Nesta popular imagem de São Thomas More, declarado pelo Papa João Paulo II “Patrono dos Estadistas e Políticos”, podemos ver os traços de uma personalidade convictamente cristã e heróica.
Chama-nos a atenção logo de início os seus olhos. Estão fixos num ponto, visam a um objetivo. É o olhar resoluto de quem possui como meta a vivência dos valores cristãos. São Thomas More possui os olhos na eternidade. Ele não olha para trás, pois enterrou no Confessionário, sob a lápide da Misericórdia Divina, seus pecados e fraquezas. Ele não olha para baixo, pois sua meta não é esta terra passageira, este mundo efêmero. Tem os olhos à frente, sempre à frente; e assim pode marchar rumo à santidade, deixando para trás a mudanidade. Caminha no chão, mas com os olhos no alto.
A boca de lábios finos é uma boca de prudência. Cala-se para a hipocrisia e a imbecilidade, abre-se para proclamar as virtudes cristãs da justiça e da bondade, está pronta a gritar pela verdade; e a morrer por ela, como, de fato, lhe aconteceu.
Sua postura é de firmeza e sobriedade. Não cai mais para um lado ou para outro. Ao contrário, é equilibrado, sóbrio, sério. A fortaleza de seu tronco, de sua postura, é antes a manifestação externa da excelência e nobreza de sua alma. Uma alma resoluta, firme em seus princípios, não atordoada pelas inconstâncias do mundo.
Ainda que ostentando roupas belíssimas de Chanceler Real, nem aí quis ser escandaloso e imprudente. Ao invés, suas roupas – belíssimas, grandiosas – são de uma moderação nas cores, de uma sobriedade e de uma elegância que se poderia dizer serem expressão fiel da beleza de sua alma! A elegância, a beleza… valores tão esquecidos pela geração moderna, militante do despudor, da vulgaridade.
Por fim suas mãos, unindo-se sobre o colo, fechando-se sobre um livro – a Sagrada Escritura, talvez – revelando-nos a mansidão com que decaem sobre o corpo, a mesma mansidão cristã com que agem para com os homens, mas de punho firme na luta contra o pecado e a mentira.
Enfim, São Thomas More tem muito a nos ensinar. Mas talvez sua maior lição seja a da coerência: coerência com a verdade, coerência consigo mesmo, coerência com Deus.
Ele morreu pela coerência. Não aceitou o cisma anglicano provocado pelo Rei Henrique VIII de Inglaterra, que rebelou-se contra o Papa. Ele, Chanceler do Rei, ousou contrariar-lhe para continuar fiel na verdade, coerente com seus valores e com Deus! Foi condenado à morte pela sua fidelidade à Igreja, foi decapitado e teve sua cabeça exposta em Londres por um mês.
No cadafalso da morte, riu com altivez e serenidade para seus algozes, e bem humorado dizia: “Morro fiel ao Rei, mas antes a Deus”.
Que grande lição de coerência e amor à verdade para uma sociedade que odeia o que é certo e idolatra o que é errado!
São Thomas More,
Rogai por nós!