S. Gregório de Nissa: Vida de Macrina (Parte 2/3)

Basil morre depois de uma nobre carreira

Enquanto isso, Basil, o famoso santo, fora eleito bispo da grande igreja de Cesaréia. Ele promoveu Pedro à sagrada ordem do sacerdócio, consagrando-o em pessoa ao cerimonial místico. E desta maneira um avanço adicional em direção à dignidade [974 C] e à santidade foi feito em suas vidas, agora que a filosofia fora enriquecida pelo sacerdócio.

Oito anos depois disso, o renomado Basil partiu dos homens para viver com Deus, para a dor geral de sua terra nativa e de todo o mundo. Agora, quando Macrina ouviu as notícias sobre a calamidade em seu distante retiro, afligiu-se, de fato, na alma, por tão grande perda como ela não se sentiria por uma calamidade, pois como não ser levada ao sofrimento, que muitas vezes foi sentido até mesmo pelos inimigos da verdade?

Mas, como dizem, o teste do ouro somente acontece depois de várias fornadas, então, se qualquer impureza escapar à primeira fornalha, ele pode ser separado na segunda, e outra vez na última de todas quando a impureza do metal fundido puder ser removida ? consequentemente é mais acurado testar o ouro puro se a cada fornada não mostrar nenhuma impureza. Assim acontecia também no caso dela (de Macrina).

Quando seu nobre caráter fora testado  por essas difíceis aproximações de dificuldades, em cada sentido o metal de sua alma  provava ser puro e imaculado. O primeiro teste foi a perda do irmão (Naucratius), o segundo, a morte de sua mãe, o terceiro ocorreu quando a grande glória da família, o grande Basil, foi removido da vida humana. Assim ela permaneceu, como uma invencível atleta sem a sabedoria alquebrada pelo assalto dos infortúnios.

 

Gregório decide visitar sua irmã

No nono mês ou pouco mais tarde após este desastre, um sínodo de bispos reuniu-se na Antioquia, no qual também tomamos parte. E quando nos dispersamos, cada um indo para casa antes que o ano acabasse, então eu [976 A], Gregório, senti desejo de visitar Macrina. Pois um longo período transcorrera em que as visitas foram impedidas pela distração com os problemas que suportei, estando constantemente voltado para fora do meu país pelos líderes da heresia. E quando eu avaliei o tempo decorrido durante o qual as aflições nos impediram de encontrar-nos face a face, não menos que oito anos, ou muito próximo desse período, pareciam ter passado.

Agora, quando eu havia cumprido a maior parte da viagem e estava a um dia de distância, uma visão apareceu-me num sonho e encheu-me com ansiosas antecipações do futuro. Parecia-me que carregava relíquias de mártires em minhas mãos: um luz veio delas, tal como [976 B] vinda de um espelho claro quando é colocado voltado para o sol, de forma que meus olhos foram cegados pelo brilho dos raios. A mesma visão voltou-me ao espírito vividamente três vezes aquela noite. Eu não podia entender claramente o enigma do sonho, mas vi infortúnio para minha alma e observei cuidadosamente a fim de julgar a visão pelos acontecimentos.

Quando aproximei-me do retiro no qual Macrina levava sua vida angélica e celestial, perguntei, em primeiro lugar, a um dos servos sobre meu irmão, se estava em casa. Ele nos contou que este havia saído havia quatro dias, e entendi, o que de fato era o caso, que ele havia ido encontrar-nos por outro caminho. Então perguntei sobre a grande senhora. Ele disse que ela estava muito doente, e eu fiquei mais impaciente para continuar e completar o resto da viagem, por uma certa ansiedade e um medo premonitório do que estava vindo furtivamente [976 C] e me inquietando.

 

Gregório vem ao mosteiro e encontra Macrina em seu leito de morte

Mas quando eu cheguei ao verdadeiro mosteiro já havia rumores anunciando a minha chegada para a irmandade. Então toda a companhia de homens correu de seus cômodos para nos encontrar, porque era costume deles honrar os amigos indo encontrá-los. Mas a associação das virgens na ala feminina esperava modestamente na igreja pela nossa chegada.

Porém, quando as orações e as bênçãos haviam acabado, e as mulheres, depois de reverentemente inclinarem suas cabeças para recebê-las, retiraram-se para seus próprios aposentos, e nenhuma delas ficou conosco. Eu adivinhei a explicação: a abadessa não estava com elas. Um homem levou-me para casa onde estava a minha grande irmã, e [976D] abriu a porta. Então entrei naquela morada sagrada.

Encontrei-a terrivelmente aflita com sua fraqueza. Ela não estava deitada numa cama ou leito, mas no chão; um saco tinha sido estendido numa tábua e outra tábua apoiava sua cabeça, tão ideal como um travesseiro, sustentando os tendões de seu pescoço de maneira inclinada e segurando-o confortavelmente. Quando ela me viu próximo à porta, ela ergueu-se pelos cotovelos, mas não pôde vir encontrar-me. Sua força tinha sido drenada pela febre.

Mas, ao colocar suas mãos no chão e inclinar-se do estrado o máximo que podia, ela mostrou o respeito [978A] devido à minha posição. Então, ela levantou sua mão para Deus e disse: ?Este favor Vós também me concedeste, oh, Deus, e não privou-me do meu desejo, porque Vós comoveste o teu servo para visitar aquela feita pela Vossa mão.?

Temendo afligir o meu espírito, ela deteve seus gemidos e fez grandes esforços para ocultar, na medida do possível, a sua dificuldade para respirar. E de todas as maneiras  tentava ser alegre, tomando a precedência em uma em conversa amigável, e nos dando a oportunidade de fazer perguntas. Quando ao longo da conversação mencionou-se o grande Basil, minha alma entristeceu-se e meu rosto ficou abatido.

Mas estava ela tão longe de sentir a minha aflição [978 B], que tratou a menção ao santo como uma oportunidade ainda para uma filosofia mais elevada, discutindo vários assuntos, inquirindo sobre os problemas humanos e revelando na conversa o objetivo divino associado aos desastres. Além disso, discutiu sobre a vida futura.
 Como se ela estivesse inspirada pelo Espírito Santo, pareceu-me que minha alma, pelo auxílio de suas palavras, era elevada da natureza mortal e colocada no santuário celeste.

E assim como aprendemos na história de Job que o santo foi atormentado em todas as partes de seu corpo com desconfortos por causa da deteriorização de seus ferimentos, e mesmo dessa forma não permitiu que dor [978 C] afetasse o poder da sua razão, ao contrário, apesar das dores corporais, não diminuiu suas atividades nem interrrompeu os sublimes sentimentos de seu discurso, similarmente eu vi o caso desta grande mulher.

A febre estava drenando-lhe as forças e conduzindo-a à morte, mas ela refrescava seu corpo como se ele estivesse com frescor e então mantinha sua mente desimpedida na contemplação das coisas celestes, de nenhuma maneira prejudicada por sua terrível fraqueza. E se minha narrativa não se estendesse por uma extensão inconsciente eu contaria tudo em ordem, como ela melhorava quando discursava para nós sobre a natureza da alma e explicava a razão da vida na carne, e porque o homem foi feito, e porque ele era mortal, e a origem da morte e a natureza da viagem da morte para a vida outra vez. Em tudo o que [978D] ela contava, sua história era clara e ordenada, como se inspirada pelo poder do Santo Espírito, e mesmo o fluxo da sua linguagem era como uma fonte cuja água fluía ininterruptamente.

 

Macrina dispensa Gregório para ele descansar

Quando nossa conversa havia acabado, ela disse: ?É hora, irmão, de descansares teu corpo por enquanto já que este está exausto com a grande labuta da tua viagem.?

E embora eu considerasse um grande e genuíno descanso encontrá-la e ouvir suas palavras nobres, ela queria tanto que tive de obedecer a minha senhora, encontrei uma bela árvore que me aguardava nos jardins vizinhos, e descansei à sombra do caminho das vinhas.

Mas era impossível ter algum sentimento de [980 A] satisfação quando meu espírito estava aflito com sombrias antecipações porque a visão secreta de meu sonho parecia agora estar revelada a mim pelo que vi. Pois a imagem que havia visto era de fato verdadeira ? as relíquias de um santo mártir que havia morrido em pecado, mas agora resplandecia com o  poder que residia no Espírito. Expliquei isto para um dos que me ouviram contar o sonho anteriormente.

Estávamos, como se pode supor, num estado desanimador, esperando tristes ocasiões quando Macrina de algum modo adivinhando o nosso estado de espírito, nos enviou um mensageiro com novidades mais animadoras, e solicitou-nos para ficar com boa disposição e ter melhores esperanças por ela porque estava sentindo uma mudança para o melhor. Isso não foi dito agora para enganar, mas a mensagem [980 B] era de fato verdadeira embora não soubéssemos naquele momento.

Pois na verdade, tal como um corredor que havia ultrapassado seu adversário e já se encontrava próximo do fim do estádio, tal como se ele se aproximasse do assento do juiz e visse a coroa da vitória, rejubila-se interiormente como se já houvesse atingido seu objetivo e anunciasse sua vitória aos seus simpatizantes, entre os espectadores ? em tal estado de espírito ela também nós dizia para dividir melhores esperanças para ela pois ela já olhava para o prêmio da chamada ao Céu, e tudo pronunciando as palavras do apóstolo: Daqui em diante está guardada para mim a coroa da justiça que o justo Juiz me dará porque eu lutei um bom combate, terminei o caminho, mantive a fé.?

De acordo, sentindo-nos felizes com as boas [980 C] novas, começamos a apreciar a visão que se colocavam ante nós. Elas eram muito variadas e os arranjos davam grande prazer na medida em que a grande senhora era cuidadosa mesmo nessas insignificâncias.

 

Gregório revê Macrina, que conta os acontecimentos de sua infância

Mas quando a vimos outra vez, pois ela não nos permitia passar o tempo sozinhos na ociosidade, começou a contar-nos sua vida passada, começando pela infância, e descrevendo tudo em ordem como numa história. Ela contou tanto o quanto podia lembrar-se da vida de nossos pais, e os acontecimentos que ocorreram antes e depois do meu nascimento.

Mas seu objetivo em todas as partes era a gratidão a Deus porque ela descrevia nossos pais não do ponto de vista da reputação que tinham aos olhos de seus contemporâneos devido às suas riquezas, mas como um exemplo da bênção divina.

Os pais de meu pai tiveram seus bens confiscados por serem cristãos. Nosso avô  materno [980 D] foi morto pela ira imperial, e todas as suas possessões transferidas para outros donos. No entanto, suas vida abundaram tanto na fé que ninguém era nomeado acima deles naqueles tempos. E além disso, depois que sua herança foi dividida em nove partes de acordo com o número de filhos, a parte de cada um aumentou tanto pela bênção de Deus que as rendas de cada filho excederam a prosperidade dos pais.

Mas quando chegaram à própria Macrina, ela não conservou nada das coisas que lhe foram atribuídas na divisão eqüitativa entre irmãos e irmãs, porém toda a sua parte foi entregue aos homens da Igreja de acordo com o mandamento divino. Além disso, sua vida tornou-se tal pelo auxílio divino que suas mãos nunca cessaram de trabalhar de acordo com o mandamento. Ela nunca procurou por ajuda de nenhum ser humano, nem a caridade deu-lhe a oportunidade de uma existência confortável.

Nunca os suplicantes foram em direção contrária, mas ela jamais apelou por ajuda, porém Deus secretamente abençoava as pequenas raízes dos seus bons trabalhos até que crescessem como uma poderosa fruta.

Como eu contasse minhas próprias dificuldades e tudo pelo que passei, primeiro meu exílio pelas mãos do Imperador Valenciano por causa da  fé, e depois a confusão na Igreja, que convocou-me para conflitos e julgamentos, minha grande irmã disse: ?Tu não cessarás de ser insensível às bênçãos divinas? Não remediarás a ingratidão da tua alma? Não compararás a tua posição com aquela dos nossos [982 B] pais?

E ainda, com relação às coisas do mundo, nós pudemos gabar-nos de sermos bem nascidos e pensar que viemos de uma família nobre. Nosso pai era muito estimado como jovem pelo seu conhecimento; de fato sua fama estabeleceu-se por todas as cortes de lei da província. Subseqüentemente, embora ele ultrapassasse a todos em retórica, sua reputação não se estendeu além de Ponto. Mas ele estava satisfeito em ter a fama em sua própria terra.?

?No entanto tu,? ela disse, ?é renomado em cidades, povos e países. Igrejas citam-te como um aliado e dirigente, e não vês a graça de Deus em tudo isso? Falhas em reconhecer a causa de tais bênçãos, que foram as preces de nossos pais, preces que agora estão elevando-te cada vez mais para cima, tu que tens uma pequena ou nenhuma capacidade para tal sucesso??

Assim ela falou, e desejei que a duração do dia se estendesse além, que ela nunca cessasse de encantar nossos ouvidos com a sua doçura. Mas a voz do coro estava nos convocando para o serviço noturno, e me enviando à igreja, (ficando) a grande dama mais uma vez isolada para rezar a Deus. E assim ela passou a noite.

 

Os acontecimentos do dia seguinte: as últimas horas de Macrina

Mas quando o dia raiou, estava claro para mim pelo que tinha visto que era o derradeiro limite da sua vida na carne já que a febre consumira toda a sua força. Porém, ela, considerando a fraqueza de nossas mentes, planejava como nos distrair de nossas tristes antecipações, e mais uma vez com aquelas suas lindas palavras dissipou o que havia do sofrimento de seu espírito com [982 D] uma curta e difícil respiração.

Muitas, em verdade, e variadas foram as emoções de meu coração com o que vi. Porque a natureza estava me afligindo e me fazendo triste, apenas como era esperado já que eu não podia mais ter esperanças de ouvir tal voz outra vez. Nem estava ainda reconciliado com o pensamento de perder a glória comum da nossa família, mas minha mente, como se inspirada por esse espetáculo, imaginou que ela realmente ficaria acima da sorte comum.

Pois mesmo no seu último suspiro não encontrou nada a duvidar na esperança da Ressurreição, nem mesmo temeu a partida desta vida, mas com a mente elevada continuou a discutir até o seu último suspiro as convicções que havia formado desde o início sobre esta vida ? tudo isso me pareceu mais que humano. Mais parecia como se algum anjo tivesse adquirido a forma humana com um tipo de encarnação para quem isso não era nada [984]. Um estranho para quem a mente permaneceria sem perturbação uma vez que não tinha nenhum parentesco ou apego por essa vida da carne, e então a carne não levava a mente a pensar nas suas aflições.

Portanto, acho que ela revelou para os circunstantes aquele divino e puro amor pelo noivo invisível, que ela mantinha escondido e alimentado em locais secretos da alma, e proclamou a secreta disposição do seu coração de correr em direção a Ele, a quem desejava, aquele com quem ela poderia rapidamente estar, livre das correntes do corpo. Porque em toda a verdade seu caminho foi dirigido em direção à virtude e nada mais poderia alterar a sua atenção.

 

A prece de morte de Macrina

[984 B] A maior parte do dia havia agora passado, e o sol estava declinando em direção ao oeste. Sua ânsia não diminuiu, mas ao aproximar-se de seu fim, como se discernisse a beleza do Noivo mais claramente, apressou-se em direção ao Amado com grande avidez.

Tais pensamentos ela proferiu, não mais para nós que estávamos presentes, mas para Ele em pessoa a quem fitava fixamente. Seu leito foi virado em direção ao leste; e cessando de conversar conosco, falou dali em diante para Deus em oração fazendo súplicas com as mãos e sussurrando com uma voz baixa, de forma que nós podíamos apenas ouvir o que era dito. Tal era a sua prece; não temos dúvidas que atingiu [984C] Deus, e que ela, também, estava ouvindo a Sua voz:

?Vós, Oh Senhor, nos libertastes do medo da morte. Vós fizestes o fim desta vida o começo para nós da verdadeira vida. Por uma estação descansastes nossos corpos no sono e acordastes-nos de novo na última trombeta. Destes nossa terra, que ocupastes com vossas mãos para manter a terra em segurança. Um dia tirareis de novo o que houvestes dado, transfigurando com imortalidade e graça nossos repugnantes e mortais traços. Salvastes-nos da maldição e do pecado, tendo tornado ambos para nossa causa.

Quebrastes as cabeças do dragão que se apoderou de nós com suas mandíbulas, no abismo escancarado (aberto) pela desobediência. Mostrastes-nos o caminho da ressurreição, quebrando os portões do inferno, e arruinou quem tem poder na morte ? o diabo. Destes um sinal para aqueles que vos temem no símbolo da Cruz Sagrada, [984 D] para destruir os adversários e salvar nossas vidas. Oh, Deus eterno, a quem estive ligada desde o ventre de minha mãe, Aquele a quem minha alma amou com todas as suas forças, Aquele a quem dediquei minha carne e meu espírito, da juventude até agora ? destes-me um anjo de luz para conduzir-me para o lugar de refrescamento, onde é a água do repouso, no seio dos Pais Sagrados. Vós que quebraste a espada flamejante e restaurastes para o Paraíso o homem que foi crucificado convosco e implorou vossos perdões, lembrai-vos de mim, também, em vosso reino; porque eu também fui crucificada convosco, tendo pregado minha carne na cruz por medo de Vós, e de Vossos julgamentos tive medo.

Não deixeis que o terrível abismo me separe de vossos eleitos. Não deixeis [986 A] o caluniador postar-se contra mim no caminho; nem deixeis meus pecados serem encontrados ante Vossos olhos, se em qualquer coisa pequei em palavra ou ação ou pensamento, deixei perdido pela fraqueza da nossa natureza. Oh Vós que tem o poder na terra para perdoar os pecados, perdoai-me para que eu seja revigorada e possa ser encontrada diante Vós quando eu abandonar meu corpo, sem manchas em minha alma. Mas possa a minha alma ser recebida em Vossas mãos pura e imaculada, como um oferecimento diante Vós.?

Quando disse estas palavras, ela selou seus olhos, boca e coração com a cruz. E gradualmente, sua língua calou-se com a febre, não pôde mais articular palavras, e sua voz desvaneceu-se, e somente pelo tremor de seus lábios e o mover de suas mãos, percebíamos que estava rezando.

Enquanto isso a noite chegou e uma lamparina [986 B] foi trazida. Imediatamente ela abriu a órbita de seus olhos e olhou em direção à luz, claramente desejando repetir a oração de ação de graças ao acender das luzes. Mas sua voz falhou e ela preencheu sua intenção no coração e pelo mover de suas mãos enquanto seus lábios movimentavam-se em simpatia com seu desejo interior.

Mas quando ela terminou o agradecimento, e sua mão voltou-se para o rosto para fazer o sinal que significava o fim da prece, deu um último e profundo suspiro e fechou juntamente sua vida e sua prece.

 

Gregório realiza os últimos ofícios

[986 C] E agora que ela estava sem respirar e quieta, lembrando a ordem que ela havia dado em nosso primeiro encontro, dizendo-me que ela desejava suas mãos postas nos olhos, e que os ofícios costumeiros do corpo fossem feitos por mim, eu coloquei suas mãos, entorpecidas pela doença, em sua face santificada, para que não parecesse que eu negligenciava o seu pedido. Pois seus olhos não necessitavam nada para compô-los, estando cobertos graciosamente pelas pálpebras, tal como acontece no sono natural. os lábios estava confortavelmente fechados e as mãos postas reverentemente sobre o peito, e todo o corpo tinha automaticamente ficado na posição correta, e de forma alguma precisavam da ajuda de assentadores.

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