Sobre os sacerdotes que abandonaram sua vocação

Gostaria de saber como vocês vêem a seguinte questão: conheço vários sacerdotes que deixaram o sacerdócio e se casaram. Tenho conhecimento de outros que enveredaram pelo caminho do sexo. Essas situações me deixam decepcionado e apreensivo, pois não sei até que ponto a igreja tem conhecimento desses fatos e o que tem feito para saná-los. Graças ao bom Deus minha pouca fé não permite que eu resvale por essa causa, mas creio que muitos estão sujeitos a cair pelo mesmo motivo.

 

Olá caríssimo irmão na fé, sr. Mario Cerqueira. Lhe desejamos a paz que provém da parte de Nosso Senhor em comunhão com o Pai e o Espírito Santo. Agradecemos o contato enquanto pedimos vossas piedosas orações pelo apostolado Veritatis Splendor, servo do Senhor e da Verdade.

Nosso apostolado enxerga os casos de sacerdotes que abandoram sua vocação com os mesmos olhos da Igreja, com preocupação, tristeza e misericórdia. É uma situação cada vez mais grave e até mais frequente quanto mais a crise de fé em que vivemos se alastra, através das garras do relativismo, do afrouxamento das práticas cristãs e da falta do exercício das virtude teologais, fé, esperança e caridade.

Muitos são os motivos que podem levar um sacerdote a abandonar sua vocação, muito embora diante de Deus continue sempre sendo um homem marcado com o sinal do sacramento da ordem. Muitas vezes, é verdade, nossos sacerdotes levam uma vida demasiadamente estressante e não poucas vezes passam completamente esquecidos e abandonados pela comunidade, aumentando uma possível carência afetiva e sua sensibilidade para alguma possível má ocasião. Mas também pode partir de uma excessiva visão humana e pouco sobrenatural do divino ofício que recebeu, de tentações mal enfrentadas, de más ocasiões não afastadas e da falta de vigilância, a ausência de uma vida de oração, a politização de sua missão atemporal bem como a falta de uma devida formação no seu tempo de seminário. O fato é que quanto mais afastado está um sacerdote de sua missão essencialmente espiritual, mais chances terá de cair. Com efeito, o espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt. 26, 41).

Por isso, nós leigos, temos uma grande missão de sempre acompanhar e orar por nossos padres, homens de carne e osso, que estão sujeitos a cair em pecado tanto quanto qualquer outro. Precisamos visitá-los, dar a devida atenção, oferecer sacrifícios e obras de caridade para que Deus os santifiquem, além de tratá-los com um enorme carinho e respeito, pois são por suas mãos, pecadoras ou não, que recebemos o Corpo de Cristo na terra.

É verdade que esses escândalos são causa de queda para muitos, um enorme contra-testemunho capaz de confundir e de até por em dúvida a própria fé de uma comunidade inteira. Certamente a Igreja tem ciência destes casos e trabalha com reforçada prudência, especialmente na seleção dos vocacionados. Contudo a história da Igreja é feita também da vida de santos e pecadores, e não haverá nenhum tempo ou lugar completamente livre do perigo do mal. Por isso devemos nos manter inabaláveis na fé pela promessa de que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra Igreja (Mt. 16, 18) detendo nossos corações na Trindade Santa, com Nossa Senhora e João Batista, seu servos preservados da corrupção.

Rezemos pelos nossos sacerdotes que abandoram sua vocação, clamando a misercórdia divina, expiando seus pecados e pedindo ao Senhor a graça da conversão para que estes, arrependidos, voltem plenamente à comunhão com a Igreja e com a comunidade dos fiéis em torno do sucessor de Pedro. Também ajudemos nossos seminaristas com um bom auxílio em suas formações doutrinais além de acompanhar caridosamente nossos padres para que suas vidas sejam sempre mais um resplendor do Sumo e Eterno Sacerdote, que é Cristo Jesus.

Saudações fraternas.

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