Muitas pessoas, inclusive alguns cristãos, tratam esta questão como uma grande besteira, como se fosse o supremo exercício da irrelevância. Porém, tal questão não é estranha para os cristãos que se interessam por anjos (e deveria interessar a todos nós!).
Não obstante as opiniões em contrário, os escolásticos medievais não trataram desta questão; portanto, não temos como apontar capítulos e versículos destes [teólogos] para oferecer como resposta. Felizmente, o filósofo Mortimer Adler tratou desta famosa questão em seu livro "The Angels and Us" (=Nós e os Anjos), em um capítulo intitulado "Ocupação Angélica de Espaço e o Movimento Nele". O argumento é o que segue:
Um anjo, quando não se manifesta em forma corporal como ocorre na Bíblia, está presente espiritualmente no lugar ocupado pelo corpo em que age. Ele ocupa um lugar intensivelmente pela sua energia e não extensivelmente, tal como um corpo [físico] faz pela sua massa. Isto porque os anjos, como espíritos, não possuem massa como os corpos físicos.
E o que Adler responde acerca de quantos anjos podem dançar na cabeça de um alfinete? Ele escreve:
"A ocupação intensiva de um lugar pela energia espiritual é tão exclusiva quanto a ocupação extensiva de um lugar pela massa física. Assim como a presença física de um corpo em um lugar exclui todos os outros [corpos] de ocupar aquele mesmo lugar, a presença espiritual de um anjo em um [certo] lugar exclui todos os outros de ocupar esse lugar. Um anjo ocupando intensivelmente a cabeça de um alfinete exclui todos os outros de estar espiritualmente ali.
Em suma: se já passou pela cabeça de um anjo leviano dançar na cabeça de um alfinete, seu impulso excêntrico teria que ser exercido solitariamente. Ele não poderia convidar outros anjos para se juntarem a ele. Ele teria que dançar sozinho ali".