Preservativos, espaçamento de filhos e evolução

[Leitor NÃO autorizou a publicação de seu nome no site] Cidade/UF: Vespasiano
Religião: Católica

Mensagem
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A paz de Cristo,
gostaria de esclarecimentos sobre dois assuntos:

1º)A Igreja não aprova o uso de preservativos, como a camisinha,por exemplo.Gostaria de saber o que deve fazer um casal que decida ter apenas um filho? Seria pecado eles adotarem algum método anticoncepcional depois dessa concepção? Ou nesse caso eles só poderiam ter uma única relação sexual,para não incorrer em pecado? E no caso de pessoas com HIV? Podem usar preservativo?

2º)Qual o parecer da Igreja a respeito das pesquisas científicas que  confirmam ter o homem evoluído a partir do macaco?

Desde já agradeço a atenção e parabenizo o trabalho abençoado que vocês vêm realizando!

Caríssimo leitor, também lhe desejamos a paz de Cristo e o amor de Maria.

Antes de aprofundar nas vossas indagações específicas, gostaria de refletir um pouco sobre a menção hipotética em vossa frase “um casal que decida ter apenas um filho”. Por que isso? Porque a maioria dos casais católicos tem uma falsa idéia de que são completamente soberanos nas decisões sobre o número de filhos que terão. Falsa idéia porque como vocacionados ao sacramento do casamento, prometeram no dia de seus casamentos acolher com alegria os filhos que Deus os mandaria, e não os filhos que decidiriam ter arbitrariamente.

Sendo assim, a Igreja Católica, como sustentáculo e coluna da verdade, mestra em moral, nos ensina que os esposos devem se examinar retamente diante de Deus sobre o número de filhos que terão buscando também alí seguir a vontade do Criador: “Na missão de transmitir a vida, eles não são (esposos), portanto, livres para procederem a seu próprio bel-prazer, como se pudessem determinar, de maneira absolutamente autônoma, as vias honestas a seguir, mas devem, sim, conformar o seu agir com a intenção criadora de Deus, expressa na própria natureza do matrimônio e dos seus atos e manifestada pelo ensino constante da Igreja”  (Encíclica Humane Vitae).

Neste sentido está bem claro que nenhum casal está autorizado por Deus a decidir livremente e sem qualquer critério objetivo o que fazer com suas capacidades procriativas. Como também disto prestarão conta a Deus, a Igreja propõem critérios fundamentais para agir de acordo com a moralidade e na justiça, que circudam necessidades sérias físicas, psíquicas, econômicas ou quaisquer outras circustâncias graves que impeçam um casal de ter filhos. Isto porque no matrimônio a regra é estar sempre orientado para os filhos, nunca voltado contra eles:

“Se, portanto, existem motivos sérios para distanciar os nascimentos, que derivem ou das condições físicas ou psicológicas dos cônjuges, ou de circunstâncias exteriores, a Igreja ensina que então é lícito ter em conta os ritmos naturais imanentes às funções geradoras, para usar do matrimônio só nos períodos infecundos e, deste modo, regular a natalidade, sem ofender os princípios morais que acabamos de recordar.” (Encíclica Humane Vitae).

Quer dizer, é preciso de fato um motivo realmente grave para adotar a conduta antinatalista que não esteja inserido apenas no conforto do cônjuges e na suas indisposições subjetivas para se ter filhos. E aqui entra já esboçado a resposta de vossa pergunta primeira: dependendo da intenção e da circustância do casal, os métodos naturais de regulação de natalidade, como o método de ovulação Billings, poderão ser usados. Dependendo, pois como exortava o Papa PioXII, na Alocução, 29-X-1951, “só o fato de os cônjuges não atacarem a natureza do ato e estarem dispostos a aceitar o filho que, não obstante as suas precauções, venha à luz, não basta por si só para garantir retidão da intenção e a moralidade irrepreensível dos próprios motivos”.

Assim é em questões morais, não existe um livro negro positivista das regras católicas, mas sim princípios e razões universais que nos dão juizos específicos. Além do mais a palavra “decisão” para se definir o número de filhos me parece um tanto quanto inadequada. Isso porque o matrimônio é uma dinâmica destinada a existir até a morte dos cônjuges, tão incerta e tão variável quanto a vida, de modo que decidir quantos filhos se terão durante toda a vida num único momento soa a insensatez. Quem sabe o dia de amanhã senão o bom Deus? E se Deus desejar dar a um casal recursos sucificientes para terem 5, 10 filhos ao longo de suas vidas, mas estes decidiram antes terem apenas 1 ou 2? Por isso a Igreja Católica insiste tanto na abertura constante e perene aos filhos.

Por aqui já é possível entrever as respostas das vossas indagações. Se um casal em plena e reta consciência deseja espaçar os filhos até um novo momento (expressão mais correta do que “decidir”) sem ofender a moralidade, devem primeiro examinar se não o fazem por motivos egoístas, mas justos e graves (como os já expostos pelos papas Paulo VI e Pio XII), poderão fazer uso de métodos naturais como o Billings (99% seguro) sem maiores reservas. Apontamos alguns artigos esclarecedores sobre esse assunto:

https://www.veritatis.com.br/article/2662
https://www.veritatis.com.br/article/4486
https://www.veritatis.com.br/article/4407

Quanto a questão dos portadores do vírus do HIV, o uso de preservativos continua imoral, e até condenável já que não existem preservativos 100% seguros e as chances de se disseminar a doença da AIDS seguirá existindo. O grau de drama de uma pessoa não altera a moralidade ou não de um ato intrínsicamente desordenado. A sexualidade humana existe para unir e procriar, e qualquer disassociação voluntária constitui grave ofensa a dignidade humana. Sobre esse assunto recomendamos algumas leituras disponíveis em nosso site:

https://www.veritatis.com.br/article/2450
https://www.veritatis.com.br/article/3986
https://www.veritatis.com.br/article/4203
https://www.veritatis.com.br/article/4205
https://www.veritatis.com.br/article/4186
https://www.veritatis.com.br/article/4586

Sobre a teoria da evolução, a Igreja segue aguardando uma posição oficial da ciência a respeito. Não cabe a ela de modo algum palpitar sobre assuntos que fogem de sua capacidade. Se desejar se aprofundar sobre o tema seguem mais alguns links interessantes para reflexão:

https://www.veritatis.com.br/article/1145
https://www.veritatis.com.br/article/3887
https://www.veritatis.com.br/article/3883

Esperamos ter ajudado. Em Cristo:

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