Reflexão Patrística – “Vigiai: Cristo virá novamente” (Santo Efrém da Síria, +373)

“Para impedir que os discípulos O interrogassem sobre o momento da sua vinda, disse-lhes Cristo: ‘Aquela hora ninguém a conhece, nem os Anjos nem o Filho. Não vos compete saber o tempo e o momento’ [cf. Marcos 13,32-33]. Ocultou-nos isso para que ficássemos vigilantes e cada um de nós pudesse pensar que esse acontecimento se daria durante a nossa vida. Se tivesse revelado o tempo da sua vinda, esta deixaria de ter interesse e não seria mais desejada pelos povos da época em que se manifestará. Ele disse que viria, mas não declarou o momento e por isso as gerações e todos os séculos O esperam ardentemente.

Embora o Senhor tenha dado a conhecer os sinais da sua vinda, não se vê exatamente o último deles, pois numa mudança contínua, esses sinais apareceram e passaram e, por outro lado, ainda perduram. Sua última vinda será igual à primeira.

Os justos e os profetas O desejavam, pensando que Se manifestaria em seu tempo; do mesmo modo, cada um dos fiéis de hoje deseja recebê-Lo em sua época, pois Ele não disse claramente o dia em que viria. E isto sobretudo para ninguém pensar que está submetido a uma determinação e hora, ele que domina os números e os tempos. Como poderia estar oculto Àquele que descreveu os sinais de Sua vinda, o que Ele próprio estabeleceu? O Senhor pôs em relevo esses sinais para que, desde o primeiro dia, os povos de todos os séculos pensassem que Ele viria no próprio tempo deles.

Permanecei vigilantes porque, quando o corpo dorme, é a natureza que nos domina e nossa atividade é então dirigida, não por nossa vontade, mas pelos impulsos da natureza. E quando a alma está dominada por um pesado torpor, como por exemplo a pusilanimidade ou a tristeza, é o Inimigo que a domina e a conduz, mesmo contra a sua vontade. Os impulsos dominam a natureza e o Inimigo domina a alma.

Por isso, o Senhor recomendou ao homem a vigilância tanto da alma como do corpo: ao corpo, para que se liberte da sonolência; e à alma, para que se liberte da indolência e pusilanimidade. Assim diz a Escritura: ‘Vigiai, justos’ [1Coríntios 15,34]; e também: ‘Despertei e ainda estou contigo’ [Salmo 138,18]; e ainda: ‘Não desanimeis’ [João 16,33]. Por isso, ‘não desanimamos no exercício do ministério que recebemos’ [2Coríntios 4,1]” (Comentário sobre o Diatessaron 18,15-17; SCh 121,325-328).

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