São Tomás não ensinou que o mundo era eterno, se por isto você quer dizer que o mundo sempre existiu. Ele acreditava que o mundo teve um início no tempo, mas que este início não podia ser demonstrado apenas pela razão, ou seja, que [essa crença] era reservada à fé.
Na "Suma Teológica", São Tomás declarou: "Apenas pela fé que possuímos e não pela demonstração é que isto pode ser provado: que o mundo nem sempre existiu, como foi dito acima sobre o mistério da Trindade" (1,46,2).
Observe que São Tomás declara que, embora a criação do mundo não possa ser demonstrada pela simples razão, ela pode ser conhecida pela fé. A razão separada da fé – diz São Tomás – não prova nem deixa de provar a criação do mundo "ex nihilo" (=a partir do nada).
Algumas pessoas acham que esta visão contradiz alguns dos argumentos de São Tomás para a existência de Deus (os argumentos de movimento, causalidade eficiente e contingência). Elas equivocadamente acreditam que esses argumentos exigem um cosmos que nem sempre existiu.
Isto ignora o fato de que o mundo poderia ser dependente de Deus para a sua existência (isto é, poderia ser contingente) e ainda, pelo poder Deus, sempre ter existido.
O próprio Aristóteles, de quem São Tomás adaptou a primeira de suas famosas Cinco Vias (o argumento do movimento), embora entendesse que o cosmos fosse eterno, também acreditava que deveria haver um Primeiro Movente para explicar o seu eterno movimento.
Obviamente, para se dizer que o universo pode ser, ao mesmo tempo, dependente de Deus e eterno, não significa que ele de fato o seja. Embora a razão não seja capaz de solucionar a questão da eternidade do mundo – diz São Tomás – a revelação o é: Deus criou o mundo "ex nihilo".