Não é segredo para ninguém como é muitas vezes difícil o diálogo entre nós católicos e os irmãos protestantes. A exclusão mútua que foi sendo alimentada através dos séculos, gerou um verdadeiro abismo entre nós que nos dizemos seguidores de Cristo, entre nós que nos chamamos de Cristãos.
Cristo é a Verdade, e na Verdade não há divisão. Todo cristão deve procurar a Cristo. Ser cristão não é seguir um Cristo, mas seguir o Cristo.
Ser cristão é seguir o verdadeiro Cristo, é pisar nos passos do Senhor. Creio eu que todo aquele que se diz cristão concorda comigo quanto a isto.
Felizmente, o diálogo entre católicos e protestantes embora ainda seja difícil, tem se tornado algo cada vez mais constante. Felizmente com a Graça de Deus, tanto nas fileiras católicas quanto nas fileiras protestantes, vemos suscitar pessoas sinceramente interessadas na descoberta da verdade e na troca de informações, na partilha de conhecimentos. Vencidos o ódio mútuo, o preconceito, a soberba e a pretensão e exaltados o respeito, a caridade e a oração, ainda é preciso vencer mais uma barreira que está fortemente enraizada.
Dentre tantas filosofias, idéias e doutrinas que circundam o povo cristão, é necessário identificar o que é realmente cristão para que seja exaltado, e o que não é, para que seja combatido. Para isto, confrontamos estas doutrinas com a Palavra de Deus. É exatamente este o ponto mais difícil entre o diálogo entre católicos e protestantes, pois as duas confissões cristãs possuem entendimento diferente do que seja a Palavra de Deus.
Para os protestantes a Palavra de Deus é somente a Bíblia (com 66 livros no AT, 7 livros a menos do AT Católico). Para os católicos a Palavra de Deus é a Bíblia + a Sagrada Tradição e o Magistério da Igreja Católica.
Esta diferença de concepção é a principal barreira no diálogo entre católicos e protestantes. O entendimento comum do que é a Palavra de Deus, é o primeiro e grande passo para que os irmãos possam atender à oração do Senhor: “que todos sejam um”.
Muitas vezes nós cristãos aprendemos que a Palavra de Deus é isto ou aquilo, como aprendemos na escola que o PI (constante matemática) é 3,14. É preciso aprender o por quê das coisas. Um estudo sincero às fontes primitivas da fé, em muito ajudará a identificar o que delimita a Palavra de Deus, se somente o que foi escrito ou algo mais.
Há um conjunto de obras deixadas pelos primeiros cristãos, chamado de Escritos Patrísticos, que é nada mais é do que o testemunho de fé dos primeiros cristãos. Conhecer os Escritos Patrísticos é voltar à Igreja dos primeiros séculos, é fazer uma verdadeira viagem no tempo e conhecer o que era crido por aqueles que amaram o Senhor antes de nós.
O estudioso sincero em descobrir a verdade, não pode desprezar o testemunho de fé daqueles que receberam a fé Cristã da boca dos próprios apóstolos e que os sucederam no governa da Santa Igreja.
Com a ajuda da Patrística, fundamentaremos nosso estudo em algo real e histórico, algo realmente seguro, em vez de emprestarmos ao passado as idéias que muitas vezes equivocadamente temos hoje. Isto significa que conhecendo de forma objetiva a fé dos primeiros cristãos, teremos a oportunidade de saber se é ortodoxa ou herética a nossa fé.
Os escritos patrísticos sem dúvida são um recurso objetivo e histórico, que ajudará católicos e protestantes a identificarem qual era a concepção que o cristianismo primitivo tinha da Palavra de Deus, ajudando assim os irmãos a encontrarem um denominador comum, construindo um caminho seguro para a união dos Cristãos.