Usando a psicologia

Por que a Igreja não utiliza a psicologia para atrair as pessoas para ela e para chamar as vocações? Quem sabe daria certo?…

Sou Desde já muito grato pela atenção.

Plínio

Caríssimo Plínio, salve Maria.

Sua pergunta é muito pertinente. Os tempos atuais estão eivados daquela confusão entre psiquismo e espiritualidade: basta “estimular” a psique do fiel e veremos uma melhora significativa do sujeito. Perigoso engano.

A esfera psicológica é um dos domínios que compõe o ser humano. Sendo parte, portanto, não pode ela se sobrepor as demais, mas trabalhar em harmoniosa composição.

Há uma tendência hodierna em hipervalorisar o psicológico em detrimento de tudo o mais, fazendo o fiel uma presa fácil para manipulações diversas ou ficar a mercê do psicologismo, posto que é redutor.

Não posso dizer que a retaguarda psicológica é “descartável”: ela é imprescindível para a composição da maturidade do indivíduo, mas fazer daí uma “tábua da salvação” onde tudo é explicado pela psicologia (alguns diriam psicanálise…) – tudo é um “questão psicológica” – é mergulhar perigosamente na dependência solipsista do eu e não contemplar o Tu transcendente e fundante que é o Nosso Senhor Jesus Cristo.

A sã psicologia é aquela que prova e comprova e existência da pessoa espiritual: o ser humano que possui um tropismo espiritual, uma natureza que aspira a transcendência; não fica presa, refém dos condicionalismos e contingencialismos de uma psique afetada ou pretensamente “fortalecida pela psicanálise”.

“É verdade que a existência humana sobre a Terra é luta, divisão, precariedade, carência, incompletude. Mas fazer da mutilação um princípio metafísico absoluto, ou mesmo uma característica estrutural e imutável da essência humana sempre me pareceu um abuso, uma projeção universalizante de experiências contingentes, ou, pelo menos, é fazer do estado humano médio a régua máxima da perfeição concebível. É a covardia, é a depressão que leva um homem a culpar o universal, fundando sua derrota num princípio metafísico que é apenas a ampliação paranóica da sua própria divisão interior. Quem cede a essa tentação torna-se em breve incapaz de conceber a idéia mesma de universalidade, que casa inseparavelmente a unidade e a infinitude. O universal está, por definição, acima de todas as culpas, porque está acima de todas as divisões”. Olavo de Carvalho em Da contemplação amorosa.

Abordando o ponto da Igreja, saliento que Ela não é um hospital para egos feridos, nem uma escola para oradores e propagandistas: ela é a Casa de Deus. Ela ensina, educa e pune os seus filhos com amor e justiça para a maior glória de Deus.

Não convém para entrar em suas hostes pessoas debilitadas e fragilizadas.

Com relação ao “convencimento psicológico” para angariar postulantes para seminários, devo alertar para o perigo de se laborar na superfície do ser, isto é, um trabalho que dote o postulante de um “verniz espiritualista”, posto que não haveriam de possuir a verdadeira matéria-prima do sacerdócio: a fibra espiritual forjada no amor de Cristo, uma alma capaz de Deus, mas o seu sucedâneo, um placebo (ao modo da famacopédia fraudulenta), um blefe, um engodo.

Essa inversão que toma tudo pelo seu duplo é bem característica desses nossos loucos tempos onde a propaganda é a rainha das mediocridades: pululam cursos de “auto-ajuda” e “sucesso na vida e nos negócios” que enganam os incautos que vêem um mundo onde os subjetivismos imperam soberanos e a “paz de consciência”, isto é, a auto-referência suicida traz a sua marca.

Para maiores detalhes ver APEIROKALIA, texto de Olavo de Carvalho.

Para finalisar recomendo a leitura dos textos disponibilisados em nosso site que abordam o tema; são eles: PSICANÁLISE E RELIGIÃO e PSICANÁLISE E ESPIRITUALIDADE.

Espero ter respondido a sua dúvida.

Nos corações de Jesus, Maria e José;

MMLP

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