Santo Sudário: o 5º Evangelho

Por Jaime Francisco de Moura

Alguns estudiosos já chamaram o Sudário de “O quinto Evangelho”, pois tanto quanto os textos de Marcos, Mateus, Lucas e João, ele forneceria informações preciosas sobre a tortura, a morte, o sepultamento e a Ressurreição de Jesus. A diferença é que esse evangelho puramente visual quase nada oferece ao olhar apressado e desatento. Ele exige uma observação respeitosa, acurada e paciente, de preferência mediada pelos óculos da ciência. Aí, sim, o Sudário apresenta uma quantidade esmagadora de informações e desvela a história de um sacrifício capaz de emocionar até o mais insensível dos observadores. É difícil sair ileso do confronto com as lições desse pano bimilenar.

– A Imagem tridimensional, produzida por computador, trouxe um argumento espetacular a favor da autenticidade do Sudário. Sobre as pálpebras do homem foram descobertos dois objetos arredondados, que não são visíveis a olho nu nem no negativo fotográfico. O pesquisador americano Francis Filas, da Universidade Loyola de Chicago, identificou um dos artefatos: trata-se de uma moeda, o dilepton lituus, produzida na Palestina sob o governo de Pôncio Pilatos, entre os anos 29 e 32 d.C. O segundo objeto foi identificado pouco depois: uma outra moeda, cunhada por Pilatos em homenagem a Júlia, mãe do Imperador Romano Tibério, em 29 d.C. Colocar moedas sobre os olhos do morto, para manter as pálpebras fechadas, fazia parte dos ritos funerários judaicos da época de Jesus.

– O botânico israelense Uri Baruch analisou o pólen achado no Sudário e concluiu que ele provém de plantas que só podem ser encontradas numa única localidade do mundo: a região de Jerusalém; e numa certa época do ano: os meses de março e abril. Um desses pólens corresponde à espécie “gundelia tournefortii” que, segundo os especialistas, teria sido utilizada na confecção da coroa de espinhos. Pólens desta e de outras espécies também foram encontrados no Sudário de Oviedo, um lenço guardado na cidade do mesmo nome, na Espanha. De acordo com vários estudiosos, essa peça de linho, de 83 por 52 centímetros, teria sido colocada sobre o rosto de Jesus, já recoberto pela Síndone. De fato, o Evangelho de João refere-se a mais de um pano funerário (João 20,6-7) e as pesquisas mostraram que os vestígios presentes nos dois tecidos coincidem perfeitamente. Entre esses vestígios, foram identificados 70 manchas de sangue, que se sobrepõem de maneira exata. Como a existência do Sudário de Oviedo é documentada desde o século VIII, os pesquisadores Israelenses concluíram que o lençol de Turim não poderia ser posterior a essa data.

– Em 1973, o criminologista suíço Max Frei recolheu diversas amostras do pó acumulado entre as fibras do Sudário e constatou a existência de pólens de nada menos que 58 variedades diferentes de plantas. Algumas dessas plantas são comuns na França e Itália – o que não causa surpresa, já que durante muito tempo o lençol ficou abrigado nessas regiões. Mas há também pólens de plantas características da Turquia Oriental, confirmando a tradição de que, antes de chegar à Europa, o Sudário permaneceu durante séculos em terras bizantinas. Mais importante ainda: em sua lista, Max Frei identificou pólens não de uma ou duas, mas de várias espécies de plantas que são típicas da região de Jerusalém ou de outras áreas dos territórios israelense e palestino.

 

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