Refutando o ataque protestante à sagrada tradição da igreja de cristo

O autor protestante do texto começa questionando o significado da palavra Tradição. Vamos economizar munição matando vários coelhos com um tiro somente, citando outros textos bíblicos que os protestantes se agarram para combater a Sagrada Tradição:

“Jesus respondeu-lhes: E vós, por que violais os preceitos de Deus, por causa de vossa tradição?” (São Mateus XV,3)
“Assim, por causa de vossa tradição, anulais a palavra de Deus”. (São Mateus XV,6)
“Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens”. (São Marcos VII,8)
“E Jesus acrescentou: Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição”. (São Marcos VII,9)
“Estai de sobreaviso, para que ninguém vos engane com filosofias e vãos sofismas baseados nas tradições humanas, nos rudimentos do mundo, em vez de se apoiar em Cristo”. (Cl II,8)

Primeiramente, o que vem a ser Tradição? Podemos encontrar em dicionários vários significados. Veja:

No Dicionário Houaiss
Acepções
substantivo feminino
1. ato ou efeito de transmitir ou entregar; transferência, ato de conferir; 2. comunicação oral de fatos, lendas, ritos, usos, costumes etc. de geração para geração. Ex.: t. esquimós. 3. herança cultural, legado de crenças, técnicas etc. de uma geração para outra. 3.1. conjunto dos valores morais, espirituais etc., transmitidos de geração em geração. Ex.: a geração hippie rompeu com a t. 4. transmissão de uma notícia ou de um fato. Ex.: t. oral. 5. em certas religiões, conjunto de doutrinas essenciais ou dogmas não explicitamente consignados nos escritos sagrados, mas que, reconhecidos e aceitos por sua ortodoxia e autoridade, são, por vezes, us. na interpretação dos mesmos. 6. aquilo que ocorre ao espírito como resultado de experiências já vividas; recordação, memória, eco. 7. tudo o que se pratica por hábito ou costume adquirido. 7.1. uso, costume. Ex.: a t. do feijão com arroz.

Etimologia
lat. traditìo,ónis ‘ação de dar; entrega, traição; fig. transmissão, tradição; ensino’; ver trad-

Coletivos
folclore, populário.

 

No Dicionário Michaelis
tra.di.ção   sf   (lat traditione)
1 Ato de transmitir ou entregar. 2 Comunicação ou transmissão de notícias, composições literárias, doutrinas, ritos, costumes, feita de pais para filhos no decorrer dos tempos ao sucederem-se as gerações. 3 Notícia de um feito antigo transmitida desse modo. 4 Doutrinas, costumes etc., conservados num povo por transmissão de pais para filhos. 5 Conjunto de usos, idéias e valores morais transmitidos de geração em geração. 6 Memória, recordação, símbolo. 7 DirAção pela qual se faz a entrega real ou fictícia da coisa que é objeto de um contrato. 8 DirModo derivado de adquirir o domínio da coisa móvel, pela sua transferência, do poder do alienante para o do adquirente. 9 Rel catól A palavra de Deus não escrita, transmitida de viva voz à Igreja, e vinda de geração em geração até hoje, pela voz da Igreja, nos seus ensinamentos, nas suas orações e na sua disciplina. T. de disciplina: a que tem relação com certas disciplinas e ritos como a missa, os sacramentos, as orações, as práticas puramente disciplinares. T. de fé: V tradição doutrinal. T. doutrinal: tradição em que se baseia a religião e os dogmas. T. escrita: testemunho que, sobre um ponto importante, confirmam os livros sucessivamente publicados. T. oral: a que só consta pelo que se diz, não estando consignada em documentos escritos. Tradições nacionais: os grandes fatos da história de um país.

Etimologicamente, tradição vem do Latim ?traditione? e significa transmitir.
Conforme o contexto, o termo Tradição pode ainda significar: entregar, transferir, ensinar, comunicar. Mas também pode se referir aos costumes, às práticas de um povo e até mesmo de uma doutrina religiosa.
No estudo dos direitos reais, constante do Livro III do Código Civil brasileiro, podemos encontrar nos livros de doutrina jurídica, o conceito de tradição como a transmissão de um bem de direito real, ou seja, na compra de uma casa, cujas chaves o vendedor entrega ao comprador, ocorre a tradição do bem, portanto, materialmente o objeto comprado é transmitido de um para outro.
Apesar dos inúmeros significados deste termo, interessa-nos o que se relaciona à religião. Pelo que se depreende da pesquisa realizada nos dicionários, ?tradição? significa a mera transferência de ensinamentos de alguém para outrem ou então o costume praticado por um determinado grupo de pessoas. Por conseguinte, não se pode dizer que o signo lingüístico ?tradição? seja intrinsecamente bom ou mau, como desesperadamente anseia o ?ex-Padre?, isto se subordina à valoração daquilo que é transmitido.
Façamos uma comparação: uma chave de fenda é boa ou má? Ora isto dependerá do fim para o qual esta servirá; poderá ser excelente, caso seja utilizada para consertar um rádio, todavia, poderá ser extremamente ruim, se usada para atacar uma pessoa com estocadas. Não é a chave em si boa ou má, mas apenas um instrumento.
Da mesma forma a tradição; esta será boa ou má considerando-se o fim para o qual se destinará. Se as informações ou ensinamentos transmitidos se resumirem na perversa doutrina comunista ou protestante, claro que esta será uma péssima tradição, no entanto, se esta tradição se resumir nos ensinamentos dos Apóstolos, estaremos diante da Sagrada Tradição, à qual a Igreja exortava todos a seguir:

“Intimamo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido”. (II Ts III,6)

Ora, claro está, que estamos diante dos ensinamentos da Igreja transmitidos também pela tradição dos Apóstolos. E quando Nosso Senhor condena a tradição nas passagens transcritas acima, ele não se referia a toda e qualquer tradição, veja que Ele delimita qual tradição é condenável, quando assevera: ?vossa tradição…? (São Mateus XV,3, São Mateus XV,6 e São Marcos VII,9); ?tradição dos homens…? (São Marcos VII,8) e ?tradições humanas…? (Cl II,8).

As Sagradas Escrituras não podem ser contradizer, veja que a Tradição da Igreja dos Apóstolos não é uma tradição humana como aquelas execradas nos diversos contextos da Bíblia, porquanto, as autoridades religiosas presididas pelo Sumo Pontífice, inicialmente São Pedro, era (e ainda são) inspiradas pelo Paráclito, o Espírito da Verdade (ver novamente São João XIV,16-17). Isso implica que a doutrina da Igreja dos Apóstolos, à qual os convertidos seguiam (At II,42, II Tm III,10, Tt II,10) representa uma Tradição Divina, cujo canal de revelação é a Igreja instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo (São Mateus XVI,18).

Agora passemos para a questão: Esta tradição exortada por São Paulo se resume somente em escritos?
Supondo ser afirmativa esta pergunta, como então o fiel saberá se determinado evangelho ou carta é digno de fé, se, como vimos acima, somente a partir do século IV, a Igreja formulou um cânon dizendo quais eram os verdadeiros livros?
Cai o primeiro pilar da doutrina pessoal protestante do senhor Aníbal: Foi necessária uma autoridade para definir os livros da Bíblia, e essa autoridade se chama Sagrado Magistério, sem ele não existiria a Bíblia.
Magistério vem do latim ?Magister? que quer dizer ?Mestre?. Magistério esta relacionado à atividade pedagógica das autoridades de ensinar, assim o Sagrado Magistério da Igreja, que foi instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, definiu o cânon. Portanto, o Sagrado Magistério é anterior às Sagradas Escrituras, ai está uma fonte extra-bíblica para definir a própria Bíblia, por que ela não contém a lista dos livros verdadeiros e autênticos como conhecemos hoje.
Cai o segundo pilar da doutrina pessoal protestante do senhor Aníbal: Temos uma autoridade anterior à autoridade da Bíblia, se ela é anterior, então é extra-bíblica, se é extra-bíblica, então estamos diante de uma Tradição (que é Sagrada), porque esse cânon é seguido desde o século IV, sendo que no Concílio de Trento ele foi proclamado como dogma. Em outras palavras, os pobres protestantes obedecem a um dogma católico, ou seja, no que tange a Bíblia, os protestantes recorrem ao Sagrado Magistério Católico, por conseguinte, à Sagrada Tradição Católica, que nada mais é do que os ensinamentos da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo transmitidos (olha aí tradição novamente) ao longo dos séculos sem estarem na Bíblia; e é preciso reafirmar que a lista dos livros reconhecidos pela Igreja como autênticos não foram citados na Bíblia.

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