Fonte: Livro “Curso de Catequesis” do Editorial Palavra, España
Traduzido por Pe. Antônio Carlos Rossi Keller
Tema 43: “DEUS NOS CONCEDE A GRAÇA”
INTRODUÇÃO:
Segundo lemos nos Atos dos Apóstolos, parece que a primeira cidade da Europa evangelizada por São Paulo foi Filipos. Deteve-se ali por alguns dias, e “no sábado saímos fora da porta, junto ao rio, onde pensamos que estava o lugar de oração e, sentados, falávamos com algumas mulheres que ali estavam reunidas. Certa mulher chamada Lídia, temerosa de Deus, que trabalhava a púrpura, da cidade de Tiatira, escutava sentada. O Senhor tinha aberto seu coração para atender às coisas que Paulo dizia…. Ela foi batizada com toda a sua família” (Atos 16, 13-15). Deus concedeu a Lídia a graça de crer em Cristo, a quem Paulo tinha pregado; correspondeu à graça e foi batizada com sua família. Deve ter sido a primeira pessoa que se converteu ao cristianismo na Europa.
A graça é o grande dom que Deus concede para se alcançar a vida eterna. Com toda a razão, diz São Bernardo que “só necessitamos da graça”. Em temas anteriores, falamos muitas vezes da graça; agora, vamos estuda-la de forma sistemática.
IDÉIAS PRINCIPAIS:
1. A graça, dom sobrenatural interno
Por causa do pecado original de nossos primeiros pais, todos nós nascemos privados da graça que Deus tinha concedido gratuitamente a eles e a todos os seus descendentes. A natureza humana além disso, ficou ferida, e com nossas forças não podemos cumprir por muito tempo nem sequer a lei natural. Mas, compadecido de nós e pelos méritos de Jesus Cristo, Deus concede e infunde na alma o dom maravilhoso da graça. Concede-a gratuitamente e sem que a mereçamos, para que possamos alcançar a vida eterna no céu.
2. Maravilhas da graça na alma
A graça é participação da natureza divina. À alma que recebe a graça de Deus acontece algo semelhante ao que acontece com o ferro ou o carvão em contato com o fogo: põe-se vermelho vivo e adquire as propriedades do fogo. A alma em graça é, diante de Deus, como um rubi; o pecado foi destruído, já não existe, e a alma adquire um brilho maravilhoso como o fogo puro e limpo, assim como o carvão perde sua negritude e se converte em brasa vivíssima. A alma em graça tem uma beleza divina, com o resplendor da graça e da vida sobrenatural.
3. Graça santificante, graça atual
Deus concede duas classes de graça:
a) Graça santificante é a que faz justos ou santos, filhos adotivos de Deus e herdeiros do céu; então, somos templos do Espírito Santo, e Deus habita no centro da alma. Nós a recebemos no batismo, e, se a perdemos por um pecado mortal, pode-se recupera-la no sacramento da penitência. Estando na graça de Deus, tudo o que se faz – grande ou pequeno, fácil ou custoso – tem mérito sobrenatural e ajuda a conquistar o céu, quando cumprimos as demais condições: em vida, com liberdade, com boas obras, dirigidas a Deus e aceitas por Ele; a aceitação nos consta e está implícita no estado de graça.
b) Graça atual é a graça com a qual Deus ilumina o entendimento e move a vontade, como ajuda para fazer o bem – ainda que custe – e evitar o mal. A passagem citada nos Atos dos Apóstolos é um exemplo de graça atual que Deus concedeu a Lídia para converter-se à fé em Jesus Cristo. Outras graças atuais são o arrependimento depois de pecar, o propósito de ser melhor, etc..
4. Deus concede a todos a graça necessária para salvar-se
Deus concede a todos a graça necessária para salvar-se, porque “quer que todos se salvem” (1 Timóteo 2,4). Os que se condenam, condenam-se porque não corresponderam às graças que Deus lhes deu.
O fato de que Deus conceda mais graças a uns do que a outros depende do amor de Deus e também, de nossa correspondência à graça. Deus nos concede mais graças se as pedimos, se recebemos os sacramentos e se nos deixamos levar por suas graças. Acontece como em uma família, na qual os pais querem muito a seus filhos – dariam a vida por eles – ,mas tratam-nos de maneira diferente, segundo seja conveniente à boa educação de cada um e segundo se portam perante os apelos e conselhos que lhes dão. Por isso é tão importante a correspondência à graça de Deus, a cada graça de Deus.
5. Meios para crescer na graça
O cristão não pode aspirar unicamente a conservar a graça, mas deve esforçar-se por aumenta-la. O crescimento é um sinal de vitalidade, e também a graça – que é vida sobrenatural – pede o crescimento. É preciso, pois, colocar todos os meios para desenvolve-la: a oração, os sacramentos e as boas obras feitas por amor. Particularmente, ao receber os sacramentos podemos crescer na graça, porque neles começa, se desenvolve ou se recupera quando foi perdida, a graça de Cristo. Em conseqüência, a vida do cristão deve ser, por seu próprio peso, a vida de confissão e de comunhão freqüente.
6. Um firme propósito: viver sempre na graça de Deus e aumenta-la
O mais precioso que temos na terra é a graça de Deus. O mais importante para nós será viver como filhos de Deus; e o pior e mais terrível que poderá acontecer será o pecado, ou seja, o separar-se de Deus, morrer sem a sua graça, perder-se eternamente no inferno. Como dizia um grande escritor: “Ao final da jornada, aquele que se salva sabe, e o que não se salva, não sabe nada”. Por isso temos de fazer o propósito de viver sempre na graça de Deus, e aumenta-la sempre mais. Se temos a desgraça de perde-la por um pecado mortal, é preciso confessar-se o mais rápido possível, para estar de novo em estado de graça, sem deixar de fazer, antes, um ato de contrição, com o propósito de confessar-se.
7. PROPÓSITOS DE VIDA CRISTÃ:
· Fazer o firme propósito de viver sempre na graça de Deus e procurar crescer sempre na correspondência à graça.
· Confessar-se rapidamente, em caso de pecado mortal; e enquanto isso, fazer muitos atos de contrição.