Thascius Cecilius Cyprianus, nascido de uma família rica e pagã, em Cartago, entre os anos 200-210. Recebeu em 246 o batismo, sendo ordenado, dois ou três anos depois, bispo de sua cidade. Suas atividades pastorais foram interrompidas pela perseguição de Décio (250), que o forçou a se esconder. Quando muitos apóstatas começaram a ser facilmente readmitidos na Igreja surgiu um cisma.
Em 251, Cipriano volta para Cartago. Num sínodo excomungou os chefes da dissidência laxista e determinou que os apóstatas passassem por severas penitências antes de reingressarem na comunidade. A peste que atingiu o Império em 252 provocou novos sofrimentos e perseguições na África. Nos últimos anos de sua vida, teve de se preocupar com a questão do batismo dos hereges.
Cipriano considerava inválido o batismo ministrado por hereges. Mesmo com a reprovação do papa Estevão, insistiu em manter seu ponto de vista. Foi decapitado no dia 14 de setembro de 258, em Cartago, sob Valeriano. Pelo martírio certamente foi perdoado de seu erro e foi para junto de Cristo.
Escritos de São Cipriano: De ecclesia unitate (c. 251, no qual fica do lado do papa Cornélio contra Novaciano), De lapsis, De habitu virginum, De mortalitate.
No aspecto doutrinário, o bispo de Cartago ensinava que a unidade da Igreja é garantida pela união de todos com o bispo. “Salus extra ecclesiam non est”, não há salvação fora da Igreja. “Quem abandona a sede de Pedro, sobre a qual está fundada a Igreja, como pode afirmar que está na verdadeira Igreja?” “Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe”. Os recém-nascidos devem receber logo o batismo e a eucaristia. Uma tradição só é válida quando se apóia na “tradição evangélica e apostólica”, ou seja, aquela tradição que provém da “autoridade do Senhor e do Evangelho, das prescrições e das epístolas dos apóstolos”. Na questão do batismo, ensina que se a verdade se desvia é preciso retornar para as origens, a tradição consignada nas Escrituras. A origem da verdade cristã é a Tradição, o ensinamento de Jesus e a pregação dos apóstolos (observemos, no entanto, que Cipriano dava muito crédito a revelações e visões particulares). O sacrifício do sacerdote é a repetição do sacrifício de Jesus na ceia: ambos representam o único sacrifício da cruz. A penitência consiste na confissão pública dos pecados e na expiação. Todos os justos defuntos (inclusive os não-mártires) recebem sua recompensa imediatamente após a morte. O estado intermediário no Hades se aplica aos penitentes somente.