Você afirma não acreditar em demônios, que para você seriam apenas “espíritos pouco evoluídos”, ou qualquer coisa do gênero. Ora, essa é a maior artimanha do capeta: fazer-nos crer que ele não exista. Daí a não se crer em Deus (como você, que identifica Criador e criaturas), é um passo. E quem não acredita em Deus, já foi dito, acredita em qualquer bobagem.
Como você toma como verdade revelada as bobagens que aparecem escritas ou faladas em seu “centro”, desde que você seja incapaz de identificar a sua fonte, provavelmente não adiantará nada esta correspondência, mas se você tiver ainda um mínimo de consciência provavelmente ela poderá dar frutos.
Os demônios são basicamente anjos caídos, ou seja, anjos que se recusaram a servir a Deus. por levantarem-se contra Deus, interessa a eles que todas as outras criaturas o façam, e queiram ser deuses no lugar de Deus. Daí o fato de se apresentarem os demônios como “espíritos” em evolução; assim eles ao mesmo tempo apelam para o orgulho e a soberba daqueles que estão propensos a rebelar-se contra Quem os criou, e dão uma “boa” explicação para os maus feitos deles e de outros demônios: seriam apenas espíritos que ainda não chegaram a um grau suficiente da tão propalada evolução. Não devem ser temidos, posto que você está em um grau superior a eles.
Ótimo para eles, que podem agir à vontade sem ser perturbados. Você os segue, obedece a eles quando se identificam como “espíritos de luz”, ou “evoluídos”, ou qualquer outra bobagem, e os ignora e deixa agirem à vontade quando se fazem tratar de “espíritos inferiores”. Assim o campo não só está livre, mas você também pode ser usado convenientemente por eles.
Não castigo meu cão sem que ele saiba a razão do castigo; quem colhe, sabe o que plantou.
Explico:
Deus é Amor, e não há amor sem perdão. Se eu não perdoar a minha mulher quando ela faz algo que me irrite, isso seria uma prova cabal de falta de amor.
Cristo veio para que pudéssemos ser perdoados. A sua teoria reencarnacionista data do tempo dos gregos, que não acreditavam quer em Deus quer no perdão.
Por ela, uma pessoa que peque nunca será perdoada; pelo contrário, sofrerá as consequências deste pecado. Essas consequências podem ser sofridas nesta vida ou, o que é mais provável, em outra.
Ora, nós não temos lembrança de vida nenhuma. Alguns as procuram, submetendo-se a charlatães de todos os calibres, mas o fato é que nascemos sem ter consciência ou lembrança de nenhuma suposta vida anterior. E mesmo assim seríamos punidos pelo que fora feito por outra pessoa (sim, outra pessoa. Na medida em que não há consciência de existência anterior, ao menos em termos de comportamento podemos considerar outra pessoa)!
Isso não só é absurdo, como seria desumano e cruel pretender que nossos problemas seriam punições por coisas que não sabemos que fizemos. Isso não ajudaria em rigorosamente nada a nossa educação, não faria com que pecássemos menos, não teria nenhuma utilidade. Pelo contrário, se Deus fosse assim cruel eu me contaria entre os que se levantam contra Ele!
Mas Deus não é cruel; Deus é Amor, logo Perdão. Deus é Verdade, logo Vida.
A vida eterna não é uma sucessão de vidas sem comunicação, uma sucessão de vidas em que não nos lembramos da anterior. Se assim fosse, não seria eterna, mas sim múltipla e passageira.
A vida eterna é vida e é eterna. A vida eterna é a coroação desta prova por que estamos passando. Na vida eterna, eu não deixarei de ser eu, eu não me esquecerei daqueles que me são queridos, eu não serei, em suma, outra pessoa.
Não há continuidade na sua noção. Uma alma seria um vago princípio de vida reciclável, que ora é copo ora é garrafa. A personalidade da pessoa morreria com seu reencarnar, assim como suas lembranças e amores. Isso não só não faz sentido, posto que assim a alma não se identificaria com a pessoa, como nega a própria noção de vida. O nosso corpo, criado por Deus, passa a ser visto como um reles invólucro, assim como nossa mente e nossa própria personalidade. Se não há persistência da mente, da memória, daquilo que foi aprendido e vivido, do corpo, de nada, em suma, como pode ser uma reencarnação? Na verdade seria uma nova criação, usando apenas algo que não se identifica com nada, quer físico quer espiritual.
Ao mesmo tempo, a arrogância de negar Deus, a arrogância de pretender afirmar que o Universo criado é deus, isso é inconcebível. Quem criou tudo o que vemos (e não vemos)? Coincidências? Quem fez com que neste planetinha (e talvez em outros) tenha havido a precisa combinação de temperatura, materiais, etc., para que houvesse vida? Quem dá aos quarks sua lógica e aos elétrons sua posição?
Hoje em dia, quando a própria física já foi forçada a aceitar a intervenção divina no mundo, é absurdo e arrogante pretender negar a existência d’Aquele por quem tudo é feito e mantido.
Lamento muito que você tenha abandonado a Deus para escravizar-se a demônios e ao Orgulho, e rezo para que não mais o faça. Isso só depende de você.
- Fonte: A Hora de São Jerônimo