Protestante contesta artigo “Os católicos adoram os Santos?” (Parte 1/2)

Nome do leitor: E.
Cidade/UF: Santana de Parnaiba/SP
Religião: Cristã
Confissão: Protestante

Mensagem
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Carissimo Alessandro Lima:
A Paz do Senhor!

Prezado E., a Paz do Senhor!

Fiquei realmente impressionado com o artigo que você me recomendou sobre o tema “Os católicos adoram os santos”?. Digo que me impressionou as suas palavras no sentido de fuga deste erro do catolicismo em adorar imagens (não santos de fato, como é o tema do referido artigo).

Caro E., se você insiste que a Igreja católica ensina a adorar imagens então você mostra uma grande má vontade em superar a caricatura da Igreja que você acredita ser a Igreja. A doutrina da Igreja Católica encontramos no seu Catecismo e não nas impressões protestantes sobre o catolicismo.

Os argumentos que você usou na abordagem feita sobre o assunto chama-se “sair pela tangente” a fim de justificar a idolatria que reina em meio ao catolicismo do qual, graças ao bom Deus, fui liberto!!

Você ja começou errando quando citou o versiculo que fala sobre Ló ou Lot, como queira, em relação a ele ter se prostrado aos pés dos dois anjos que destruiram Sodoma e Gomorra. Aqueles dois agentes de Deus não eram imagens esculpidas por mãos humanas e sim seres angelicais literalmente falando.

Se você estivesse certo o Anjo que estava revelando o Apocalipse a S. João não teria repreendido o apóstolo quando este se prostou diante dele (cf. Ap 22,8-9). Obviamente que as atitudes de Ló e de S. João embora fossem externamente as mesmas, internamente eram diferentes. E é disto que trata o meu artigo. Meu artigo trata da diferença entre veneração e adoração, diferença esta que “os leitores da Bíblia” dizem que não existe.

Mas na sua tentativa de contestar o meu artigo, você acabou reconhecendo que é lícito ao fiel venerar  servos de Deus, como por exemplo, os anjos. Já é um avanço.

Quanto às imagens, a objeção protestante que você apresenta “força a barra” em não reconhecer numa imagem o que ela é: um objeto que representa alguma coisa. Uma imagem não é algo em si, ela apenas remete àquela realidade que ela mesma representa.

Então se me é lícito beijar minha esposa, posso também beijar uma foto sua que a representa. Ora, quando olhamos para a foto de alguém, nossos pensamentos e sentimentos se projetam na pessoa representada pela foto. Com a imagem é a mesma coisa.

Se uma simples imagem fosse um ídolo, Deus não as teria mandado fazer (cf. Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc).

Se me é lícito venerar uma criatura de Deus, obviamente porque o amor a ela me remete ao amor a Deus (pois tudo neste mundo deve nos orientar ao amor a Deus), também posso me utilizar de uma foto ou imagem para esta demonstração de amor.  Se posso me ajoelhar suplicando um favor de um servo de Deus, também posso me ajoelhar diante da imagem que o representa, pois nesse caso não se está fazendo pedidos à imagem, mas ao Santo representado nela. Se posso fazer um pedido a um servo de Deus que está na terra, porque não posso fazer para um que já está no céu?

Outro argumento que não convence é o fato de você achar que alguém não deixaria o catolicismo apenas pelo fato de conhecer o catecismo da Igreja católica concernente a imagens. Toda fonte de ensino que está em desacordo com a Biblía Sagrada, que é a verdadeira Palavra de Deus, não é  suficiente para formular uma doutrina sendo este o caso do “catecismo católico”.

Qual das mais de 33.000 denominações protestantes possui a verdadeira interpretação da Bíblia? O protestantismo é uma babel bíblica, onde ninguém se entende nas questões mais simples. E note que não estou me referindo às pessoas. Nem no tempo dos apóstolos todos se entendiam, mas a Igreja de Deus sempre teve uma ÚNICA DOUTRINA. E o seu argumento possui um erro de petição de princípio. Como a Bíblia pode ser a ÚNICA REGRA DE FÉ E PRÁTICA se ela é posterior à Igreja, e até mesmo dependeu desta Igreja para existir? Ou você acha que no tempo de Cristo todos os cristãos tinham sua bíblia debaixo do braço e já sabiam quantos livros deveriam estar dentro dela?

Você como tantos “ex-católicos” são provas vivas de que, alguém só vira protestante por ignorar a doutrina da Igreja Católica que remete à vivência da fé dos primeiros cristãos. Simplesmente não há um só testemunho dos Pais da Igreja que endosse os princípios da fé protestante (já que falar em fé protestante é algo impossível, já que cada denominação tem a sua “versão” da verdade).

“Ex-católicos” como você sempre mostram o quanto não conheciam da fé que diziam seguir. Ora meu caro, é o “hábito que faz o monge”. E graças a Deus há vários protestantes que estão sendo esclarecidos e se tornado católicos. Eu mesmo sou um deles. Em nossa seção “Testemunhos” você encontrará muitos outros casos.

Observe bem que nas referencias biblicas que você usou no referido artigo, em nenhuma delas, Deus ordena que se faça imagens de pessoas santas que passaram pela terra e foram instrumentos nas mãos de Deus. O que Deus ordenou nestes trechos biblicos foi a confecção de figuras que funcionam como simbolos de uma mensagem mas nunca alvo de adoração.

A Bíblia através de suas recomendações, exemplos e exortações nos ensinam princípios. A Bíblia não é um manual de “pode e não pode”. É verdade que na Escritura Deus não ordena que se façam imagens de pessoas santas que passaram pela terra e foram instrumentos nas mãos de Deus, mas também não proibiu sua confecção. Deus proibiu claramente a confecção de ídolos, proibições a qualquer tipo de imagem é por conta unicamente protestante.

Ainda pesa o fato de dizer que os católicos veneram imagens e, não sei se você sabe, mas, segundo o dicionário Aurélio, veneraração significa ato ou efeito de venerar, culto, adoração. Venerar imagens é adora-la e isto é terminantemente proibido pela Santa Escritura (Mt 4.10).

E desde quando o Aurélio é um dicionário que pode ser usado para o discernimento de termos teológicos? E se o Aurélio estiver certo, se puder se usado como autoridade em matéria teológica, então você entra em contradição, pois no início de sua carta reconheceu a licitude de se venerar os anjos. Se veneração e adoração é a mesma coisa, não deveríamos adorar somente a Deus? Quem está certo, a Escritura ou o Aurélio?

Outro argumento fraco que você usou para dizer que é licito ajoelhar-se diante de imagens foi o do profeta Elias. Observe que o homem que se ajoelhou diante do profeta não estava sobre a direção de Deus, mas sim debaixo de uma ordem humana e este suplicava por sua vida. Aquilo não parece, nem de longe, com um ato religioso, pois se assim fosse, a atitude seria outra.

Muito bem! Que bom que você reconheceu que o homem que se ajoelhou diante do profeta Elias o fez como gesto de súplica. Ora, foi exatamente isso que eu escrevi em meu artigo:

Na passagem acima [2Rs 1,13] um mensageiro do Rei Ocozias da Samaria põe-se de joelhos diante do Profeta Elias. Por que faz isso? Para suplicar-lhe que permita viver com seus cinqüenta companheiros de viagem, pois antes Elias mandou vir fogo do céu sobre duas equipes anteriores. O ato de súplica não é um ato de adoração, mas de humildade, de rebaixamento, onde se reconhece no outro sua superioridade ou seu poder de atender-lhe um pedido.

E se o pobre coitado estivesse fazendo algo errado não deveria ter sido repreendido pelo Profeta Elias? Se Elias não o repreendeu, ou foi negligente ou então no ato realizado não havia nada que fosse contra a doutrina divina.

Ora meu caro, se eu posso me ajoelhar diante de um profeta de Deus para suplicar-lhe um favor, porque não posso me ajoelhar diante de uma imagem que o representa? Só porque um é o objeto concreto e o outro é a representação deste? Ora, se estou usando a imagem para orientar meu pensamento àquele servo de Deus que não está mais entre nós, mas na Glória do Pai, qual o problema? O problema é a pequenez da mente protestante que tudo distorce, chegando à desonestidade de  não reconhecer o óbvio, o que é claro, só pelo prazer de objetar contra o que pensa que é o catolicismo.

Concernete a  Abraão, ele prostrou-se diante dos três anjos porque: 1º Era um costume judaico em atitude de respeito a alguem. 2º Ele reconheceu que tratava-se de seres celestiais e não de imagens fabricadas. 3º Se você ler todo o texto e não apenas um versiculo isolado, vai logo perceber que um dos trÊs anjos que ficou com Abraão éra o proprio Senhor (teofania).
O que mais me deixou abismado foi você referir-se ao caso de Saul e o profeta Samuel. Aquilo ali meu amigo, foi uma sessão espirita, e quem de fato estava ali não foi o profeta Samuel e sim um demonio que se fez passar por Samuel, tanto que Saul foi quem deduziu que era Samuel pelo aspecto que a feiticeira deu a ele de quem vinha “subindo”.

Felizmente você foi forçado a reconhecer quem nem todo ato de se ajoelhar diante de alguém é adoração. Parabéns, você está aos poucos se libertando dos equívocos protestantes, com um pouco mais de honestidade intelectual e coragem, você se dará conta que a caricatura que você acha que é o catolicismo, não é a Fé Católica. Ademais, já lhe expliquei bem claramente que nem toda imagem é um ídolo. Se posso me ajoelhar diante de um profeta de Deus, ou de um Anjo, posso também me ajoelhar diante de uma imagem que os representa, já que esta imagem não é um ídolo, mas apenas uma “foto” que me faz lembrá-los, que me faz meus pensamentos remeterem-se a eles.

Se você insistir que toda imagem é um ídolo, terá que admitir a tese absurda de que Deus mandou colocar ídolos no tempo de Jerusalém. Ora, Deus mandou fazer imagens para que elas remetessem o pensamento dos Judeus às coisas do alto representada nelas, ou mandou mesmo fabricar ídolos?

Quanto à aparição do Profeta Samuel ao Rei Saul, há controvérsias se o espírito que apareceu para Saul não era mesmo do Profeta Samuel. No livro do Eclesiástico, livro que SEMPRE esteve em TODAS as Bíblias cristãs antes da Reforma Protestante lemos: ” Depois disso, [Samuel] adormeceu e apareceu ao rei [Saul], e lhe mostrou seu fim (próximo); levantou a sua voz do seio da terra para profetizar a destruição da impiedade do povo” (Eclo 46,23). Embora você não considere este livro canônico, é importante dizer que antes da Bíblia ser formada pela Igreja Católica, este livro NUNCA foi considerado contrário à fé pelos Pais da Igreja (os homens que sucederam os Apóstolos no cuidado da Igreja de Deus). Aqueles que não o consideravam canônico, pelo menos o chamavam de Eclesiástico (daí vem o seu nome), isto é, útil para a instrução dos fiéis. Cabe lembrar ainda, que a Escritura em momento algum diz que o Espírito que aparece a Saul, não era do Profeta Samuel. Ao contrário, todo relato é claro em afirmar que ERA O ESPÍRITO DO PROFETA SAMUEL. Há um bom estudo sobre isso em http://www.hermeneutica.com/estudos/1samuel28-01.html.

É interessante lembrar de Mt 17,4 quando S. Pedro sugere construir tendas para Jesus, Moisés e Elias, em flagrante sinal de veneração. Ora, não estava Moisés morto? Vai me dizer que foi um demônio travestido de Moisés que apareceu aos apóstolos?

Para finalizar… gostaria que você analizasse uma situação:
Suponhamos que você enviasse seu unico filho para morrer de uma forma tão cruél como no caso de Jesus. No ato da morte de seu filho, alguém tirasse fotos e distribuisse as imagens de seu filho totalmente desfigurado por ter sido assassinado de forma tão barbara. Como pai, você se agradaria em saber que estão distribuindo tais imagens, ao ponto de as pessoas terem uma ultima impressão de seu filho desfigurado pelas torturas sofrida. Acredito que esta não seria a sua vontade. Se você, sendo homem, não queria passar por tal situação, quanto mais Deus! Obviamente que Ele não se agrada de tais imagens que os católicos apresentam de Seu Filho… o Senhor Jesus!!! Quando você olhar para uma imagem de “Jesus” desfigurado ,… pense bem nisto!!! Pergunte a sí mesmo: “Deus está alegre com isto???

Caro E, a imagem de Jesus crucificado não é vergonha para ninguém, muito menos para Deus. Cristo crucificado é sinal de sua Glória e grande amor pela humanidade. Tanto que S. Paulo nos ensinou: “Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1 Cor 1, 23).

São Longinho, que foi o soldado romano que feriu o lado de Cristo, onde nos relata o Evangelho que daí saiu água, se converteu ao ver o Senhor crucificado. O mesmo com S. Dimas que foi o bom ladrão.

Ademais, as imagens católicas de Cristo crucificado não o mostram desfigurado como você cita, mas apenas nos remete ao seu sacrifício salvífico, prova de seu grande amor por nós. Gerações inteiras de cristãos alcançaram grande santidade meditando sobre a imagem de Cristo crucificado. Para o seu próprio bem, se informe melhor.

Quando vir uma imagem de Cristo crucificado pense nisto.

Um abraço.

Em Crsito, seu irmão, E.

Que Nosso Senhor Jesus Cristo lhe ajude a abandonar o erro do protestantismo.

Em Cristo,

Alessandro Lima.

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