– Gostaria que vocês tirassem uma dúvida que tenho. O II Concílio de Constantinopla (553) foi convocado e aprovado pelo Papa Virgílio? Eu sei que o Papa Virgílio morreu na viagem de volta a Roma, depois do Concílio. Afinal o Papa aprovou ou não o Concílio? Se ele não aprovou, então qual foi o Papa que aprovou o Concílio? Eu sei que um Concílio só tem validade se for aprovado pelo Papa, então respondam-me por favor, esclarecendo minha dúvida. Desde já obrigado pela atenção e continuem sempre evangelizando (Jeferson).
Caro Jeferson,
Que a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja conosco!
Ficamos felizes por sua sede de saber, e a confiança em recorrer ao nosso Apostolado, a fim de dirimir tuas dúvidas. Contamos com suas orações.
Respondendo a suas indagações:
O II Concílio de Constantinopla (553) foi convocado de forma cesaropapista (1), pelo Imperador bizantino Justiniano I, que muito se interessava por assuntos teológicos, e ansiava por ver resolvidas controvérsias cristológicas, sobretudo o nestorianismo (2).
O Papa Virgílio aprovou o Concílio, que se reuniu em Constantinopla no período de 05/05 a 02/06/553, tendo como decisão a condenação dos três autores antioquenos: Teodoro de Mopsuéstia ( 428), Teodoreto de Ciro ( 458) e Ibas de Edessa ( 435) (os Três Capítulos)
Nota-se no decorrer deste Concílio, grande influencia do Imperador bizantino Justiniano I constrangendo o Papa Virgílio, que havia publicado um Constitutum aos 13/05/553, em que era contrário a condenação dos Três Capítulos, e acabou por reconsiderar seu Constitutum em dezembro de 553, condenando os Três Capítulos. Num segundo Constitutum de 23/02/554 ele expôs as razões de sua atitude.
Importante que se saiba, as hesitações do Papa Virgílio frente ao cesaropapismo de Justiniano I não versaram sobre assuntos de fé em si, mas apenas sobre a oportunidade ou não de se condenarem três nomes de escritores antigos (3)
Assim, fica claro que o Papa Virgílio aprovou o Concílio de Constantinopla II, bem como seu decreto condenatório dos Três Capítulos. Os Papas que sucederam a Virgílio, a começar de Pelágio (556-561) confirmaram tal Concílio. Também consta que o Papa S. Gregório I em 591 confirmou este Concílio.
Dada sua avidez por conhecer a História da Igreja, lhe recomendo o Curso de História da Igreja (por correspondência) da Escola Mater Ecclesiae, maiores informações sobre o referido curso podem ser consultadas em: http://www.materecclesiae.com.br/chi.htm
In caritate Christi,
Leandro.
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NOTAS:
(1)Influência do Imperador (César) querendo fazer a função do Papa.
(2) Doutrina herética propagada por Nestório, ensinava que em Jesus Cristo havia duas pessoas (divina e humana), unidas entre si por um vínculo afetivo ou moral e duas naturezas (Divina e humana), e que Maria era apenas a Mãe do homem Jesus (Cristokós) e não a Mãe de Deus (Theotókos).
(3) BETTENCOURT, Estevão. Curso de História da Igreja. Mater Ecclesiae, p.39.
- Fonte: Veritatis Splendor