Refutando as razões pelas quais não sou católico romano (Parte 2/3)

8.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque as Sagradas Escrituras testemunham acerca da eficácia do sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo, que é capaz de nos purificar de “todo pecado” (cf. 1 Jo 1.7). A doutrina bíblica enfatiza que, mediante seu sacrifício vicário, Jesus Cristo a si mesmo se deu por nós, a fim de “remir-nos de toda a iniqüidade” (Tt 2.14; cf. Hb 9.28; 10.14; 1 Jo 3.5). Tendo sido transpassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas inqüidades, ao levar sobre si o castigo que nos era devido (Is 53.5; 1 Pd 2.24 compare com Mt 1.21; Lc 1.77; 2 Co 5.20-21; Jo 1.29).  

Por isso, creio que nossos irmãos – aqueles que já estão gozando da presença do Senhor – não estão no céu por terem sido purificados pelo fogo de um suposto purgatório, como supõem os católicos romanos. Antes, eles “lavaram suas vestes, e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7.14), visto que “aquele que nos ama, em seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Ap 1.5). Sendo desta forma e sabendo também que a expiação de nossos pecados passa somente pelo precioso Sangue de Nosso Senhor (Rm 5.9; Hb 9.22), como eu poderia crer na criação romana do purgatório?

Como acontece na imensa maioria das vezes, os protestantes não conhecem a doutrina católica, muito embora se ponham a criticá-la. Sob todos os ângulos, isto é uma lástima, pois acabam não somente espalhando os erros inerentes ao protestantismo mas, igualmente, acabam por deturpar a verdadeira e sã doutrina católica.

Quem já leu As Confissões de Santo Agostinho, sabe que esta tática do demônio não é nova. Os maniqueus faziam exatamente a mesma coisa, e quanto não se lamentou o Doutor de Hipona por dar ouvidos a estas mentiras.

Os maniqueus de ontem são os protestantes de hoje…

Exemplo esclarecedor é esta crítica feita à doutrina do purgatório. Seria uma crítica excelente, se a doutrina criticada fosse verdadeira. Como a doutrina que criticam não existe em lugar nenhum, as críticas a ela dirigidas nada mais são do que a pantomina habitual que os protestantes encenam na maior parte de seu tempo livre.

Diz a Igreja que o destino eterno dos homens é, apenas, dois: o céu ou o inferno; a salvação ou a condenação eternas. Ocorre que, dentre os que se salvam, nem todos estão preparados para entrar no salão das Núpcias do Cordeiro. Estes passam por uma purificação, não de seus pecados, mas das marcas que os pecados deixam no espírito humano.

De fato, o pecado acarreta duas conseqüências: uma pena eterna (que pode levar o pecador à morte eterna) e uma pena temporal. Esta deve ser entendida como a natural inclinação do pecador a reincidir no pecado. A pena eterna (a que nos poderia levar ao inferno) foi paga por Cristo. A pena temporal, deve ser expiada seja pelo próprio pecador, seja pela própria Igreja, mas tal expiação já pressupõe o perdão eterno e imutável do pecador. O pecador a expia com penitências ou no purgatório. A Igreja a expia através das indulgências, quando recorre ao méritos de Cristo e dos seus santos, distribuindo-os aos fiéis vivos ou já falecidos.

Assim, os que estão no purgatório já estão salvos. Apenas se preparam para entrar na visão beatífica.

Em síntese, esta é a verdadeira doutrina do purgatório.

Ao criticá-la, os protestantes afirmam que não existe purgatório pois o sangue de Jesus já é suficiente para nos salvar, e que, admitir a existência daquele seria anular o sacrifício vicário de Cristo. Mas, como já se afirmou, quem está no purgatório já está salvo, justamente em virtude deste sacrifício de Nosso Senhor.

Por outro lado, se eu acreditasse neste falso ensino de Roma, certamente que estaria negando a Jesus, o qual, falando da parte de Deus (Hb 1.1; At 3.22-23; Jo 15.15), só afirmou a existência do céu e do inferno, como vemos explícitamente em Lucas 16.23-28 (bem como em outros textos, leia:  Mt 5.22,29-30; Mt 10.28; Mt 18.8-9; Mt 25.41; Mc 9.47; Lc 12.5).

Com relação à Lc 16, 23-28, devo reconhecer que é um excelente texto, mas para provar a necessidade das obras para a salvação, especialmente o versículo 27. Agora, para provar a inexistência do purgatório (que, presume-se, seja a intenção dos autores) o mesmo já não o consegue. Não há nada que o negue.

Os demais textos indicados, igualmente, não negam a existência do purgatório. Quando muito, provam a existência do céu e do inferno. Os autores destas Razões parecem seguir a seguinte lógica: provada a existência do céu e do inferno, prova-se a inexistência do purgatório.

Esta “lógica” (que, como se verá, será usada inúmeras vezes) é exatamente a mesma usada por muitos Testemunhas de Jeová ao tentarem negar a existência pessoal do Espírito Santo. Eles citam diversos textos em que se fala do Pai e do Filho, sem fazer menção à terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Para eles, provada a existência do Pai e do Filho, prova-se a inexistência do Espírito Santo…

Como é óbvio, tal silogismo não passa de um grandíssimo sofisma, um não-argumento, que, por isto mesmo, deve ser descartado.

Também seria-me impossível crer nesta invenção papista porque ela atenta frontalmente contra a doutrina da Suficiência do Sacrifício de Cristo (Is 53.4-12; Mt 1.21; Jo 1.29; At 20.28; 1 Co 6.20; 1 Co 15.3,4; Gl 1.4; 1 Pd 1.18,19; I Pd 2.24; Hb 1.3; 7.26-27; 9.26-28; 10.10-14; 1 Jo 2.2; 4.10; Ap 5.9). Sem esquecermos que as Escrituras também nos ensinam que os cristãos, ao morrerem, vão imediatamente para o céu estar com o Senhor (cf. Lc 16.22, 25; 23.43; At 7.59; Fp 1.21,23; 2 Co 5.1,8; Sl 17.15; 73.24). Portanto, entre chamar Deus de mentiroso ou crer em Sua Palavra, eu prefiro a segunda opção.

Com relação à suficiência do Sacrifício de Cristo, já falamos linhas acima.

Cabe, aqui, uma pequena digressão acerca dos trechos citados no final deste parágrafo. Em Lc 16, 22, não se fala nem do céu, nem do Inferno. Fala-se do Seio de Abraão e do Sheol, conceitos bastante diferentes e que perderam sua utilidade depois que Cristo, por Sua Morte e Ressurreição, abriu-nos a porta dos céus.

Os textos de At 7, 59 e Sl 73, 24 não guardam qualquer relação com o assunto, pelo que eu deixarei de comentá-los.

O texto de Sl 17, 15, a rigor, diz exatamente o contrário daquilo que os autores destas Razões sugerem. Quando o salmista afirma: “Ao despertar, saciar-me-ei do teu rosto, Senhor“, ele está colocando a sua perspectiva de salvação para um ponto no futuro, depois da Ressurreição do último dia. Ou seja, (isto é bastante sintomático acerca do que o livre exame pode produzir) é idéia oposta à de que, ao morrermos, iremos “imediatamente para o céu”.

Por fim, os demais textos, simplesmente, afirmam que é possível que se vá ao céu sem passar pelo purgatório (esperança que também eu nutro). A lógica usada é semelhante à anterior: provado que se pode ir direto para o céu, prova-se que não se pode passar pelo purgatório.

Novamente, um retumbante sofisma; um grosseiro não-argumento, solenemente desconsiderável.

Até aqui, tratamos de desfazer os argumentos dos autores e mostrar o porquê dos mesmos estarem errados. A partir de agora, passaremos a mostrar o porquê da Igreja estar certa.

De fato, em Mt 12, 32, Jesus afirma que o pecado contra o Espírito Santo não será perdoado nem neste século nem no futuro. Desta forma, a única conclusão que se pode chegar é que existem faltas que são perdoadas no mundo futuro, isto é, cujas conseqüências temporais são apagadas para além da morte.

O trecho de 2 Mc 12, 46 é de uma clareza absoluta: “Eis por que Judas Macabeus mandou oferecer este sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seus pecados”.

Confira-se, por fim, 1 Co 3, 15.

9.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque eu creio que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens, e nosso único advogado. Na Epístola de Paulo a Timóteo podemos ler: “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem“(1 Tm 2.5). Este é o ensino que percorre todas as Escrituras e harmoniza-se perfeitamente com as Palavras daqu’Ele que de fato tem autoridade para definir as verdades divinas. Quão simples e límpidas são as palavras do Senhor ao dizer:  “Eu sou a porta das minhas ovelhas“(Jo 10.7). Ou ainda quando Ele afirma: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14.6). Ou quando Jesus nos ensina: “E tudo quanto pedires em meu nome eu o farei; a fim de que o Pai seja glorificado no Filho“(Jo 14.13ss; cf. Jo 15.16; 16.23; veja também: At 7.55-59; Rm 8.34; Ef 2.18; Hb 4.14-16; Hb 9.24; Hb 10.19-22). Sendo assim e não desejando rejeitar o ensino bíblico, eu jamais poderia aceitar os vários “falsos mediadores” que o Romanismo criou (Maria e os santos). 

Com relação à Mediação única e exclusiva de Cristo, há sempre muito a dizer. Entendido o texto de 1 Tm 2, 5 com o olhar bitolado com que o encaram os protestantes, chegar-se-ia à inexorável conclusão de que não devemos orar uns pelos outros. Afinal, quando oro por alguém, nada mais faço do que interceder por ele. Sou mediador entre Deus e aquele por quem oro.

Os protestantes, contudo, oram por si mesmos. E, terminada a oração, repetem como um axioma: “só há um mediador entre Deus e os homens”.

Coerência não é o forte dos protestantes…

O fato é que a correta interpretação de 1 Tm 2, 5 é muito mais sutil do que possa parecer. De fato, existe um único mediador, e uma única mediação entre Deus e os homens. E os santos (e nós mesmos, quando oramos por alguém) associamo-nos à esta mediação. A mediação dos santos não é paralela à de Cristo; é subordinada à mesma. Não mediam nem intercedem sozinhos, mas fazem-nos em Cristo, de forma que Cristo, que é tudo em todos, é que realiza, por meio daqueles a quem conquistou, a mediação junto ao Pai.

Também não poderia crer que Maria é nossa advogada, como ensina o Catolicismo, porque as Sagradas Escrituras são enfáticas ao afirmarem que temos somente um advogado junto a Deus e que este não é outro senão Jesus Cristo, o Justo. Está Escrito: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo.”(1 Jo 2.1; compare com Rm 8.34; Hb 7.25; 9.24).

Novamente, o trecho afirma que Jesus é o nosso advogado, não afirma que outros não o possam ser. A mesma lógica viciada amiúde exposta: provado que Jesus é nosso advogado, prova-se que Maria não o é.

Insista-se no que acima foi dito. A Bíblia dá vários exemplos de intercessão, seja no Antigo Testamento (Gn 18, 22-32; Ex 32, 11-14), seja no Novo (Jo 2,3ss; At 7, 60). Está tão recheada de pessoas orando a Deus que é, virtualmente, desnecessário que se façam citações sobre citações.

E, queiram os protestantes ou não, gostem eles ou não, orar a Deus por nós é tudo o que fazem os Santos.

10.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque creio no sacerdócio universal de todos os crentes (1 Pd 2.9; Ap 1.6; 5.9-10), não havendo necessidade de intermediários (cf. Mt 27.51; Jo 14.6; Ef 2.13,18; 1 Tm 2.5; Hb 4.14-16; 10.19-22). Por isso não poderia concordar com o sacerdotalismo dentro da perspectiva católico-romana.

Os autores destas Razões afirmam que não podem concordar com o “sacerdotalismo” dentro da perspectiva católico-romana. No entanto, dão amostras cabais de que não conhecem o que seria este “sacerdotalismo” católico.

Assim caminham os autores: ora deixando a lógica de lado, ora demonstrando desconhecimento do catolicismo, e, no mais das vezes, incidindo nos dois enganos.

A doutrina da Igreja ensina, claramente, que existe o sacerdócio universal dos fiéis. O batizado é rei, sacerdote e profeta. Ocorre que há uma diferença entre o sacerdócio presbiteral, e o sacerdócio comum dos fiéis.

O padre (ou presbítero) exerce o seu sacerdócio oferecendo o sacrifício da Missa. O fiel, exerce-o oferecendo a si mesmo, ofertando a sua própria vida pelo bem do Evangelho.

Ambos são sacerdócios, mas possuem graus diversos.

Portanto, não me venham com a bobagem de dizer que não se pode ser católico porque a Bíblia afirma que todos os fiéis são sacerdotes. Se a Bíblia o afirma, afirma-o também a Igreja, e esta “razão” já perdeu o sentido.

Por fim, quem quiser se arriscar a ler as citações bíblicas que “provariam” a desnecessidade de intermediários, que o façam. Já as li e, nenhuma delas, expressa aquilo que os autores afirmam.

11.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque creio que o Cabeça da Igreja é Jesus Cristo (Ef 1.22; 4.15; 5.22; Cl 1.18) e, por isso, não poderia aceitar o papado, através do qual o “papa” ocupa uma posição inexistente na Igreja Primitiva como nos mostram as Escrituras (1 Co 12.28; Ef  4.11; cf. Mt 20.25-28; Mt 23.9-10; Gl 2.11).

Este pequeno parágrafo abriga um gigantesco ataque ao papado e, em ricochete, à toda Igreja. Como acontece sempre e sempre, citam-se trechos fora de contexto, deixam-se de lado outros bastantes esclarecedores, e, de resto, acaba-se por revelar a ignorância acerca de alguns dos pontos mais básicos do catolicismo.

Os autores destas Razões parecem não saber que o Papa nada mais é do que um bispo que tem Roma como sua diocese. Não existe um “cargo” de Papa. Papa é o título do bispo de Roma, que, sucedendo Pedro, é chefe dos demais bispos e de toda a Igreja. Ora, eles afirmam que na Igreja primitiva não havia a figura do Papa e, ao mesmo tempo, para prová-lo, citam textos que afirmam que existiam Apóstolos (dos quais os bispos são sucessores). Portanto, havia bispos (ou Apóstolos, para quem preferir). E, entre eles, inegavelmente, Pedro era o chefe. Portanto, havia, sim, um Papa, ainda que não usasse este título.

12.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque creio na impossibilidade da comunicação com os mortos (Jó 7.9-10; Ec 9.5-6; Lc 16.19-31) e na reprovação proibitiva por parte de Deus diante de tal prática (Dt 18.10-14; Lv 20.6,27; 1 Cr 10.13; Is 8.19-20; Ap 21.8; 22.15). Sendo assim e amando a Palavra de Deus, eu jamais poderia aceitar o espiritismo praticado pelos “médium-videntes” católicos carismáticos que “psicografam” supostas mensagens de “Maria“, as quais não passam de manifestações demoníacas (2 Co 11.14-15; 1 Tm 4.1).

Para que alguém possa se defender de uma acusação, é necessário que, em primeiro lugar, esta acusação seja clara, no mínimo descrevendo os fatos imputados e dando as razões da imputação.

A afirmação segundo a qual existem católicos que “psicografam” mensagens de Maria é tão genérica que, ao final das contas, é impossível que alguém se defenda da mesma. Assim, pressuponho que os autores estejam se referindo a revelações particulares que, amiúde, alguns julgam ter.

À mingua de uma acusação minimamente articulada, passo a comentar aquela que, suponho, os autores destas Razões quiseram articular.

A Igreja aceita a possibilidade de revelações particulares e excepcionais, quando Deus, em Sua graça, o permite. Quando alguém alega ter recebido esta revelação, a Igreja a estuda para ver se, nela, há algo contrário à fé. Havendo, a Igreja a condena; não o havendo, a Igreja deixa aos fiéis a opção entre crer ou não crer nas mesmas.

Tal prática é radicalmente oposta à dos mediuns espíritas ou dos advinhos e necromantes mencionados nos textos elencados pelos autores destas Razões. Aquele que recebe uma revelação particular não é médium, não possui poderes extra-sensoriais, não é advinho, nem deve o povo católico socorrer-se deles para saber sobre o futuro, passado ou presente. Seriam pessoas normais, a quem Deus quis revelar algo, permitindo que um dos Seus Santos o faça.

Afinal, em muitas passagens bíblicas, Deus se revela por meio dos Seus anjos. Ora, os Santos são semelhante aos anjos (Mt 22, 30) e, se Deus se revela por meio destes, não há nada que O impeça de se revelar por meio daqueles.

De qualquer forma, tais práticas não são abrangidas pelas proibições bíblicas, pois são (ou seriam) revelações de Deus para a humanidade.

Agora, o que não há, na Bíblia, são revelações dos demônios aos homens, como acontece nos cultos de várias igrejolas protestantes nos quais o pastor (pasmen!!!), literalmente, entrevista demônios incorporados.

Esta, digamos, “entrevista com o Demônio” não é prática aprovada pela Bíblia. Foi justamente numa destas que caíram Adão e Eva.

13.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque eu creio na doutrina bíblica da Perseverança dos Salvos e isto porque “os dons e a vocação são irrevogáveis“(Rm 11.29). Creio firmemente na Segurança Eterna dos Filhos de Deus porque de maneira alguma eu ousaria desconfiar da promessa daqu’Ele que tem todo o poder nos céus e na terra (Mt 28.18) e cujos propósitos não podem ser impedidos (Jó 23.13; 42.2; Is 14.24), quando Ele mesmo é quem garante: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um” (Jo 10.28-30). 

E como poderia duvidar daqu’Ele cujas palavras jamais passarão (Mt 24.34; Mc 13.30; Lc 21.33) e em cuja boca não se achou engano algum (1 Pd 2.22)? Ainda mais quando Ele garante que: “Quem crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3.18). Ou ainda quando Ele também afirma: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. (Jo 5.24).

Segundo as Sagradas Escrituras, os que uma vez foram justificados são glorificados (passam pela glorificação): “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.”(Rm 8:30). Assim, em nada nos admira a confiança demonstrada pelo apóstolo Paulo ao dizer: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.”(Fp 1:6). 

Semelhantemente na Epístola aos Romanos lemos: “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.”(Rm 5.8-10). 

Os salvos em Cristo estão seguros não porque confiam na própria carne (Rm 7.18; Is 64.6; Gl 6.14; Fp 3.3), mas porque o Seu Salvador é Poderoso e os preserva (Jó 33.29-30; Is 43.2; Sl 125.1-2; Jo 10.29; 1 Co 1.8-9; 2 Co 12.9-10; Ef 1.11-14; Fp 2.13; 1 Ts 5.23-24; 2 Ts 3.3; Jd 1,24). O Apóstolo Paulo nos fala acerca dessa segurança dizendo que nossa vida está escondida com Cristo em Deus (“Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”- Cl 3.3). 

O Apóstolo Pedro também nos fala acerca desta verdade em sua Primeira Epístola, na qual Ele nos ensina que os salvos são guardados pelo poder de Deus para salvação. Ele diz: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e inacessível, reservada no céus para vós, que pelo poder de Deus sois guardados mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo”(1 Pd 1.3-5). O que se harmoniza perfeitamente com as palavras do Apóstolo João, em sua Primeira Epístola, quando Ele nos ensina que “Todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?”(1 Jo 5.4). 

Tal segurança não é em vão! Afinal, os cristãos também estão seguros porque são selados por Deus e já receberam o Espírito Santo: “Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações.”(2 Co 1:21-22; 2 Co 5.5; ver tb: Jo 14.16; Rm 8.9; Ef 1.13-14). 

Diante do conhecimento de tal verdade das Escrituras, eu jamais poderia aceitar a negativa do Catolicismo Romano perante uma doutrina bíblica tão evidente (ver Sl 37.23-24; 89.28-34; 121.3; Jr 32.40; Jo 3.14-15, 6.38-39,51, 57-58; Mt 18.14; Jo 11.25-26; 14.16,19; Rm 4.21-25; 8.34; 1 Co 1.8; 2 Co 4.14; Ef 1.5,13-14; 2 Ts 3.3; 2 Tm 1.12; 4.8,18; Hb 6.17-20; 7.25; 8.10-12; 9.12,15; 10.14; 12.5-11;1 Pd 5.10; 1 Jo 2.27; 5.11-12; 2 Jo 2.19).

Todo protestante se julga salvo de uma vez por todas, a partir do momento em que aceitam Jesus Cristo como Salvador pessoal de sua alma. Tal crença, tão esdrúxula quanto anti-bíblica, choca-se com o Magistério da Igreja Católica que, firme nas Escrituras e na Tradição, ensina que o cristão pode dispor da salvação que lhe é ofertada pelo Senhor, e, até o último momento, decair da graça de Deus.

Este longo ítem destas Razões é, de todos, o maior fracasso apresentado por seus autores. Da imensa quantidade de citações bíblicas, a maioria apenas demonstra, ou o poder de Deus em nos salvar, ou Sua vontade de fazê-lo, ou a esperança cristã de perseverar até o fim. Algumas citações, com muita clareza, demonstram a necessidade desta perseverança, e, algumas, simplesmente não existem ( v. g. : 2 Jo, 19).

Novamente, convido o leitor para, se tiver paciência, correr, uma por uma, as citações bíblicas sugeridas. Não há nada, rigorosamente nada, que afirme estarmos todos os cristãos salvos de uma vez por todas e para sempre.

Por outro, há muitas citações bíblicas que, clarissimamente, ensinam a necessidade de perseverança e a possibilidade de decairmos da graça. Começo (e, rigorosamente falando, eu não precisaria de qualquer outra citação) citando Mt 24, 11-13: ” E surgirão falsos profetas em grande número que enganarão a muitos. E pelo crescimento da iniqüidade, o amor de muitos esfriará. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo

Será que este trecho não consta da tradução do Almeida????

Parece que não, pois os adeptos da sola scriptura lêem-no e não o entendem. Lêem-no e, pasmen, seguem (e, infelizmente, desconfio que seguirão até o abismo final) afirmando que eles estão salvos de uma vez por todas. Vá entender…

Mas, obviamente, como todas as verdades bíblicas que os protestantes insistem em não enxergar, há muitas passagens outras que o afirmam. A título de exemplo, veja-se Hb 12, 13: “Endireitai os caminhos para os vossos pés, afim de que não se extravie o que é manco, mas, antes, seja curado.”

São Paulo, como um bom católico que era, também não estava certo de sua salvação. Ele afirmou: “Também eu esforço-me por agradar o Senhor, quer eu permaneça nesta mansão, quer a deixe. (2 Co 5, 10)

Sugiro, igualmente, que o leitor se detenha em Fl 3, 7-16. É uma verdadeira bofetada na doutrina da certeza da salvação. Nós católicos, ao não termos certeza da perseverança, temos a companhia de São Paulo, que, no trecho citado fala, com muita clareza, acerca dos esforços que empreende para aproximar-se mais e mais de Cristo. No ítem acerca da “imputação da justiça”, o trecho será analisado em maiores minúcias.

Chamo a atenção apenas para o versículo 16: “Entretanto, qualquer que seja o ponto onde chegamos, conservemos o rumo“. São Paulo, portanto, sabia que o cristão poderia “perder o rumo”, e advertia seus pupilos a não o perderem.

Acho que o leitor já percebeu o enorme (gigantesco) engano em que incorrem os autores destas Razões.

14.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque eu não poderia aceitar a heresia do Catolicismo Romano, o qual ensina aos seus adeptos que ninguém pode saber se é salvo. Este conceito é contrário às Sagradas Escrituras que nos ensinam acerca da certeza da graça.

Este ítem deriva do anterior. Lá se dizia que o protestante pode ter certeza de que está salvo para sempre; aqui, com outras palavras, diz-se a mesma coisa. O protestante pode saber que está salvo, porque foi salvo para sempre.

E, como foi salvo para sempre, pode saber que está salvo.

Trata-se, como se percebe, de uma petição de princípio.

Provado, como provamos linhas atrás, que se o cristão não perseverar na fé e nas obras, o mesmo perde a salvação, obviamente que não precisaríamos provar que ninguém pode ter certeza da mesma. No entanto, analisemos, sempre ad argumentandum tantum, os trechos abaixo.

Quão esclarecedoras são as palavras do apóstolo João (!), especialmente quando ele diz:

“E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.”(1 Jo 5.11-13). 

Exato: quem tem o Filho tem a vida; quem não O tem, não tem, igualmente, esta última. Ou seja, se o cristão morre com Cristo, o mesmo se salva; se o cristão afastar-se do Senhor, perde a vida eterna que lhe estaria destinada.

De forma semelhante lemos as palavras do apóstolo Paulo: “Porque seri em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.”(2 Tm 2.12). “Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e  habitar com o Senhor” (2 Co 5.8). “Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, é poder de Deus”(1 Co 1.18). Pergunta-se: Como o Apóstolo Paulo e os demais salvos podem ter esta certeza, esta confiança

Os autores precisam se decidir: ou São Paulo tinha certeza da salvação, ou tinha confiança em alcançá-la. O que não se pode dizer é que São Paulo tinha certeza e confiança ao mesmo tempo, pois a confiança é inferior à certeza.


É óbvio que São Paulo tinha apenas a justa confiança de alcançar a vida eterna (como demonstramos no ítem 13). Assim como os cristãos que, perseverando na Igreja, podem ter a mesma confiança e esperança que animavam São Paulo.

Expressões como “estou certo”, “nós, que somos salvos”, não são peremptórias, principalmente quando existem outras tantas que expressam apenas uma confiança.

A resposta nos é dada quando o  mesmo apóstolo explica que: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”(Rm 8.16; cf. 1 Co 2.12; 1 Jo 4.13). Desta forma, ao contrário do que afirma o Romanismo, a certeza da graça não trata-se de presunção, mas sim do testemunho íntimo do Espírito de Deus com o nosso espírito.

Com todo respeito, entre o versículo que afirma o Espírito “testificar que somos filhos de Deus”, e a conclusão protestante de que o Espírito Santo confere a certeza da salvação há uma distância abismal. O silogismo “o Espírito testifica sermos filhos de Deus, portanto, podemos ter certeza da salvação” é daqueles classificáveis como sofisma. Das causas não resultam os efeitos pretendidos pelos autores.

Ora, Lúcifer também era filho de Deus. Tinha (e tem) a mesma natureza que teremos quando formos salvos. E, no entanto, privou-se eternamente da Visão Beatífica. Ou seja, o fato de que o Espírito infunde em nós uma nova natureza não é, e nem pode ser, garantia de estarmos salvos eternamente. Podemos, como Lúcifer, perder a salvação.

Leia o que diz o apóstolo Paulo em sua Epístola aos Romanos: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.“(Rm 8.35-38) 

São Paulo no trecho acima faz uma das mais comoventes e belas elogias ao Amor de Deus de que se tem notícia. Nela, ressoa o encantamento de um homem com a economia da salvação perpretada por Deus e levada à cabo por Jesus Cristo. Nela, transparece a esperança como verdadeira virtude teologal, que permite ao cristão aguardar confiantemente a retribuição eterna de Deus.

São Paulo tem esta confiança. E com justiça a tem. Deus já dispôs todas as coisas para a nossa salvação, cabe, agora, não a perdermos. Nada, nem ninguém pode nos separar do Amor de Deus, a não ser nós mesmo. Anjos, potestades, tribulações presentes, tribulações futuras, fome, nudez, etc., nada disto é capaz de nos afastar de Cristo. Mas o próprio cristão o pode.


O cristão deve ter a esperança, juntamente com a fé e a caridade: “Agora, portanto, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três coisas”. Restaria perguntar aos autores de que “esperança” falava São Paulo se, segundos estes mesmos autores, ele já tinha certeza da salvação?

O cristão pode ter esta firme confiança porque, segundo as Sagradas Escrituras, quem crê nele não é condenado e tem a vida eterna (Jo 3.14-16,18,36; 6.47). Assim é que Jesus prometeu à mulher samaritana: “Aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna.”(Jo 4.13-14). Duvidaremos nós de tal promessa? (leia Nm 23.19; Rm 4.20-21; 2 Ts 3.3; 1 Co 10.13)

Não, não duvidamos de tal promessa, apenas que a compreendemos melhor do que os autores destas Razões. O homem tem sede de Deus, busca o criador em todas as criaturas. O único que pode aplacar esta sede é o próprio Cristo, de forma definitiva, pois nEle, o coração humano descansa: “O coração humano não descansa enquanto não descansar em ti, ó Senhor”. (Santo Agostinho)

Isto é o que Jesus afirma: Ele é capaz de aplacar esta busca humana, de satisfazer o coração humano. Nem de longe Jesus está afirmando que os que recebem o Espírito Santo podem ter certeza da salvação (como veremos abaixo).

Antes, podemos confiar inteiramente no nosso grande Salvador porque Jesus não é apenas o Autor da nossa fé, mas também é o Consumador da mesma (Hb 12.2), cujo fim é a nossa salvação (2 Pd 1.9). Por isso, de fato, podemos ter certeza da graça, certeza da nossa salvação: Jó 19.25-27; Sl 17.15; 49.15; 73.24-25; Rm 5:1-2,5; 2 Co 1.21-22; 1 Co 2.12; Gl 4.6; 1 Jo 5.10a; Rm 8.9; 1 Jo 3.1-3; 1 Pd 1.4-5,10-11; 1 Jo 3.14; Ef.1.13-14; 4.30; Hb 6.11,17-19; Jo 1.12-13; Rm 4.16; 8.1.

Como era de se esperar, os textos citados não apóiam as teses dos autores. Falam da esperança na vida eterna e, inclusive, muitos deles usam este vocábulo: esperança. Uma firme esperança (nunca uma certeza) é tudo o que o cristão pode ter, pois, com seu livre arbítrio, até à última hora, pode renegar à Cristo e perder a Salvação.

Um dos textos citados pelos autores é muito conclusivo a respeito: “Desejamos somente que cada um de vós demonstre o mesmo ardor em levar até o fim o desenvolvimento pleno da esperança, para não serdes lentos em compreensão, e sim imitadores daqueles que, pela fé e pela perseverança , recebem a herança das promessas.” (Hb 6, 11-12).

Acho que o texto dispensa maiores comentários…

15.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque o celibato obrigatório é anti-bíblico (Gn 2.18; Mt 8.14; Mc 1.30; Lc 4.38; 1 Co 9.5; 1 Tm 4.1-3; Hb 13.4), tal obrigação nem mesmo o apóstolo Paulo exigiu (1 Co 7.9; 1 Tm 3.1-2; Tt 1.6).

Como é uma constantes nestas Razões, os autores voltaram a demonstrar o desconhecimento do Catolicismo (que os mesmos criticam) e da Bíblia (que afirmam seguir). Em primeiro lugar, eles não poderiam discordar da doutrina católica sobre o celibato obrigatório pelo simples fato de que esta doutrina não existe.

Não existe um ponto de fé católico segundo o qual todos os sacerdotes devem, obrigatoriamente, serem celibatários. Tanto é assim, que alguns padres de rito oriental têm permissão para se casarem.

O que a Igreja impõe, como regra que admite exceções, é que os padres façam voto de celibato. Isto é uma norma de disciplina, não um dogma de fé. Não é um ponto de doutrina, sendo mutável no tempo.

Portanto, se é isto que impedia os autores de aderir ao catolicismo, sejam eles bem-vindos. Confessem-se com urgência e estejam na paróquia mais próxima no próximo domingo…

Não bastava este desconhecimento do catolicismo, os mesmos provam um enorme desconhecimento bíblico. Se é verdade que o celibato não é dogma de fé, não é menos verdade que o mesmo está no coração de Deus.

Jesus era celibatário; São Paulo era celibatário. Ambos recomendavam o celibato. O último, aliás, é de uma incisividade desconcertante: “É bom ao homem não tocar em mulher. (…). Quisera que todos os homens fossem como eu (…). Contudo digo às pessoas solteiras e às viúvas que é bom ficarem como eu.” ( 2 Co 7, 2. 7-8)

Veja-se, igualmente, Mt 19, 12: Há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus”.

Portanto, é de se esperar que, entre os verdadeiros cristãos, o celibato seja louvado, recomendado e praticado. Exatamente como acontece na Igreja Católica: para os padres, em regra, é contingencialmente obrigatório; todos são chamados ao mesmo; muitos, nos mosteiros e conventos, o praticam.

Já os protestantes… Sob o pretexto de não imporem o celibato como obrigação para seus pastores, não praticam celibato nenhum, fugindo daquilo que a Bíblia, claramente, aponta como sendo desejável por Deus. O leitor pode perceber, claramente, qual é a Igreja que se manteve fiéis a todos os ensinamentos cristãos e quais as que, sob o pretexto de reformá-la, afastaram-se (e afastam-se mais e mais) do genuíno cristianismo.

16.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque creio que a pecaminosidade e todas as suas conseqüências abrangem a todos os humanos (2 Cr 6.36; Jó 15.14-16; Sl 130.3; Pv 20.9; Ecl 7.29; Is 53.3; Is 64.6; Tg 3.2,8; 1 Jo 1.8-10), de modo que todos os homens são pecadores e inclinados à prática do mal, por natureza.

Uma das verdades que a Escritura é repetitiva em afirmar é que “não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque“.(Ecl 7.20). Na Epístola de Paulo aos Romanos, somos ensinados que “… todos estão debaixo do pecado” e que “não há um justo, nem um sequer…” porque “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.9-10, 23) e que “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e  pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.”(Rm 5:12. cf.1 Co 15.21; Sl 143.2; Rm 11.32; Gl 3.22; Ef 2.3). 

Como eu costumo dizer, um protestante, que já crê no sola scriptura, no sola fide, no sola gratia, e em tantas outras heresias, está pronto a crer em qualquer coisa, inclusive que Jesus Cristo, o Filho de Deus, o pantocator, Aquele por meio de quem tudo existe, iria nascer de uma mariazinha qualquer.

Um protestante crê que Maria Santíssima é uma crente como outra qualquer, não obstante a Bíblia chamá-la de bendita entre TODAS as mulheres. Que se pode fazer? Cada um crê naquilo que quiser…

Neste ítem, os autores começam derrapando como todo protestante na verdadeira conceituação do que seria a Imaculada Conceição de Maria. Depois, e deforma até surpreendente, tentam rebater a verdadeira doutrina católica acerca do tema, mas, infelizmente para eles, não lograram sucesso.

Vejamos.

Diante de uma verdade bíblica tão clara, eu jamais poderia crer na “Imaculada Conceição de Maria“, dogma que outorga à Maria a impecabilidade, a qual é exclusividade de Jesus Cristo segundo as Escrituras (Rm 5.18; II Co 5.21; Hb 4.15; 7.26; 1 Pd 2.22; 3.18;1 Jo 3.5). Verdadeiramente, só Jesus pôde dizer: “Quem dentre vós me convence de pecado?“(Jo 8.46)- uma realidade que fica muito bem ilustrada na narração do livro da Revelação, em Apocalipse 5.2-5.

Há, de fato, trechos bíblicos que estabelecem a regra segundo a qual todos pecam. Ocorre que tal regra comporta exceções, sendo lícito ao intérprete buscá-las.

Afinal, diz a Bíblia que todos pecaram, mas, em outros pontos diz-se que Jesus não pecou. Portanto, a regra (“todos pecam”) comporta, pelo menos, uma exceção: Jesus Cristo.

E, se comporta uma, pode comportar duas.

E assim o é.

Os autores destas Razões citam, no parágrafo imediatamente acima, versículos bíblicos que afirmam que Jesus não pecou (como se a Igreja Católica dissesse o contrário…). Aqui, vê-se claramente o mesmo vício de lógica a que, inúmeras vezes, nos referimos acima: provado que Jesus não pecou, prova-se que Maria não foi isenta de pecado.

O mesmo tipo de sofisma, o mesmo tipo de não-argumento, que merece o mesmíssimo e solene desprezo.

O fato é que embora a Bíblia não o diga expressamente, ela também não afirma que uma outra pessoa, além de Jesus, não possa ter sido preservada de todo e qualquer pecado. Além de Jesus, mais alguém poderia ter escapado à regra segundo a qual “todos estão sob o domínio do pecado”. E Maria, por uma necessidade lógica, também é uma exceção a esta regra.

Os argumentos utilizados pelos apologistas da religião do papa são claramente descabidos. Alguns deles defendem a tese de que o Salvador não poderia ter habitado no ventre de uma mulher, sendo esta pecadora. Estes, porém, se esquecem que todos os cristãos também são pecadores, mas ainda assim não deixam de ser templo e morada do Espírito Santo (1 Co 6.16), que é pessoa divina (At 5.4), sendo um em essência com o Pai e com o Filho.

Os autores destas Razões usaram de uma comparação bastante infeliz para afastar o argumento católico. Afinal, existe uma imensa, uma colossal diferença entre a relação que o Espírito Santo estabelece com cada fiel e a relação que este mesmo Espírito e que o Filho estabeleceram com Maria.

Pelo que eu sei, não há notícias de protestantes que receberam a efusão do Espírito Santo em potência e plenitude tais que geraram o próprio Filho, fisicamente, dentro de si. Até onde eu sei, nenhum protestante, até hoje, gestou o Messias; nenhum deles trocou pequenas quantidades de sangue com o Filho do Homem; nenhum deles deu à luz o Salvador do mundo; nenhum deles o amamentou.

A comparação, portanto, é, no mínimo (e para falarmos muito pouco) totalmente descabida. A relação que a Trindade Santíssima estabeleceu com a Virgem Santa é de tal ordem que não houve outra igual. E nem haverá.

O privilégio de Maria é único em toda a criação, e supera, infinitamente, o privilégio dado aos próprios anjos.

Então, não me venham com argumentos pueris do tipo “Maria é uma crente como outra qualquer” ou do tipo “o Espírito Santo habita no corpo de pecadores, pelo que o Filho pode ter habitado no corpo de uma pecadora.” A posição de Maria na criação é absolutamente única, e, esperneiem os hereges à vontade, infinitamente superior à concedida aos outros cristãos.

Há ainda nas Escrituras, particularmente no Evangelho de Lucas, uma declaração de Maria que causa verdadeiros calafrios nos advogados da Imaculada Conceição. Ela disse: “A minha alma se alegra em Deus, meu Salvador“(Lc 1.47). Como dizem que perguntar não ofende, surge então uma pergunta que não quer calar: “Maria foi salva do quê, se ela não era pecadora, conforme dizem os romanos?” – visto ser óbvio que só pecadores perdidos necessitam de um Salvador (cf. Mt 1.21; 18.11; Lc 1.77; 19.10), alguém que possa redimi-los (cf. Rm 3.23-24; Ef 1.7).

Para tentar conciliar o seu dogma espúrio com esta passagem da Escritura, o Catolicismo Romano realiza a manobra de ensinar aos seus adeptos que a salvação referida por Maria não seria uma salvação como a nossa. Segundo eles, a mãe de Jesus estaria se referindo ao fato de ter sido salva do pecado antes mesmo de nascer e, conseqüentemente, de cometê-lo. Porém, Maria, como uma serva do Senhor (Lc 1.38), definitivamente não pensava como os apologistas romanos, tanto que passados os dias da purificação, ao levar Jesus para apresentá-lo no Templo, ofereceu como sacrifício um par de rolas (Lc 2.22-24). Um das aves foi – para desespero dos romanistas – pelo seu pecado, de acordo com Levítico 12.8, que ordenava: “Mas, se as suas posses não lhe permitirem trazer um cordeiro, tomará então duas rolas, ou dois pombinhos, um para o holocausto e o outro para a oferta pelo pecado, assim o sacerdote fará expiação pela mulher, e será limpa“. 

Por isso, entre crer que as Escrituras Sagradas são em sua totalidade inspiradas e infalíveis (2 Tm 3.16; 2 Pd 1.21) ou confiar em homens que não possuem o mínimo compromisso com a verdade, a ponto de negarem o que está expressamente escrito criando subterfúgios, eu prefiro me ater somente aos ensinos das Sagradas Escrituras sopradas pelo Deus Todo-Poderoso.

Os autores tentaram contra-argumentar o ensinamento católico segundo o qual Maria também foi salva por Jesus. Apenas que, uma vez que com Ele estabeleceria ela uma relação de intimidade tal que a nenhuma outra criatura foi jamais dada estabelecer, e uma vez que, teologicamente, a Mãe do Salvador é a Nova Eva, a salvação foi dada a Maria em antecipação aos méritos que Jesus angariaria na cruz.

Argumentam os autores que Maria, segundo a regra de Lv 12, 8, ofereceu um sacrifício em expiação pelo seu pecado. Tal sacrifício era devido por todas as mulheres que dessem a luz, e se consubstanciava mais numa impureza ritual do que em pecado propriamente dito (afinal, ele era devido pelo fato da mulher ter dado a luz, e tão somente por isto). Dar à luz não é, exatamente, um pecado, do qual Maria devesse ser perdoada. Afinal, ninguém precisa de perdão pelo fato de trazer, ao mundo, o Salvador.

O texto de Levíticos é muito claro sobre isto: Se a mulher der à luz um menino, ficará impura durante sete dias, como por ocasião da impureza de suas regras (…), e durante trinta e três dias, ela ficará ainda purificando-se do seu sangue. (…) Quando tiver cumprido o período de purificação (…), levará ao sacerdote, à entrada da Tenda da Reunião,, um cordeiro de um ano para o holocausto e um pombinho ou uma rola em sacrifício pelo pecado.. O sacerdote os oferecerá diante de Yahweh, realizará por ela o rito de expiação e ela ficará purificada do seu fluxo de sangue.”

Como se vê, este rito era para apagar da mulher uma impureza ritual. Embora, para os judeus, as noções de pecado e de impureza ritual (que, em suma, privava a pessoa de participar das festas sagradas, e de tocar em objetos de culto), no cristianismo esta confusão desapareceu. Infelizmente, os autores destas Razões não se deram conta disto.

Afinal, aceitando a tese de que impurezas rituais e pecados fossem a mesma coisa, o sacrifício oferecido por Maria poderia livrá-la de um único pecado: o de ter dado à luz o Salvador da Humanidade. E de nenhum outro mais.

Será que, realmente, é necessário rebater este absurdo?

Aceitando, ad argumentandum tantum, que os autores estejam corretos, e que o sacrifício de Lv 12, 8 é, realmente, ofertado pelos pecados do oferente, o fato é que isto, em absoluto, prova que Maria esteve incursa em qualquer erro. Afinal, o próprio Jesus aceitou ser batizado por João, batismo este de arrependimento. Ora, do que estaria arrependido o Messias, se nele não se encontra culpa nenhuma?

Este fato é tanto mais significativo quando se sabe que, no ritual de “purificação” da mulher que concebeu uma criança, havia uma piscina na qual ela se submergia, saindo “pura” de suas águas.

O que Maria fez nada mais foi do que faria Jesus às margens do Jordão. E nem por isto os autores crêem que Jesus tinha pecados dos quais se arrependesse.

Jesus se batizou para “cumprir a justiça”. Igualmente, Maria ofertou os pombinhos e passou pelo ritual da purificação para cumprir a Lei de Moisés, que o exigia pelo simples fato de ter a mulher posto um filho no mundo

17.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque as Escrituras só nos ensinam a orarmos a Deus (Jó 22.27; Sl 50.15; Jr 29.12; Jr 33.3; Fp 4.6; 1 Jo 5.14), exatamente como Jesus também nos ensinou (cf. Mt 6.6; 26.39; Lc 11.1-2; Jo 14.13; 16.23) e como os cristãos do livro dos Atos dos Apóstolos faziam (cf. At 4.24; At 12.5; At 16.25; At 10.2). 

Os textos citados, sem qualquer exceção, apenas mostram que podemos e devemos orar a Deus (como se a Igreja Católica dissesse o contrário…). Também aqui, os autores destas Razões usam de sua lógica distorcida: provado que podemos e devemos orar a Deus, prova-se que não podemos e não devemos orar aos santos.

No entanto, os textos não permitem esta conclusão.

A rigor, aliás, a passagem do pobre Lázaro, mostra o rico avarento orando para Abrãao, uma vez que lhe dirige uma súplica. Veja-se: “Pai Abraão, tem piedade de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo para me refrescar a língua, pois estou torturado nesta chama.” E, mais adiante, prossegue suplicando a Abraão: “Pai, eu te suplico, envia então Lázaro à casa de meu pai (…). (Lc 16, 24-26)

Assim foi, assim é e assim sempre será entre os cristãos bíblicos, porque sabemos que só o Senhor Deus, através do seu atributo único da onisciência, pode ler os nossos pensamentos e conhecer os segredos de nosso coração (cf. 1 Rs 8.38-39; Sl 44.21; Sl 94.11; Sl 139.1-16; Pv 21.2). E, como já tratamos no item 8 deste artigo, as Sagradas Escrituras também nos ensinam a mediação única de Jesus Cristo (Jo 14.6; Hb 7.25; 10.19-20; 1 Tm 2.5; Ef 2.18), rejeitando a possibilidade de mortos ouvirem orações no céu, porque “para sempre não tem eles parte em coisa alguma debaixo do sol” (Ecl 9.6). 

Esta afirmação de que “assim é e assim sempre será entre os cristãos” carece de qualquer apoio na história. Desde tempos imemoriais, os cristãos veneram os seus santos. Eozébio de Cesaréia (antes de Constantino), nos dá conta de que os cristão, perseguidos por Roma, já contavam com a intercessão dos santos, já guardavam suas relíquias, já celabravam a Eucaristia junto delas. Aliás, ele nos mostra que, desde o começo, já haviam os que acusavam os cristãos de idolatria, exatamente as mesmas críticas, eivadas dos mesmos erros, que os autores dirigem ao catolicismo.

Nas catacumbas romanas, podemos ver, muito claramente, que os cristãos sabiam (como os verdadeiros cristãos sabem até hoje) que o vínvulo do batismo não se dissolve com a morte, e que os que já haviam morrido em Cristo continuariam rogando por nós na eternidade.

Vejamos, a título de exemplo, os textos abaixo, que nos vêm dos primeiros cristãos:

Façamos menção aos já falecidos; primeiro aos patriarcas, profetas, apóstolos e mártires que, por suas orações e súplicas, Deus receberá nossos pedidos. ( São Cirilo, Leituras Catequéticas)

A oração, contudo, é oferecida em benefício de outros mortos de quem lembramos, pois é errado rezar por um mártir, a cujas orações nós devemos nos recomendar. (Santo Agostinho)

No texto acima, fica clara a crença de Santo Agostinho (e de todos os cristãos) não apenas na intercessão dos santos, mas, igualmente, no purgatório. Ele afirma que, deve-se oferecer orações em favor dos mortos, muito embora os mártires delas não necessitem.

Vejamos um outro texto:

O povo cristão celebra unidos em solenidade religiosa a memória dos mártires, tanto para encorajar que sejam imitados quanto para que os cristãos possam repartir seus méritos e serem auxiliados pelas suas orações. (Santo Agostinho)

Este último trecho é bastante significativo, pois, além de demonstrar a crença na intercessão, demonstra, claramente, que para os primeiros cristãos, havia méritos nos santos (o que demonstra que eles jamais aceitariam o sola fide), e que eles criam que tais méritos poderiam ser distribuídos aos viventes (o que demonstra a crença tanto na comunhão dos santos quanto nas indulgências).

Talvez os autores afirmem que estes cristãos não são exemplo de “cristãos bíblicos”, e que já estavam contaminados pelo paganismo de Roma. O curioso é que não há qualquer resquício destes “cristãos bíblicos” até pouco antes da Reforma.

Com relação à onisciência, deve-se ter em conta que apenas Deus é onisciente. A Igreja não diz o contrário. Apenas que Deus, em Seus desígnios, pode (quero ver um protestante afirmar que Deus não o pode…) dar a conhecer aos Santos as súplicas que lhes fazem os homens da Igreja peregrina.

Isto seria, ademais, uma questão de lógica. Se um cristão pode rogar a outro cristão que o mesmo ore pelo primeiro a Deus (coisa muitíssimo comum mesmo entre os protestantes), por que razão de ordem lógica um cristão vivo não poderia pedir a um de seus irmãos que já estão na glória da eternidade que lhe conceda o mesmo favor?

Mas, como, definitivamente, a lógica não é o forte dos protestantes, passemos à Bíblia (que, a bem da verdade, também é solenemente desconhecida dos mesmos).

A Bíblia, mais de uma vez, proclama esta possibilidade. Como católico, eu poderia citar, simplesmente, e de forma definitiva, o texto de 2 Mc 15, 12-16. Este texto é expresso e categórico ao afirmar a intercessão dos mortos pelos vivos. Citando-o, sinto-me no direito de passar ao ponto seguinte, pois, uma vez que o Segundo Livro de Macabeus é Escritura Sagrada e inspirada pelo Espírito Santo, as bases bíblicas da doutrina católicas encontrar-se-iam definitivamente demonstradas.

Os autores, contudo, não o aceitariam, visto que o Demônio, que já havia roubado a Tradição dos protestantes, não se contentando com isto, resolveu roubar-lhes, igualmente, parte das Escrituras. Assim, os protestantes são como aquele que, além de ter um único pé, ainda falta-lhes um pedaço do mesmo.

A queda é inevitável.

Contudo, recorramos, a partir de agora, apenas a textos bíblicos que, supõe-se, os autores destas Razões aceitam como inspirados. Comecemos com Jr 15, 1: “E o Senhor me disse: Mesmo que Moisés e Samuel intercedessem junto a mim por este povo, eu não teria piedade com ele.”

Pois é…

Veja-se, em Ap 6, 9, como os mortos sabem (ou, pelo menos, podem saber) o que se passa na terra: “E clamaram (os mártires do cristianismo) em alta voz: ‘Até quando, ó Senhor, Santo e verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando o nosso sangue contra os habitantes da terra?”.

O que dizer de Ap 8, 3-4? Vejamos: “Outro anjo veio portar-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro. Deram-lhe uma grande quantidade de incenso para que o oferecesse com as orações dos santos, sobre o altar de ouro que está diante do trona. E, da mão do anjo, a fumaça do incenso comas orações subiu para junto de Deus.”

Esta passagem é absolutamente conclusiva e destrói, por completo, a doutrina protestante de intercessão única e exclusiva de Cristo, pois mostra um anjo (uma criatura) elevando as preces dos santos até Deus. O anjo em questão faz, rigorosamente, aquilo que, no ensinamento da Igreja, fazem os Santos nos céus por nós, homens da terra.

Sendo assim e procurando agir em conformidade com as Escrituras, eu jamais poderia aceitar o ensino anti-escriturístico do Romanismo que orienta seus adeptos a orarem a mortos, os quais em tempo algum ouviram nem sequer uma das orações dos milhões de católicos. Orientar o povo a dirigir suas orações à outras pessoas que já morreram é o mesmo que colocar a criatura no lugar devido ao Criador (Rm 1.25), contrariando assim a Escritura (Is 40.25; 46.5; 1 Co 8.6; 1 Tm 6.15-16).,,,,

Este parágrafo despropositado contém duas afirmações: que os santos não ouvem, sequer, uma das orações dos católicos; e que orar aos santos é colocar a criatura no lugar do criador.

Vejamos cada uma destas afirmações.

Em primeiro lugar, que os santos ouvem nossas orações é um fato. Tanto ouvem que contam-se aos milhares os milagres verdadeiros (cura imediata, total e permanente) conseguidos através de suas beatíssimas intercessões.

Repito: aos milhares.

Aliás, milagres verdadeiros (à exceção dos milagres eucarísticos) quase que somente se conseguem com a ajuda das orações destes nossos irmãos que já gozam da Visão Beatífica de Deus. Milagres reconhecidos, inclusive, por cientistas que, sem exceção, atestam o caráter milagroso destas curas.

Já o mundo protestante não legou, à humanidade, sequer um exemplo de milagre atestado pela ciência. Os protestantes, pondo-se voluntariamente, em descomunhão com toda a Igreja Triunfante, com suas pobres orações têm enorme dificuldade de angariar uma intervenção direta de Deus nos acontecimentos. Tudo o que apresentam são pseudo-milagres, que não resistiriam a qualquer investigação séria.

Com relação à segunda das afirmações (orar aos santos é colocar a criatura no lugar do Criador), novamente equivocam-se os protestantes acerca da verdadeira natureza do culto aos santos. Colocaríamos a criatura no lugar do criador se dirigíssemos aos santos a latria devida apenas a Deus. A dulia aos santos não o faz. Se os autores estivessem corretos, sempre que um cristão pedisse a oração de outro cristão estaria incorrendo em idolatria.

Tal tese seria tão absurda que não merece maiores comentários.

18.NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque as Escrituras ensinam que a regeneração (cf. Tt 3.5-7) é o ato inicial da salvação em que Deus faz nascer de novo o pecador perdido (Jo 3.3-5; Ef 2.4-6), quando este recebe a Jesus pela fé (Jo 1.12-13; Jo 5.24; 1 Jo 5.11), fazendo dele uma nova criatura em Cristo (2 Co 5.17; 1 Pd 1.3, 23; Tg 1.18; Ef 4.20-24; Gl 6.15; Cl 3.10; 1 Jo 5.1), sendo batizado no Espírito Santo (1 Co 12.13), no qual é selado para o dia da redenção final (Ef 1.14; 4.30).

Sendo assim e atentando para o ensino das Sagradas Escrituras, eu jamais poderia aceitar a tese católica da regeneração batismal, a qual afirma que o novo nascimento do cristão ocorre através do batismo. Também não poderia aceitar este falso ensino porque ele entra em choque com várias Escrituras, como por exemplo: At 10.34-43; At 11.15-18; At 15.7-9; 1 Co 1.13-17; Jo 3.18, 36; Lc 23.43.

Poderíamos resumir a controversia deste ítem numa pergunta: o que devemos fazer para sermos salvos? Devemos ingressar na Igreja e nela vivermos, alimentando-nos dos sacramentos, ou, então, basta um sincero ato de fé em Jesus Cristo, sendo, a partir de então, salvos para sempre, não importa o que venhamos a fazer, não importanto a pertença a nenhuma igreja e sendo inútil a chamada “economia sacramental”?

A esta resposta, São Pedro responde em At 2, 38: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão dos vossos pecados, e então recebereis o Espírito Santo.”

Aliás, a bem da verdade, o próprio Mestre já havia dito: “Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado.”

Ó, miopia que cega os inimigos da Igreja!!! Os autores destas razões, habilmente, selecionaram os trechos que falam da importância da fé para a salvação, omitiram os que falam da necessidade de obras e ignoraram, solenemente, aqueles que falam da necessidade do batismo.

Não basta um ato de fé; é necessário o batismo, segundo aquilo que, clara e cristalinamente, sem rodeios e sem dar margem para dúvidas de quantos siceramente lerem as Escrituras, disse o próprio Jesus.

E disse mais! “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo o quanto vos ordenaei” (Mt 28, 19-20).

Neste trecho, vemos claramente a importância da fé (“fazei que todas as nações se tornem discípulos), das obras (“ensinando-as a observar tudo o quanto vos ordenei”), e, como não poderia deixar de ser, do batismo (“batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo).

Não precisaríamos de mais nada. O tripé do cristão está estabelecido (batismo, fé e obras). Mas, no entanto, há uma passagem ainda mais explícita. Trata-se de Jo 3, 5, no qual, Jesus, conversando com Nicodemos, afirma: “Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino dos Céus

Portanto, a água efetua um novo nascimento. Das águas batismais nascem novas criaturas. Para que não houvesse dúvidas a que água se referia Jesus, fino o diálogo, São João afirma que Jesus levou seus discípulos para a Judéia “permanecendo ali com eles e batizando (Jo 3, 22)

A maioria dos protestantes, contudo, seguirá, gerações afora, deturpando, consciente ou inconscientemente, a verdadeira mensagem de Jesus Cristo, selecionando da Bíblia apenas as passagens que lhes convém, e esquecendo as demais.

Entretanto, a maior prova que tal conceito romanista é herético está em Atos 10.45-48. Nesta passagem é relatado que os gentios haviam recebido o Espírito Santo, que é o selo da salvação (Ef 1.14; cf. Rm 8.15-16; Gl 4.6), antes de terem sido batizados. Ora, isto só vem provar que a partir do momento em que creram (Ef 1.13), eles foram tidos como “de Cristo” (cf. Rm 8.9; At 26.18; 1 Jo 4.13), estando livres de condenação (Rm 8.1; Jo 3.18, 36; 5.24) e “purificados pela fé“(cf At 15.9), mesmo antes do batismo!!! E não se pense que este caso poderia ser uma exceção, pois casos semelhantes também estão registrados nos Evangelhos, leia Mc 2.5; Lc 7.50; 17.19; 23.43 e depois compare com Hc 2.4; Jl 2.32; Jo 6.40; 11.25-26; At 2.21; 16.31; Rm 1.17; 3.22; 4.5-7; 10.13-15; Gn 15.6.

Se o Espírito Santo é o elo da Salvação, como querem dizer os autores, então, a soterologia protestante terá sérios problemas. Isto porque a Bíblia é repleta de casos nos quais alguém recebeu o Espírito Santo antes de crer em Jesus ou de “aceitá-lO como Salvador pessoal de suas almas”.

Vejamos, apenas, alguns casos. Começo com Lc 1, 42: “Ora, quando Isabel ouviu a saldação de Maria, a criança estremeceu em seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.”

Vejamos, agora, o versículo 67 do mesmo capítulo: “Zacarias, seu pai, repleto do Espírito Santo, profetizou (…)”

Agora, veja-se Lc 2, 25-26: “E havia em Jerusalém um homem chamado Simeão que era justo e piedoso; ele esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo habitava nele. Fora-lhe revelado, pelo Espírito Santo, que não morreria antes de ver o Cristo do Senhor.”

É suficiente, ou os autores ainda quer que falemos dos profetas, de Moisés e de uma série enorme de personagens bíblicos que tiveram o dom do Espírito Santo?

Portanto, o argumento de que é a descida do Espírito Santo o que regenera e salva de uma vez por todas é, no mínimo, muitíssimo equivocado. O Espírito Santo desce sobre quem lhe apraz, muito embora, em regra, isto ocorra apenas com os batizados. E tal influxo não implica em salvação imediata e eterna a quem quer que seja.

Vê-se, então, que os advogados da regeneração batismal têm seríssimos problemas para explicar esta contradição. E não é por acaso! De fato, só há uma explicação possível para isto conforme as Sagradas Escrituras: a água do batismo não nos traz a salvação, a qual nos é garantida pelo precioso sangue de Jesus Cristo (1 Pd 1.19; cf. Rm 3.25; 5.9; Ef 1.7; 1 Pd 1.2,18,24) que nos purifica de todo pecado (1 Jo 1.7; cf Hb 9.14,22; Ap 1.5)!

A água do batismo não nos traz a salvação mesmo. De onde os autores destas Razões tiraram tal afirmação? Pelo batismo, apagam-se as manchas do pecado original, perdoam-se os pecados já cometidos, concede-se ao homem a filiação divina. Pelo batismo, ainda, a pessoa entra na Igreja como que por uma porta, onde, nutrida pelos sacramentos, e perseverando nas boas obras, pode ser salva graças à Morte e Ressurreição de Nosso Senhor.

Novamente, lamenta-se que os autores se ponham acriticar aquilo que, solenemente, desconhecem…

Porém, se pensássemos doutro modo, estaríamos entrando numa contradição sem fim porque presume-se que se a tese da regeneração batismal fosse lógica, certamente o ladrão da cruz não poderia ter sido salvo e ter ouvido de Jesus: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso“(Lc 23.43). Para estas palavras do Senhor, também só pode haver uma explicação possível nas Sagradas Escrituras: a salvação deve necessariamente ser pela graça e unicamente por meio da fé (Jo 3.15-16,36; 5.24; 6.47; At 10.43; 13.39; 16.31; Rm 3.22-26, 28, 30; 4.5-8; 5.1-2; 5.15-21; Gl 2.16; Gl 3.8,11; Ef 2.8-9), exatamente como tratamos no item 4! E também não se pense que o caso do ladrão da cruz foi uma exceção, pois não há um plano de salvação para uns e outro plano de salvação para outros (At 15.7-11; Rm 1.16-17; 3.23-26,30; 4.16-25).

Insista-se, o batismo é necessário, sendo que o mesmo pode ser de três tipos: o batismo sacramental (através da água) e o batismo de sangue, e, por fim, o de desejo. Este ocorre quando a pessoa, desejando ardentemente seguir a Cristo, morre antes que lhe seja possível receber o sacramento. Veja-se o § 1258 do CIC: “Desde sempre, a Igreja mantém a firme convicção de que as pessoas que morrem em razão da fé, sem terem recebido o batismo, são batizadas por sua morte por e com Cristo. Este batismo de sangue, como o desejo do batismo acarreta os frutos do batismo sem ser sacramento.”

O caso do Bom Ladrão se explica como sendo um batismo de desejo. Ele reconheceu Jesus como sendo o Messias, pediu-lhe o perdão, deu testemunho dEle diante de todos, recebendo, por fim, a garantia da salvação.

 

 

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