“Declaração sobre o livro ‘Quand je dis Dieu’, do Pe. Jacques Pohier” (03.04.1979)

Congregação para a Doutrina da Fé
DECLARAÇÃO SOBRE O LIVRO DO REV. P. JACQUES POHIER «QUAND JE DIS DIEU»

A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, cumprindo a própria obrigação de promover e tutelar a doutrina da fé dos costumes em toda a Igreja, examinou, em conformidade com a própria maneira de proceder (cfr. Nova agendi ratio in doctrinarum examine, em AAS 63, 1971, pp. 234-36) o livro do Rev. P. Jacques Pohier, “Quand je dis Dieu”, e encontrou nele afirmações manifestamente não conformes com a Revelação e o Magistério da Igreja.

O resultado desse exame foi comunicado ao autor, por meio do seu Superior-Geral, já no dia 21 de Abril de 1978, com carta em que ele era convidado a retratar publicamente as suas opiniões e a expressar a sua plena adesão à doutrina da Igreja. Às repetidas insistências desta Congregação respondeu o autor limitando-se a fornecer clarificações insuficientes; além disso, não fez, sobre os pontos que lhe tinham sido indicados, nenhuma explícita profissão da fé da Igreja.

Por isso, a Sagrada Congregação para a Doutrina de Fé vê-se agora obrigada a declarar o que segue:

1. Entre os erros mais evidentes do livro indicado, há-de notar-se a negação das verdades seguintes: a intenção por parte de Cristo de atribuir valor redentivo e sacrifical à sua paixão; a ressurreição corpórea de Cristo e a sua permanência como sujeito real depois de terminar a sua existência histórica; a sobrevivência, a ressurreição è a vida eterna com Deus, como vocação do homem; a presença na Sagrada Escritura duma verdadeira doutrina dotada de sentido objectivo, que a fé pode reconhecer e o Magistério da Igreja, assistido pelo Espírito Santo, pode determinar autenticamente.

2. Aos sobreditos erros juntam-se muitas outras afirmações perigosas, porque tão ambíguas e de tal natureza são, que podem gerar, no espírito dos fiéis, incerteza acerca dos artigos fundamentais da fé como: a ideia cristã de Deus transcendente; a presença real de Cristo na Eucaristia como foi ensinado pelo Concílio Tridentino e recentemente por Paulo VI na Encíclica Mysterium Fidei; o papel específico do sacerdote na realização de tal presença real; e o exercício da infalibilidade na Igreja. No que diz respeito à divindade de Cristo, o autor exprime-se de maneira tão insólita, que não é possível determinar se ainda professa tal verdade no sentido católico tradicional.

Com a presente Declaração a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, preocupada com o bem dos fiéis, chama a atenção para a gravidade de tais erros aqui enunciados e para a impossibilidade de os considerar como opiniões deixadas à livre discussão dos teólogos.

Durante a Audiência concedida ao abaixo assinado Cardeal Prefeito, o Sumo Pontífice Papa João Paulo II aprovou a presente Declaração, decidida na reunião ordinária desta Congregação, e ordenou que fosse publicada.

Roma, Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 3 de Abril de 1979.

Franjo Cardeal Šeper
Prefeito

Fr. Jérôme Hamer, O.P.
Arcebispo titular de Lorium
Secretário

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