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Boa tarde

Tenho acompanhado o site de vocês e fiquei surpreso ao ver a riqueza do material publicado.

Como católico, eu gostaria de saber a posição de vocês a respeito da profecia contida em Joel 2:28-32. O derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja de Jesus será essa manifestada pelo dons de línguas que vemos acontecendo hoje? Isso realmente é obra de Deus ou é apenas uma manifestação da alma humana? Até que ponto a Igreja de Cristo está sendo preparada para entrar no cumprimento das profecias finais? Gostaria de obter informações a respeito para tirar as minhas dúvidas que são tantas…

Abraço

Jair

Caríssimo Jair, Salve Maria.

Primeiramente agradecemos suas palavras elogiosas ao nosso trabalho: o seu reconhecimento de nossa dedicação é a nossa paga; a sua progressão na fé é o nosso contínuo desejo. Rogamos a Deus para nos conserve nas Suas veredas de amor e sabedoria.

“Joel, filho de Fatuel, é um dos mais antigos profetas de que se conservam os escritos. Pertencia ao Reino de Judá, onde exerceu o seu ministério profético, depois da ruína de Israel (cerca do ano 610 AC). Anunciou a destruição de Judá e a liberdade que Deus concederia ao seu povo depois do cativeiro. Profetizou a descida do Espírito Santo sobre a Igreja, e descreve com incomparável magnificência a juízo final.

Seu livro profético divide-se em duas partes:

Na primeira parte (1 ? 2, 17) anuncia-se o juízo de Deus contra Judá e descreve-se maravilhosamente uma invasão de gafanhotos.

Na segunda parte (2, 18-3) anuncia-se a misericórdia de Deus sobre seu povo, com a promessa de um futuro de prosperidade, que será o símbolo da efusão do Espírito Santo sobre o povo de Deus. Faz-se descrição do grande dia do juízo de Deus contra os seus inimigos que serão feridos com terríveis castigos”. Introdução aos livros sagrados do Pe. Matos Soares que também traduziu a Vulgata.

Uma advertência preliminar: apesar do personalismo do estilo em cada resposta que fornecemos aos nossos leitores, que varia conforme o autor, em questões relevantes somos totalmente fiéis ao Magistério da Igreja. Não há opiniões ou “posicionamentos” em temas como Soterologia, Eclesiologia, Teologia, Tradição etc, mas a devida ressonância para com a palavra da Igreja.

Se houver erro, debita-se exclusivamente à uma falha pessoal do “escrevinhador diletante” que não soube bem receber e repassar o ensinamento infalível da Igreja.

Posta essa ressalva, vamos ao tema!

O Profeta Joel, bem como toda a Tradição profética anterior, anunciou as maravilhas que deus guardava para o seu povo.

“Profeta, conforme a etimologia do vocábulo, chamava-se “aquele que falava em nome de outro”, como o seu intérprete. Foram denominados Profetas os homens extraordinários que falavam em nome de Deus, eram a boca de Deus. O que mais impressionava, na atitude dos profetas, era o dom e predizer o futuro que lhes era revelado por especial iluminação divina. Eis porque na linguagem popular passou a ser chamado profeta aquele que predizia o futuro.

A missão dos profetas era bem mais vasta: mensageiros extraordinários de Deus, elevados a mestres supremos, como guias religiosos de Israel, clamavam contra a idolatria e imoralidade, conservavam e explicavam as antigas leis, defendendo-as estrênuamente, anunciavam e preparavam nova lei, consolando o povo com a esperança do Messias. O centro da pregação dos profetas e dos vaticínos dos profetas é Cristo Redentor.

Recebido de Deus, por meio dos anjos, ou imediatamente no êxtase, em sonho ou arroubo profético, aquilo que devem revelar, manifestaram-no como se lhes apresenta, sem prospectiva, isto é, sem distinguir claramente os acontecimentos recentes dos remotos, , passando bruscamente do presente para o futuro, por vezes apresentando fatos futuros como já realmente acontecidos. Tudo isso porque presenciavam os acontecimentos em visão, sem relação do tempo, que distingue uns dos outros.

Todos os profetas falaram a Israel em nome de Deus, mas nem todos escreveram as próprias profecias. Aliás, até o oitavo século (séc. VIII AC), não deixaram nenhum escritor, portanto tinham sido enviados somente para os seus contemporâneos. Dessa época em diante começaram a escrever, para eu se testemunhasse aos pósteros a veracidade de seus vaticínios. Mas também estes profetas não deixaram escrito tudo aquilo que expuseram ao povo de Israel; inúmeras vezes fizeram somente o resumo de seus discursos, acrescentando algumas notas históricas e documentárias.

Aqueles que deixaram escritos foram divididos em maiores e menores, conforme a quantidade de documentos que nos legaram. Os maiores são quatro: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel; os menores são doze: Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zararias e Malaquias.

Pertencem todos ao reino de Judá, exceto Jonas, Amós e Oséias que pertencem ao reino de Israel.

A maior parte deles viveu nos último séculos dos Reis; Ezequiel e Daniel viveram na época do exílio de Babilônia; Ageu, Zacarias e Malaquias viveram depois do exílio.

Embora tenham vivido em tempo e lugar diferentes, os profetas apresentam todos uma certa semelhança no ciclo de suas profecias. Com efeito, desenvolvem mais ou menos amplamente e com a mesma ordem os seguintes temas: o pecado de Israel; o castigo de Israel; a conversão de Israel; os castigos dos inimigos de Israel; a restauração de Israel; o reino messiânico.

Geralmente as profecias são obscuras. Isso depende da própria natureza das profecias, que são altíssimos mistérios. Se a dificuldade não está no conceito, está no modo com qual são expostas, de tal sorte que se percebe a sua veracidade só depois do fato realisado. Além disso, as profecias são expostas com símbolos audazes e com alta poesia, o que exige uma profunda preparação para serem bem compreendidas. Quem lograr, porém, compreender os profetas, sentirá neles a mais potente e magnífica arte que jamais o gênero humano chegou a produzir [com a graça de Deus]”.

Depois dessa maravilhosa introdução ? e advertência – do Pe. Matos Soares, podemos, com prudência santa, tenta sondar o mistério que apresentas.

A profecia de Joel entra em divina e pretérita ressonância com o que se passa em Atos dos Apóstolos II. Como disse o Pe. Matos Soares, “Deus falou pelo Seu Profeta”.

Ampliar a abrangência da profecia, como você sugere, requer mais prudência ainda; vejamos: quando houve a efusão do Espírito Santo sobre os Apóstolos, entre eles o primeiro Papa (S. Pedro), vemos que o Dom de Línguas era, num primeiro momento, o prodígio da ciência de uma outra língua – que não a nativa da cada Apóstolo – ser infundida no espírito de cada um. Como dito na Escritura, “E, logo que correu essa voz, acudiu muita gente, e ficou pasmada, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua”. (Atos II, 6), sempre na tradução do Pe. Matos Soares.

Num segundo momento, depois da confirmação da “apostolicidade” da Igreja, isto é, da “descendência” apostólica da verdadeira Igreja (Uma e Una), Deus proveu o Dom de Línguas como que “falar a cada um conforme o seu entendimento”, isto é, durante o discurso (onde cita o profeta Joel) no qual ele aponta para esse “prodígio de Deus” (o falar em línguas), para que os crentes creiam, Pedro, um homem rude, impulsivo, querelante, voluntarioso, profere palavras de profunda sabedoria, fé e amor.

Como pôde isso ter acontecido? O Espírito Santo elevou o que Pedro tinha de melhor, de mais excelente, catalisando sobrenaturalmente os dons naturais, próprios de cada um que, cheio do Espírito Santo, exaltou e exultou no Senhor Nosso (Cristo Jesus) com tamanho ardor que a todos cativou com laços de amor.

Devido a esse Dom transmissível que os Apóstolos repassam, dentro da sucessão Apostólica ? pela graça de Deus ? a Igreja, pela sua catolicidade, isto é, pela sua universalidade (kátolos, em grego, quer dizer “universal”) tem alcance universal, isto é, fala a todos os homens, total e indistintamente. Tem ela o Magistério que assegura, de maneira insofismável, a abrangência dos ensinamentos do Cristo a todos os homens; tem ela a Tradição que é o acumulado depurado das culturas de vários tempos e locais que prova e comprova, mais uma vez, a universalidade do Dom; tem a Escritura que, descendendo do judaísmo, extravasa em amor e glória os aspectos circunstanciais de “uma língua” e esparge por todo o orbe a misericórdia de Deus. Deus fala, pela Sua Igreja, “todas as línguas” dos homens.

Numa análise dos fatos quotidianos que vemos que pululam por aí, a dita “manifestação em línguas” é mais um problema psicológico do que outra coisa. Nos noticiários e nas propagandas de alguma seitas protestantes vemos que o “espírito santo” provoca convulsões, ataques e uma verborréia incontinente. Para que serve a “manifestação em línguas” se ninguém entende?!… Será que Deus quer ser incompreendido? Certamente que não!!! Isso é fruto da sugestão hipnótica dos pretensos “pastores” que, através do show e da credulidade estulta de alguns manipulam a fé alheia para conseguir coisas escusas.

São atitudes condenáveis!!!

Como diria o profeta, no Dia do Juízo eles terão a paga pela sua iniquidade.

Sobre o Dia do Juízo é temerário fixar uma data precisa. Como o Pe. Matos Soares nos ensinou, é difícil ? se não impossível ? estipular uma data, visto que a profecia só se confirma quando se cumpre.

Laboremos, pois, como se o dia do juízo fosse cada dia; sem desespero, nem desesperança, mas como filhos de Deus!!! Laboremos com fé e esperança na caridade!!!

Quanto a Igreja, como a Casa de Deus, ele é o nosso Porto Seguro: os portões do inferno jamais prevalecerão!!! Abriguemo-nos, pois, nesse abrigo de amor que o Pai construiu para nós.

Espero ter respondido a contento a sua dúvida.

Fique a vontade em nos endereçar os seus questionamentos.

Recomendo uma pesquisa com nossa ferramenta de busca para mais textos sobre o tema proposto.

Nos corações de Jesus, Maria e José;

MMLP

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