Três tipos de católicos

CATÓLICO OU “CAÓTICO”?

Dizem que no Brasil – mas não é só no Brasil, não! – muitos católicos adotam um cristianismo original. Em vez de: católico-apostólico-romano, passa a ser: caótico-apostático-romântico … E bote isso tanto no masculino como no feminino!

Comecemos pelo “católico-caótico”. A palavra “católico” é um adjetivo da língua grega que, no masculino, feminino e gênero neutro corresponde respectivamente a: katolikós, katoliká, katolikón. O significado de católico é: universal. Quer indicar que o cristianismo deve ser universal, abranger todos os povos de toda a terra e de todos os tempos. O Evangelho é universal, é para todos. No caso, o substantivo é: cristão; católico é adjetivo, que poderia ser substituído por “universal”; mas, ficaria um tanto pernóstico dizer: “sou cristão universalll”… E por isso, ficamos com o adjetivo “católico” mesmo, querendo dizer “universal”. Entendido?

Pois bem. Mas, em nossa querida Pátria e alhures, o cristão em vez de ser “católico”, isto é, aceitar todo o Evangelho, a Igreja-Hoje, o tal cristão-“caótico” faz uma misturança de tudo e faz uma religião das suas conveniências, catando aqui e ali meias verdades e … bota tudo no “liquidificador” do seu egoísmo e da sua ignorância, aperta o botão das suas conveniências, e … dá aquela mistura caótica de católico-umbandista-cientificista-espiritualista-esotérico-maçonista e… diabo-a-quatro. E depois se mete a discutir religião sem entender bulhufas.

A Fé desse cristão caótico fica na periferia. E, no fundo mesmo, ele não quer é se comprometer com as dimensões da Fé: a dimensão pessoal da consciência limpa, a dimensão social da Justiça, a dimensão Política do compromisso com a ética do bem-comum; e, por aí afora. O cristão caótico cria um caos entre Fé e Vida, entre Fé e as realidades temporais onde ele deve atuar. O “caótico” cria uma religião liberalóide, à imagem e semelhança de suas idéias e gostos. Assim é fácil, não? …

APOSTÓLICO OU “APOSTÁTICO”?

Outro tipo de católico original, mas muito comum, é o que afirma, nos recenseamentos, ser católico-apostólico, mas, em vez de “apostólico”, ele é “apostático”. Sem querer fazer muita apologética nem muita discussão sobre o assunto, é fácil verificar qual é a verdadeira religião cristã (universal = católica), a que vem desde os tempos dos apóstolos, do tempo de Cristo, portanto. É só ver nos Evangelhos como Jesus quis sua Igreja como sinal do Reino. E logo constataremos que Jesus quis, nessa Igreja, u ma autoridade que fosse a pedra fundamental, garantia da unidade. E sabemos que ele colocou Pedro como a primeira autoridade, que depois vai tomando o nome de papa (pai). Está clara, nos Evangelhos, a indicação do Apóstolo Pedro como o primeiro chefe. E como essa Igreja deveria perdurar e continuar através dos séculos, vemos, na história da Igreja, que vieram Uno, Cleto, Clemente … até o nosso atual Papa João Paulo II. Então esta será, claro, a Igreja Apostólica, a Igreja que o Cristo quis … apesar de todas as misérias acontecidas com a necessidade de contínuas reformas na parte humana da Igreja.

Pois bem. O nosso católico “apostático”, em vez de ficar com essa Igreja, ele vai “apostando”, como o “caótico”, num sincretismo reli¬gioso, numa mistura de religiões ou fantasias religiosas, superstições e “etceterões” que não podem caber num “mesmo saco”, numa mesma vida…

Assim, de manhã, o “apostático” aposta na missa. Ao meio dia, aposta no horóscopo (alguns jornalistas-horoscopistas disseram-me como fazem quando “falta assunto”: pegam horóscopos de uns anos atrás e recopiam com algumas mudanças e publicam o “horóscopo do dia”…). E à noite, em que “aposta” o nosso “apostático”? No terreiro, saracoteando na macumba e quejando…

E assim vai ele, pela vida, “apostando”, até que acaba é apostatando mesmo, sem eira nem beira, sem convicção cristã nenhuma, sem compromisso com a Fé. Uma religião na base da emoção, da fantasia, sem firmeza histórica, sem firmeza evangélica, sem firmeza da Fé. Apostando no que lhe convém no momento… Nem cristão, nem católico, nem apostólico, mas: “apostático”…

ROMANO OU “ROMÂNTICO”?

Vimos os dois tipos de cristãos batizados e crismados com os quais o Espírito Santo da Crisma não terá chance nenhuma de contar para o testemunho da Fé. São os católicos “caóticos” e os “apostáticos”.

Mas há um 3º espécimen, muito caracterizado e muito comum entre eles e entre elas… É o chamado cristão-católico “romântico”: “ái Jésúis!” E como os há, por aí afora… Dizemos “romântico” em oposição a romano; isto é, sem a adesão incondicional à Igreja de Jesus Cristo, desde os inícios sediada em Roma. “Romano” só porque, desde Pedro, os 263 Papas sediaram-se em Roma.

“Romântico” é o católico superficial, que tem as emoções como termômetro da Fé; o que se apega às periferias da religião, sem convic­ções profundas, e que age ao sabor do “gosto não-gosto”. Neles e nelas não é a firmeza da Fé, a constância da Esperança nem a fidelidade do Amor que orientam a vida, mas sim, os “gostinhos” e preferências da ocasião, da “moda”.

“Romântico” é o católico que não perde a procissão do Senhor Morto e faz questão fechada de depositar seu ósculo no esquife do Senhor Morto… Mas foge, na vidado dia-a-dia, de “beijar” o Senhor vivo do Evangelho, o Cristo da justiça, do amor ao irmão, do perdão. É fácil beijar um “Senhor Morto” de madeira, de pedra, de gesso: quero ver é você beijar o Cristo do Evangelho, quando exige tomadas de posição na caminhada da Igreja, na justiça etc., etc.

Católica “romântica” é aquela que me dizia: “Ah! padre, o dia da 1.a comunhão de minha filha, quero que fique ‘indelééévvelll’… na minha vida…” Mas, ela mesma nem “limpou a cocheira” dos pecados para poder comungar com a filhinha… “Romântico” é o cristão que lê o Evangelho, concordando com umas coisas que Jesus disse e não con­cordando com outras que o mesmo Jesus disse… “Eu acho… eu não acho… ” como se cristianismo fosse “achismo” … E, por aí afora, meus amigos, quantos cristãos e cristãs romântico (a)s”, não? E onde fica o Batismo dessa gente, onde fica a Crisma com o Espírito Santo exigindo uma vida coerente com o Evangelho, com a Igreja e não com os caprichos de cada um?

 

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