Pedro e a missão

A Confissão de Pedro

Em Cesaréia de Filipe, ao perguntar a seus discípulos quem dizem os homens ao seu respeito, Jesus recebe as seguintes respostas:

Para uns és João Batista. Assim pensava Herodes Antipas. Para outros és Elias. Esperado como mensageiro do grande dia de Javé. Para outros ainda, Geremias, o porta-voz de Israel nos momentos de crise nacional.

Mas, Jesus quer saber a opinião de seus próprios discípulos. Simão tomando a palavra, afirma prontamente: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16). Uma profissão de fé na filiação divina de Jesus, a qual se tornou mais clara para os apóstolos após a Ressurreição e o Pentecostes.

Jesus, ao usar uma linguagem semítica (carne-sangue; portas do inferno; ligar-desligar), faz, então, duas afirmações de excepcional importância:

A primeira: Simão será, agora, chamado Pedro (rocha). É Sobre esta rocha, Pedro, que será edificado o novo edifício. Sobre a rocha da fé de Pedro será construída a Igreja. A segunda: Os poderes da Morte não conseguirão jamais destruí-lo.

É sinal dessa missão o fato de ser Pedro o primeiro a ser nomeado na lista dos apóstolos. Jesus, ao deixar Nazaré, passa a residir na casa de Pedro em Cafarnaum. Ele faz parte também do pequeno grupo que testemunha a transfiguração no Tabor. Nos momentos mais importantes, em Cesaréia de Filipe em Cafarnaum, por ocasião do discurso sobre o pão vivo (Jo 6,68), Pedro se torna o porta-voz dos outros apóstolos. Jesus ressuscitado se manifesta primeiro a Pedro e depois aos outros discípulos.

Esta preferência dada a Pedro se justifica pela altíssima missão que lhe será confiada e a qual deverá cumprir com extremo amor (Jo 21, 15-17). Missão que deverá perpetuar-se em sua Igreja através dos séculos por seus sucessores, os bispos de Roma. Embora assumam nomes diversos, na história multi-secular da Igreja, são eles todos Pedro. Revestidos da missão de conduzir a Igreja de Cristo na terra. Missão de admitir ou de excluir na Casa de Deus. Missão de obrigar no campo da fé e dos costumes.

Missão exercida por Pedro como chefe da Igreja de Roma, fundada por ele juntamente com Paulo. Missão selada com o seu martírio. Missão exercida hoje por João Paulo II.

Rezemos no dia de Pedro, por João Paulo II, para que não lhe faltem as luzes e as forças divinas no cumprimento de sua grandiosa missão.

Dom José Freire Falcão
Cardeal ? Arcebispo de Brasília
13o. Domingo do Tempo Comum – 30.06.2002

 

O Envio e a Missão

No começo de seu ministério de pregação do Reino de Deus Jesus chamou alguns homens e os associou à sua obra. Número que chegou, mais tarde, a doze. Número que lembra as doze tribos de Israel. Segundo o evangelista Marcos, sua missão era acompanhar Jesus, anunciar a boa nova do Reino e libertar os possuídos pelo demônio (Mc 3, 14-15). Mateus nos dá a lista de seus nomes (Mt 10, 2). Encabeça a lista Simão, cujo nome Jesus mudou para Pedro. Ao enviá-los, para expulsar os espíritos e mundos e curar toda a sorte de males e enfermidades Jesus precisa os limites geográficos de sua mão: o povo de Israel. O objeto de sua pregação: o advento do reino dos céus. O comportamento: não há a avidez do lucro, mas a sobriedade e o abandono total à Providência (Mt 10, 5-10). A salvação messiânica deveria ser oferecida primeiro ao povo eleito e depois à ressurreição de Jesus aos outros povos. O tema de anuncio é mesmo de Jesus: “Convertei-vos porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 4, 17). O mesmo tema da pregação de João Batista. Os milagres que acompanharam este anúncio – “Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os mortos, expulsai os demônios” (Mt 10, 8) – Serão sinais da chegada do tempo messiânico. A missão dos apóstolos é a mesma de Jesus: “Como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20, 21). Missão também dos que averiam de continuar a missão dos apóstolos. Missão sempre urgente, porque “a colheita é grande, mas pouco os operários” (Mt 9, 37). Daí porque, Jesus quer que colaboradores sejam associados à sua missão. Por isso, seus discípulos devem dirigir-se ao Senhor da colheita para que envie operários para a sua colheita (Mt 9, 38). Aqueles que, através dos séculos, são chamados para continuar a missão de Jesus são pessoas humanas, frágeis e limitadas. Podem até conhecer a extrema franqueza humana, embora sejam chamados à perfeição. Jesus, no entanto quer que anunciem a boa nova do Reino não só por palavras que passam, mas pelo testemunho de suas vidas o qual perdura.

Dom José Freire Falcão
Cardeal ? Arcebispo de Brasília
11º Domingo do Tempo Comum – 16.06.2002

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