCOMPATIBILIDADE entre a doutrina católica e os princípios da Maçonaria, ainda que esta última ou algum de seus membros digam o contrário. Ora, o verdadeiro católico deve seguir o parecer da Igreja! Desta forma, o simples fato de a Igreja Católica afirmar que o católico filiado à maçonaria está em estado de PECADO GRAVE demonstra que ele incorre em delito contra a virtude teologal da Fé Cristã, além de constituir para si mesmo um grave problema moral de consciência.

Conhecemos maçons católicos, inclusive exercendo o cargo de Ministro da Eucaristia.

Não há qualquer dúvida de que a Igreja condena OFICIALMENTE a Maçonaria desde 1738 e até hoje não mudou o seu parecer negativo. A Declaração de 1983 – que CONTINUA EM PLENO VIGOR – é categórica e fulmina:

“Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçónicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão” (grifamos o parágrafo inteiro, porque nenhuma palavra pode ser deixada de lado!).

Ora, se o católico mais simples não pode ser filiado à maçonaria, é evidente que também não pode ser Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, até porque está FORMALMENTE proibido de “aproximar-se da Sagrada Comunhão” (logo, não pode receber, nem tocar nas hóstias consagradas).

Você pode encontrar, em português, no nosso site, algumas reflexões a mais acerca da incompatibilidade entre Igreja e Maçonaria, neste documento de 1985 da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé: https://www.veritatis.com.br/article/4944/

É verdade que há padres e bispos maçons (ou houve)?

Sim, HOUVE diversos padres e bispos que se filiaram à maçonaria, em especial durante o início do século XIX, quando predominava muito a idéia (política) de independência do Brasil e, mais tarde, a idéia (também política) da proclamação da república. A posição anticatólica da Maçonaria, aliás, está claramente manifestada na chamada “Questão Religiosa”. Leia sobre isto em: DOM VITAL MARIA GONÇALVES E A MAÇONARIA – https://www.veritatis.com.br/article/1762 . Outras informações ponderadas e importantes você pode encontrar no livro “Igreja & Maçonaria: conciliação possível?”, de d. Boaventura Kloppenburg, ed. Vozes (2000).

Se existirem hoje bispos e padres filiados à maçonaria, incorrem na mesma condenação e proibição acima mencionada, pois também fazem parte do Povo de Deus. O que vale para nós, leigos, a esse respeito, vale também e sobretudo para eles, clérigos e religiosos.

Que dizer a este respeito de João XXIII e Paulo VI?

Não tiveram qualquer ligação com a Maçonaria, nem publicaram ou mandaram publicar documentos indicando que a Igreja teria mudado seu parecer negativo. Tal lenda urbana parece ser decorrência direta da aprovação das Declarações “Dignitatis Humanae” (sobre a Liberdade Religiosa) e “Nostra Aetate” (sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs) pelo Concílio Vaticano II, o qual foi convocado pelo papa João XXIII e encerrado pelo papa Paulo VI. Com base nesses documentos, estabeleceram-se em certas dioceses, um “diálogo” entre Igreja Local e Maçonaria e, em algumas delas, o bispo diocesano, não percebendo a imensa quantidade de incompatibilidades ou influenciado por terceiros, chegou a “liberar a inscrição”. Daí surgiu muito possivelmente a lenda de esses papas seriam “maçons” (quer da parte de católicos exaltados, mas conscientes da incompatibilidade entre Catolicismo e Maçonaria; quer da parte de maçons visando fomentar a inscrição de católicos na Maçonaria, mediante a confusão e desinformação).

No aguardo de uma resposta, agradecemos.

[]s
Que Deus te abençoe!
Carlos Nabeto

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