Leitor pergunta sobre os “castratis”

[Leitor NÃO autorizou a publicação de seu nome no site] Nome do leitor:
Cidade/UF: Rio de Janeiro
Religião: Católica

Mensagem
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Prezados,
Estou pesquisando com um colega sobre a questão dos “castrati”. Temos encontrado, porém, muitas dificuldades em compreender este trecho da história, pois apenas encontramos sites contendo textos escritos por autores que descrevem os eventos ocorridos com o intuito evidente de atacar a imagem da Santa Igreja. Eles fazem menção, inclusive, a uma suposta bula “Cum pro nostri temporali munere” que teria sido emitida em 1589 pelo Papa Sixto V (ano seguinte ao da emissão da Immensa aeterni dei), mas cuja existência não conseguimos constatar até o presente momento, nem mesmo através das páginas do Vaticano.
Agradeço se algum de vocês puder trazer mais esclarecimentos sobre o tema.
Parabéns pelo site e que Deus os ilumine!

Prezados,
Desculpem retomar o assunto. Mas para deixar mais claro quais as razões que me levam a vos escrever, devo acrescentar que os autores que mencionei na mensagem anterior, acusam a Igreja (o que a meu ver já seria um sinal de desinformação ou de má vontade) pela castração de 4000 crianças por ano na Itália, durante um determinado período do século XVIII. É principalmente isto que venho buscando esclarecer.
Fraterno abraço e que Deus os abençoe sempre.

Caríssimo irmão,

PAX DOMINI,

O fenômeno dos eunucos era mais comum do que se pensa, e não só na cristandade mas como em diversas regiões, como no mundo islâmico, Índia, China, civilizações tribais etc. De fato, os homens castrados eram elementos sociais de grande relevância, quase sempre eram vistos como detentores de certas particularidades na sociedade nas quais se inseriam. Dentro da constatação da existência dos eunucos, graças a proibição da participação das mulheres nos coros, estes eram contratados para cantar. Desde já pode-se concluir que a existência dos “castrados” não foi invenção da Igreja, muito menos recebia os louvores do Magistério, afinal sempre se compreendeu que a beleza do “eunuco” bíblico não era a literal mutilação, mas o amor a Deus.

Vale frisar que o fenômeno dos castratis é italiano e renascentista e, como bem sabemos, o Renascimento trouxe consigo uma espírito anti-clerical, pagão e humanista laicizado. Ora, como a Igreja pode ser culpada pela castração de jovens então? Muito pelo contrário, houve a condenação à mutilação dos órgãos genitais masculinos.

Enfim, os castrati existiam com ou sem apoio da Igreja, faziam parte da composição social. Os motivos para o surgimento desses eunucos eram diversos, mas nunca foram apoiados por ratificações magisteriais.

Em Jesus Maria e José

Pedro Ravazzano

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