Observem um pequeno texto do Stephen Jay Gould (Evolution as Fact and Theory”; Discover, May 1981):
No vernáculo americano, “teoria” freqüentemente significa “fato imperfeito”- parte de uma hierarquia de confiança indo do fato à teoria, à hipótese ao chute. Eis o poder do argumento criacionista: evolução é ‘somente’ uma teoria e muito se debate sobre vários aspectos dela. Se a evolução é menos que um fato, e os cientistas não conseguem nem se decidir sobre a teoria, então que confiança podemos ter nela? De fato, o [então] presidente Ronald Reagan deu eco a esse argumento diante de um grupo evangélico em Dallas ao dizer (no que eu sinceramente espero ser somente retórica de campanha): “Bem, é uma teoria. É somente uma teoria científica, e recentemente tem sido desafiada no mundo da ciência ? ou seja, na comunidade científica não se crê que ela seja tão infalível como era”. (Stephen Jay Gould (Evolution as Fact and Theory”; Discover, May 1981)
Bem, evolução é uma teoria. E também um fato. E fatos e teorias são coisas diferentes, não níveis em uma hierarquia de confiança. Fatos são os dados do mundo. Teorias são estruturas de idéias que explicam e interpretam fatos. Fatos não desaparecem enquanto os cientistas debatem sobre teorias que competem par explicá-los. A teoria gravitacional de Einstein substituiu a de Newton em nosso século, mas as maçãs não ficaram suspensas no ar, esperando o resultado. E humanos evoluíram de ancestrais semelhantes aos macacos, quer isso tenha acontecido pelo mecanismo proposto por Darwin ou por outro ainda a ser descoberto. “Além disso, ‘fato’ não significa ‘certeza absoluta’; não existe um animal assim neste mundo excitante e complexo. As provas finais da lógica e matemática fluem dedutivamente a partir e hipóteses e produzem certezas somente porque elas NÃO pertencem ao mundo empírico.
Evolucionistas não fazem nenhuma alegação de verdade perpétua, embora freqüentemente os criacionistas o façam. Em ciência “fato” só pode significar “confirmado a um grau tal que não seria razoável retirar concordância”. Eu suponho que é possível que amanhã as maçãs comecem a cair para cima, mas essa possibilidade não merece o mesmo tempo de análise nas aulas de física.
“Evolucionistas têm sido muito claros sobre essa distinção entre fato e teoria desde os primórdios da teoria porque reconhecemos quão distantes estamos de entender completamente os mecanismos (teoria) pelos quais a evolução (fato) aconteceu. Darwin enfatizava continuamente a diferença entre essas duas enormes conquistas: estabelecer o fato da evolução, e propor uma teoria – a seleção natural – para explicar o mecanismo da evolução.”
O que é a Evolução?
Observe que o texto acima não afirma que fato e teoria são sinônimos, porém afirma que evolução é um fato, e que resta para a ciência apenas entender quais os mecanismos (teoria) que atuam para que a evolução ocorra, isto pareceria perfeitamente racional se não levássemos em conta alguns outros fatos, vejamos:
Afirmar que evolução é um fato deve se sustentar em evidências, são citadas, por evolucionistas, várias evidências da existência de evolução, porém são apenas evidências devido a adoção de certas interpretações de alguns fatos que podem ter outras interpretações, determinadas interpretações é que são usadas como evidências, e não os fatos em si. Isto é relevante, pois a história da ciência moderna, já na era da metodologia científica, demonstra que algumas consistentes teorias estavam totalmente erradas, como por exemplo a teoria do flogístico, que apesar de totalmente errada persistiu como “fato” por muito tempo, graças às teorias “ad-hoc”, que eram usadas para fazer a manutenção desta teoria (como é feito atualmente com a teoria da evolução) e também a teoria da abiogênese (formação de organismo vivo a partir de matéria não viva, geração espontânea). Apresentarei diversos fatos que foram, ou são, interpretados de forma errada, forçosa ou influenciada por pressuposições filosóficas.
Se existem mecanismos evolutivos, eles devem ser observados e registrados, pois seriam fenômenos naturais, e em seguida o observador deve verificar a regra geral (generalização) baseada em suas observações. Por sua vez, esta generalização deve permitir que ele faça predições. Testa-se a seguir a sua hipótese, conduzindo experiências para determinar se o resultado previsto irá ocorrer. Mediante contínuas confirmações de suas predições pelo observador ou por outras pessoas que também adotem metodologias científicas, a hipótese se tornará uma teoria, e a teoria, com o tempo e os testes, irá alcançar a condição de Lei Científica (R. L. Wysong, The Cration/Evolution Controversy “East Lansing, MI: inquiry Press, 1976”, 40-41). Neste aspecto, apenas as chamadas microevoluções podem ser demonstradas dentro da metodologia científica, mas as microevoluções são apenas uma pequena parcela da evolução como é geralmente compreendida e difundida, sendo, portanto, impossível de se provar cientificamente a evolução, pois não há evidências ou provas científicas de que ela ocorre como afirma a teoria, e se ela realmente ocorreu em outras épocas, como é sugerido (macroevolução), pode-se apenas concluir que ela existiu através da interpretação de algum indício, e nisto há grande fragilidade para se provar a evolução, pois a teoria propõe a existência de mecanismos naturais que devem ter atuado, mas que não se prova em laboratório sua existência e nem mesmo através da observação do registro fóssil. Deduzir que um conjunto de micromutações podem equivaler a uma macromutação é destituído de provas, além de existirem observações que sugerem a impossibilidade desta equivalência (observações em populações de animais que sofrem seleção artificial, assunto que é comentado neste site, mais adiante).
Diante dos fatos acima citados, promover a teoria da evolução a algo parecido com “fato”, sem que haja observação empírica, não passa de um truque semântico que procura compensar a completa falta de evidências indiscutíveis que passam pelo rigor da metodologia científica. Fatos se constituem de provas ou deduções que excluem por completo interpretações alternativas de maneira verdadeiramente científica ou racional, sem fazer exclusão a partir de pressuposições filosóficas (impossibilidade da vida ter surgido através de criação especial pelo fato de se crer que não existe um criador), que é o principal sustentáculo do prestígio da teoria evolucionista. Afirmar que evolução é um fato, sem se ter verdadeiras e criteriosas provas, não passa de um ato de fé semelhante aos que estão presentes em qualquer religião do mundo. Instituir uma regra para definir a proximidade que “teoria” tem com “fato” para não se exigir provas que validem uma teoria, é o mesmo que acabar com a fome através de um decreto que diz “proibido passar fome”, mas sem que se dê alimento aos famintos, o que é realmente necessário.
Outro argumento usado para fortalecer a credibilidade da teoria da evolução é o fato de que a ciência é limitada, não sendo possível, portanto, avaliar outra teoria alternativa, a teoria da criação especial, pois esta teoria não permite a elaboração de hipóteses específicas, passíveis de teste experimental, além de que a teoria da criação especial recorre ao sobrenatural, ou seja, a existência de uma entidade inteligente e criadora, geralmente considerada uma divindade, contrariando assim um princípio filosófico adotado pela ciência moderna, mas que já esta se provando limitador e questionável, como veremos a seguir.
Embora as explicações naturais tenham se provado as corretas explicações para quase todos fenômenos ao longo da História da Humanidade, não se deve adotar como regra para a avaliação de qualquer fato ou fenômeno, pois, embora tal postura possa parecer muito razoável, é um posicionamento filosófico (chamado de “naturalismo”) que pode tirar a objetividade da ciência, levando ao cometimento de erros ao tentar se adotar uma metodologia científica ou de avaliação de fatos já ocorridos, pois, afirmar que algo é objetivamente verdade implica que está baseado em evidência empírica e não apenas pelo fato de se assumir um pressuposto ou preconceito em solo filosófico.
O problema do fundamentalismo naturalista
Uma exclusão metodológica de explicações sobrenaturais (como, por exemplo, a possibilidade da existência de um criador inteligente) constitui uma limitação na disciplina do pesquisador, não uma descrição da realidade objetiva. Se os Biólogos evolutivos querem mostrar que a existência da diversidade de seres vivos não envolve desígnio sobrenatural, eles não podem excluir a possibilidade somente a priori, têm que provar a viabilidade da alternativa naturalista, o que ainda é um verdadeiro desafio para os evolucionistas quando deparados principalmente com as remotas probabilidades de certos fatos ou fenômenos ocorrerem. Adotado como princípio filosófico pela ciência moderna, o naturalismo, pode levar a resultados corretos na maioria das vezes, mas, devido a limitação do conhecimento humano, pode-se levar a erros que não seriam cometidos ao se adotar um posicionamento racional isento de pressuposições, isto é utilizar-se de premissa falsa ou de veracidade duvidosa, mesmo quando se chega a conclusões verdadeiras (o que ocorre quando se usa inferências válidas), pois, descartar a possibilidade de existência do sobrenatural pode conduzir a erros devido ao fato de que muitas coisas podem ser tidas como sobrenaturais apenas enquanto não são completamente conhecidas.
Um exemplo de erro que ocorre a partir da suposição que já se conhece o universo natural é o caso da afirmação de Antoine Lavoisier, ao dizer:
“Nada além de bobagens… apenas camponeses podem acreditar que do céu caiam pedras, porque simplesmente não há pedras no céu.”
Na ocasião, no ano de 1769, Antoine Lavoisier estava procurando desmistificar a crença na existência de meteoritos, que ainda não eram desconhecidos pela ciência de sua época, embora os camponeses “supersticiosos” já afirmavam que pedras caíam do céu.
Um naturalista, que era um fervoroso defensor do ateísmo em grupos de discussão na Internet, ao avaliar esta passagem histórica envolvendo Lavoisier, procurando justificar a afirmação errada do famoso personagem histórico, fez as seguintes observações:
“Ele tinha excelentes motivos para fazer a afirmação que fez, porque ela era consistente com todas as evidências disponíveis. No ponto em que ele estava, estava ocorrendo exatamente uma mudança de paradigma: achamos evidências de casos anômalos. Só a partir de então é que as evidências contradizem a teoria. Até então, a hipótese (de que não há pedras caindo do céu) era excelente.”
Novamente, a questão de contexto… é impossível provar deterministicamente a impossibilidade de algo. Ele afirmou sobre a extrema improbabilidade do evento, no que continua certo.
Por mais que os argumentos acima atenuem a afirmação errada de Lavoisier, ficou evidente que o erro cometido se deu devido um posicionamento filosófico naturalista, pois, o mais certo seria afirmar apenas que não se tinha provas da existência de pedras que caíam do céu e não apresentar uma convicção da inexistência de tal fenômeno.
James R. Moore, em Christianity for the Tough Minded (editado por John Warwick Montgomery), observou que ?hoje em dia os cientistas admitem que ninguém sabe o bastante sobre as ?leis naturais?, ao ponto de dizer que qualquer evento é, necessariamente, uma violação delas. Eles concordam que a faixa não-estatística de tempo e de espaço, na vida de uma pessoa, dificilmente serve de base suficientemente para que se façam generalizações imutáveis acerca da natureza do universo inteiro. Atualmente, aquilo que chamamos comumente de ?leis naturais?, na realidade não passa de nossas descrições indutivas e estatísticas de fenômenos naturais?.
Apesar das experiências dadas pela História da Ciência, muitos evolucionistas, adotando um posicionamento puramente naturalista, afirmam que a metodologia científica não precisa avaliar todas as alternativas para se provar a veracidade de uma teoria, mas apenas as hipóteses razoáveis. Mas, pergunta-se: Quais são os parâmetros para se definir o que é uma hipótese razoável e o que é uma hipótese absurda? Cogitar a possibilidade da vida ser um projeto de engenharia genética efetuado por planejador inteligente é absurdo?
O movimento naturalista que influi significativamente a ciência, descarta a hipótese da vida ter sido obra de um planejador inteligente, por ser considerada uma hipótese absurda ou até perigosa para a ciência, por se dar margem a possibilidade de impregnar a ciência com mitologias e misticismos, tendo, desta forma, de ter que se admitir a possibilidade de existência de unicórnios, dragões e coisas afins. Deve-se realmente ter que tomar este cuidado?
O ilustre bioquímico Richard Dickerson, membro da Academia Nacional de Ciências (EUA), especializado em estudos de cristalografia de raio x de proteínas e do ADN apresentou, na revista Journal of Molecular Evolution, nº 34, pág. 277, 1992, sua opinião a respeito de como deve ser o tratamento das hipóteses sobrenaturais na ciência:
?A ciência, fundamentalmente, é um jogo. E é um jogo com uma regra definitiva e definidora:
Regra nº1: vejamos até que ponto e em que medida podemos explicar o comportamento do universo físico e material em termos de causas puramente físicas e materiais, sem invocar o sobrenatural.
A ciência operacional não toma posição sobre a existência ou inexistência do sobrenatural; requer apenas que esse fato não seja utilizado em explicações científicas. Invocar milagres com uma finalidade especial, como explicação, constitui uma forma de ?cola? intelectual. Um jogador de xadrez pode, sem nenhuma dificuldade, remover fisicamente do tabuleiro o rei do adversário e quebrá-lo no meio de um torneio. Esse fato, porém, não o tornaria campeão de xadrez, porque as regras do jogo não foram seguidas. Um corredor pode sentir a tentação de tomar um atalho em diagonal em uma pista oval, a fim de cruzar a linha de chegada à frente de um colega mais veloz. Mas evita fazer isso, porque essa ação não constituiria uma ‘vitória’ de acordo com as regras do esporte?.
O argumento acima parece perfeitamente racional, e, pelo que parece partiu de uma postura muita honesta, pois, apesar do citado bioquímico defender uma postura naturalista, ele é católico (ou seja, crê no sobrenatural, Deus). O argumento dá a impressão que é estritamente necessária a exclusão de qualquer hipótese considerada sobrenatural, mas, observe que este princípio é meramente filosófico e se dá devido uma preocupação exagerada, pois subestima a capacidade de avaliação dos pesquisadores. O bioquímico Michael Behe, em seu livro ?A Caixa Preta de Darwin?, publicado no Brasil por Jorge Zahar Editor, pág. 243, ao comentar sobre a influência do sobrenatural no meio científico, procurando provar que o receio de hipóteses sobrenaturais é infundado, disse:
?Ninguém pode prever o comportamento de seres humanos. Parece-me, porém, que o medo de que o sobrenatural apareça de repente em todos os lugares na ciência é muito exagerado. Se minha aluna de pós-graduação entrasse em meu gabinete e dissesse que o anjo da morte acabou com sua cultura bacteriana, eu não teria nenhuma inclinação a acreditar nela. É improvável que o Journal of Biological Chemistry inicie uma nova seção sobre o controle espiritual da atividade enzimática. A ciência aprendeu no último meio século que o universo funciona com grande regularidade na maioria das vezes, e que leis simples e comportamento previsível explicam a maioria dos fenômenos naturais. Historiadores da ciência enfatizam que ela nasceu em uma cultura religiosa ? a Europa na idade Média -, cujas tradições religiosas incluíam um Deus racional, que construiu um universo racional, compreensível e regido por leis. Ciência e religião esperam que o mundo quase sempre gire de acordo com a lei imutável da gravidade.
Há, é claro, exceções. Às vezes, fatos históricos excepcionais têm de ser utilizados para explicar um efeito. Registros fósseis mostram que, há cerca de sessenta milhões de anos, todos os dinossauros se extinguiram dentro de um período geologicamente curto. Uma das teorias formuladas para explicar esse fato é que um grande meteoro se chocou com a Terra, levando nuvens de poeira na atmosfera e, talvez fazendo com que muitas plantas morressem, interrompendo assim a cadeia alimentar. Alguma prova indireta apóia essa hipótese – níveis do elemento irídio, raramente encontrado na Terra, mas abundante em meteoros, são elevados em rochas daquele período. A hipótese foi aceita por muitos cientistas. Contudo, não houve uma corrida para apontar os meteoros como causa de todos os tipos de eventos. Ninguém disse que meteoros abriram o Grand Canyon ou foram responsáveis pela extinção dos cavalos na América do Norte. Tampouco alguém disse que a poeira de meteoritos minúsculos, invisíveis, causam asma ou que dão origem a tornados. A hipótese da participação de meteoros na extinção dos dinossauros foi avaliada na base de prova física relativa a um dado evento histórico. Há todas as razões para se esperar que a prova seja avaliada na base do caso a caso, se meteoros forem utilizados para explicar outros eventos históricos”.
Para se verificar o erro ou limitações de se adotar uma postura anti-sobrenaturalista na pesquisa sobre a origem e diversidade da vida, vamos definir o anti-sobrenaturalismo meramente como a descrença na existência de Deus ou em sua intervenção na ordem natural do universo, desta forma, ao se analisar, por exemplo, o Pentateuco, onde é afirmado por nada menos que duzentas e trinta e cinco vezes, que ou Deus ?falou? a Moisés ou Deus ?ordenou? a Moisés que fizesse alguma coisa, um crítico preconceituoso, contrário ao sobrenaturalismo, de imediato rejeitaria essas narrativas como não-históricas, antes mesmo de iniciar suas investigações, pois partiria da pressuposição de que Deus não existe.
A. J. Carlson, em Science and the Supernatural (panfleto, Yellow Springs, Ohio: American Humanist Associaton, n.d.), definiu o sobrenatural como ?informações, teorias, crenças e práticas que reivindicam ter tido uma origem diversa da experiência e do raciocínio verificáveis, ou eventos contrários aos processos conhecidos da natureza?.
Embora varie muito os princípios defendidos pelos naturalistas, as idéias mais comuns são:
– Vivemos em um sistema fechado (cada causa tem seus efeitos naturais, não pode haver ingerência ou intrusão vinda de fora, por parte de um alegado Deus);
– Deus não existe ou, conforme muitos críticos, para todos os propósitos práticos, Deus não existe;
– Não existe o sobrenatural;
– Milagres não são possíveis.
J. W. N. Sullivan, em seu livro The Limitations of Science, mostra-nos que desde a publicação da Teoria Especial da Relatividade, de Einstein (1905), e desde os esforços de Planck quanto às ?radiações de corpos negros?, os cientistas estão enfrentando as ?vicissitudes das chamadas leis naturais em um universo não-mapeado e não-obstruído?.
Escreveu Sullivan:
?O que se convencionou chamar de ?revolução científica? moderna consiste no fato de a perspectiva Newtoniana, que dominou o mundo científico durante quase duzentos anos, tem-se mostrado insuficiente. Ela está agora no processo de ser substituída por uma perspectiva diferente; e embora a reconstituição de modo algum esteja completa, já é patente que as implicações filosóficas da nova perspectiva são muito diferentes da antiga?, não se podendo mais afirmar que se sabe o bastante sobre leis naturais, pois o universo ficou aberto a todas as possibilidades, de modo que ?qualquer tentativa para estabelecer uma lei universal de causa necessariamente mostrar-se-á fútil? (Max Black, Models and Metaphors).
Tendo-se uma visão verdadeiramente científica, isenta de pressupostos naturalistas, admitindo-se a hipótese sobrenatural, se pode, sem preocupação, manter eficiência na busca da verdade sobre os fatos, avaliando-se todas as teorias alternativas, evidentemente, no estudo de cada caso, a hipótese mais provável será a mais aceita, e isto se dá mesmo que as mais absurdas alternativas sobrenaturais estejam presentes, para isto basta a formulação de perguntas juntamente com a adoção de metodologia científica, veja, por exemplo, o caso da improvável hipótese apresentada acima por Michael Behe, de uma estudante afirmar que sua colônia de bactérias foi vítima do Anjo da Morte, partindo da pressuposição de que o Anjo da Morte possa existir devido algum registro histórico que mencione esta entidade (ex: a Bíblia):
A colônia de bactérias está morta – é um fato;
Alguém alega que quem matou a colônia foi o Anjo da Morte – não há provas conclusivas de que esta entidade exista, há apenas algumas referências em registros históricos, mas, também não se pode provar que ele não existe (possibilidade de existência do sobrenatural, devido nossa incapacidade de se afirmar que conhecemos o universo plenamente – limitação da ciência);
Julgando que o Anjo da Morte não existe – podemos supor que deve haver outra explicação mais provável;
Julgando que há a possibilidade do Anjo da Morte existir – Devemos perguntar e investigar: Como o anjo se manifesta, segundo os registros disponíveis? Há algum registro histórico que diz que ele já destruiu colônias de bactérias? Há alguma evidência de que foi realmente ele quem destruiu a colônia de bactérias? Sendo as respostas negativas para estas e outras perguntas relacionadas, podemos concluir que é pouco provável que tenha sido o Anjo da Morte o responsável pela morte das bactérias, portanto, devido a remota probabilidade deste evento ter ocorrido, devemos pensar em hipóteses mais prováveis.
Improvável? Por que?
Adotando-se a metodologia científica, o que é improvável é automaticamente excluído, mesmo não havendo pressupostos naturalistas sempre haverá a teoria mais provável e a menos provável. Evidentemente, pode-se criar um grande debate sobre a “Destruição de uma colônia de bactérias pelo Anjo da Morte”, casos parecidos já ocorreram na História da ciência, como por exemplo na questão da existência, ou não, da biogênese, onde foram escritos enormes trabalhos bem fundamentados que “provavam” que a biogênese era um verdadeiro fenômeno natural. Estes trabalhos foram escritos até às vésperas da memorável experiência de Pasteur que provou que não existia biogênese, ou seja, muitas vezes basta uma experiência para encerrar a “polêmica”. Mas, quem levaria a sério a defesa da teoria de que o Anjo da Morte matou uma colônia de bactérias? Os criacionistas! Responderiam alguns evolucionistas. Embora esta resposta possa causar um grande impacto, ela não passa de uma falácia que apela para a Anedota, não auxiliando em nada a busca à verdade, embora, aos descuidados, leva-se a concluir que acreditar em qualquer coisa que se oponha à Teoria da Evolução é algo parecido com acreditar que o Anjo da Morte destrói colônias de bactérias, mera crença religiosa e sem fundamento, mas, ao deixar os pressupostos naturalistas de lado, veremos que existe diversas evidências de que a vida pode ter surgido e se diversificado conforme a proposta criacionista, o que fragiliza significativamente a Teoria Sintética da Evolução.
Atualmente, o humanismo, ateísmo e naturalismo têm influenciado e favorecido significativamente a Teoria da Evolução, a elevando a posição de verdade absoluta, pois, assim como se atribuía a crença na existência de meteoritos apenas aos camponeses (citados como incultos), atualmente, estas filosofias infiltradas na ciência, afirmam que a evolução é a única teoria viável para se explicar a existência da vida, pois, parte-se do pressuposto de que Deus (ou algo parecido) é simplesmente produto da imaginação de religiosos (pensamento de perspectiva Newtoniana), desprezando assim uma série de evidências matemáticas (teoria da informação) que mostram a obrigatoriedade da existência de um criador para qualquer forma de vida conhecida, fazendo com que as atuais explicações naturalistas para a existência da vida sejam tão improváveis que nem mesmo mereçam a classificação de “naturais”, pois são consideradas matematicamente como fenômenos impossíveis de ocorrerem (um exemplo é a possibilidade da vida evoluir a partir de simples moléculas orgânicas que por sua vez se desenvolveram de substâncias químicas inorgânicas – impossível segundo a lei de Borel, que diz que eventos com probabilidade de ocorrer abaixo de uma chance entre 1050 simplesmente nunca ocorrem).
Embora sejam realizadas diversas experiências em laboratório para se provar que a evolução é um fenômeno natural, ainda não se conseguiu uma prova de macroevolução e mesmo que no futuro se consiga algo que possa ser interpretado como verdadeira evolução conforme a forma proposta pela Teoria Sintética (macroevolução), isto não provaria que a evolução se deu da mesma forma na natureza, pois, o surgimento da vida e de sua diversidade é um fato histórico (no sentido lato sensu, pois, em outro sentido, a História só começa com o aparecimento da escrita) , portanto, não é possível ser presenciado, pelo simples fato de já ter ocorrido. Desta forma, tanto a Teoria da Evolução como a teoria criacionista estão em pé de igualdade no que se refere à possibilidade de ser provada cientificamente. As limitações da Biologia são suficientes para não se poder atribuir toda a autoridade a esta ciência para se afirmar que a vida surgiu de determinada maneira, excluindo-se, por completo a possibilidade da criação através de um planejador inteligente, pois ainda restaria adotar, além da metodologia científica, uma investigação histórica a respeito da possível existência do planejador (normalmente considerado ?Deus?), mas, também na investigação histórica é comum o uso de pressupostos naturalistas, havendo, portanto, um cerco de preconceitos ao redor da teoria que afirma que a vida pode ser produto da criação especial de um planejador inteligente, zelando para que tal teoria seja classificada como meramente religiosa e fundamentalmente errada.
Diante das informações até aqui citadas, podemos verificar, após uma avaliação das supostas evidências da evolução, que o prestígio da Teoria Sintética da Evolução se dá principalmente porque é adotada a filosofia naturalista para interpretar os fatos de maneira que se descarte por completo a hipótese de possibilidade da vida ter surgido conforme a proposta criacionista, mesmo quando as evidências podem ser usadas também para indicar a existência de um designer inteligente. Adotar ou não um posicionamento filosófico é que faz a grande diferença entre cientistas imparciais (evolucionistas ou não) que reconhecem a fragilidade de diversos aspectos da teoria da evolução, considerando a possibilidade dela estar errada e não existir evolução da forma proposta pela Teoria Sintética da Evolução e os cientistas e leigos que são influenciados pela filosofia humanista, materialista ou naturalista, que até quando reconhecem que existe uma possibilidade muito remota de ter ocorrido evolução puramente através de processos naturais, não admitem a possibilidade de existência de qualquer outro processo de surgimento da vida, pois parte-se da pressuposição da inexistência do sobrenatural (neste caso, existência de Deus), tendo-se, portanto, que crer nas mais improváveis e absurdas explicações naturais, que devido a pequena probabilidade de ocorrência de certos fatos, pode-se até afirmar que tais explicações não merecem o rótulo de “naturais”, equivalendo aos mais fantásticos milagres que superam infinitamente em termos de desafio à probabilidade os milagres narrados em qualquer literatura religiosa Para melhor compreender esta afirmação, leia o texto abaixo, do Prof. E. H. Andrews, autoridade internacional em ciência macromolecular, em sua obra “From Nothing to Nature” :
“Certo dia, caminhando ao longo de uma praia, enxerguei algo colorido semi-enterrado na areia. Cutucando com o pé descobri que se tratava de uma dessas bolas sólidas de borracha que pulam tão bem. Como ela chegou ali?
Você pode imaginar que uma criança, brincando na praia no dia anterior, a tenha perdido, mas pretendo dar uma explicação totalmente diferente.
Centenas de anos atrás, em uma ilha tropical, cresciam lado a lado, um coqueiro e uma seringueira. Certo dia um coco caiu do topo do coqueiro até o solo, atingindo uma pedra que lascou um pequeno pedaço da casca do coco.
Em pouco tempo, as formigas e outros insetos descobriram o buraco na casca do coco e começaram a remover a parte comestível até que a casca do coco tornou-se praticamente limpa em sua parte interna.
Aconteceu, na mesma época, que um segundo coco caiu do coqueiro. Na sua queda atingiu um dos galhos principais da seringueira, removendo um pedaço da casca da árvore. Naturalmente, o leitoso látex começou a escorrer pelo galho danificado e pingar em direção ao solo.
Aconteceu, (já usei esta palavra, não usei?) que a casca de coco vazia encontrava-se diretamente embaixo do ramo danificado, com o pequeno furo na parte superior. Por uma coincidência maravilhosa o látex começou a gotejar diretamente para dentro do buraco até que uma quantia considerável de látex se acumulou na casca.
Em seguida, teve lugar uma ventania carregando areia e pó por toda a ilha. Parte do pó era mineral de enxofre e parte vinha de rochas de cor avermelhada encontradas na ilha. O vento empilhou muito pó sobre a casca de coco e boa parte do pó penetrou na cascas de coco através do buraco acumulando-se sobre o látex.
Finalmente, o vento trouxe uma folha, que pousou sobre o buraco e pingos de látex selaram-na sobre o mesmo de modo que nada podia entrar ou sair. O mar agitado pelo vento, cobriu a praia removendo a casca do coco.
À medida que a casca submergia e emergia, rolando repetidamente entre ondas, o látex misturou-se com o enxofre e a areia, tomando o formado de uma bola. Quando enxofre é aquecido com borracha esta é vulcanizada, tornando-se um concentrado sólido e elástico; e foi exatamente isto que aconteceu. (Temos que imaginar um sol bastante forte, mas isto não é problema!) O látex continuou a rolar dentro da casca de maior diâmetro enquanto sofria o processo de vulcanização e desta maneira adquiriu o formato perfeito de uma esfera. A areia colorida produziu listras na bola elástica com faixas vermelhas e amarelas.
Eventualmente, o coco foi arremessado contra algumas rochas e quebrou, libertando a bola que flutuou a finalmente atingiu uma praia onde a encontrei.”
O Prof. Andrews continua seus comentários:
“Você acredita em minha história? Não? Diga-me por que você não acredita. Espero que você responda que é muito improvável. Você não pode afirmar que é impossível, pois tive bastante cuidado para que todo evento em minha explicação fosse perfeitamente possível! Nada do que eu disse é cientificamente impossível, e algumas das idéias que usei são baseadas em processos bem conhecidos na ciência. Que falha pode você então encontrar em minha história? Você afirma que é improvável e está correto. Usei um série de acontecimentos, cada um dos quais perfeitamente possível mas bastante improvável, e juntei-os para explicar como a bola veio a aparecer na praia. Se você disser que a chance de que todos esses eventos aconteçam um após o outro é muito, muito pequena, simplesmente repliquei que havia tempo suficiente para que tudo acontecesse. Se você disser que não poderia acontecer mesmo em centenas de anos, responderei: ‘Está bem. Pode ter levado milhares de anos para que tudo acontecesse favoravelmente!’
Estou certo que você desistirá de provar que estou errado, mas você estará totalmente convencido de que a bola de borracha não ‘aconteceu’ precisamente da maneira que narrei.
A teoria da evolução química assemelha-se à minha explicação do aparecimento da bola de borracha. Nenhum dos passos na teoria pode ser provado como impossível. Muitos são improváveis, mas esta dificuldade é descartada supondo que os fatos mais improváveis acontecerão se permitirmos um longo tempo. Talvez a história de bola de borracha fará você pensar que qualquer coisa que seja possível acontecerá se lhe dermos o tempo suficiente. Esta é uma idéia que surge repetidamente na teoria da evolução e é totalmente falsa. Baseia-se numa aplicação equivocada do que denominamos “teoria das probabilidades”.
Na história da bola de borracha, apresentei uma seqüência de dez eventos improváveis, cada um tendo de acontecer no tempo exato de modo a permitir o resultado final. Assim é com a história que a teoria da evolução apresenta sobre como a vida começou.
A atmosfera original tinha de conter certas moléculas pequenas e não outras.
Relâmpagos ou luz ultravioleta tinham que estar presentes para fazê-las se unirem, mas não para quebrá-las, separando-as outra vez.
As novas e maiores moléculas tinham de ser levadas pelas chuvas em direção ao solo. As moléculas tinham de estar abaixo das nuvens para que isto acontecesse, mas as pequenas moléculas de amônia que dissolvem facilmente em água, de alguma forma não foram removidas dos céus. (Isto é difícil de acreditar, não é?).
As moléculas maiores, embora não muito solúveis em água, tinham de continuar na água à medida que esta filtrava através do solo e escorria sobre as rochas.
Estas moléculas, embora mais leves do que a própria água, tinham de permanecer sob a água. Se viessem à toma e flutuassem, teriam sido destruídas pela luz ultravioleta.
As moléculas tinham de se depositar e aglomerar na sopa orgânica para que se pudessem ligar outra vez.
Deveria haver moléculas catalisadoras especiais para permitir a ligação das moléculas orgânicas sob a água.
As moléculas orgânicas adequadas tinham de estar presentes na proporções adequadas para se ligarem formando proteínas e DNA.
De alguma forma, a ordem codificada das moléculas de proteínas e DNA teve de ser estabelecida. Nenhuma explicação plausível ou convincente para isto acontecer foi até hoje apresentada.
Gotículas orgânicas tinham de se formar e permanecer por tempos suficientemente longos de modo que acontecesse algo em seu interior que as transformasse em células vivas. Ninguém é capaz de conceber como isto pode ter acontecido.
Finalmente, é óbvio, a primeira célula viva tinha de encontrar um meio de se dividir em duas antes que morresse (animais de uma única célula não sobrevivem muito tempo especialmente em soluções concentradas de amônia, que hoje usamos para matar germes).
Temos então onze passos, cada um dos quais deveria acontecer da maneira exata como foi descrito para que a vida sobrevivesse. Nenhum dos passos, isoladamente, é completamente impossível, embora não possamos conceber como um ou dois deles pudessem ter acontecido. Mas, colocados em seqüência para elaborar uma explicação da origem da vida, eles constituem uma história bastante improvável.
E isto nos traz à mente a bola de borracha. Gostaria de saber qual você considera mais convincente: a história da bola de borracha ou a história da evolução química?
A história narrada pelo Prof. E. H. Andrews, sobre o surgimento da bola de borracha por meios naturais é uma ilustração que não prova que evolução inexiste, mas, nos dá uma boa idéia da quantidade de impossibilidades que a teoria da evolução nos propõe. O Prof. Andrews, em sua história, não comentou a respeito da influência de pressupostos filosóficos, mas a história também pode ilustrar perfeitamente esta questão. Para isto, basta pensar em um naturalista que convictamente não acredita na existência de fabricante de bolas de borracha, mas que tem que explicar o surgimento destas bolas. Com certeza, ele apresentaria uma teoria no mesmo estilo da história apresentado pelo Prof. Andrews e, na falta de provas de que os fatos ocorreram conforme sua teoria, e, com a pressuposição de que não existe fabricante de bolas do borracha, ele poderia afirmar que o surgimento casual do bolas de borracha é um fato, a dúvida se dá apenas em “como estas bolas de borracha surgiram através de processos naturais”, e, ainda poderia argumentar que “dado tempo suficiente qualquer coisa é possível”, é desta mesma forma que é tratada a questão do surgimento da vida, diferindo apenas no fato de que o público leigo não consegue perceber que no meio de tantas explicações “eruditas” e “científicas” há uma série de leis naturais que são desprezadas e que a principal fundamentação para se adotar a teoria da evolução como principal teoria para explicar a origem e diversidade da vida é uma fundamentação filosófica, e não científica (a crença na inexistência de um criador). Este posicionamento filosófico, que exclui previamente a existência de um criador, ficou bem nítido, por exemplo, na declaração do zoólogo Richard Dawkins, da Universidade de Oxford, um dos mais dedicados defensores da teoria da evolução, autor de um dos mais conhecidos livros evolucionistas, “The Blind Watchmaker” (O Relojoeiro Cego), ao chamar a Biologia de “o estudo de coisas complicadas que dão a aparência de terem sido criadas com algum propósito”. Sem qualquer dúvida, esta afirmação é meramente filosófica, pois contraria (ou despreza), como a própria Teoria da Evolução, princípios bem estabelecidos da teoria da informação, além de leis de probabilidades, como veremos posteriormente, assim como também veremos que o posicionamento filosófico ateísta é o único argumento para se desprezar diversos outros obstáculos apontados pela ciência legítima, preferindo-se sempre o que é matematicamente improvável, ou impossível, ao invés das evidências científicas da necessidade de um criador. Lembre-se de que a Teoria Sintética da Evolução afirma que a abiogênese ocorreu pelo menos uma vez, ou seja, o impossível foi possível pelo menos uma vez. Também é o caso do surgimento das penas das aves, que devido a estrutura complexa, os evolucionistas afirmam que foi um evento impar, ocorrido apenas uma única vez. Também para se contestar a Teoria da Complexidade Irredutível (que será apresentada posteriormente neste site), evolucionistas dizem que poderiam ter ocorrido eventos extremamente improváveis em um número indeterminado de seres vivos. Assim está se dando a atual defesa à Teoria da Evolução, não com provas, mas com explicações de que improváveis fenômenos naturais e casuais ocorreram por diversas vezes.
Wysong resumiu da seguinte forma a realidade da teoria da evolução:
“A evolução não é uma formulação do verdadeiro método científico. Eles (esses cientistas) compreendem que evolução significa a formação inicial de organismos desconhecidos a partir de produtos químicos desconhecidos numa atmosfera ou oceano de composição desconhecida, mediante um processo desconhecido, deixando uma evidência desconhecida” (R. L. Wysong, The Cration/Evolution Controversy “East Lansing, MI: Inquiry Press, 1976”, 40-41).