Olá irmãos, a Paz de Cristo!
Um colega de trabalho que foi seminarista católico por 14 anos, me questionou sobre o fato de terem sido os Papas eleitos pelo Espírito Santo, pois que houveram aqueles que não desempenharam seu ministério com fidelidade e cometeram êrros até muito graves. Sendo assim, a Igreja quando lhe convém diz que o Papa é escolhido pelo Espírito Santo, será então que o Espírito errou em escolher aqueles?
Um grande abraço a todos!
Caro José,
É bastante reveladora a questão posta por teu amigo ex-seminarista. Apesar de ter ficado tanto tempo no seminário, ele não aprendeu rigorosamente nada. E, se não o aprendeu, ou foi porque não o quis (o que revelaria muito de sua personalidade e de quão católica era a sua fé), ou, então, foi porque não o quiseram seus professores (o que revelaria muito acerca do estado caótico em que se encontram nossos seminários).
Com ex-seminaristas deste calibre, não é de se admirar a crise pela qual passa a Igreja. O que se admira é que ela ainda não tenha naufragado por completo, prova inequívoca da Assistência Divina à Barca de Pedro.
A questão que ele te propôs é das mais simples.
Deus é quem escolhe os Papas. Da mesma forma como Ele próprio escolheu o primeiro deles (Simão Pedro), Ele próprio seguiu escolhendo todos os demais.
Contudo, a eleição que pesa sobre os Papas não anula a liberdade deles. Apesar de escolhidos, são livres para corresponder ao chamado de Deus e cumprir fielmente sua missão, assim como são livres para, como o próprio Lúcifer, escolher pela desobediência e por não servir ao único e verdadeiro Senhor de todas as coisas.
Não há nada de novo nisto.
O próprio Jesus Cristo escolheu, dentre os que o seguiam, doze homens para serem os Doze que fundariam a Igreja. Tal escolha foi precedida de uma noite inteira de oração (Lc 6, 12). E, apesar disto, um dos Doze o traiu.
Entre os escolhidos de Jesus Cristo, havia, portanto, um que não correspondeu à eleição. Judas Iscariotes, apesar de ter convivido com o Mestre, apesar de ter visto os milagres, apesar de ter testemunhado ser Ele o próprio Deus, usando de sua liberdade, resolveu não O servir.
Desta forma, não há que se estranhar que, entre os Papas, tenha havido alguns (poucos) que, traindo a sua escolha, tenham se desviado dos caminhos de Deus.
Contudo, assim como, dentre os discípulos, Onze permaneceram fiéis e apenas um se desviou, também entre os Papas a imensa maioria se manteve fiel à missão que lhe foi confiada. Poucos se desviaram.
E, assim como a fidelidade dos Onze demonstra a assistência divina dada a todos, assim também a fidelidade de quase todos os Papas demonstra a assistência divina dada a todos eles, ainda que alguns a ela não correspondam.
Espero ter ajudado,
Que Deus te abençoe (e que abençoe, principalmente, teu amigo ex-seminarista),
Alexandre Semedo.