Protestante indaga sobre os dons do espírito santo na igreja

Nome do leitor: JOSUE GILBERTO SOUSA
Cidade/UF: COLATINA/ES
Religião: Protestante Pentecostal

Mensagem
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A paz do Senhor;

Gostaria de fazer uma pergunta sobre o pentecostes;

Porquê a igreja católica ainda não tinha buscado o batismo e os dons do espírito santo até meados do século passado? É um mandamento de Jesus, e Maria mãe de Jesus, os irmãos dele, e os discípulos e apóstolos obedeceram, se a católica é primitiva porquê falhou neste mandamento?

Caríssimo irmão separado Josué,

A Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo e as bênçãos de Maria!

De onde você tirou a informação de que a Igreja nunca buscou os dons do Espírito Santo? Da Doutrina Católica e dos documentos dos Papas é que não foi.

A Igreja sempre, vivamente, em todas as épocas, exortou aos fiéis que pedissem com fé a Deus os sete dons espirituais do Espírito Santo (sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus), pelos quais atingiriam a santidade. Se quiser confirmar o que digo, procure ler algum texto do famoso sábio medieval Hugo de São Victor, que na Idade Média (portanto, muito antes de meados do século passado) escreveu sobre os sete dons do Espírito e exortava para que fossem devotamente suplicados a Deus.

Na Encíclica Divinum Illud Munus, de 1897 (meio século antes de meados do século passado), o Papa Leão XIII reafirmou toda a doutrina sobre o Espírito Santo e exortou a todos os fiéis que suplicassem seus dons, ensinando: “O homem justo, que já vive da divina graça e age por congruentes virtudes, como a alma por suas potências, tem necessidade daqueles sete dons que se chama próprios do Espírito santo. Graças a estes, a alma se dispõe e se fortalece para seguir mais fácil e prontamente as divinas inspirações: é tanta a eficácia destes dons, que lha conduzem ao cume da santidade; e tanta a sua excelência, que perseveram intactos, ainda que mais perfeitos, no Reino celestial. Mercê destes dons, o Espírito Santo nos move e estimula a desejar e conseguir as evangélicas bem-aventuranças, que são como flores abertas na primavera, qual indício e presságio da eterna bem-aventurança. E muito regalados são, finalmente, os frutos enumerados pelo Apóstolo, que o Espírito Santo produz e comunica aos homens justos, ainda durante a vida mortal, plenos de toda doçura e gozo, pois dão do Espírito Santo que na Trindade é o amor do Pai e do Filho e que enche de infinita doçura às criaturas todas” (n.12).

Portanto, caríssimo Josué, ao contrário do que você afirma, a Igreja sempre vivamente admoestou que os fiéis buscassem e suplicassem os dons do Santo Espírito, pelos quais alcançariam a santidade.

E sobre os dons carismáticos do Espírito Santo (como o dom da profecia, o dom de línguas, entre outros – distintos dos dons espirituais, que já citamos), estes dons não devem ser buscados por si só ou como o mais importante, pois são dons que Deus dá gratuitamente a quem Ele desejar, conforme ensina o Apóstolo Paulo (cf. I Coríntios 12,7). Deve-se buscar antes de tudo a santidade e os dons espirituais do Espírito Santo, e pela santidade se manifestará no homem os carismas do Espírito (se Deus assim desejar, porque só Ele escolhe a quem dar os carismas).
Estes carismas muitas vezes surgiram na Santa Igreja ao longo de sua História, como, por exemplo, em vários santos. O Papa São Pio X tinha o poder da cura. A muitos curou ainda em vida; vários enfermos curavam-se de suas enfermidades só ao tocar-lhe ou estar em sua presença. O mesmo Pio X previu a vinda da 1ª Guerra Mundial após o seu Pontificado, e sentia muita angústia por saber que nada poderia fazer para impedi-la, dado que morreria antes de seu início.  Já São João Bosco tinha o dom da profecia; teve inúmeros sonhos proféticos que lhe revelaram vários acontecimentos pertinentes à Igreja ou ao mundo; em um de seus sonhos, chegou a prever a construção de Brasília, capital de nosso país.

Muitos foram os santos agraciados com visões, com o dom da cura, de línguas, de profecia. Logo, não foi a partir de meados do século passado que estes carismas surgiram na Igreja, pois, na verdade, eles nunca deixaram de acompanhá-la ao longo de sua História.

Não acuse, pois, a Igreja Católica de ter “falhado” e desobedecido os mandamentos do Cristo. Não foi a Igreja Católica que desobedeceu a Cristo, mas os protestantes, ao se separarem da Única e Verdadeira Igreja de Nosso Senhor, fundando onde quer que queiram novas “igrejas”, esquecendo-se daquilo que desejou Cristo:

Para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim” (João 17, 22-23)

E com certeza os protestantes, ao se separarem da Igreja de Cristo, não o fizeram movidos pelos dons do Espírito santo, já que o Apóstolo censura justamente estes que “semeiam a discórdia” como “homens sensuais que não têm o Espírito” (cf. Judas 1,19). Portanto, meu caro, os protestantes se separaram da Igreja Católica não movidos pelo Espírito santo, mas justamente porque não estavam se movendo por Ele nem buscando seus dons.
Além disso, sua carta diz: “se a católica é primitiva porquê falhou neste mandamento?” Ora, na sua lógica, a Igreja Católica, por ser a primitiva, não deveria falhar neste mandamento; já vimos que ela não falhou; logo, na sua lógica, ela é a primitiva. E nisto não erra: ela é realmente a primeira.
Mas você, ao ressaltar que a Igreja primeira, ou seja, a Igreja fundada por Cristo, não pode falhar nos mandamentos, cai numa contradição: se você dá tanto valor à primitividade da Igreja, por que motivo é protestante pentecostal? Por que faz parte de uma “igreja” que não é a primitiva, e que falha, portanto, nos mandamentos?

Porque os protestantes que surgiram com Lutero em 1517 (e os pentecostais vieram muito depois) com certeza não são a Igreja primitiva, e muito menos tiveram suas comunidades fundadas por Jesus, mas sim por homens, de acordo com suas vontades humanas (e não as de Cristo nem do Espírito).

Logo, meu caro, entre a Igreja primeira, Católica, fundada por Cristo, e as “igrejas” fundadas por homens (que não têm o Espírito), segundo seus desejos humanos, e nascidas de dissensões (censuradas pelo Apóstolo como não vindas do Espírito), eu prefiro (graças a Deus!) a Igreja Católica, a qual amo de todo o meu coração.

E você deveria preferi-la também.

Converta-se, meu caro Josué.

Só há uma Igreja de Cristo, e ela não é outra que não a Igreja Católica! O resto são invenções de homens com “mania de Deus” (pois só Ele pode fundar a Igreja, e o fez ao fundar a Igreja Católica).

Converta-se, meu caro.

Meu cordial abraço!

Atenciosamente,


Taiguara Fernandes de Sousa.

“Omnes cum Petro, ad Iesum per Mariam!”

(Todos com Pedro, a Jesus por Maria!)

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