- Autor: Carlos Martins Nabeto
- (3ª edição revista: 2020).
– “A paz de Jesus a todos!!! Sou católica e preciso que me tirem uma dúvida: outro dia, amigos Testemunhas de Jeová insinuaram para mim que a Igreja Católica mente, dizendo que a cruz como a conhecemos não é verdeira, que Jesus foi morto numa estaca. Me recuso a acreditar que a Igreja Católica mente e sei que deve ter alguma explicação para isso. Por favor, me respondam algo para que eu possa defender a nossa Igreja e a nossa fé. Esse já é o segundo site de Apologética que escrevo. Foi muito difícil ouvir aquelas coisas e não ter uma resposta à altura. Conto com a ajuda de vocês! Que Deus abençoe a todos! Grata, Deborah Azevedo” (São Paulo-SP).
Prezada Deborah,
Pax Domini!
Os Testemunhas de Jeová (Testemunhas de Jeová), seita protestante que só apareceu no século XIX (onde estavam antes disto?), gostam de falar muito e “pesquisar” pouco. Na verdade, suas pesquisas pessoais param no que afirmam as suas próprias revistas e livros, que decoram especialmente para promover um “proselitismo barato”, de porta em porta, em benefício da sua denominação. Empregam, assim, o detestável método do “espírito de papagaio”…
Ora, suas doutrinas estritamente peculiares (negação da Santíssima Trindade, negação da divindade de Jesus, proibição da transfusão de sangue, previsão da data “exata” do fim do mundo etc.) fazem com que até mesmo outras denominações protestantes recusem-lhe a reconhecer o título de “evangélica” ou “protestante”. Fora isso, não é preciso ser nenhum especialista para saber que pretendem – como se isso fosse possível! – corrigir as Sagradas Escrituras (obviamente, para que estas possam dar suporte às suas crenças particulares pouco ou nada ortodoxas), razão pela qual suas Bíblias (a famigerada “Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas” [TNM]) possuem centenas e centenas de versículos que “não batem” com o que consta em outras Bíblias, quer católicas, quer ortodoxas, quer protestantes, quer judaicas (neste último caso, no que toca ao Antigo Testamento)…
Esse é o caso, por exemplo, do “instrumento” que foi empregado para produzir a morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador… TODOS os cristãos – católicos, ortodoxos e protestantes – afirmam categoricamente que Jesus morreu na cruz (discute-se legitimamente sua forma: ‘commissa’ ou ‘immissa’); vêm então os Testemunhas de Jeová, com sua credulidade baseada na referida TNM, afirmar o contrário (inclusive passando por cima da História e Arqueologia), defendendo a ideia de que o instrumento empregado foi uma “estaca de tortura”…
Conforme explica o ex-Testemunha de Jeová David A. Reed, “segundo as testemunhas-de-jeová, a cruz é um símbolo religioso pagão adotado pela Igreja quando Satanás, o demônio, assumiu o controle da autoridade eclesiástica. A cruz não teve nada a ver com a morte de Jesus, já que as testemunhas-de-jeová sustentam que ele foi pregado em um poste ereto e sem trave horizontal. As testemunhas-de-jeová abominam a cruz e espera-se que os novos convertidos destruam quaisquer cruzes que possam ter, ao invés de simplesmente se disporem delas” (“As Testemunhas de Jeová Refutadas Versículo por Versículo”, ed. Juerp, 5ª edição, 1994, p.13).
E o mesmo autor complementa mais adiante:
– “Negar que Jesus morreu na cruz é uma doutrina básica das Testemunhas de Jeová. De fato, as testemunhas consideram qualquer um que acredita na cruz um ‘falso beato pagão’. Ao invés disto, a Sociedade Torre de Vigia ensina que Jesus foi pregado em uma ‘estaca de tortura’ – um poste vertical, como um mastro de bandeira, sem nenhuma trave horizontal. Em qualquer lugar onde a palavra ‘cruz’ é mencionada em outras Bíblias, a Tradução do Novo Mundo usa a expressão ‘estaca de tortura’. A ilustração da morte do Senhor em seus livros mostra Jesus com seus braços colocados juntos, logo acima da cabeça, com um único cravo pregando ambas as mãos na estaca” (idem, p.78).
Com a expressão “a cruz é um símbolo religioso pagão adotado pela igreja quando Satanás, o demônio, assumiu o controle da autoridade eclesiástica”, Reed faz alusão a uma “lenda urbana” muito difundida entre os protestantes, inclusive não-Testemunhas de Jeová (e que nosso Apostolado já teve a grata satisfação de refutar e esclarecer diversas vezes) de que, com a chegada de Constantino ao poder imperial romano (ano 313 d.C.), a Igreja cristã (entenda-se: a Igreja Católica) teria se paganizado, adotando a partir de então costumes não-cristãos, entre eles a própria cruz em substituição à “estaca de tortura”.
Ora, se isto fosse verdade, não seria possível, então, encontrarmos referências à cruz ou ao sinal da cruz antes do ano 313 d.C. Mas não é o que ocorre… Muito pelo contrário, encontramos referências explícitas a essa matéria em cristãos de renome como Tertuliano de Cartago (+220 d.C.; v. De Corona Militis 3), Hipólito de Roma (+235 d.C.; v. Tradição Apostólica 42) e as Atas dos Mártires (sécs. II/III). Com efeito, a cruz de Cristo, tal como a reconhecemos nos ambientes católicos, era sim da plena consciência dos primeiros cristãos (e não a tal “estaca de tortura” jeovista).
Como se isso não bastasse, nenhuma enciclopédia séria – religiosa ou profana – nega que Cristo foi morto numa cruz pelos romanos; antes, o afirmam. Utilizemos aqui só as profanas, pois independem de um eventual “controle” da Igreja Católica (como talvez pretenderiam acusar os Testemunhas de Jeová):
– “CRUZ – Instrumento de suplício formado por dois pedaços de madeira atravessados, no qual, antigamente, se pregavam os condenados à morte. Objeto que representa a cruz de Cristo, tornado símbolo do Cristianismo. // JESUS CRISTO – (…) Jesus compareceu perante o sumo-sacerdote dos judeus, Caifás, e, a seguir, diante da Justiça romana, representada por Pôncio Pilatos, que não opôs veto à sua condenação à morte. Assim, Jesus, no Calvário, morreu crucificado entre dois ladrões (…)” (Enciclopédia Digital KooganHouaiss, ed. HyperMedia, 2001).
– “CRUZ – O signo da cruz, em várias formas, é muito anterior ao Cristianismo e há dúvidas se era marca de identificação e de propriedade ou se correspondia a sinal de culto e veneração. De qualquer modo, foi como símbolo da religião cristã que a cruz adquiriu seu profundo sentido místico. Tipos de cruz: (…) A cruz cristã assumiu quatro formas fundamentais: a ‘commissa’, em forma de ‘t’ maiúsculo (T), também chamada ‘cruz de tau’ (letra grega) ou ‘de Santo Antonio’; a ‘quadrata’ ou ‘cruz grega’, com os quatro braços do mesmo tamanho (+); a ‘latina’ ou ‘immissa’, cuja parte inferior é mais longa que as outras três (t); e a ‘de Santo André’ ou ‘decussata’, em forma de ‘x’ (X). (…) Embora a tradição sustente que o madeiro em que Jesus morreu tinha forma de cruz latina, os dados históricos parecem indicar que se tratava na verdade de uma cruz commissa. A cruz no Cristianismo: a cruz encerra uma profunda simbologia no Cristianismo e foi seu mais representativo signo desde os primeiros tempos, embora se procurasse não a expor publicamente. O sinal da cruz, traçado pelos cristãos sobre o corpo com dois dedos da mão, foi consignado já no século III por Tertuliano. Depois do edito de Constantino, em 313, que legalizou o Cristianismo, a cruz, assim como o monograma de Cristo – formado pelas letras maiúsculas gregas X (khi ou k aspirado) e P (rô) – logo alcançou popularidade entre os cristãos, como fica evidente nas representações artísticas e funerárias (…)” (Barsa Digital, ed. Britannica, 2000).
– “CRUZ – [1] Instrumento de suplício formado de dois pedaços de madeira atravessados, no qual, antigamente, se pregavam os condenados à morte. [2] Instrumento no qual foi supliciado Jesus Cristo (nesse caso, usado com maiúscula). [3] Objeto que representa a Cruz de Cristo, símbolo do Cristianismo. (…)” (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, ed. Nova Cultural, 1998).
– “JESUS CRISTO – (…) Considerado blasfemo, é submetido a um processo religioso e acusado de conspirar contra César. É crucificado quando Tibério é o imperador de Roma e Pôncio Pilatos o procurador da Judeia” (Almanaque Abril em Multimídia, ed. Abril, 1995).
– “CRUZ – Há quatro espécies de cruzes: [1] A cruz sem cimo (crux commissa ou patibulata), que os iconólogos chamam ordinariamente “cruz em T” ou “em tau”, por afetar a forma desta letra; segundo uma tradição adotada por muitos arqueólogos, a cruz de Jesus Cristo era um tau. [2] A cruz com cimo e de quatro ramos (crux capitata, crux immissa), composta de uma haste vertical e de uma barra transversal; há duas variedades pricipais de cruzes de quatro ramos: a ‘cruz grega’ e a ‘latina’; esta última forma é a de um homem estendendo os braços; é também aquela que geralmente se atribui à cruz de Jesus Cristo. [3] A cruz dupla travessa, chamada ‘cruz episcopal’ ou ‘patriarcal’ ou ‘russa’ ou ‘de Lorena’; encontra-se freqüentemente esta cruz nos monumentos cristãos da Ática, da Moréia e do Monte Athos. [4] A cruz de tríplice travessa, apenas empregada pelo Soberano Pontífice (…)” (Grande Enciclopédia Brasileira de Consultas e Pesquisas, ed. Blini, 1994).
– “CRUZ – Instrumento de suplício na Antigüidade, composto de dois madeiros, um atravessado no outro. Símbolo da redenção para os cristãos (…)” (Enciclopédia Badem, ed. Iracema, 1976).
– “CRUZ – Na Antigüidade, instrumento de suplício. A crucificação era o suplício mais doloroso e ignominioso dos povos orientais, com exceção dos judeus; os romanos a empregavam contra os escravos e criminosos comuns. Como símbolo da morte de Cristo, é o sinal da Redenção (…)” (TESE-Enciclopédia Universal Ilustrada, ed. Melhoramentos, 1976).
Como facilmente se constata, nenhuma dessas enciclopédias cita a “tese” dos Testemunhas de Jeová, nem mesmo de longe, como mera hipótese ou simples indício…
Evidentemente, poderíamos apontar ainda muitas outras fontes bibliográficas, mas o que foi descrito acima já se mostra mais que suficiente, tamanha a clareza e objetividade. Com efeito, as informações coletadas – repito: retiradas de fontes bibliográficas não-religiosas e não-católicas – dão a ver:
a) Que a cruz era um instrumento de suplício usado na Antiguidade, inclusive pelos romanos;
b) Que esse instrumento era formado por duas madeiras que se atravessavam;
c) Que a forma de atravessamento poderia variar: + (immissa), T (commissa) ou X (decussata);
d) Que Jesus foi, de fato, crucificado em uma dessas formas de cruzes;
e) Que tal fato é conhecido desde os primeiros tempos, antes mesmo da liberdade religiosa concedida por Constantino;
f) Que a liberdade religiosa de Constantino possibilitou que a cruz fosse apresentada aberta e frequentemente ao mundo (ou seja, por não mais implicar risco de morte para os cristãos).
Logo, por completa e absoluta exclusão: JESUS NÃO MORREU EM UMA “ESTACA DE TORTURA”, como teimosamente declaram os Testemunhas de Jeová.
Mas não é só isso. A ideia de que Jesus foi supliciado numa estaca contradiz a própria lógica do método descrito na Bíblia… Sim, porque, em teoria, Cristo somente poderia ter carregado a sua cruz até o Gólgota de duas maneiras:
1) Ou carregaria a cruz inteira, isto é, com suas duas traves (horizontal e vertical) já fixadas uma à outra;
2) Ou carregaria apenas a trave horizontal, mais curta, sobre os ombros.
Isto porque, de outra forma, se tivesse que levar a trave vertical (“estaca de tortura”), bem mais longa, o único método viável seria puxá-la (ou arrastá-la), pois não teria apoio adequado no madeiro para usar o ombro como auxílio (e ainda que pudesse carregar a trave vertical sobre os ombros, as ruas estreitas da Cidade Santa o impediriam de fazê-lo, exceto se carregasse a trave andando “de lado”, o que certamente o mataria por exaustão antes mesmo de chegar ao Gólgota!!!). Tal possibilidade contraria frontalmente as descrições do transporte contidas nos Evangelhos. Além disso, como se sabe, o horror do suplício da cruz consistia, justamente, em fazer o condenado morrer – após longas horas de indescritíveis sofrimentos – por asfixia (ou, talvez, parada cárdio-respiratória).
Mas de onde poderia provir a estranha ideia de “estaca de tortura” a que os Testemunhas de Jeová tanto se apegam? Certamente vem do termo grego “staurós”, que é empregado para designar a trave vertical que ficava plantada (isto é, fixada) no local do suplício. Assim, quando a vítima chegava ao local trazendo sobre os ombros a trave horizontal (=patíbulo ou furca), era pregada de braços abertos nesta trave, erguida e fixada na trave vertical, formando, então, uma cruz “commissa” (em forma de T) ou “immissa” (em forma de +), dependendo da posição em que esta trave horizontal era fixada: no topo máximo ou um pouco mais abaixo, talvez para a fixação do cartaz apontando o motivo da condenação.
Por sua vez, o termo “staurós” é citado mais de 40 vezes no Novo Testamento; e em TODAS as traduções da Bíblia – católicas, ortodoxas e protestantes, com exceção da TNM – o vocábulo é traduzido por “cruz”. Porém, em 5 oportunidades se emprega o termo “csilon”, que significa literalmente “madeiro, lenho”, mas também é normalmente traduzido por “cruz”, visto suportar esse entendimento.
Ora, “staurós” tinha o significado (antigo) de “estaca”, como lemos em Homero, SEIS SÉCULOS ANTES de Cristo, ou seja, quando a cruz ainda NÃO era conhecida como instrumento de suplício. POSTERIORMENTE, quando a cruz é adotada no mundo greco-romano para esse fim, os escritores greco-romanos referem-se a ela por esse mesmo termo, “staurós”. Quanto ao termo “csilón”, pouquíssimo usado, mas também comumente traduzido por “cruz”, como vimos, possui um significado genérico e dependente de Deuteronômio 21,22-23: aqui, nesta passagem, não se fala de “estaca”, mas de “árvore” (daí ser também vertido para “madeiro” ou “lenho”), quando esta é transformada em um “instrumento natural de suplício”, onde o condenado é preso (amarrado, pregado) até entrar em óbito.
Como o termo “estaca” usado pelos Testemunhas de Jeová para traduzir o grego “staurós” é tão arbitrário e pouco condizente com a forma de suplício, foram obrigados a acrescentar em sua tradução da Bíblia [TNM] o complemento “de tortura”, cujo vocábulo não se encontra nos textos originais gregos (v. Mateus 27,40; Colossenses 1,20 etc.).
E fora tudo isso, a História e a Arqueologia revelam que os romanos não “crucificavam” (o termo aqui fica até contraditório!) seus condenados em estacas, mas em cruzes, muito antes mesmo da época de Cristo; para se ter uma ideia, no ano 71 a.C. seis mil rebeldes seguidores de Spartacus foram crucificados. A cruz, aliás, chegou à Palestina levada pelos romanos nos tempos de Alexandre Janeu (67 a.C.), rei de Judá. Sabe-se, inclusive, que os soldados romanos se divertiam variando ao seu gosto as formas de crucificação (cf. Flávio Josefo, “A Guerra Judaica” 5,451; publicada em 77 d.C.). Santo André, irmão de São Pedro, foi martirizado em uma cruz decussata (em forma de X); São Pedro, por sua vez, foi crucificado de cabeça para baixo, em Roma, nos tempos de Nero; durante a tomada de Jerusalém, entre 66/70 d.C., dezenas de judeus foram crucificados nas mais diversas posições. Referida variação na forma de suplício só era possível pelo fato da cruz ser composta por dois madeiros que se combinavam de diversas maneiras (se fosse apenas a “estaca”, como querem os Testemunhas de Jeová, não haveria grande variação além de duas: ou o condenado era preso de cabeça pra cima, ou de cabeça pra baixo, o que contraria toda a História!).
E tanto a trave horizontal era usada na crucificação, que o próprio Cristo, ao revelar a Pedro a forma como este morreria, lhe diz (inclusive na famigerada TNM!):
– “Eu te digo em toda a verdade: quando eras mais jovem, costumavas cingir-te e andar onde querias. Mas, quando ficares velho, ESTENDERÁS as tuas mãos e outro [homem] te cingirá e te levará para onde não queres” (João 21,18; citada conforme a TNM; grifo nosso).
A palavra “estenderás” só se explica aqui pelo fato de existir uma segunda trave (horizontal) além da primeira (vertical); é justamente estendendo as mãos (e consequentemente os braços) que se pode pregar ou amarrar o supliciado no madeiro horizontal, deixando-o “de braços abertos”; se a única trave existente no instrumento de suplício fosse a vertical, a vítima necessariamente seria fixada “com seus braços colocados juntos, logo acima da cabeça” (como retrata os desenhos feitos pelos Testemunhas de Jeová) e não “estendidos”.
E ainda que se interpretasse o “estendidos” como “esticados”, como se os braços, ainda que unidos acima da cabeça, fossem pregados na posição mais alta possível em relação ao tronco do corpo, como retratam os Testemunhas de Jeová em alguma de suas publicações ilustradas, teríamos aqui um outro problema: seria utilizado apenas 1 único prego para prender as duas mãos simultaneamente no alto. Porém, afirma a Bíblia em João 20,25 [qualquer tradução, inclusive a TNM]:
– “Mas ele (Tomé) lhes disse (aos demais Apóstolos): ‘A menos que eu veja NAS SUAS MÃOS o sinal DOS PREGOS e ponha o meu dedo no sinal DOS PREGOS, e ponha a minha mão no seu lado (aberto pela lança do soldado romano), certamente não acreditarei” (João 20,25, cf. TNM; grifos nossos).
Repare-se na sutileza apontada pelo evangelista São João: Tomé faz referência às marcas dos pregos (NO PLURAL!) nas mãos (TAMBÉM NO PLURAL!) de Jesus. Logo, pelo menos 1 prego para cada mão!!! Com efeito, Jesus morreu MESMO numa cruz e não em uma “estaca de tortura”! A própria Bíblia dos Testemunhas de Jeová cai em contradição com a doutrina professada por seus fiéis (ou será que são os Testemunhas de Jeová que caem em contradição com a sua própria tradução da Bíblia??).
Portanto, de nada adiantou os tradutores da TNM terem substituído a palavra “cruz” por “estaca de tortura”… Jesus morreu mesmo crucificado, com os braços abertos pregados na trave horizontal!
E mais! A arqueologia também nos apresenta algumas provas valiosíssimas – anteriores a Constantino – demonstrando a total ligação entre Jesus, a Cruz e o Cristianismo, repelindo, portanto, a ideia da “estaca de tortura” divulgada pelos Testemunhas de Jeová:
– Nas antigas catacumbas cristãs são encontrados símbolos que recordam (dissimulam) a cruz, como a âncora e o tau, ou com anagramas dispostos em forma de cruz:
– A “inscrição de Rufina”, conservada na catacumba de São Calisto, em Roma, contém gravada uma ‘cruz grega’:
– Na Catacumba de São Genaro, em Nápoles, há um afresco retratando claramente uma ‘cruz latina’:
– O ‘grafito do Palatino’ apresenta uma personagem adorando um homem com cabeça de asno crucificado numa ‘cruz latina’; junto, existe a inscrição “Alessameno adora seu deus” (e, de fato, há registros de pagãos acusando os cristãos de adorarem um “asno-deus”):
– Em Herculano, cidade que foi destruída por uma erupção do Vesúvio no ano 79 d.C., arqueólogos encontraram, em 1937, durante as escavações, uma modesta saleta que, em uma de suas paredes, trazia o formato de uma ‘cruz latina’. Como São Paulo esteve em Pozzuoli (cf. Atos 28,13-14), algumas décadas antes da erupção, sito a alguns poucos quilometros de Herculano, é bem possível que a casa encontrada tenha sido uma Igreja doméstica:
Note-se: tudo isso bem anterior à “conversão do imperador Constantino ao Cristianismo”, que se deu em 313 d.C., ano em que seitas radicais (como os Testemunhas de Jeová) apontam como o “início da paganização” da Igreja pelo mesmo imperador….
Portanto, como facilmente se constata pelas imagens acima (e poderíamos acrescentar ainda várias outras bem anteriores ao ano 313 a.C.), os Testemunhas de Jeová não gozam de qualquer fundamento sério para afirmar que Jesus morreu em uma estaca. Seguem, pois, em sentido contrário do que revela a Igreja, a Bíblia, a Tradição, a História, a Arqueologia e até mesmo a Lógica… Tudo isso só para contrariar, para se vangloriar em seu sectarismo…
Por fim, seja na forma “commissa” (T), seja na forma “immissa” (+), o fato é que Jesus morreu MESMO de braços abertos, NA CRUZ, para nos salvar, como SEMPRE nos ensinou a Igreja Católica, Mãe e Mestra… NUNCA da forma como maquiavelicamente querem os jeovistas.
É bom que se diga ainda que a forma “immissa” (+) goza da preferência (e realmente tem boa probabilidade de sê-lo) pelo fato da Bíblia informar que sobre a cabeça de Jesus constava a inscrição “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus” (cf. Mateus 27,37; Lucas 23,38; João 19,19). Como quer que seja, a forma “commissa” (T) não está totalmente descartada, sendo possível também fixar um letreiro (pequeno) sobre a cabeça do crucificado, dependendo do ângulo de abertura usado para pregar as mãos na trave horizontal…
De outro lado, sugerimos que você adquira o livro “A Cruz e as Cruzes”, do pe. Egionor Cunha, ed. Ave Maria, que provê um estudo mais profundo sobre os termos bíblicos empregados (“staurós” e “csilón”) e rebate outras acusações jeovistas relacionadas a esse tema, além de abordar algumas outras curiosidades. A propósito, como se trata de um livro “barato”, que custa algo em torno de R$ 10,00 (dez reais), bem que você poderia presentear esses seus “amigos jeovistas” com um exemplar. Afinal, como escreve o Apóstolo São Paulo: “Discerni tudo e ficai com o que é bom” (1Tessalonicenses 5,21). Quem sabe, o contato com a Verdade não os torne livres? (cf. João 8,32).
Espero ter respondido a contento a sua pergunta.
* * *
PS – Por uma IMENSA ironia do destino, verifica-se que as revistas “The Watch Tower” publicadas nos Estados Unidos pelas Testemunhas de Jeová, durante a presidência do seu fundador Charles Taze Russell, portavam em suas capas a figura de uma CRUZ LATINA e uma coroa radiantes. Isto significa que os Testemunhas de Jeová já respeitaram a CRUZ como todos os demais cristãos e os próprios Apóstolos. Tal emblema só desapareceu por determinação do 2º presidente, Joseph Franklin Rutherford, o qual fez o máximo possível para apagar toda marca de seu antecessor (de quem era desafeto) e, inclusive, implantou a ideia da “estaca da tortura”. Será que seus “amigos Testemunhas de Jeová” sabiam disso? O lado ruim da coisa é saber que esse emblema adotado pelos então denominados “Estudantes da Bíblia” era usado pela Ordem Maçônica dos Cavaleiros Templários… Repare nas fotos abaixo:
1) Capa da Revista “The Watch Tower” de janeiro de 1912. No destaque (em amarelo), o emblema da “cruz latina e a coroa”. Repare-se que a “cruz tradicional” estampa as capas da principal revista jeovista, o que bem demonstra que a invencionice da “estaca de tortura” não era professada pelos primeiros Testemunhas de Jeová:
2) Detalhe da capa da Revista “The Watch Tower” de janeiro de 1912, ampliando-se a “cruz latina entre a coroa” no topo superior esquerdo. No canto superior direito, o emblema contendo o escudo, o elmo e as três armas pertence à Ordem Maçônica dos Cavaleiros Templários do Grande Acampamento (EUA):
3) Emblema maçônico da “cruz latina e coroa” estampada no túmulo em forma de pirâmide do fundador das Testemunha de Jeová’s, Charles Russell, erguido pela própria Sociedade Torre da Vigia:
4) Uma medalha maçônica contendo o emblema da “cruz latina e coroa”:
5) Emblema maçônico da “cruz latina e coroa” estampado em uma revista maçônica de 1994. Também é possível encontrar o mesmíssimo emblema nas primeiras publicações de outros grupos “cristãos-liberais”: Os Santos dos Últimos Dias (mórmons), Ciência Cristã e Exército da Salvação:
6) O emblema da “cruz latina e coroa” em uma loja maçônica do Rito de York na Pennsylvania (EUA):
Os “demais detalhes” desse e de outros casos interessantes sobre os TJ’s podem ser encontrados no livro “O Poder Oculto por trás dos Testemunhas de Jeová” (Robin de Ruiter, ed. Ave Maria).
[]s,Fique com Deus
Carlos Nabeto