Catolicismo e Calvinismo comparados
Treze tópicos sobre predestinação e salvação
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Deus prevê infalivelmente e preordena imutavelmente, desde a eternidade, todos os eventos futuros;
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Entretanto, isto não implica em fatalismo, destruindo a liberdade humana.
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Conseqüentemente, o homem é livre para aceitar a graça e fazer o bem, ou para rejeitá-la e fazer o mal.
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Deus deseja que todos os homens encontrem a felicidade eterna.
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Cristo morreu por todos os homens, mesmo que nem todos desfrutem dos benefícios da redenção.
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Deus preordena a felicidade eterna e as boas obras dos eleitos.
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Deus não predestina, positivamente, ninguém ao inferno, muito menos o pecado.
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Conseqüentemente, assim como ninguém é salvo contra a Sua vontade, o que é condenado perecerá por causa única de suas faltas.
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Deus prevê as penas eternas dos ímpios desde toda eternidade, e preordena esta punição devido os seus pecados.
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Contudo, Ele não se nega em conceder a graça da conversão aos pecadores, nem se esquece dos que não são predestinados.
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Enquanto viverem na terra, os reprovados podem fazer parte da Igreja Cristã, assim como, por outro lodo, predestinados podem estar fora da comunidade Cristã e da Igreja.
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Sem algum tipo de revelação especial, ninguém pode saber se pertence ou qual o número dos eleitos.
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Com nossa fé em Cristo e a perseverança na obediência (2Pd 1,10) podemos possuir o que chamamos de certeza moral de nossa salvação.
Resumo da doutrina católica
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Deus conhece todas as coisas, inclusive aqueles que serão salvos (OS ELEITOS).
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A presciência de Deus não destrói, mas inclui, o livre-arbítrio.
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Deus deseja que todos os homens sejam salvos.
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Jesus morreu para redimir todos os homens.
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Deus provê graça suficiente para que todos os homens sejam salvos.
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O homem, no exercício do seu livre-arbítrio, pode aceitar ou rejeitar a graça.
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Aqueles que aceitam a graça são salvos, ou regenerados.
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Todos os que foram regenerados podem cair em pecado e perder a graça.
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Nem todos os que foram salvos perseverarão na graça.
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Os que perseverarem são os eleitos de Deus.
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Os que não perseveraram, ou rejeitaram a graça, são os condenados (ou reprovados).
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Como sempre podemos rejeitar Deus enquanto vivermos neste mundo, não podemos ter segurança absoluta de nossa perseverança.
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Nós podemos ter uma segurança moral da nossa salvação, se mantivermos a fé e cumprirmos os mandamentos de Deus (1Jo 2,1-6; 3,19-23; 5,1-3.13).
Diferenças importantes
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Predestinação não é predeterminação.
Predestinação nada mais é do que a presciência e a preordenação dos dons graciosos que tornam certa a salvação de todos os que foram salvos. Sto. Agostinho, Persever. 14,35.
Predestinação é o decreto de Deus de felicidade aos eleitos. A presciência infalível de Deus (e, portanto, também a predestinação) inclui o livre-arbítrio. A presciência de Deus não pode forçar a inevitável coerção humana, pela simples razão de que esta nada mais é do que a visão eterna dos fatos históricos futuros. Deus prevê a livre ação do homem precisamente da forma como este deseja que ocorra. Predestinação não é predeterminação da vontade humana.
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Eleição é a conseqüência da presciência de Deus.
Por definição, os ELEITOS são aqueles que Deus infalivelmente prevê que serão salvos (Rm 8,28-30). Por esta definição, é impossível que o eleito se perca pois Deus sabe previamente quem não se perderá. Mas desde que a eleição depende da presciência infalível de Deus, nós não temos meios de saber se estamos ou não nesta categoria – Deus conhece os Seus eleitos, mas nós não. Os eleitos são predestinados no sentido de que Deus sabe, e assim permite pela graça, os que serão salvos.
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O livre-arbítrio pode resistir e rejeitar a graça de Deus.
“Homens de dura cerviz… Vós sempre resistis ao Espírito Santo” (At 7,51). Os anjos possuem a graça e uma inteligência perfeita e intacta, mas mesmo assim pecaram livremente e rejeitaram o Criador. Da mesma forma, Adão e Eva pecaram livremente. Quanto mais podem os cristãos regenerados, que possuem a graça, mas que ainda possuem uma natureza fraca e um intelecto imperfeito, cair em pecado. Paulo lista os pecados que podem afastar o homem do Reino de Deus: fornicação, adultério, homossexualidade, idolatria e assim por diante (1Cor 6,9-10).
Quando perguntaram para Jesus o que fazer para alcançar a vida eterna, respondeu: “observa os mandamentos”, e continuou a listar os ensinamentos morais do decálogo (Mt 19,16-21). O livro do Apocalipse descreve os que terão “como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre, a segunda morte” que são os “tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos os mentirosos” (Ap 21,8). Acaso os cristãos regenerados não são capazes desses pecados? E se estes morrerem nestes pecados, como podem herdar o céu? Se Adão e Eva puderam decair da graça, certamente também podemos. Certamente podemos endurecer nossos ouvidos e mentes, e resistir ao Espírito Santo.
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Não confundir ELEIÇÃO com REGENERAÇÃO.
O lugar dos regenerados (no entendimento católico e histórico do cristianismo, aqueles que foram regenerados pela água e pelo Espírito no sacramento do batismo – Jo 3,3.5; At 2,38) não coexiste necessariamente com os que perseverarão e obterão a vida eterna. Cristãos regenerados podem (infelizmente) cair. Do contrário, livre-arbítrio e pecado mortal seriam apenas ficções para o cristão durante sua vida de peregrinação. Também, todas as advertências e conselhos bíblicos sobre a perseverança até o fim para a salvação (Mt 10,22; 24,13; Fl 2,12-13) não fariam sentido algum.
Catolicismo e Calvinismo comparados
Calvino: Deus soberanamente determina a vontade
Católico: Deus soberanamente inclui o livre-arbítrio
Calvino: Predestinação como predeterminação
Católico: Predestinação como presciência infalível
Calvino: Deus deseja a salvação somente dos eleitos
Católico: Deus deseja a salvação de todos os homens
Calvino: Deus confere a graça somente aos eleitos
Católico: Deus confere a graça a todos, apesar de muitos rejeitarem
Calvino: Cristo morreu somente pelos eleitos
Católico: Cristo morreu por todos os homens
Calvino: Deus predestina algumas pessoas ao inferno
Católico: Os homens merecem o inferno por seus pecados
Calvino: Os eleitos incluem todos os regenerados
Católico: Os eleitos são os que perseverarão até o fim
Calvino: A graça exclui o livre-arbítrio
Católico: a graça aperfeiçoa o livre-arbítrio, que coopera
Calvino: Os regenerados não se perderão
Católico: Os regenerados podem pecar livremente e perder a graça
Calvino: Os eleitos estão seguros de sua salvação
Católico: Sim, mas somente Deus sabe quem são
Calvino: Predestinação elimina o mérito e a culpa
Católico: Predestinação inclui mérito e culpa
Os hereges pelagianos afirmavam que o homem, sozinho (separado da graça de Deus), é o responsável por sua salvação. Os calvinistas opõem-se com a premissa de que somente Deus é o responsável pela salvação do homem.
As Falhas do Calvinismo
Calvino colocou a razão da predestinação apenas na absoluta vontade de Deus. Mas, tornando Deus o único responsável por tudo, Calvino acabou por eliminar a cooperação livre da vontade em obter a felicidade eterna. Com isso logicamente foi forçado em admitir uma graça irresistível, para negar a liberdade da vontade quando influenciada pela graça, e para eliminar completamente os méritos supernaturais (como uma razão secundária para a vida eterna).
Deus não é, então, somente responsável pela salvação dos eleitos, como também se torna responsável pela condenação dos reprovados, até mesmo ao ponto de desejar seus pecados. Sendo, portanto, que Deus deseja todo o bem aos eleitos, e todo o mal aos reprovados, Calvino afirmou que Jesus morreu apenas pelos eleitos (argumento refutado por Norman Geisler em seu livro Chosen But Free).
Como claramente demonstra a Escritura, afirmamos que Deus decretou por seu eterno e imutável plano todos aqueles que Ele desde antes determinou de uma vez por todas a receber a salvação, e aqueles que, por outro lado, Ele encaminhará à destruição.
Afirmamos que, no que diz respeito aos eleitos, este plano foi formado por sua livre misericórdia, livre da influência humana. Mas por este justo e irrepreensível, e incompreensível, julgamento, Ele fechou as portas da vida àqueles a quem determinou à condenação.
João Calvino, Institutas da Religião Cristã. Livro III:21:7
Salvação e condenação dependendo exclusivamente de Deus – o homem é completamente predeterminado a um ou a outro pela graça irresistível ou pela sua ausência, sem cooperação ou resistência da vontade. Sendo a graça irresistível, a vontade do predestinado não é livre para cooperar com ela para praticar obras meritórias, e, com isso, a salvação é puramente arbitrária. Mais perturbador ainda, sendo a concupiscência irresistível sem a graça de Deus, a vontade do reprovado também não é realmente livre para pecar e praticar obras demeritórias, e, portanto, sua condenação não pode ser causa de seus deméritos.
Para Calvino, Deus salva quem elege, Deus condena quem reprova.
Mas consideremos o que isto significa e verifiquemos se é bíblico:
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Não há livre-arbítrio (refutado pela experiência, e pelos mandamentos bíblicos de arrependimento, conversão, observância dos mandamentos, praticar obras de caridade, e perseverar até o fim);
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Então, sem méritos ou deméritos (refutado por toda a Bíblia, que mostra as recompensas e as punições que Deus concede aos homens de acordo com suas obras: Mt 16:27; Rm 2:5-10; 2Cor 5:10; Ap 22:11-12);
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Deus deseja a salvação apenas dos eleitos (refutada em 1 Tm 2:4; 2 Pd 3:9; Mt 23:37; Ez 18:23-32; 33:11);
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Cristo morreu apenas pelos eleitos (refutada por Jo 3:16-17; 4:42; 1Jo 2:2; 4:9-14; Rm 5:6,18; 2Cor 5:14-15; 1Tm 2:6; 4:10);
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Deus concede a graça somente aos eleitos (refutada por Tt 2:11; Jo 1:9,16; Rm 2:4);
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Deus determina positivamente a condenação dos reprovados, inclusive seus pecados (refutado por Tg 1:13-14; Eclo 15:11-20; 1Cor 10:13);
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O eleito será salvo sem participação alguma (isto rejeita a recompensa divina);
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O reprovado será condenado sem culpa alguma (isto rejeita a verdadeira culpa e a punição por merecimento).
Entre estes dois extremos, o dogma católico da predestinação sustenta o significado áureo, porque relaciona a salvação eterna primariamente como obra de Deus e de Sua graça, mas secundariamente como fruto e recompensa das ações meritórias do predestinado.
A Doutrina Católica da Salvação e Condenação
O processo da predestinação e salvação consiste nos seguintes cinco passos:
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A primeira graça do chamado, especialmente a fé no seu início, fundamento e base da justificação (Trento, sessão 6, cap. 8).
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Um número de graças atuais adicionais, para o alcance firme da justificação e santificação (1Cor 6,11)
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A justificação, em si mesma, como o início do estado de graça e amor
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A perseverança final ou, pelo menos, a alegria de uma morte feliz
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A entrada na segurança e glorificação eterna (Rm 8,28,30).
A doutrina calvinista é consistente por si mesma, mas não o é com a experiência humana ou com as Escrituras. Não concilia a cooperação e a resistência do livre-arbítrio, pecado e virtude, a possibilidade da perda da graça, punição e recompensa, e a universalidade da redenção e da graça. O Deus calvinista é despótico e arbitrário.
A doutrina católica é consistente consigo mesma e com a experiência humana e com as Escrituras. A presciência e a preordenação dos eleitos para a glória inclui o desejo universal divino e a concessão da graça a todos os homens, nossa livre cooperação com Sua graça, boas obras e a real possibilidade, devido nossa vivência e natureza terrena, de rejeitar a graça e a salvação, e merecermos a condenação eterna.
Para saber mais: Not By Faith Alone: The Biblical Evidence for the Catholic Doctrine of Justification