Sacerdotes e sacerdotisas do Mobral teológico na contramão de Cristo

Eis que me chega às mãos (ou à tela do PC) um texto publicado na Folha de São Paulo, na edição do dia 28 de Setembro. É um texto redigido por um tal Carlos Alberto Roma, disponível aqui (apenas para assinantes Folha ou UOL). Não o conheço e nem preciso conhecê-lo, mas vou comentar um pouco sobre o que ele informa.

Ele diz ser um ex-postulante Franciscano, o que me é um alívio e uma angústia. Alívio por saber que ele já não está mais pregando suas idéias como um Franciscano e angústia porque parece que ele não aprendeu muito nesse tempo que esteve na Ordem, apesar de que, nos últimos tempos os Franciscanos têm sido duramente contaminados pelas idéias heréticas e absurdas da Teologia da Libertação.

Mas bem, vamos à carta. As partes principais estão desmembradas abaixo com comentários meus.

A questão de fundo é a explícita falta de coragem para dar os passos necessários para colocar a igreja no século 21, especialmente se abrindo para os leigos.

Fazemos um curso de atualização teológica. Somos 110 leigos. Após refletirmos sobre a prática e a coragem de Jesus diante da religião de seu tempo, tendo como texto de aprofundamento o livro “Com Jesus na Contramão”, de frei Carlos Mesters, decidimos redigir uma carta ao papa Bento 16 e toda a Cúria romana:

O celibato sacerdotal é uma norma disciplinar da Igreja Latina instituída nos primeiros séculos da Igreja. Não é dogmática, o que significa que não há necessidades de concordância incondicional sobre sua existência, mas, enquanto vigente, deve ser seguida pelos sacerdotes e freiras. O celibato para os religiosos consagrados serve para que a pessoa que optou pela vida consagrada possa entregar-se plenamente a Deus, sem ter de se preocupar com os encargos e as tarefas que uma pessoa casada tem (filhos, esposa…), já que a sua família espiritual, a comunidade, no caso dos padres, já lhes ocupa tempo o bastante.

O que me decepciona é a referência usada para a reflexão que originou essa carta. Publicações de Carlos Mesters já deviam ter sido banidas da Igreja a muito tempo. Para quem não conhece, Carlos Mesters escreveu uma “parábola” intitulada: “Quando Deus andou pelo mundo”, onde, pasmem! , ele colocava Cristo num terreiro de Umbanda, invocando orixás, chamando a mãe de santo de “mãe” e falando coisas inacreditáveis… A essa “parábola” tão horrível, Dom Estevão Bettencourt a chamou de blasfêmia.

“Estamos cada vez mais motivados em servir a Deus por meio da nossa igreja. No entanto, estamos sofrendo muito, pois os sucessivos padres que atuam em nossa paróquia têm enfrentado um problema grave: por mais que motivem, a juventude atual não se sente entusiasmada a entrar no seminário para servir como sacerdote. Estamos acompanhando também o desenrolar desse problema no velho continente e verificamos que a situação é ainda mais grave.

Nós, leigos, pedimos desculpas pelo atrevimento de enviar esta correspondência diretamente para Sua Santidade, sem passar pelas instâncias competentes. Esse assunto é muito delicado e as instâncias locais não estão autorizadas a debatê-lo. Solicitamos que abra esse debate. Em nossas celebrações dominicais, temos consultado irmãs e irmãos paroquianos e constatamos que mais de 95% entendem que a nossa igreja precisa dar passos novos.

O serviço a Deus por meio da Igreja tem muitas formas de ser executado. Não é necessário ser um sacerdote para servir a Igreja. Leigos podem fazer muitas coisas. Mas cada um, ao fazer uma escolha, arca com as conseqüências. Quando alguém resolve ser Padre, já sabe que terá que seguir a norma do celibato. Então, se supõe que o futuro seminarista concorde com tal norma. Querer questioná-la depois de tê-la aceitado indica uma rebeldia inaceitável para um sacerdote.

Sobre a redução das vocações, antes o celibato fosse a maior das razões. A rejeição do mesmo, é apenas um dos aspectos desencadeados pela invasão modernista pela qual nosso mundo passa desde os idos da Revolução Francesa, quando surgiu esse laicismo que hoje degenera vorazmente a cultura ocidental. Querer resolver um problema ocasionado pelo modernismo com soluções modernistas é jogar gasolina na fogueira. Outras comunidades de fé cristãs que cederam à tentação de ordenar homens casados, mulheres, homossexuais, cones de trânsito e etc estão passando por franca decadência, divisões e mais divisões. Essa pulverização das comunidades em “facções” é sentido na Inglaterra, onde vários templos Anglicanos foram vendidos nos últimos anos, transformando-se em boates, danceterias, bares… tudo isso porque eles não tinham mais fiéis para sustentá-los.

Com a grande falta de padres, confirmada em pesquisas realizadas em todos os países do mundo, nos perguntamos: por que não reconhecer o sacerdócio casado, o sacerdócio feminino e reconduzir os padres casados ao serviço da igreja?

Aqui é que mora o perigo. Uma amostra de incrível desconhecimento da Doutrina Católica. Nas Igrejas Católicas de Rito Oriental, como a Melkita, Maronita entre outras. Para essas Igrejas Sui Generis, um homem casado pode ser ordenado padre, mas jamais um sacerdote ordenado pode contrair matrimônio.

Acerca do sacerdócio feminino, não passa de delírio. João Paulo II, de grande memória já fechou a questão obre esse assunto. Para aprofundamento, recomendo a leitura da Carta Apostólica Ordinato Sacerdotalis, que pode ser encontrada aqui.

Vamos ver um trechinho do documento de Sua Santidade:

Na Carta Apostólica Mulieris dignitatem, eu mesmo escrevi a este respeito: «Chamando só homens como seus apóstolos, Cristo agiu de maneira totalmente livre e soberana. Fez isto com a mesma liberdade com que, em todo o seu comportamento, pôs em destaque a dignidade e a vocação da mulher, sem se conformar ao costume dominante e à tradição sancionada também pela legislação do tempo» (5). Ordinato Sacerdotalis, 2

Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja. Ordinato Sacerdotalis, 4.

A Igreja não ordena mulheres simplesmente porque Cristo não autorizou. Se alguém quer reclamar com alguém, vá e fale com Ele, e por favor, volte para me contar a resposta.

Sobre a comunhão de pessoas em segunda união, é outro argumento a muito vencido. O Matrimônio, conforme instituído por Cristo é indissolúvel. Tanto é que os processos de nulidade, quando tramitam em Tribunais Eclesiásticos, visam provar a nulidade, não a anulação do mesmo. Algo nulo, nunca existiu. Algo anulado já existiu um dia. Um matrimônio não é “anulável”.

Portanto, a conclusão é simples. Pessoas legitimamente casadas na Igreja, que se separam civilmente e contraem novas núpcias estão em pecado grave de adultério e por isso não podem receber a Sagrada Eucaristia a menos que abdiquem da condição de pecado. Simples assim.

Padres Católicos de Rito Latino que pediram afastamento do clero para se casar e hoje vivem casados e felizes existem em quantidade considerável por aí. Muitos sabem que arcam com as conseqüências de suas escolhas. Enquanto outros, como os componentes desse grupo, querem, como se diz popularmente, “bater o escanteio e correr para cabecear na área”. Eles não querem arcar com o peso de sua decisão e acabam, assim, colocando sua vontade acima do ensino da Igreja.

Sabemos que, ao longo da história, 39 papas foram casados. O primeiro foi o apóstolo Pedro (Lucas 4, 38-39).

Gostaria muito de saber a fonte de tal citação, pois sinceramente desconheço esse dado. Enquanto não citar uma fonte primária, é digno de descrédito. Pedro havia sido realmente casado, mas de acordo com os relatos da Bíblia, não se sabe se já era viúvo quando assumiu o pontificado. Também é estranho que não haja menção alguma a sua esposa.

Segundo pesquisa do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais publicada em 31/1/06, existem no Brasil cerca de 5.000 padres casados e sem o direito de exercer seu sacerdócio. A maioria sente pulsar fortemente no seu coração a vocação para o sacerdócio.

Algum desses 5.000 padres aceitou o sacerdócio e o celibato por obrigação? Algum deles, ao aceitar tal condição, desconhecia que teria que abrir mão do matrimônio? Se o chamado ao sacerdócio é tão forte assim, por que tomaram uma atitude que sabiam que os tornariam impedidos de exercer suas funções? Se sentindo tal chamado ainda resolveram se casar, quer dizer que o chamado ao matrimônio foi maior. Que contentem-se com os resultados de suas escolhas.

Isso não é um ato violento com o Senhor da Vida, que enviou missionários para a messe?

Não. Ato violento é a prova de desamor que as pessoas que insistem nessa condição cometem. Quem Ama a Deus, segue Sua Palavra. Nosso Senhor Jesus Cristo nunca disse que segui-Lo seria fácil.

Os padres católicos tinham permissão para se casarem no primeiro milênio da era cristã. Foram os dois primeiros Concílios de Latrão, em 1.123 e 1.139, que instituíram o celibato sacerdotal e aboliram o casamento de sacerdotes.

As decisões tomadas nos Concílios não foram arbitrárias, elas refletiam o comportamento da época e foram tomadas com propósitos bem definidos, conforme expliquei acima. Ademais, a norma vale apenas para os sacerdotes de Rito Latino. Colocar tudo no mesmo saco, como se nenhum sacerdote pudesse ser casado é manipulação de informação, sinal de desonestidade intelectual.

Solicitamos que Sua Santidade crie uma comissão, também composta por leigas e leigos, para aprofundar e solucionar urgentemente quatro questões:

Analisemos as propostas que necessitam de “solução urgente”…

1) Implantação de dois modelos de sacerdócio: a) celibatário e b) casado, com normas canônicas específicas para cada estado.

Mais uma vez a informação é manipulada para dar a entender que isso não existe. Sacerdotes de Rito Oriental podem ser ordenados após casados e possuem normas canônicas específicas.

2) Implantação do sacerdócio feminino, com duas modalidades: a) celibatária e b) casada, com normas canônicas específicas para cada estado.

Isso simplesmente não vai acontecer. Já foi definido de forma dogmática, portanto não tem negociação.

3) Reintegração, no serviço da igreja, dos sacerdotes já casados, ainda vocacionados.

O serviço da Igreja que é mencionado aqui são as funções de sacerdotes. Há casos muito específicos, que são analisados individualmente pela Santa Sé, em que homens casados recebem uma permissão especial para ser ordenados padres. Normalmente isso ocorre quando “padres” anglicanos casados se convertem à Igreja Católica. Mas mesmo assim, somente em circunstâncias especialíssimas. Agora querer que os 5.000 padres que foram afastados ou pediram afastamento sejam reintegrados assim, não.

4) Rever a situação dos cristãos casados em segunda união e sua participação na eucaristia.

Agora querem abolir o que está na própria Bíblia. Se o homem não separa o que Deus une e quem desposa outra mulher que não seja sua legítima esposa está em pecado grave, como permitir que alguém em pecado grave se aproxime da Sagrada Eucaristia? Por acaso querem revogar o Mandamento ou a união de Deus? Será que eles acham que somos maiores que Deus para separar o que Ele uniu?

Diante das reflexões acima, nos sentimos interpeladas e interpelados à participação igualitária na caminhada e na vida eclesial, especialmente com seu futuro. Desejamos expressar nossos pensamentos e expectativas, afirmando ser fundamental que a hierarquia da igreja ouça nosso clamor.

A mesma falácia igualitarista que já é conhecida desde a infiltração esquerdóide no seio da Igreja. Todos somos igualmente dignos, mas nossas funções não. Nessa linha de pensamento, é possível destituir o Santo Padre de Vigário de Cristo e nomeá-lo como um “mero companheiro de caminhada” como já vi acontecer muitas e muitas vezes. As Chaves do Reino dos Céus foram dadas a Pedro e seus sucessores e a ninguém mais. Querer continuar batendo nessa tecla tola de que as decisões da Igreja podem ser mudadas por vias democráticas é demonstrar desconhecimento da Igreja.

A hierarquia de nossa Igreja Católica vai continuar indiferente? Ou vai abrir-se ao Espírito Santo e dar um passo à frente? Não podemos adiar ainda mais esse debate. Falta-nos, quem sabe, “vontade eclesial” ou “decisão política”?

Aqui está exposto de forma escancarada o modus operandi desse povo. Quando não conseguem empurrar sua vontade para que seja realizada pela Igreja, apelam para o vitimismo. Dizem-se pobres coitados vítimas de uma visão indiferente da Igreja. Ademais, julgam-se portadores do Espírito Santo, conclamam a Igreja a abrir-se a Ele. Até parece que a promessa de Cristo, de que estaria com os apóstolos todos os dias, até o fim dos tempos é mentira. Isso equivale a dizer que, depois dos Concílios de Latrão, o Espírito Santo tirou férias da Igreja e desceu diretamente a esse grupo. Santa presunção!

Dessa maneira, começam a pregar um catolicismo self service e levam consigo muitas almas menos instruídas. Eles terão de prestar contas de seus atos e de todas as almas que arrastaram consigo para Deus…

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