O Pai revelou o Filho para Se dar a conhecer a todos por meio Dele; ainda mais: a fim de acolher, em toda justiça, para a ressurreição eterna, os que Nele creem. Crer Nele é viver segundo sua vontade.
De fato, o Verbo já revela o Deus Criador pela própria Criação: pelo mundo, o Senhor que o construiu; pela criatura plasmada, o artífice que a plasmou; e pelo Filho, o Pai que O gerou. Destas coisas todos falam do mesmo modo, mas não creem todos do mesmo modo.
Pela Lei e pelos Profetas, o Verbo, igualmente, anunciava-Se a Si e ao Pai. Todo o povo do mesmo modo O ouviu, mas não creram todos do mesmo modo. Pelo Verbo, tornado visível e palpável, o Pai Se revelou, embora nem todos cressem Nele do mesmo modo. Todos, porém, viram o Pai no Filho. A Realidade invisível que se manifestava no Filho era o Pai; e a Realidade visível na qual o Pai Se revelou era o Filho.
O Filho tudo perfaz do princípio ao fim para o Pai, e sem Ele ninguém pode conhecer a Deus. O conhecimento do Pai é o Filho. O conhecimento do Filho pertence ao Pai e é revelado pelo Filho. Por este motivo, o Senhor dizia: ‘Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai; e nem o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho revelar’.
‘Revelar’ não se refere apenas ao futuro, como se o Verbo só tivesse começado a revelar o Pai quando nasceu de Maria. De fato, o Verbo Se encontra universalmente e em todo o tempo. No início, sendo o Filho presente à sua criatura, Ele revela o Pai a todos a quem o Pai quer, quando quer e como quer.
Em tudo e por tudo, há um só Deus, o Pai; e um só Verbo, o Filho; e um só Espírito – e uma única Salvação para todos os que Nele creem” (Contra as Heresias 4,6,3.5.7; SCh 100,442.446.448-454).