Sexo na Igreja (Superinteressante, Dez./2007)

A revista SUPERINTERESSANTE, dezembro de 2007, publicou uma reportagem dita “Sexo na Igreja”, reportagem que afirma fatos reais e conjecturas sujeitas a dúvida. Vamos propor-lhe algumas ponderações:

1º) Casos não provados – Os números de delinquentes aduzidos pela reportagem, muito elevados como são, devem ser questionados. Aliás, os repórteres mesmos registram à p. 67: “Não há provas dessas situações”.

Outra conjectura não provada é mencionada à p. 72: “Um artigo da revista americana Newsweek conta que, segundo alguns funcionários da Santa Sé, a sede da Igreja teria uma comunidade ‘underground’. Como não sobreviveriam em suas paróquias, muitos padres homossexuais teriam sido levados para o Vaticano, onde receberam uma função burocrática”.

2º) Impunidade – Há quem acuse a Igreja de não haver punido devidamente os delinquentes; em vez de os entregar à Justiga, ter-se-á limitado a transferir a pessoa culposa para outro setor de trabalho.

Ora, na falta de experiência ou de casos anteriores, a primeira atitude da Igreja foi maternal, julgando que a simples mudança de ambiente corrigiria o vício. A historia, porém, provou que eram exigidas medidas mais severas. E estas foram realmente tomadas quando se demonstraram necessárias: o Vaticano promulgou normas para afastar os padres que tinham cometido o pecado. Cabe agora ao Bispo de cada diocese tomar as medidas definidas pela Santa Sé. O Papa Bento XVI adotou uma postura ainda mais rígida sobre os casos de abuso sexual do que João Paulo II.

3º) Vida sem sexo – Escrevem os repórteres: “Você sabe: a idéia do celibato parece totalmente contraria à natureza. Para o grosso da população mundial passar o resto da vida sem sexo não fica atrás de ser condenado à prisão perpétua… Dá mesmo para viver sem sexo?” (p. 69).

A esta pergunta responde positivamente o psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues Jr., diretor do Instituto Paulista de Sexualidade: “Se uma pessoa tem um projeto de vida racional que implique celibato, ele é viável” (citado à p. 69).

O celibato é um carisma ou um dom de Deus destinado ao serviço da comunidade. Quem recebe este dom, está longe de se sentir condenado à prisão perpétua; ao contrário, experimenta imensa alegria por poder dedicar-se mais intensamente à mais sublime causa, que é a do Reino de Deus, como afirma São Paulo em 1Coríntios 7,25-35. É precisamente este texto do Apostólo que leva a dizer que o celibato nao é antibíblico; a regra geral proposta em Gênesis 1,28 admite exceções como toda regra as admite; exceções, no caso, suscitadas pelo próprio Deus.

É falsa ainda a alegação da reportagem segundo a qual: “Todo o mundo só devia transar para se reproduzir, diz o Papa” (p. 72). O ato sexual é lícito nos dias em que a mulher é estéril pois, em tal caso, não se fere a natureza; essa mesma não é fértil. O cálculo dos dias fecundos e esteréis pode ser realizado mediante o método Billings. É método que dispensa todo artificio (sempre nocivo à saúde), pois consiste simplesmente em observar o muco cervical da mulher e os seus sintomas, que vêm explicados em impressos próprios.

  • PARA SABER MAIS: Revista Pergunte e Responderemos nº 550, abr./2008, pp. 162-165.
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