Respostas aos protestantes sobre a Tradição

Antes de entrar no assunto, é bom lembrar que a palavra de Deus foi transmitida pela Bíblia e pela Tradição, e que compete ao Magistério da Igreja interpretar as duas.

Tradição, originalmente, é a transmissão oral da mensagem bíblica. Foi primeiramente pregada ao povo e, só depois, foi escrita. Cristo mesmo não escreveu nada; somente pregava para os que escutavam. A própria Bíblia manda seguir a tradição. “Em nome de Nosso Senhor, Jesus Cristo, mandamos que vos afasteis de todo irmão que se entrega à preguiça e não segue a tradição que de nós recebestes” (2 Timóteo 3,6) “Tu, pois, meu filho, sê forte na graça de Cristo, e o que de mim ouviste perante muita testemunha confia-o a homens fiéis capazes de ensinar a outros” (2 Timóteo 1-2). Eis aqui a tradição oral. Nem tudo está na Bíblia.

Embora soubesse ler e escrever (Lucas 4,16) (João 8,6) Jesus de Nazaré anunciou sua mensagem só através da pregação, sem deixar-nos nenhum documento escrito. A comunidade Cristã é depositária das tradições sobre Jesus que recebeu dos Apóstolos, testemunhas autorizadas,orais e auriculares, da vida histórica de Jesus.

Entre outros critérios é necessário notar os testemunhos da Igreja antiga, como os que se acham nos escritos de Pápias, bispo de Hierápolis (+cerca de 150) que conhecera pessoalmente o Apóstolo João,e nas obras de Irineu, Bispo de Lião (+cerca de 200) e de Clemente de Alexandria (+ cerca de 215).

As cartas de Paulo contém várias fórmulas de fé ou hinos que ele encontrou na liturgia e na pregação da Igreja primitiva e inseriu nas suas cartas. (1Ts 1,9-10). (1Cor 15,3-5) (Romanos 1,3) (Efésios 1,3-14) (Filipenses 2,6-11) (Colossenses 1,15-20). O próprio Paulo cita uma vez, uma sentença de Jesus que não é referida nos quatro evangelhos: ?Há mais felicidade em dar que em receber? (Atos 20,35). Ora, Paulo só poderia escrever esta frase, através da tradição, pois não tinha sido escrita anteriormente por alguém.

Ainda antes da composição escrita dos quatro evangelhos, existiam tradições orais sobre a vida e os ensinamentos da Jesus. Isto Lucas também o atesta no prólogo do seu evangelho, quando recorda expressamente que “Muitos tentaram compor uma narração dos acontecimentos que se cumpriram entre nós” (Lucas 1,1). Lucas sublinha que ele quis realizar diligentes pesquisas (Lucas 1,3) e que a veracidade do seu relato sobre a vida de Jesus lhe interessa de modo todo especial.

Como Lucas, também João na conclusão do seu evangelho observa: ?Muitas outras coisas fez Jesus? (João 21,25). Portanto no final do século I dc, enquanto João em Éfeso punha por escrito seu evangelho, “Muitas outras coisas” da vida de Jesus estavam vivas na tradição oral e na consciência dos fiéis da Igreja nascente.

Lucas, por sua vez, antes de escrever o seu evangelho endereçado a Teófilo consultou pessoas que conheciam a pregação de Cristo (Lucas 1,3); Paulo confirma esse sistema: “Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos fora ensinadas, seja por palavra, seja por carta nossa” (2 Tessalonicenses 2,15).

Os primeiros escritos do novo testamento apareceram vinte anos depois da morte de Jesus, começando pela carta de São Paulo aos Tessalonicenses, dado aliás, que chegou até nós pela Tradição.

Abra sua Bíblia nas profecias de (Jeremias). A nossa primeira imaginação é que o profeta escreveu tudo antes ou logo depois de ter falado. Mas não foi assim. O profeta falou e só vinte e dois anos depois é que suas profecias foram escritas.

Foi a Igreja que, pela tradição trouxe os 27 livros do Novo Testamento e os 46 do antigo, como inspirados. A Sagrada Escritura mesma, sobre o número de livros da Bíblia, nada diz, nem para católicos, nem para evangélicos.

Quem não concorda com a tradição e com o magistério da Igreja está perdido em relação ao número de livros inspirados na Bíblia. Negaríamos, ainda a própria palavra Bíblia, cujo nome não encontramos na Sagrada Escritura, mas somente na tradição.

Só a Bíblia, dizem os protestantes. Tudo deve apoiar-se nela! Mas porque então Cristo não deu esta Bíblia? Porque ele não disse aos Apóstolos: ?Sentai-vos e escrevei o que vos digo, ou, então viajai e distribui Bíblias?; o que disse foi: “Ide e pregai”- “Quem vos ouve, ouve a mim” (Lucas 10,16) e os Apóstolos foram fiéis à sua missão; poucos escreveram, e escreveram pouco, mas todos pregaram, e pregaram muito.

OBS: Se fosse fundamental o ensino da Bíblia escrita, todos os apóstolos teriam primeiro escrito e depois pregado a Bíblia. Mas foi o contrário. Eles foram enviados e pregaram a palavra de Deus de viva voz (tradição); e a maioria dos apóstolos não escreveu nada, só pregou a palavra de Deus de viva voz.

Ler: (Marcos 16,15) (Lucas 10,16) (I Coríntios 11,2) (2 Timóteo 1, 13-14).

Os protestantes dizem, que aquilo que não está na bíblia não é importante. O próprio João no novo testamento diz que Jesus ensinou muitas coisas que não foram escritas.

Então, como ficam os protestantes sem a tradição e sem a igreja? O antigo testamento prescreve uma série de normas que não foram abolidas pela Bíblia, mas pela igreja. Como fica a observância dessas normas se só a Bíblia é fonte de revelação?

A Igreja Católica aceita plenamente a bíblia, mas acha que Deus se revela também além dessas páginas, na história, nos fatos do cotidiano e no próprio ensinamento da igreja.

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