Religiosidade esclarecida

Em nossos dias, infelizmente, muitos católicos se deixam levar por uma série de superstições, influenciados pelos meios de comunicação social, inclusive pelas perniciosas novelas, O descontrole psicológico, a falta de dinheiro e outros fatores, aliados a uma profunda ignorância religiosa fazem pessoas ir às cartomantes, aos terreiros de macumba, aos benzedores. Alguns gastam até somas vultosas na busca da sorte e só aumentam as desgraças. Adite-se que idéias negativas passam a povoar a mente daqueles que se entregam a práticas que só contribuem para fazer crescer a insegurança interior. Nunca é racional alimentar preconceitos e presságios infundados hauridos de circunstâncias fortuitas. É preciso obedecer aos preceitos bíblicos. Está claramente no Livro do Deuteronômio:  “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à invocação dos mortos,  porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações.  Serás inteiramente do Senhor, teu Deus”. (Dt 18,10-13) Adivinhação pela invocação dos espíritos é abertamente condenada no Livro Santo. A Lei proíbe de maneira veemente a  necromancia. Esta era praticada em Israel (2 Rs 21,6; Is 8,19), não obstante vetada por Deus (Lv 19,31; 20,6. 27; Dt 18,11; 1 Sm 28,9). No caso de Saul, Deus permitiu a manifestação da alma de Samuel, donde o espanto da mulher (1 Sm 28,9.1 Sm 27,3.7.8.12.15.17), mas lemos no livro do Eclesiástico: “Depois disso Samuel morreu e apareceu ao rei (Saul) e predisse-lhe o fim de  sua vida” (Ecl 46,23).

Os católicos devem, também, tomar cuidado para não transformarem objetos religiosos em amuletos. Uma atitude é trazer, por exemplo, a Medalha Milagrosa como sinal da proteção da Mãe de Jesus, outra é pensar que tal fato em si vai ocasionar boa sorte. Trata-se de posicionamento que pode até alienar e conduzir a não se tomar os cuidados necessários para o progresso na vida e a prudência em todas as ações. As imagens dos santos devem ser, sobretudo, um lembrete de como aquele discípulo de Jesus viveu sua doutrina e tanto se santificou no serviço do próximo e um convite da procura da santidade pessoal.

Cumpre não penetrar no terreno mágico-religioso, prestando-se um culto indevido a Deus ou uma veneração imprópria aos santos. Aí se incluem as vãs promessas, transformando-se o momento sagrado da oração num comércio espúrio entre a terra e o céu.

Jesus recomendou a oração: “Pedi e recebereis, buscai e achareis” (Mt 7,7) e na Bíblia vemos o poder de intercessão dos justos diante de Deus, como aconteceu com Jó, Moisés e tantos outros personagens tementes a Deus.  Cumpre ao cristão se colocar em condições para receber os dons celestes, purificando-se de suas faltas e dispondo-se a cumprir fielmente com seus deveres de estado e a respeitar integralmente os mandamentos divinos. Há de se ter em conta também que, muitas vezes, Deus que é infinitamente sábio e bom ao invés de dar determinado favor que não seria útil a quem o suplica para si ou para os outros, entretanto dará graça muito maior condizente à salvação própria e alheia. Não basta implorar a Santa Edwiges para que ela ajude a pagar as dívidas, se o fiel não se dispõe a não gastar no futuro menos do que tem. Cumpre pedir emprego, mas cada um tem que se habilitar  num esforço persistente para ser um profissional competente. Enfim, é necessário, realmente, abolir qualquer tipo de anemia espiritual ou crendice. É um absurdo, por exemplo, como está em certas estampas de alguns santos populares que se faça a promessa de imprimir um milheiro daquelas preces caso  a graça seja obtida. Verifica-se  um comércio condenável, pois o que a gráfica quer é lucrar com a boa fé daqueles que se deixam engodar com tais insinuações.

É louvável que se traga respeitosamente consigo o crucifixo, mas muito melhor é ter Cristo fixo no coração, nas palavras, nas obras.

É preciso que se afastem as observâncias vãs na vida diária para que se pratique um cristianismo esclarecido que leve, de fato, à vivência plena do Evangelho e à imitação constante das virtudes de Maria, dos santos e dos anjos obedientes a Deus.

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