Ao longo do século III, o Império será na maior parte do tempo uma ditadura militar. A instabilidade política é grande. Os exércitos, formados não mais por romanos mas principalmente por gente vinda de províncias conquistadas há pouco tempo, põem e depõem os imperadores pelos mais variados motivos: dinheiro, inveja, medo, aversão pela disciplina…
Uma crise econômica devasta o Império, guerras civis explodem aqui e ali (onde está a Pax Romana?), as fronteiras são áreas de combate contínuo (primeiras invasões bárbaras), as estradas são quase abandonadas, há escassez de comida, os salteadores formam quadrilhas, o mar fica cheio de piratas, a inflação devora a moeda (medidas desesperadas, como o tabelamento de preços, são tomadas pelo governo), a corrupção é generalizada, a luxúria e a devassidão corroem a família, até mesmo a arte e a literatura perdem o brilho (temos alguns nomes, desconhecidos para a maioria dos nossos contemporâneos: Terêncio Escauro, Suplício Apolinário, Ácron, Censorino, Mário Máximo, Plócio Sacerdote; juristas como Papiniano, Ulpiano e Paulo se destacam; em grego: Díon Cássio, Diógenes Laércio e o maior de todos, Plotino, chefe do neoplatonismo; seu discípulo, Porfírio, escreveu um tratado Contra os cristãos). Decadência: esta é a palavra que descreve melhor o Imperium nesses tempos.
A astrologia caldéia e o mitraísmo se estabelecem. “Se, no seu nascimento, o cristianismo tivesse sido detido no seu progresso por alguma doença mortal, o mundo teria se convertido aos mistérios de Mitra”, disse Renan. E até certo ponto é verdade.
O neoplatonismo é um misto de filosofia e religião que vai se opor frontalmente à fé cristã. Juntamente com o restante do paganismo e todos os sincretismos que possam ser imaginados, estas doutrinas infectavam o Imperium, e só encontravam um obstáculo consistente e sólido: a Igreja.