Como católico e como brasileiro, pai, professor e educador há 37 anos, sinto-me triste e envergonhado com o discurso do Presidente Lula no dia de ontem (07 março 2007) sobre o uso da camisinha.
Disse o nosso Presidente, na Cidade do Samba, na Zona Portuária do Rio, “que o país deveria criar um dia nacional de combate a hipocrisia… Ele defendeu o uso de preservativos para combater doenças como a Aids e a gravidez precoce, justificando que "Trinta por cento das meninas entre 15 e 17 anos que estão fora da escola é porque tiveram filhos".
Ele se dirigiu à Secretária nacional de Políticas para Mulheres, Nilcéia Freire, para criticar a hipocrisia da sociedade brasileira, citando, nominalmente, a Igreja: "Ano que vem, Nilcéia, você poderia, no Dia Internacional da Mulher, fazer um dia de combate à hipocrisia que está estabelecida na cabeça de todos nós. E por que digo hipocrisia? Hipocrisia porque muitas vezes nós deixamos de debater os temas da forma verdadeira que eles têm que ser debatidos por puro preconceito, porque a minha mãe não gosta, o meu pai não gosta, a Igreja não gosta, não sei quem não gosta".
O Presidente ainda disse que "Sexo é uma coisa que quase todo mundo gosta e é uma necessidade"…
Antes de mais nada quero contrapor a estas palavras do Presidente as do Papa João Paulo II sobre a camisinha:
“Além de que o uso de preservativos não é 100% seguro, liberar o seu uso convida a um comportamento sexual incompatível com a dignidade humana… O uso da chamada camisinha acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo … O preservativo oferece uma falsa idéia de segurança e não preserva o fundamental” (Pergunte ao Papa, Augusto Silberstein, Legnar Informática e Editora Ltda,SP, pg. 57).
Quando falou da educação sexual, assim se expressou o Papa João Paulo II, na Carta às Famílias (1994):
“A educação sexual, direito e dever fundamental dos pais… Neste contexto é absolutamente irrenunciável a “educação para a castidade” como virtude que desenvolve a autêntica maturidade da pessoa e a torna capaz de respeitar e promover o ‘significado nupcial’ do corpo”.
“Por isso a Igreja opõe-se firmemente a uma certa forma de informação sexual, desligada dos princípios morais, tão difundida, que não é senão a introdução à experiência do prazer e um estímulo que leva à perda – ainda nos anos da infância – da serenidade, abrindo as portas ao vício” (Familiaris Consortio, 37).
“O conhecimento deve conduzir a educação para o autocontrole: daqui a absoluta necessidade da castidade e da permanente educação para ela.” (FC, 33).
Lamentavelmente o nosso Presidente acusou de “hipocrisia” a todos que condenam o uso da camisinha no combate da AIDS; ai estão incluídos os Papas (João Paulo e Bento XVI) , os nossos bispos e o povo católico fiel ao Magistério da Igreja. É uma ofensa grave ao povo católico e a seus pastores.
Na verdade é uma lástima as autoridades, especialmente o Presidente da República, oferecer à juventude um meio imoral, inócuo e vergonhoso para o combate da AIDS.
São dezenas as pesquisas de cientistas na Europa e nos EUA que mostram que a camisinha falha em cerca de 10 a 30% na prevenção à AIDS. Essas pesquisas estão em minha página da internet – www.cleofas.com.br ou www.blog.cancaonova.com
Sabemos, como dizia John Spalding, que “as civilizações não perecem por falta de cultura e de ciência, mas por falta de princípios morais”. A castidade é uma grande força moral do homem e da civilização. O sexo só tem sentido no casamento; fora dele é fornicação e adultério.
Gandhi, que não era católico, o hindu libertador da Índia, amou tanto a castidade que alterou até a sua vida conjugal. Aos 31 anos de idade fez um pacto com sua mulher para viverem sem vida sexual. Dizia ele:
“Sei por experiência que, enquanto considerei minha mulher carnalmente, não houve entre nós verdadeira compreensão. O nosso amor não atingiu o plano elevado … No momento em que disse adeus a uma vida de prazeres carnais, todas as nossas relações se tornaram espirituais“.
Embora essa posição não seja o que ensina a Igreja, mas mostra quanto Gandhi, esse herói da Índia, amava a castidade. Ele ainda disse:
“A vida sem castidade parece-me vazia e animalesca”. Aquele que dominou os sentidos é o primeiro e o mais importante dos homens. A educação sexual deve ter como objetivo a superação da paixão sexual.”
“Um homem entregue aos prazeres perde o seu vigor, torna-se efeminado e vive cheio de medo. A mente daquele que segue as paixões baixas é incapaz de qualquer grande esforço”. (Gandhi, mensagem para hoje, Tomas Toschi, SP,Editora Mundo 3) O Presidente tentou justificar a distribuição gratuita de camisinhas porque “trinta por cento das meninas entre 15 e 17 anos que estão fora da escola é porque tiveram filhos”. Mas o que faltou para essas meninas não foi um pacote de camisinhas para elas distribuírem a seus namorados, mas sim educação para a castidade, um lar cristão, uma formação moral e a vigilância dos pais. O Presidente é mais um neste mundo que apela para “soluções fáceis e cômodas para problemas difíceis”, como disse Paulo VI.
Presidente, o que essas meninas precisam é de formação moral e não da vergonhosa camisinha que estimula o sexo e a prostituição delas. Isto nos faz lembrar Rui Barbosa:
“Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia, pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez
no julgamento da verdade, a negligência com a família…
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!" [1] "De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".
—–
Nota:
[1] Ao contrário da indicação do autor, esta primeira parte do texto é de autoria de Cleide Canton. Apenas a última parte provém da pena de Rui Barbosa (Equipe VS).