Sandy & júnior vão cantar para o papa: certo ou errado?

Sandy e Junior, vão “cantar” para o Papa?

se for realmente verdade, acho um absurdo, eles não representam a juventude católica. A juvetude católica e anônima diante da mídia brasileira, está triste pois essa realmente busca seguir Cristo e os mandamentos de Deus e da igreja. temos que fazer algo. lembro-me que na visita do Papa João Paulo II ao Rio, a cantora Fafá de Belém “cantou” a Ave Maria, me lembro foi lindo, porém sem querer ofender a cantora, a mesma não representa os católicos, pois pouco tempo depois vi uma reportagem com a mesma, em Belém em uma feira onde mostrava ervas de curandeirismo de crendice popular (arruda para “mal olhada” etc), emfim não gostaria de ver algo parecido acontecer. A cantora Daniela Mercory, não foi aceita para “representar” os católicos em Roma, principlamente por defender o uso de preservativos, e na minha opinião as suas músicas são de origem do candomblé e Ubamda, aqui agiram correto. Espero que Sandy e Junior, que repito não representa a juventude católica, defendem a camisinha, não sejam levados ao Papa como tal, há muitos Cantores católicos que são exemplo de vida para todos os católicos, esses sim deveriam representar-nos, nós católicos somos acusados de ser cristãos de fé morna é assim que queremos continuar sendo chamados, ser batizado na nossa igreja não sgnifica viver a fé católica/cristã verdadeiramente.


Caríssima sra. Maria,

Qual o problema? Sério, não há erro algum nisso. Nem só de música explicitamente religiosa vivem os católicos. Essa mania contra as canções seculares, profanas, é herança protestante, e nada tem a ver com a nossa sadia tradição.

Condenar uma dupla de músicos (cuja qualidade artística pode ser livremente questionada, claro, mas não é isso que está em jogo) por tocarem canções profanas (i.e., não sacras) é de uma gnose terrível!

De outra sorte, que bom que a música católica “pop” é de boa qualidade (eu sei disso), mas não é porque se trata do Papa que a música para ele deva ser, necessariamente, religiosa, não?

Não é preciso “ouvir música cristã pop” para ser católico. Eu, por exemplo, dificilmente ouço. Mas, escuto, seguidamente, clássicos polifônicos, gregorianos e também cantos bizantinos. Nem precisaríamos ouvir isso, aliás (dado que são cantos para a liturgia, e nela cumprem sua função).

Portanto, se não gosto de Sandy & Júnior (e não gosto mesmo), não quer dizer que me sentiria representado por Anjos de Resgate, Rosa de Saron, etc. Não os ouço, e não acho que o Papa tenha que ser homenageado com “música católica”, propriamente. O Papa deve ser homenageado com a música representativa da cultura de um povo, seja religiosa ou não.

Aliás, como já disse no início, essa criação de uma subcultura específica com aspectos especificamente religiosos me parece uma construção de inspiração gnóstica, dualística, na qual teríamos “versões católicas” das manifestações seculares: se os outros usam camistas, nós usamos “camisetas com motivos cristãos”; se os outros vão a bares e boates, nós vamos a “barzinhos de Jesus” e “cristotecas”; se os outros ouvem metal, nós escutamos “white metal”. Acho isso extremamente equivocado.

Nem tudo que é profano (secular), é, propriamente, pecaminoso ou impróprio ao cristão. Nas palavras da Dra. Lenise Garcia, professora da UnB: “Isso significa que cantando qualquer música – excetuadas, naturalmente, as que sejam pecaminosas – podemos louvar a Deus, e é muito bom que façamos isso. O santo não se opõe ao comum, mas ao pecaminoso. Tudo o que é comum pode e deve tornar-se santo.”

Sandy & Júnior é tão pop quanto Anjos de Resgate. Aliás, é mais conhecido do que estes. Se o critério for música representativa da cultura e de boa qualidade, que tal as orquestras sinfônicas que temos no Brasil e os grupos de música de raiz?

É ruim um fiel leigo deixar de ouvir música secular para somente escutar música explicitamente religiosa?

Sim, na medida em que expressa uma visão dualística (e o dualismo é a essência da heresia gnóstica, que mais tarde se vai apresentar no puritanismo protestante) das realidades humanas.

Não é porque algo não nos leve diretamente a Deus que temos de evitá-lo. Somos homens, não anjos. Podemos e devemos nos santificar no meio de nossos afazares e nossos gostos. Não há mal nenhum em ouvir música secular. Não fazê-lo pode simbolizar uma antipatia por tudo que não é explicitamente religioso, e isso é, como disse, expressão de dualismo maniqueísta, estranho à mentalidade católica. Tais idéias são próprias de protestantes pentecostais (e algumas correntes mais puritanas), não de católicos. Infelizmente, através de alguns ambientes da RCC (não da RCC, institucionalmente), essas idéias protestantes penetraram em não poucos católicos…

Ensina-nos, a respeito da falsa dicotomia entre coisas “do mundo” e “de Deus”, um santo canonizado:

“Esta verdade tão consoladora e profunda, este significado escatológico da Eucaristia, como os teólogos costumam denominá-lo, poderia, no entanto, ser mal entendido: e assim aconteceu sempre que se quis apresentar a existência cristã como algo unicamente espiritual – isto é, espiritualista –, próprio de pessoas puras, extraordinárias, que não se misturam com as coisas desprezíveis deste mundo ou que, quando muito, as toleram como algo necessariamente justaposto ao espírito, enquanto aqui vivemos.

Quando se vêem as coisas deste modo, o templo se converte, por antonomásia. no lugar da vida cristã; e, nessa altura, ser cristão é ir ao templo, participar em cerimônias sagradas, incrustar-se numa sociologia eclesiástica, numa espécie de mundo segregado, que se apresenta a si mesmo como ante-câmara do céu, enquanto o mundo comum vai percorrendo o seu caminho. Assim, a doutrina do Cristianismo, a vida da graça, andariam como que roçando o buliçoso avançar da história humana, mas sem se encontrarem com ele.

(…)

Será que esta enumeração não está confirmando, de uma forma plástica e inesquecível, que é a vida corrente o verdadeiro lugar da existência cristã? Meus filhos: aí onde estão nossos irmãos os homens, aí onde estão as nossas aspirações, nosso trabalho, nossos amores – aí está o lugar do nosso encontro cotidiano com Cristo. Em meio das coisas mais materiais da terra é que nós devemos santificar-nos, servindo a Deus e a todos os homens.

Tenho-o ensinado constantemente com palavras da Escritura Santa: o mundo não é ruim, porque saiu das mão de Deus, porque é criatura dEle, porque Javé olhou para ele e viu que era bom. Nós, os homens, é que o fazemos ruim e feio, com nossos pecados e nossas infidelidades. Não duvidem, meus filhos; qualquer modo de evasão das honestas realidades diárias é para os homens e mulheres do mundo coisa oposta à vontade de Deus.

Pelo contrário, devem compreender agora – com uma nova clareza – que Deus os chama a servi-Lo em e a partir das tarefas civis, materiais, seculares da vida humana. Deus nos espera cada dia: no laboratório, na sala de operações de um hospital, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no seio do lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Não esqueçamos nunca: há algo de santo, de divino, escondido nas situações mais comuns, algo que a cada um de nós compete descobrir.” (São Josemaría Escrivá. Questões atuais do cristianismo, 113)

Ademais, não são os costumes de Sandy & Júnior que serão exaltados diante do Papa, mas sua arte, sua música. Simples assim.

Enfim, a cantora Daniela Mercury nunca foi proibida de cantar em Roma por defender idéias contrárias à Igreja, mas por pretender apoiá-las no próprio concerto que faria diante do Papa.

Em Cristo,

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