Visita ad limina

10/08/2001

Relatório Quinquenal

O Direito Canônico prescreve a cada Bispo residencial “a obrigação de apresentar-se ao Sumo Pontífice cada cinco anos” (Cânon 399 § 1º) É a chamada “Visita ad limina Apostolorum”. A origem desta prática remonta ao início da Igreja, na metade do século II, quando heresias e discórdias começaram a ameaçar a unidade da Obra de Cristo. A ida ao Sucessor de Pedro passou a ser uma necessidade, para testemunhar a pureza da Fé. Já no século VIII, o Papa Zacarias, em meio a problemas de disciplina, liturgia e organização obrigou os Pastores a essa viagem a Roma. Em 1234, o Papa Gregório IX tornou-a obrigatória a todos. Hoje, ela é precedida por um minucioso Relatório, que é redigido segundo uma fórmula da Congregação para os Bispos. Isso se repete a cada quinqüênio. O Decreto “Ad Romanam Ecclesiam” rege essa matéria, inclusive a data para o cumprimento da obrigação por nações. O Brasil deveria ter ido em 2000 mas, devido ao Grande Jubileu, foi prorrogada para 2002.

No decorrer do prazo entre uma e outra presença na Cidade Eterna, é enviado a cada Diocese, com as devidas observações, o resultado do texto remetido antes da Visita anterior.

Somente há poucas semanas chegaram às minhas mãos a análise e orientações da Congregação para os Bispos, enviadas pelo Prefeito desse Dicastério, o Cardeal João Batista Rè. Recebi de um auxiliar a sugestão, que achei justa e útil: apresentar aos fiéis uma síntese do Documento, que traz a data de 23 de junho último. Diz ele que o Relatório 1995-1999 “é um quadro atualizado e rico de informações sobre a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (…) com as apreciações e reflexões desse Dicastério”. Trazendo ao público nesse espaço semanal, na oportunidade em que deixo o governo desta Arquidiocese, entendo fazer uma espécie de prestação de contas da ação pastoral em nossa Igreja. Os dois volumes, em um total de 472 páginas, foram imediatamente enviados a Dom Eusébio Scheid, logo que foi publicada a sua nomeação para o Rio de Janeiro. Na Sala de Imprensa, enquanto eu estiver no governo, agora como Administrador Apostólico, poderão ser manuseados.

Referindo-se à Arquidiocese, assim se expressa o Cardeal: “A sua Igreja particular tem dimensões impressionantes, quer pela grande população, quer pela sua estruturação pastoral e vitalidade eclesial, quer ainda pelos desafios que deve enfrentar, na realização da sua missão. Graças à colaboração direta e dinâmica de seus Bispos Auxiliares e dos membros dos diversos Conselhos e Organismos arquidiocesanos, de comunhão e corresponsabilidade, Vossa Eminência consegue prover ao intenso atendimento religioso dos fiéis; a subdivisão da grande Arquidiocese em Vicariatos Episcopais e o Plano Conjunto de Pastoral facilitam a unidade do clero e a conscientização dos esforços sobre metas comuns, de todos os agentes de pastoral engajados nas diferentes realidades locais”. A observação que faz sobre o “novo e forte sopro de vitalidade” atribui especialmente à preparação e celebração do Grande Jubileu, a memorável visita do Santo Padre e o II Encontro Mundial das Famílias. Fonte de graças para toda a Igreja, sua Arquidiocese beneficiou-se deles para imprimir um forte impulso à “Nova Evangelização”; ao mesmo tempo que proporcionaram um momento de intenso dinamismo organizador e de exuberante visibilidade da comunidade católica. Também contribuíram para dar novo ânimo a pastores e fiéis. As Missões Populares envolveram milhares de missionários leigos e atingiram centenas de milhares de famílias, revelando-se um instrumento de grande valia para a evangelização; muitas pessoas afastadas da Igreja puderam ser contactadas e se sentiram animadas a participar novamente da vida da Igreja”.

Entre os sinais encorajadores da vitalidade eclesial, o Documento enumera “a Pastoral Vocacional, o expressivo número de seminaristas maiores e de ordenações dos diáconos e novos sacerdotes, realizadas durante o quinqüênio transcorrido. Isto possibilitou a criação de novas paróquias e deu condições para intensificar a evangelização e oferecer uma assistência mais adequada aos fiéis que estão retornando à Igreja”. Refere-se a diversas iniciativas, entre elas, “tornar mais eficaz a presença da Mensagem de Cristo no mundo da Educação, da Universidade, da Cultura, da Política e de Comunicação Social”. Ele destaca o papel que a cidade do Rio de Janeiro “tem, em relação a todo o Brasil, nestes e em outros campos da vida social e das atividades humanas”.

O Relatório indica “dificuldades e desafios imensos a serem enfrentados com coragem e determinação, no dia-a-dia da ação evangelizadora e na vida eclesial desta Arquidiocese”. Cita expressamente a situação da Família, o número de casamentos religiosos em declínio, os atentados à vida, como o aborto, a violência cotidiana que afligem especialmente muitíssimos pobres excluídos.

E terminou: “Caro Dom Eugenio, as informações do Relatório sobre este último Quinqüênio e, sobretudo, o Bem semeado nos longos anos do seu ministério pastoral são motivo para agradecer a Deus”. Destacou o trabalho dos Bispos Auxiliares, do Clero, de todos os agentes de pastoral da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Diz ele: “Desejo também destacar aqui a importância eclesial do Curso Anual para Bispos, promovido por Vossa Eminência, e que está sendo uma válida ajuda para muitos irmãos no Episcopado de todo o Brasil”.

O conhecimento público desta síntese vale como um agradecimento de minha parte a tantos colaboradores, cuja dedicação possibilitou o crescimento do Reino de Cristo nesta Arquidiocese do Rio de Janeiro. Deus seja louvado!

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