Sobre a Sagrada Tradição

As citações seguintes testemunham o que os primeiros cristãos pensavam sobre o alto valor da Sagrada Tradição para a Igreja.

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“Caso viesse alguém que tivesse convivido com os presbíteros, eu procurava saber os ditos dos presbíteros, isto é, o que haviam ensinado André, Pedro, Filipe, Tomé, Tiago, João, Mateus ou qualquer outro discípulo do Senhor. Estava convencido de que da leitura dos livros não retiraria tanto proveito quanto da voz viva e permanente” (Papias, +130 – segundo Eusébio, História da Igreja 3,39).

“A crença uniformemente professada por diversas comunidades não deriva do erro, mas da legítima Tradição” (Tertuliano, +210).

“Se os apóstolos nada tivessem deixado escrito, dever-se-ia igualmente seguir a ordem da Tradição por eles confiada aos dirigentes da Igreja. Esse método é seguido por muitos povos bárbaros que crêem em Cristo; sem papel e sem tinta, estes trazem inscrita em seus corações a salvação por obra do Espírito Santo; conservam fielmente a antiga Tradição” (Santo Ireneu, +220, Contra as Heresias, III,4,2).

“Ao despontar do dia que fora escolhido para a disputa com Simão [Mago], Pedro [Apóstolo], levantando-se aos primeiros cantos do galo, despertou também a nós; todos juntos, éramos treze a dormir no mesmo aposento. […] À luz da candeia […] sentamo-nos todos. Pedro, vendo-nos alertas e bem atentos, saudou-nos e começou seu discurso: ‘É surpreendente, irmãos, a elasticidade de nossa natureza, a qual me parece ser adaptável e maleável a tudo. Digo-o apelando para o eu mesmo tenho experimentado. Logo depois da meia-noite, costumo acordar espontaneamente e não consigo voltar a dormir. Isto me acontece porque me habituei a evocar em minha memória as palavras que ouvi de meu Senhor Jesus Cristo. Desejo de as revolver no espírito, incito o meu ânimo e a minha mente a se despertarem, a fim de que, em estado de vigília, recorde cada palavra de Jesus em particular e as guarde todas ordenadamente na memória. Já que desejo com profundo deleite meditar no meu coração as palavras do Senhor, adquiri o hábito de ficar em vigília, mesmo que nada, fora deste intento, me preocupe o espírito” (Pseudo-Clemente, séc. III, Recognitiones II,1).

“Se um problema é desproporcional ao nosso raciocínio, o nosso dever é permanecer bem firmes e irremovíveis na Tradição que recebemos dos Padres” (S.Gregório de Nissa, séc. IV – Quod non sint tres dii, MG 45,117).

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