Virgindade de Maria após o nascimento de jesus

LEITOR CATÓLICO PERGUNTA SOBRE VIRGINDADE DE MARIA APÓS O NASCIMENTO DE JESUS
[Leitor autorizou a publicação de seu nome no site] Nome do leitor: Willian Laurindo Bartholazzi
Cidade/UF: Campos dos Goytacazes/RJ
Religião: Católica

Mensagem
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Na artigo sobre Mariologia, que trata sobre a virgindade de Maria, no que tange à virgindade de Maria após o parto lê-se em Mar 6, 3: “Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?”, sendo a explicação que a expressão “Irmãos de Jesus” foi concebida originariamente não em ambiente grego, mas no mundo Semita. Os habitantes de Nazaré, por exemplo, não falavam grego, mas aramaico. É preciso, portanto, que procuremos avaliar o sentido da palavra “irmão” em aramaico. Ora, em aramaico, assim como em hebraico (línguas afins entre si), a palavra “Irmãos” Ah, em hebraico e Aha, em Aramaico, designava não somente os filhos dos mesmos genitores, mas também, os primos ou até parentes mais remotos, pois estas línguas eram pobres em vocabulário. Contudo em Lucas: 1,36 “E eis que também Isabel, tua PRIMA, concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mas para aquela que era chamada estéril;”, percebendo-se que a expressão prima aparece claramente. Gostaria de saber se há alguma correlação ou se eles realmente eram filhos de Maria.

Prezado Willian Laurindo Bartholazzi

Agradecemos a sua confiança em nosso apostolado. Que Nosso Senhor Jesus Cristo o abençoe.

A sua pergunta já foi feita por muitos outros leitores.

A introdução de sua pergunta já permite que a resposta seja obtida sem dificuldade. No caso de Jesus, as expressões “irmão”, “suas irmãs”, “irmãos de Jesus” designam na verdade primos e primas de Jesus.

É dogma de fé católica a virgindade perpétua de Maria, a mãe de Jesus. Isto significa que Maria, a mãe de Jesus, foi virgem antes, durante a após o parto de Jesus. Maria, Nossa Senhora, a mãe de Jesus, também chamada a Virgem Maria, não teve outros filhos além de Jesus.

Leiamos a seguir o que nos diz o Catecismo da Igreja Católica a respeito da virgindade de Maria, a mãe de Jesus, em seus parágrafos 496 a 511:

“A VIRGINDADE DE MARIA

496. Desde as primeiras formulações da fé (152), a Igreja confessou que Jesus foi concebido unicamente pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, afirmando igualmente o aspecto corporal deste acontecimento: Jesus foi concebido « absque semine, […] ex Spiritu Sancto – do Espírito Santo, sem sémen [de homem]» (153). Os Santos Padres vêem, na conceição virginal, o sinal de que foi verdadeiramente o Filho de Deus que veio ao mundo numa humanidade como a nossa:

Diz, por exemplo, Santo Inácio de Antioquia (princípio do século II): «Vós estais firmemente convencidos, a respeito de nosso Senhor, que Ele é verdadeiramente da raça de David segundo a carne (154). Filho de Deus segundo a vontade e o poder de Deus (155); verdadeiramente nascido duma virgem […], foi verdadeiramente crucificado por nós, na sua carne, sob Pôncio Pilatos […] e verdadeiramente sofreu, como também verdadeiramente ressuscitou» (156).

497. As narrativas evangélicas (157) entendem a conceição virginal como uma obra divina que ultrapassa toda a compreensão e possibilidade humanas (158): «O que foi gerado nela vem do Espírito Santo», diz o anjo a José, a respeito de Maria, sua esposa (Mt 1, 20). A Igreja vê nisto o cumprimento da promessa divina feita através do profeta Isaías: «Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho» (Is 7, 14), segundo a tradução grega de Mt 1, 23.

498. Tem, por vezes, causado impressão o silêncio do Evangelho de São Marcos e das epístolas do Novo Testamento sobre a conceição virginal de Maria Também foi questionado, se não se trataria aqui de lendas ou construções teológicas fora do âmbito da historicidade. A isto há que responder: a fé na conceição virginal de Jesus encontrou viva oposição, troça ou incompreensão por parte dos não-crentes, judeus e pagãos (159); mas não tinha origem na mitologia pagã, nem era motivada por qualquer adaptação às ideias do tempo. O sentido deste acontecimento só é acessível à fé. que o vê no «nexo que liga os mistérios entre si» (160), no conjunto dos mistérios de Cristo, da Encarnação até à Páscoa. Já Santo Inácio de Antioquia fala deste nexo: «O príncipe deste mundo não teve conhecimento da virgindade de Maria e do seu parto, tal como da morte do Senhor: três mistérios extraordinários, que se efectuaram no silêncio de Deus» (161).

MARIA – «SEMPRE VIRGEM»

499. O aprofundamento da fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria (162), mesmo no parto do Filho de Deus feito homem (163). Com efeito, o nascimento de Cristo «não diminuiu, antes consagrou a integridade virginal» da sua Mãe (164). [grifo nosso]

A Liturgia da Igreja celebra Maria “Aeiparthenos” como a «sempre Virgem»(165) [grifo nosso]

500. A isso objecta-se, por vezes, que a Escritura menciona irmãos e irmãs de Jesus (166). A Igreja entendeu sempre estas passagens como não designando outros filhos da Virgem Maria. Com efeito, Tiago e José, «irmãos de Jesus» (Mt 13, 55), são filhos duma Maria discípula de Cristo (167) designada significativamente como «a outra Maria» (Mt 28, 1). Trata-se de parentes próximos de Jesus, segundo uma expressão conhecida do Antigo Testamento (168). [grifo nosso]

501. Jesus é o filho único de Maria. Mas a maternidade espiritual de Maria (169) estende-se a todos os homens que Ele veio salvar: «Ela deu à luz um Filho que Deus estabeleceu como “primogénito de muitos irmãos” (Rm 8, 29), isto é, dos fiéis para cuja geração e educação Ela coopera com amor de mãe» (170). [grifo nosso]

A MATERNIDADE VIRGINAL DE MARIA NO PLANO DE DEUS

502. O olhar da fé pode descobrir, em ligação com o conjunto da Revelação, as razões misteriosas pelas quais Deus, no seu desígnio salvífico, quis que o seu Filho nascesse duma virgem. Tais razões dizem respeito tanto à pessoa e missão redentora de Cristo como ao acolhimento dessa missão por Maria, para bem de todos os homens:

503. A virgindade de Maria manifesta a iniciativa absoluta de Deus na Encarnação. Jesus só tem Deus por Pai (171). «A natureza humana, que Ele assumiu, nunca O afastou do Pai […]. Naturalmente Filho do seu Pai segundo a divindade, naturalmente Filho da sua Mãe segundo a humanidade, mas propriamente Filho de Deus nas suas duas naturezas» (172).

504. Jesus é concebido pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, porque Ele é o Novo Adão (173), que inaugura a criação nova: «O primeiro homem veio da terra e do pó: o segundo homem veio do céu» (1 Cor 15, 47). A humanidade de Cristo é, desde a sua conceição, cheia do Espírito Santo, porque Deus «não dá o Espírito por medida» (Jo 3, 34). É da «sua plenitude», que Lhe é própria enquanto cabeça da humanidade resgatada que «nós recebemos graça sobre graça» (Jo 1, 16).

505. Jesus, o novo Adão, inaugura, pela sua conceição virginal, o novo nascimento dos filhos de adopção, no Espírito Santo, pela fé, «Como será isso?» (Lc 1, 34) (175). A parti­cipação na vida divina não procede «do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus» (Jo 1, 13). A recepção desta vida é virginal, porque inteiramente dada ao homem pelo Espírito. O sentido esponsal da vocação humana, em relação a Deus (176), foi perfeitamente realizado na maternidade virginal de Maria.

506. Maria é virgem, porque a virgindade é nela o sinal da sua fé, «sem a mais leve sombra de dúvida» (177) e da sua entrega sem reservas à vontade de Deus (178). É graças à sua fé que ela vem a ser a Mãe do Salvador: «Beatior est Maria percipiendo fïdem Christi quam concipiendo carnem Christi – Maria é mais feliz por receber a fé de Cristo do que por conceber a carne de Cristo» (179).

507. Maria é, ao mesmo tempo, virgem e mãe, porque é a figura e a mais perfeita realização da Igreja (180): «Por sua vez, a Igreja, que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção da Palavra de Deus: efectivamente, pela pregação e pelo Baptismo, gera, para uma vida nova e imortal, os filhos concebidos por acção do Espírito Santo e nascidos de Deus. E também ela é virgem, pois guarda fidelidade total e pura ao seu esposo» (181).

Resumindo:

508. Na descendência de Eva, Deus escolheu a Virgem Maria para ser a Mãe do seu Filho. «Cheia de graça», ela é «o mais excelso fruto da Redenção» (182). Desde o primeiro instante da sua conceição, ela foi totalmente preservada imune da mancha do pecado original, e permaneceu pura de todo o pecado pessoal ao longo da vida.

509. Maria é verdadeiramente «Mãe de Deus», pois é a Mãe do Filho eterno de Deus feito homem que, Ele próprio, é Deus.

510. Maria permaneceu «Virgem ao conceber o seu Filho, Virgem ao dá-Lo à luz, Virgem grávida, Virgem fecunda, Virgem perpétua» (183); com todo o seu ser; ela é a «serva do Senhor» (Lc 1, 38). [grifo nosso]

511. A Virgem Maria «cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens» (184). Pronunciou o seu «fiat» – faça-se – «loco totius humanae naturae – em vez de toda a humanidade» (185): pela sua obediência, tornou-se a nova Eva, mãe dos vivos.”
Para aprofundamento adicional sugerimos que leia também os seguintes artigos publicados em nosso site:

1) A PERENE VIRGINDADE DE MARIA [https://www.veritatis.com.br/article/3195/Virgindade]

2) OS “IRMÃOS” DE JESUS: MARIA TEVE OUTROS FILHOS? [https://www.veritatis.com.br/article/4852]

3) A VIRGINDADE DE MARIA [https://www.veritatis.com.br/article/2631]

Sugerimos também que estude a doutrina católica lendo o Catecismo da Igreja Católica – edição típica vaticana – Edições Loyola, São Paulo, 2000, à venda em qualquer livraria católica, ou leia as partes referentes a Catecismo, Doutrina e Mariologia de nosso site Veritatis Splendor. Assim fazendo muitas dúvidas serão facilmente sanadas. Caso necessite continue a nos escrever que o atenderemos com todo o prazer.

Conclusão:

A expressão “Irmãos de Jesus” e similares no Novo Testamento quando se referir(em) a Jesus, deve(m) ser entendida(s) como primos de Jesus. Maria, a mãe de Jesus, não teve outros filhos além de Jesus. Sua Virgindade é perpétua.

Espero que a nossa resposta tenha sido útil.

Que Deus o abençoe e o fortifique em sua fé.

Atenciosamente

Renato Colonna Rosman
https://www.veritatis.com.br/

Referências apresentadas no texto do Catecismo da Igreja Católica acima citado:152. Cf. DS 10-64;
153. Concílio de Latrão (ano 649), Canon 3: DS 503;
154. Cf. Rm 1, 3.
155. Cf. Jo 1, 13.
156. Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Smyrnaeos 1-2: SC 10bis. p. 132-134 (Funk 1, 274-276).
157. Cf. Mt 1, 18-25: Lc 1, 26-38.
158. Cf. Lc 1, 34.
159. Cf. São Justino, Dialogus cum Tryphone Iudaeo 66-67: CA 2. 234-236 (PG 6, 628-629): Orígenes, Contra Celsum, 1. 32: SC 132, 162-164 (PG 8. 720-724); Ibid., 1, 69: SC 132, 270 (PG 8, 788-789): e outros.
160. I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c. 4: DS 3016.
161. Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Ephesios 19, 1: SC l0bis- 74 (Funk 1, 228); cf. 1 Cor 2, 8.
162. II Concílio de Constantinopla, Sess.8ª Canon 6 : DS 427.
163. Cf. São Leão Magno, Tomus ad Flavianum: DS 291; Ibid.: DS 294; Pelágio I, Ep. Humani generis: DS 442: Concílio e Latrão, Canon 3: DS 503; XVI Concílio de Toledo, Symbolum: DS 571; Paulo IV, Const. Cum quorumdam hominum: DS 1880.
164. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 57: AAS 57 (1965) 61.
165  II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 52: AAS 57 (1965) 58.
166. Cf. Mc 3, 31-35; 6, 3: 1 Cor 9, 5: Gl 1, 19.
167. Cf. Mt 27, 56.
168. Cf. Gn 13, 8; 14, 16; 29. 15; etc.
169. Cf. Jo 19, 26-27; Ap 12, 17.
170.  Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 63: AAS 57 (1965) 64.
171. Cf. Lc 2, 48-49.
172. Concílio de Friúl (ano 796). Symbolum: DS 619.
173. Cf. 1 Cor 15, 45.
174. Cf. Cl 1, 18.
175. Cf. Jo 3, 9.
176. Cf. 2 Cor 11, 2.
177. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 63: AAS 57 (1965) 64.
178. Cf. 1 Cor 7, 34-35.
179. Santo Agostinho, De sancta virginitate, 3, 3: CSEL 41. 237 (PL 40, 398).
180. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 63: AAS 57 (1965) 64.
181. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 64: AAS 57 (1965) 64.
182. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 103: AAS 56 (1964) 125.
183. Santo Agostinho, Sermão 186, 1: PL 38, 999.
184. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 56: AAS 57 (1965) 60.
185. São Tomás de Aquino, Summa theologiae, 3. q. 30, a. I. c: Ed. Leon. 11, 315.

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